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terça-feira, 16 de março de 2021

Editorial 02/03/2021 - A prisão do bolsonarista Daniel Silveira também retira os direitos da população e da esquerda



No dia 16 de fevereiro de 2021, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, decretou a prisão do deputado federal bolsonarista, Daniel Silveira (PSL-RJ), sob a justificativa de que o parlamentar ofendeu os ministros da Corte Suprema. Somente a ministra Cármen Lúcia, Nunes Marques, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski ficaram isentos das provocações do bolsonarista.

Para aplicar sua prisão, o ministro Alexandre de Moraes disse que a defesa do Ato Institucional nº5 (AI-5, imposto pelos militares na recente ditadura) pelo deputado bolsonarista ofenderia a democracia e os tais “direitos fundamentais”, seguindo com o argumento de que a apologia do AI-5 e a ofensa aos ministros suprimiria a democracia em que vivemos atualmente. Toda essa pompa argumentativa tem respaldo na Lei de Segurança Nacional, norma repressiva da época da ditadura que ainda está vigente e foi utilizada pelos “democratas” da corte nesse caso.

Apesar da argumentação do ministro possuir certa lógica, na realidade, porém, trata-se de um ato de mordaça, uma medida arbitrária para censurar o bolsonarista. Poderiam perguntar aos Ministros da Corte de que modo alguém fazer apologia à ditadura, ao fascismo ameaçaria a democracia, senão tão somente na cabeça desses ilustres julgadores. Forçou-se até uma construção de um flagrante para categorizar um crime não contemplado pela imunidade parlamentar, tudo para punir e amordaçar o deputado.

Porque o bolsonarismo está sendo posto de escanteio pelo aparato da direita tradicional golpista não justifica, novamente, rasgar a Constituição e passar por cima da liberdade de expressão.

Os esquerdistas pequeno-burgueses fazem coro em repudiar o ato de “ódio” do deputado, dizendo que, mais uma vez, a civilização (STF e ilustríssimos ministros) venceu a bárbarie (bolsonaristas). Esqueceram completamente qual corte suprema deixou de julgar a prisão em segunda instância para que o Bolsonaro pudesse vencer as eleições com folga sem o Lula - a essa manobra judicial os esquerdistas ficam silentes, não chamam o STF de apoiador da direita, quiçá dos fascistas-bolsonaristas.

Os esquerdistas se esquecem que a cada vez em que se reforça o aparelho repressor estatal, a população vai perdendo os direitos. O judiciário e a polícia são, por si mesmos, máquinas de criminalizar a pobreza e perpetuar o racismo.

Não indo muito longe, por mais pitoresco que possa parecer, o Marcelo Freixo (PSOL/RJ) e o “coronel” Ciro Gomes começaram a ser processados por criticarem o Bolsonaro. Quem fez essa acusação foi o vereador bolsonarista do PRTB, Nikolas Ferreira de Belo Horizonte. Ele se utilizou do mesmo entendimento do STF e a Lei de Segurança Nacional para amordaçar os esquerdistas em questão.

A liberdade de expressão, ainda mais para parlamentares, independente do posicionamento político, deve ser defendida pela população. Se seus representantes forem cada vez mais censurados (parlamentares, partidos políticos, políticos), não se poderá criticar mais nenhuma arbitrariedade do Estado, nem a inépcia do governo bolsonarista e tucano diante da pandemia, nem o golpe de 2016, nem os assassinatos na periferia pela polícia militar, nem a alta taxa de desemprego, nem nada. Quando a Alta Corte faz uso de uma lei da ditadura para amordaçar alguém, é preciso denunciar esses ditadores.

Quanto aos esquerdistas, a ação estatal contra o bolsonarista pouco faz em relação à extrema-direita que está alastrada nas prefeituras, câmaras e assembleias legislativas. Somente a organização de autodefesa dos trabalhadores e da população oprimida é capaz de barrar a ofensiva bolsonarista. Não é pelo discurso, mas pelo movimento organizado e de massas pelo Fora Bolsonaro e toda a direita golpista que realmente reverterá essa situação política. Depender dos ditadores para punir os fascistas cada vez mais impede e dificulta a luta da esquerda em poder se expressar e exercer seu papel político de luta política.

terça-feira, 9 de março de 2021

Editorial 09/03/2021 - Defender a greve dos professores contra o genocídio dos governadores direitistas


No último sábado (6), o Governo do Estado de São Paulo, do tucano João Dória, decretou fase vermelha para todo o Estado. Como está consolidado, a política da extrema-direita bolsonarista, dos governadores e prefeitos de direita, é de total descaso com a população, levando, de tempos em tempos, ao colapso do SUS: pela falta de leitos, de médicos, de botijões de oxigênio, de testes. E a cada vez que se atinge esse pico, decretam-se a fase vermelha, lockdowns, etc. como medidas demagógicas para dizer que a direita está fazendo algo para a população.

Nessa brincadeira de genocida, na segunda-feira (8), a média de mortes no país agora ultrapassa os 1.500 por dia. E, como se não bastasse, a direita quer manter as escolas e templos religiosos (resta saber a relação da fé com o culto à contaminação) abertos, porque são pressionados pelo setor da educação privada (a).

A justificativa do governo baseia-se no risco à saúde mental e à problemas de aprendizado que o isolamento pode causar às crianças e adolescentes, ou que a família que trabalha em serviços essenciais não teria com quem deixar seus filhos (b). A conclusão do governo para esse problema não poderia ser melhor: para não prejudicar à vida dos alunos, joguem eles em um ambiente de risco de contaminação e risco de morte, assim, esses problemas serão todos resolvidos.

Por mais pressão que os governadores da direita realizam, os professores não podem recuar, porque suas vidas, dos alunos, familiares e, no fim, de toda a sociedade está sendo posta em risco.


A burocracia sindical e os professores precisam se mobilizar


Se o sindicato esperar cada nova onda de mortes para se mobilizar para a greve, haverá um problema na força da greve e do movimento. A linha política deve ser clara: fechamento das escolas como uma forma de barrar a contaminação e o genocídio da população, já que os governadores apenas fazem uma política de contenção, de reação à pandemia, nunca com objetivos de evitar de modo contundente a transmissibilidade do vírus.

De certa forma, a burocracia sindical focar-se-á na defesa das reivindicações dos professores em termos de manutenção e correção salarial, impedimento da punição dos grevistas etc. Porém, não se pode limitar a isso. Os professores precisam pressionar o sindicato para construir um movimento amplo de luta, esclarecendo a população desse problema, convocar reuniões para a discussão dos modos de politização da população para atrair amplos setores para a greve, passar nas escolas entregando material explicando o problema e chamando para a defesa do fechamento das escolas e contra essa direita genocida.


Sobre exigir a vacinação dos professores


Para o governador direitista Dória, as aulas serão presenciais independente da população ou dos professores serem vacinados, porque, se há certa urgência em voltar às aulas para o “bem” do aluno e de seus pais, não há nenhuma preocupação em vacinar os professores.

Em um outro sentido, a mobilização dos professores no Espírito Santo com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Espírito Santo (SINDIUPES) fez com que, pelo menos, num eventual retorno presencial, os professores sejam imunizados. O que ainda é precário, visto que os alunos e seus familiares tampouco serão, levando a uma conclusão política de que somente o fechamento das escolas seja uma reivindicação a ser levada adiante sem recuar.


a. Só na rede pública do Estado de São Paulo, em 1º de março, foram contabilizados 1.611 professores que foram contaminados nas 763 escolas: https://sp.cut.org.br/noticias/luta-contra-aulas-presenciais-avanca-343d.

b. https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/03/professores-de-escolas-privadas-aprovam-greve-em-sp.shtml

Consultas:

https://sp.cut.org.br/noticias/artigo-que-prefeitos-e-prefeitas-decretem-a-suspensao-das-aulas-presenciais-ja-8881

https://sp.cut.org.br/noticias/luta-contra-aulas-presenciais-avanca-343d

https://www.cut.org.br/noticias/trabalhadores-em-educacao-do-espirito-santo-terao-prioridade-para-vacinacao-2f78

http://www.apeoesp.org.br/publicacoes/apeoesp-urgente/n-44-nao-fazemos-queda-de-braco-com-vidas/

https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2021/03/4910912-escolas-particulares-e-academias-reabrem-com-regras-sanitarias.html


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segunda-feira, 8 de março de 2021

08 de março, dia internacional da mulher



A data que tem no Brasil um marco trágico de morte de um conjunto de mulheres em uma fábrica têxtil de Nova Iorque no início do século XX no ano de 1911 expressou, no limite, as péssimas condições trabalhistas pelas quais as mulheres eram submetidas na marcha da revolução industrial. O conjunto de mulheres carbonizadas, simbolizou a expressão última da violência contra as mulheres. Ainda no século XX, anos mais tarde, a data foi apropriada agora pelas grandes corporações, têxtis também, mas não só, para aumento de suas vendas no varejo.

O século XXI traria avanços consideráveis no Brasil, com severos resquícios de atrasos. No campo da política institucional, o país elegeu a sua primeira mulher como presidenta e foi criada uma cota proporcional de mulheres para ocupação de cargos políticos. Na esfera da vida civil, as mulheres eram maioria nas vagas preenchidas das universidades e as cotas raciais conseguiam também preencher este espaço com mulheres. Reivindicava-se, por parte dos movimentos feministas, nomes femininos nas artes, filosofia e ciência. Os movimentos identitários liberais pautavam representatividade nas publicidades e quebra da objetificação do corpo da mulher, reproduzida nas peças publicitárias que circulavam na grande mídia. O advento da internet no século passado e seu constante aperfeiçoamento neste século criou inúmeros canais de comunicação para denúncia contra a violência a mulher, o que levou diversas mulheres a criar coragem para expor seus agressores, rompendo com um ciclo de silêncio. Apenas alguns exemplos de avanços.

 Porém, este início de século que avançava a continuidade de conquistas das lutas do século anterior trouxe em seu bojo as contradições das relações sociais. O país que havia elegido a sua primeira presidenta foi também o país que, desde 2013, lutou para destituí-la de sua cadeira. A cota proporcional de gênero na política institucional seguiu o fisiologismo político, onde denuncias de fraudes das legendas partidárias, para cumprir tabela, fora denunciada pela mídia. Já na esfera civil acentuava-se a publicidade do número de morte de mulheres, que a literatura especializada convenciou chamar de feminicídio.

Sobre o feminicídio, poderíamos usá-lo como pedra basilar para reatualizar o significado do dia internacional das mulheres. Se o Brasil utilizou como marco trágico a morte de um conjunto de mulheres de uma só vez dentro de uma fábrica nos Estados unidos no século passado (marco este disseminado em aparelhos ideológicos de poder, pois há outros marcos pelo mundo), o feminicídio – caro e tradicional em terras brasileiras – pode ser lido como uma forma de diluição da morte de mulheres na sociedade. Na esfera da vida cotidiana um conjunto de mulheres morrem todos os dias. E era até então invisível aos olhos do Estado e sociedade civil por estar particularizado. E sabemos que matar mulheres para defender a honra era, até então, legítimo. Só recentemente o STF barrou tamanha bizarrice. Sempre houve uma tácita permissão de execução de mulheres em nosso país. A base que sustenta esse modus operandi é a cultura patriarcal somada a misoginia e machismo que de tão bem consolidados no imaginário brasileiro, é reproduzido inclusive por mulheres em nosso país. 

Deste modo, nesta data em que se celebra a luta das mulheres, nos aponta que em mais de cem anos de celebração deste dia, o direito à vida é ainda uma pauta de conquista no Brasil. Pela complexidade e dimensão continental a qual estamos inseridos, compreender que assegurar o mais básico dos direitos destes tempos modernos, que é o da simples existência, é um carma que carrega a quem se torna mulher. Não há nada o que se comemorar.


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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Carreatas Denunciam O Caráter Burguês Das Manifestações Pró-Impeachment


Como já denunciado por este jornal anteriormente, é sempre necessário compreender os interesses reais da burguesia, em dada situação, para decifrar seus movimentos, através de seus aparatos políticos e midiáticos. Sendo, assim, o interesse burguês reassumir o poder político, que hoje é de Bolsonaro (ou dos militares) para concluir de vez o processo do golpe de 2016*, suas energias serão voltadas à desmoralização do atual presidente, em especial nos aspectos científicos (vide sua negligência com a pandemia e a disputa da vacina) e identitários (misógino, homofóbico, racista...), além de mobilizações mais incisivas no Congresso pelo Impeachment, já que, agora, há a possibilidade do próprio Congresso indicar o substituto provisório, sem eleições gerais.

Diante toda essa mobilização dos políticos e da mídia, natural seria a iminente manifestação do povo. Primeiro nas redes sociais, agora nas carreatas. É a Frente Ampla, que não cabe mais no Congresso e já inunda as ruas com seu barulho que não quer dizer nada. Uma nova festa patriota, democrática e apartidária, relembrando até 2013. onde o discurso político pode ser traduzido em uma mera buzinada. Para a Esquerda, parece um sonho ver tanta gente mobilizada, inclusive do lado oposto, sob a palavra de ordem "Fora Bolsonaro". O que falta, não de hoje, é entender o contexto.

As carreatas são como os panelaços: servem apenas para fazer barulho e apelo, sem apresentar qualquer teor político informativo, como discursos ou panfletagens, que é onde está o real sentido de ir para a rua e, de alguma forma, dialogar com a população. Portanto, trata-se de uma ferramenta da direita fazer política. A esquerda deve ir a rua sim, mas através de atos que consigam dialogar com o povo. Uma mídia particular, como um JORNAL, também é imprescindível para a comunicação de ideias revolucionárias.

A esquerda deve ter o senso crítico que Bolsonaro não é o último problema e provavelmente está longe de ser o maior. Se aliar com a Frente Ampla para tirá-lo a qualquer custo é servir aos interesses do golpe, já que abrirá mão de organizar uma política de base e será submissa aos interesses burgueses dos partidos de direita do "Centrão", que continuarão sucateando a qualidade de vida do trabalhador quando chegarem ao poder, assim como Bolsonaro já faz.


*Link: https://faroloperario.blogspot.com/2021/02/o-impeachment-de-bolsonaro-como.html


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O Impeachment De Bolsonaro Como Consolidação Do Golpe Burguês


Nesses últimos dias podemos perceber, novamente, uma grande movimentação midiática denunciando a negligência do governo Bolsonaro quanto o gerenciamento da crise pandêmica, além de uma retomada ao apelo do impeachment do presidente nas redes sociais. Não é novidade para ninguém que, desde o início, o governo atual é fascista, genocida e entreguista, mas porque essa revolta, de aparência popular, surge e ressurge apenas em determinados momentos, sem nenhum forte caráter consolidado? E porque só agora aparece a tendência da Câmara considerar a abertura do processo de impeachment?

O cerne das respostas destas questões está no fato de que estas movimentações não são totalmente espontâneas por parte das massas, mas sim, conta com o poder de influência do aparato burguês (a grande mídia e os partidos de direita clássicos) para concluir a transição do governo atual a um modelo neoliberal mais brando e que, ao mesmo tempo, satisfaça a burguesia e consiga agradar minimamente a esquerda menos politizada.

Desde o impeachment de Dilma Roussef por conta das Pedaladas Fiscais (ato ínfimo perto do genocídio fascista atual), foram aplicadas diversas medidas jurídico-midiáticas mais incisivas com o intuito de, primeiramente, desmoralizar a esquerda, como a prisão de Lula e o grande esquema das Fake News no período eleitoral de 2018. Bolsonaro surge então não como um representante ideal dos interesses burgueses, mas como peça-chave para a comoção das massas e o embate ideológico da direita contra a esquerda. Já em seu mandato, Bolsonaro tem cortado ou limitado relações internacionais importantes de cunho comercial e comprado briga com setores da Câmara e da grande mídia, fatores que constituíram a atual polarização Extrema Direita X "Centrão" (a direita clássica junto à esquerda burguesa) e que configura a burguesia como a principal interessada no impeachment, visto que a esquerda ainda se encontra desmoralizada e neutralizada. 

Daí então surge o segundo passo do golpe: isolar Bolsonaro no Congresso e atacá-lo, via grande mídia, em pontos estratégicos, que não coincidam com a agenda burguesa (como o sucateamento das leis trabalhistas e falta de subsídios à classe trabalhadora em meio a crise). Dessa forma, a questão da pandemia é extremamente oportuna para insurgir os chamados "políticos-científicos", como Doria: os novos favoritos da burguesia para as próximas eleições, que ao se colocarem superficialmente acima da direita e da esquerda, e a favor da ciência e da saúde (também superficialmente), ganham apoio da direita liberal e da esquerda, munida de oportunismo eleitoreiro por parte de seus representantes políticos, e de desespero por parte da população.

Assim, detendo o monopólio midiático, a burguesia dá a tona das movimentações da classe média enquanto esta, sob sua clássica soberba intelectual, nega tal influência em vista de afirmar um suposto caráter revolucionário nos protestos de impeachment. Porém, a manipulação é nítida quando percebemos o teor despolitizante e anti-dialogante das manifestações. A disputa ideológica entre Direita X Esquerda foi deslocada para um âmbito moral, onde esta última, inflada pela vitória de Joe Biden (o Bem) sobre Trump (o Mal) e pelo desgaste de Bolsonaro (a ignorância) perante os representantes do "Centrão" (o "bom-senso"), se sente a vontade e no direito de adotar uma postura tão arrogante e intransigente quanto a Extrema-Direita. Trata-se do novo exército a serviço da burguesia para 2022, assim como os eleitores bolsonaristas foram em 2018. Tudo isso enquanto a Câmara faz sua parte e atua mais incisivamente, já que, caso o impeachment do presidente e do vice ocorra nos últimos dois anos do mandato, o substituto é escolhido pelo próprio Congresso, que já deve ir preparando o terreno, nesse período, para o candidato definitivo da burguesia nas eleições.

Devemos sempre estar atentos as movimentações da classe média pois, em geral, esta está inflada de oportunismo, despolitização e manipulação midiática. Temos como exemplo justamente esse surgimento e desaparecimento dos protestos de impeachment de Bolsonaro, sempre de acordo com o desejo de satisfação de algum interesse pontual da burguesia.


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Os tubarões da educação



Estamos servindo de comida barata dos tubarões da educação nesta pandemia, que vão forçar abrir as escolas com medo de quebrar. Eles nos levam pra cova antes de verem uma moeda saindo de seus bolsos.

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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Saiba quais são os interesses em jogo na abertura das escolas


Durante a pandemia, os veículos de comunicação da burguesia criaram uma falsa narrativa em que Bolsonaro era taxado como louco obscurantista em oposição aos governadores e prefeitos, membros da direita golpista, que apareciam como responsáveis e seguidores da ciência. Essa disputa é política, apesar de toda a propaganda buscar camuflar tal fato. 

A confusão política gerada pela maquiagem feita nos golpistas se amplia ainda mais por não haver denúncias da esquerda, que se transformou em plateia torcedora. Assim, tivemos no ano passado uma eleição sem comícios, sem atos e totalmente controlada com a vitória dos golpistas por efeito da manobra citada e sua manipulação do sistema eleitoral. Neste momento, a situação se modificou com a abertura das escolas em meio a crise do Covid-19: os professores e o sindicato, para defender suas vidas, precisam se chocar com Dória e desmascarar toda sua demagogia em favor da vida. 

Os professores e o seu sindicato, APEOESP, estão buscando fechar as escolas e voltar ao ensino remoto até que a vacinação seja efetivamente aplicada a população. A APEOESP está em campanha para alertar a todos sobre a impossibilidade de aplicar os protocolos no atual estágio de sucateamento do ensino, o que faz da vacina a única forma segura para um ambiente tão sujo e frequentado. Assim, estão mobilizando para uma greve e pressões na Justiça. Sendo que no dia 08 de fevereiro de 2021 há o indicativo de greve ou paralisação. 

Dória e o secretário da Educação estão empenhados em abrir as escolas em favor dos estabelecimentos privados, que estiveram atrelados ao sistema público nas deliberações sanitárias no ano passado, amargando um grande prejuízo. Assim, colocam em risco a vida dos profissionais da educação não por causa de um motivo pedagógico, o que é apresentado cinicamente, mas por pressões políticas e econômicas concretas. 

Dentro desta briga, a escola pode ser fechada ou aberta, tudo dependendo do tipo de pressão política. Se houver greve, por exemplo, não estranhe se aparecer um novo protocolo que exija o trabalho remoto dos professores. Uma jogada para quebrar a greve, uma forma de corrupção dos professores mais atrasados que já ocorre com a assinatura de ponto dos profissionais que furam a greve em escolas vazias. Essa sabotagem precisa ser vencida pelos professores como todas as outras realizadas, com pressão do sindicato e uma luta política contra os golpistas totalmente esclarecida, colocando Bolsodória no espectro político a qual pertence (extrema-direita).  

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

É possível ocupar a FORD sem lutar contra o Golpe?

O regime político e econômico nacional está em crise profunda e o golpe de 2016 colocou ainda mais pressão em um estado de coisas instável e propenso a grandes convulsões. Hoje, com a saída da FORD do país, fica escancarado o processo de sucateamento e destruição industrial brasileiros.

A situação de crise coloca uma série de palavras de ordem como a ocupação de fábricas, a greve geral e a formação de piquetes. Apesar disto, os chamamentos aparentam estar deslocados da realidade dos trabalhadores, parecem palavras de comunistas retrógrados. Isso ocorre pelo fato de que as políticas não são apenas um conjunto de palavras soltas, não são como cartas em um jogo em que você pode surpreender seu adversário com algo poderoso e levar a rodada, elas são parte do desenvolvimento político de uma organização. 

Primeira lição política: toda movimentação efetiva está guiada pela política de uma organização e por esta organização. Assim, quando o povo sai as ruas é resultado de uma ampla campanha, muito bem orquestrada. Sem organização, sem movimentação efetiva. Isso ocorre pelo fato de a luta política ser central no controle da sociedade, sendo controlada pela elite, exceto em momentos de crise e revolução. Logo, é necessário que o esforço coletivo de uma organização que luta pelo poder consiga se desenvolver para termos uma ação política. Um simples ato isolado, como tentaram os terroristas anarquistas do século XIX, por maior que seja, não provoca nenhum tipo de mudança real pelo fato de não ser capaz de mobilizar as massas.    

Na FORD, todos os trabalhadores estão na posição mais cômoda para uma greve e ocupação, já que tem como certos o fim de seus empregos, mas não há nada realmente organizado para que do questionamento surja uma ação política. Por qual motivo isso ocorre? Não é pelo conformismo ou bolsonarismo dos trabalhadores, mas pela confusão geral criada entre os trabalhadores e pelas suas direções.

A FORD já vinha apontando que iria fechar suas fábricas no país desde o ano passado. Em 20 de fevereiro de 2019, o sindicato fez uma assembleia sobre o tema. Durante o período de impasse desde aquela última assembleia, apenas tratativas entre o sindicato e a empresa para resolver a situação. Com toda a movimentação política no país, o sindicato não adentrou na luta e todo movimento político que poderia ser vinculado ao setor e fazer com que a luta entre os trabalhadores ganhasse uma dimensão política foi posto de lado. 

Neste momento, os trabalhadores da FORD se sentem isolados em meio a crise e fica muito difícil criar um elo entre eles e o movimento político momentaneamente, mesmo que seja tão imprescindível. Assim, fica a lição para a classe operária que sem lutar contra o Golpe fica inviável ter qualquer tipo de mobilização.  

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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Editorial 21/01/2021 - Políticos disputam paternidade da vacina enquanto destroem o sistema público de saúde


A última disputa política do nosso país se encontra na questão da vacina, com a Frente Ampla buscando demonizar Bolsonaro e deixa-lo isolado. Assim, os protocolos que Bolsonaro buscou utilizar para evitar a vitória acachapante de Dória em uma entrega relâmpago foram deixados de lado e a manobra agora se dará em cima dos eventuais problemas que a aplicação precoce possa ter. 


A tensão política entre a direita e o bolsonarismo está sendo tratada de forma moral pela burguesia, que não explica o desmonte do sistema público de serviços aplicado por todos os setores da direita, mas com maior intensidade pelos golpistas. Inclusive, para tentar separar a direita golpista de suas políticas nefastas de destruição, os veículos de comunicação hegemônicos criaram o "político científico": aquele que, preocupado com o bem-estar da população na pandemia de Covid-19, seguem as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesta fábula, toda a destruição causada pelo golpe no sistema público de saúde não aparece, tornando o problema da saúde no país um caso exclusivamente ligado ao governo Bolsonaro. 


Dória precisa ser desmascarado. Não é um bom político e não se preocupa com o povo. Disposto a colocar a saúde das crianças em risco, não quer adiar o início do ano letivo mesmo com todos os perigos que isso pode trazer. Logo, não há um critério sanitário para a conduta do governador de São Paulo, apenas político. Dória está disposto a utilizar o capital científico que São Paulo tem para sair na frente da vacinação e canalizar esta vitória para si, enquanto isso articula os monopólios de comunicação para culpar Bolsonaro pelo caos, do qual o governador é um dos principais responsáveis, por ser um político ligado aos verdadeiros destruidores do país: os golpistas. 


Por maior que seja o nosso desejo de retirar Bolsonaro, não podemos ser ingênuos o suficiente para cair na armadilha política aplicada pelos golpistas na Frente Ampla. Retirar Bolsonaro é um dos eixos políticos da luta contra o golpe, mas não é o único e nem o mais importante. Acima de Bolsonaro estão os golpistas, os donos da situação política e responsáveis pela destruição do sistema público de saúde que ocorre aceleradamente desde o Golpe de 2016. Bolsonaro, Dória, Mourão e os golpistas são todos nossos inimigos. Todos muito perigosos.  


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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Editorial 12/01/2021 - A fina película democrática da esquerda para encobrir o Regime Golpista


A luta política do último ano não se desenvolveu no campo operário, não havendo grandes manifestações, greves ou passeatas. A desmobilização foi geral, fazendo que o centro da luta pelo poder no país se deslocasse do PT contra os golpistas para Bolsonaro contra os golpistas. A luta não era mais de matriz político, mas civilizacional. Era uma luta da ciência contra o obscurantismo. Criaram-se governadores científicos, criaram-se ministros científicos e toda a imprensa burguesa tencionou neste ponto para virar a página do golpe. 


A tensão artificial dos meios de comunicação, que nada mais é que uma forma de fazer campanha antecipada contra Bolsonaro sem realmente colocar a massa na rua para uma ação efetiva, foi alimentada por todo tipo de oportunismo eleitoral na campanha de 2020. Alguns poucos setores oportunistas conseguiram alguma migalha do sistema, enquanto a esquerda como um todo teve um retrocesso gigantesco. Os direitistas mais bárbaros como é o caso do DEM e do PSDB foram os vencedores absolutos das eleições, mas o avanço do Bolsonarismo como um bloco também ocorreu e mostra uma situação muito mais tensa para o futuro. 


Ainda hoje é esta tensão que impera dentro da situação política por causa do imobilismo da esquerda. Assim, a luta pela vacinação apenas apresenta o caráter específico desta disputa. É claro que fica muito difícil observar tal especificação neste caso já que a burguesia lançou uma campanha para intimidar todos. Trata-se de mais uma das campanhas “apolíticas”. O novo dogma burguês já vem com todo o poder político de esmagar da burguesia (vacinação obrigatória), que utiliza de todas as brechas possíveis para fazer o regime capitalista se tiranizar cada vez mais. Logo, as medidas sanitárias em diversos locais estão servindo muito mais para a consolidação de uma ditadura do que para tratamento medicinal: confinamento, restrição de liberdades e proibições de eventos públicos. 


A questão política é colocada de maneira muito rasteira e demagógica por Bolsonaro, que faz isso para evitar vitórias políticas de seus inimigos e concorrentes. Assim, os golpistas colocam um programa repressivo contra o povo sob a bandeira da luta contra o Covid19. O povo se revolta com isso e apenas escuta demagogias bolsonaristas para que os mais atrasados politicamente se iludam. Por trás de tudo isso, como um ruído bem baixo, está a voz oportunista da esquerda institucional papagaiando a Globo com o objetivo de dar uma fina película democrática aos golpistas em sua escalada para o poder. 


A vacinação, vista sob o ponto de vista marxista, deve pensar nas consequências de uma experimentação feita com alto controle de tempo e dados, algo que exigiria uma melhor preparação de todos os exames e infraestrutura para possíveis problemas que possamos ter com o aumento do número de complicações hospitalares. Assim, essa preocupação de mais cuidado com o povo, que surge normalmente entre a população, é deixada para o populismo barato bolsonarista. 


O bolsonarismo se utiliza da intuição do povo e guia sua política para se organizar com os problemas da vacinação e faturar politicamente, o que pode ocorrer mais facilmente nos processos de verificação e produção apressada de um medicamento. Neste momento, aparecerá a esquerda pequeno-burguesa para bradar Fake-News e teoria da conspiração.  


No campo da vacina, a esquerda esconde o jogo político real, colocando a questão de modo infantil e moral. Resultado final: fortalecimento de Dória e sua política. No campo da política, a esquerda institucional favorece o mesmo tipo de político golpista por estar a reboque cegamente desde que se deixou guiar exclusivamente pela propaganda pseudocientífica dos golpistas. 


O apoio a Baleia não é um processo desvinculado de toda a política da esquerda institucional: é a mesma lógica de ir atrás de uma saída burguesa para Bolsonaro. Nesse processo, o povo é rifado pela esquerda institucional que está disposta a ser cobaia dos senhores do golpe de 2016 e calar todos aqueles que não se submeterem a vacinação.  


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Quem são os oportunistas da esquerda? Os defensores do Baleia Rossi (MDB-SP)


No início de fevereiro, será definido o comando da mesa diretora da Câmara dos Deputados. A nova composição sucederá os trabalhos da presidência de Rodrigo Maia (DEM-RJ), sendo que a disputa para essas funções evidencia uma aliança da esquerda com os setores golpistas, manobra conhecida como Frente Ampla: uma frente da esquerda com a direita contra o Bolsonarismo.


A direita golpista (DEM, MDB, PSDB, PSL, PV, Cidadania, Rede) formaram essa coalização em torno do deputado federal Baleia Rossi para desbancar o bolsonarista Arthur Lira (Progressistas-AL). A esquerda, nesse sentido, vem articulando em apoiar o candidato do MDB para manter a oposição ao controle da Câmara pelos aliados do Bolsonaro. Assim, o PT, PSB, PDT e PCdoB procuram avançar nessa proposta.


Sem definir o apoio claro, os quatro partidos da esquerda lançaram em conjunto um manifesto dizendo que o eventual apoio ao candidato do MDB seria uma opção tática, explicando que “integrar esse bloco para derrotar o Bolsonaro não significa que abramos mão de qualquer das bandeiras que defendemos”. Para que o PT possa apoiar de fato o deputado Baleia Rossi, o partido exige que o candidato dê prioridade nos 50 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. A isso, a presidente do PT, Gleisi Hoffman comentou em entrevista à CNN: “Queremos pelo menos que isso não seja descartado. Que todas as medidas que a Constituição oferece em relação a contraçaõ de abusos e crimes praticados pelo governo sejam considerados: CPIs, convocações e inclusive o impeachment”.


Para continuar exemplificando a predileção pela política de Frente Ampla, temos a comovente fala do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL/RJ): “Existe algo em comum que nos une, e é muito maior que nossas diferenças: a crença nos valores do Estado democrático de direito e a certeza de que é nosso compromisso defendê-lo diante das ameaças explícitas do presidente da República”. Ainda, a deputada federal também do PSOL/RS, Fernanda Melchionna, nos dá a letra da salvação nacional por meio de seu Twitter: “A estratégia da esquerda da eleição da Câmara tem que ser derrotar o candidato de Bolsonaro. Todas as táticas são válidas, como lançar candidato para demarcar o programa. Mas forças ocultas querem igualar o candidato de Bozo ao campo de Maia para ajudar o Lira. O PSOL não cai nessa”.


“O PSOL não cai nessa e as forças ocultas”


As forças ocultas que o PSOL estão indiretamente criticando deve ser, uma delas, uma política realista e revolucionária. Um dos partidos centrais que articularam o golpe de 2016 contra o PT, retirando a presidente Dilma Roussef da presidência da República foi o MDB. O bolsonarismo foi, precisa ser dito isso, e continua sendo uma continuidade à extrema-direita da política dos partidos golpistas. Um pedido da presidente do PT para que o Baleia Rossi inicie a CPI contra o Bolsonaro chega até ser risível diante do regime político de exceção que estamos vivendo no qual a população não tem nenhum controle do processo político. Em oposição aos lunáticos da esquerda parlamentar, trazemos aqui a crítica certeira da companheira Dilma Roussef, dizendo ao Opera Mundi: “Tem alguém mais contra a democracia do que foi o (P)MDB nos últimos tempos?”.


Ao invés de construir uma frente única da esquerda, dos trabalhadores e oprimidos e excluir, isso precisa deixar claro, toda a direita golpista e bolsonarista, a esquerda mais uma vez capitula na sua política de migalhas jogadas pelos golpistas. Isso reflete, para a militância da esquerda, uma desmoralização sem limites e confunde a todos que estão ligados à esquerda. A formação da Frente Ampla na Câmara dos Deputados é uma capitulação que refletirá no arranjo eleitoral de 2022, levando a um candidato direitista (com ares de esquerdista) para que a esquerda oportunista (na realidade, seus dirigentes) apoiem-no sem nenhum pudor. Nesses termos, sem força política na base e mobilizatória em decorrência dessas capitulações parlamentares, o regime iniciado com o Golpe de Estado de 2016 continuará a se aprofundar cada vez mais, ao menos que a esquerda tome uma política independente para defender os interesses da classe trabalhadora, pelo Fora Bolsonaro e por um candidato que represente essa política independente que, ainda hoje, apresenta-se na figura do ex-presidente Lula.


https://www.brasildefato.com.br/2020/12/23/oposicao-articula-alianca-tatica-para-impedir-dominio-de-bolsonaro-na-camara

http://atarde.uol.com.br/politica/noticias/2152154-pt-quer-que-baleia-rossi-se-comprometa-a-considerar-pedidos-de-impeachment-contra-bolsonaro-antes-de-apoio-oficial

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2021/01/maioria-do-pt-deve-optar-por-baleia-rossi-diz-deputado.shtml

https://www.causaoperaria.org.br/nova-diretoria-prepara-privatizacao-do-botafogo/


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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Editorial – 04/01/2021 Alta dos preços pode ser incontrolável em uma situação de desabastecimento


Os jovens brasileiros não passaram pelo desabastecimento geral que ocorreu durante o final da Ditadura e início da Democracia, então muitos talvez considerem a ideia de um desabastecimento fora do real, sem saber que até o início dos anos 1990 o país estava passando por uma crise fiscal e monetária que desorganizava toda a produção e gerava escassez. 


A escassez, que também pode ser uma arma econômica de um país imperialista contra seus inimigos como o caso da Venezuela, aqui tem sido um produto da devastação econômica causada pelo Golpe de Estado de 2016. A desestruturação de amplas cadeias de produção como o Petróleo (Petrobrás), a Construção Civil (Odebrecht) e a Indústria Alimentícia (JBS) paralisaram os demais complexos de produção, isso em um ambiente de liberação e abertura econômica para o saque e a exploração do país. Assim, agora estamos vendo um momento que pode ser de desfecho político mais agudo, que foi agravado com a derrocada do Covid-19. Estamos vivendo em um momento de alta de preços, com produtos em preços de escassez e outros com altas que podem colocá-los neste patamar em breve.

 

Apenas em novembro, as carnes tiveram alta de 6,54%, a batata-inglesa subiu 29,65%, o tomate teve alta de 18,45%, o arroz (6,28%) e o óleo de soja (9,24%). Entre os combustíveis, neste mesmo período, a gasolina subiu 1,64%, com sua sexta alta consecutiva, e o etanol (9,23%). 


O que podemos esperar de 2021? Com a falta de estruturação do Estado Brasileiro em ajudar o setor produtivo do país, podemos esperar que a escassez vai ser utilizada para impor aos trabalhadores uma perda. E tal ausência de postura estatal pode causar uma crise geral que pode causar desabastecimento total.


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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A Esquerda E Seus Bodes Expiatórios: Um Novo Desfocamento Na Questão Da Pandemia


Início de ano e nada de nossos governantes tomarem medidas sérias quanto ao combate do coronavirus. Já são quase 200 mil mortes e Jair Bolsonaro insiste em relevar as precauções e manter a questão no campo do embate político com o Centrão que, dentro deste contexto de disputa, se vê em uma corrida para o desenvolvimento da Coronavac, apesar de também ter abrido mão dos cuidados sanitários na campanha eleitoral. Tudo isso junto ao funcionamento normalizado do comércio e o afrouxamento do já insuficiente auxílio emergencial.


Não são poucos os problemas de âmbito governamental a serem tratados pela esquerda. Porém, neste fim de ano, verificou-se um fenômeno de desarticulação política corriqueiro: em meio a crise, a esquerda burguesa é pautada pela grande mídia, que é respaldada muito por conta de seus veículos que difundem pautas identitárias ou humanitárias. 


Fomentada pelo punitivismo e sentimento de superioridade intelectual, a burguesia se serviu de notícias a respeito das aglomerações e grandes festas, o que acabou rendendo algumas revoltas e cancelamentos, mas nada que mude a vida de ninguém, muito menos da classe trabalhadora pois, como sempre, o diálogo e a discussão política ficou para segundo plano.


Celebridades já impopulares no meio da esquerda como Neymar e Carlinhos Maia foram escolhidas a dedo como bode expiatório. Nem é preciso fazer muito esforço para criticá-los, pois são milionarios e "padrõezinhos", ao contrário do golpista Caetano Veloso, por exemplo. O conteúdo das críticas ainda fica no âmbito do juízo de valor superficial, como a responsabilidade pela fama e o suposto mal-caratismo, questões completamente inócuas para um panorama político que exige medidas concretas urgentes e que refletem uma masturbação ideológica que resulta na defesa da burguesia.


Outra questão problemática que a esquerda acaba usando como justificativa para crítica é o fato deles serem milionários, o que é bem diferente de ser um governante ou detentor dos meios de produção. Alienação ou subordinação burguesa? Enfim, em um sentido político, o que importa é o monopólio do poder de decisão. A atenção deve ser dada sempre a quem tem competência de, no caso, prover testes de COVID-19 gratuitos, garantir subsídios econômicos e acesso universal à saúde para a população.


Cada vez mais fadada a segregação e ao individualismo, a classe média não consegue ver com claridade uma saída para a crise que preze pela unificação popular. Estimular a culpa ao seu semelhante é uma leitura estratégica burguesa que a mídia historicamente faz e, numa situação especial como essa, vem a calhar ainda mais: movimentos revolucionários tendem a ficar isolados e a política polarizada entre o Bolsonarismo e o Centrão fica consolidada, acabando por minar a ameaça de reascensão da esquerda. Estes são os reais interesses dessa chuva de notícias tendenciosas da grande mídia!


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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

O Racismo No Futebol Dialoga Com A Realidade?


Neste último mês do ano observamos uma crescente discussão a respeito do racismo no futebol, mais especificamente três casos: no âmbito internacional, o jogo válido pela Liga Dos Campeões da Europa entre Paris Saint-Germain e Istambul Basaksehir fora paralisado e adiado por conta de uma fala discriminatória proferida pelo quarto árbitro contra o assistente técnico do clube turco, o camaronês Pierre Webó, sendo assim a partida reiniciada apenas no dia seguinte (9/12), pelo fato dos jogadores das duas equipes se negarem a retornar à partida com o quarto árbitro, autor do ato, presente.

Quase que como consequência deste evento de alcance mundial, em território nacional, num intervalo de menos de uma semana, houve dois casos notórios: a viralização do vídeo do garoto Luíz Eduardo, no qual ele aparece chorando após acusar o técnico adversário de ato discriminatório, durante um torneio chamado Caldas Cup, no interior de Goiás, no dia 16; e a denúncia de injúria racial do jogador flamenguista Gerson contra o colombiano "Índio" Ramírez, do Bahia, no duelo entre as duas equipes ocorrido no dia 20. Interessante pontuar que em ambos os três casos a palavra discriminatória em questão se referia a "preto" ou "negro".

Os pretos, na grande maioria da história, foram calados e objetificados, portanto a eles merecem todo o direito de expressão e de se sentirem revoltados ou incomodados com uma situação iminentemente racista, como foi feito nos exemplos supracitados. Em um âmbito sócio-político, entretanto, jamais podemos nos esquecer que a segregação racial é fruto do imperialismo capitalista. Uma luta popular antirracista que não tenha um forte contexto econômico, que vise a reestruturação urbana das periferias, a redução da desigualdade social e do desemprego, além de uma maior inclusão universitária, consistirá em uma luta ineficaz que ignora as principais consequências do racismo. Pior do que isso: ao tratar o racismo como uma causa meramente humanitária, e não política, desloca-se o alvo do real inimigo (o Estado) para o nosso semelhante, reduzindo a luta em acusações pessoais (como tem se verificado) e inflamando a vontade burguesa de linchamento (houve quem bradasse por cadeia ao jogador do Bahia!). Portanto, qualquer evidência ou grande repercussão que a grande mídia der ao racismo será de cunho "humanitário", ou seja, será uma farsa! Não há nenhum interesse em superar o racismo de fato nessas movimentações, mas sim apenas dar pauta à esquerda burguesa, para que esta esperneie e aponte o dedo covardemente ao elo mais fraco da sociedade (a classe trabalhadora, que é à quem a mídia vai direcionar), enquanto a estrutura do poder segue intacta.

Além da suposta luta antirracista, sem nenhum contexto econômico, ser uma farsa, não dialoga em nada com a classe trabalhadora, que é sujeita a sofrer as consequências mais pesadas do racismo. Pra quem é acostumado a ter algum amigo ou parente com apelido de "Negão", por exemplo, ou outros derivados de sua cor, uma simplificação do racismo numa injúria de "negro" é muito pouco para que o sujeito se identifique ou tome parte da situação. É preciso esclarecer sua história, as origens econômicas da escravidão e da segregação do negro nas periferias, entender porque desta ter uma cor predominante e porque a desigualdade social, de forma geral, é um dos maiores problemas do nosso país.

Não há de se eximir a responsabilidade individual dos agentes nos casos em questão, mas em um aspecto macro de combate ao racismo devemos entender que estes não são nossos reais inimigos, pois apenas reproduzem o que o Estado perpetua como projeto desde sempre. Portanto, uma política punitivista não é a solução.


Consciência Negra e a Terceirização de Lutas Populares: https://faroloperario.blogspot.com/2020/11/consciencia-negra-e-terceirizacao-de.html

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quinta-feira, 26 de novembro de 2020

PM e segurança do Carrefour espancam negro até a morte


Em uma unidade do Carrefour na cidade de Porto Alegre (RS), João Alberto Silveira Freitas de 40 anos foi espancado até a morte por um militar e um segurança no dia 19 de novembro. Segundo relato da Brigada Militar, houve um desentendimento no interior do supermercado entre a João, que estava acompanhada da esposa, e uma funcionária, sendo que ele ameaçou agredi-la. Foram acionados os seguranças (um brigadiano e um terceirizado) que levaram João para a frente da loja para espancá-lo até morrer. Momentos depois, o SAMU chegou para tentar reanimá-lo sem sucesso.

O racismo não é uma questão de consciência ou abstração, não é um espírito racista que paira sobre a sociedade e toma conta, no caso, dos seguranças, da polícia militar fazendo terrorismo nas periferias ou matando a população oprimida de fome porque um "espírito racista" apodera-se de um empresário cujo empreendimento não dispõe de vagas de emprego.

O racismo tem etiqueta, corpo, propósito e finalidade. Para aqueles que acreditam que a educação, a conscientização sobre a transubstanciação do racista em não racista, acaba cometendo imprecisões teóricas na análise da realidade sem precedentes sob pena dos atos racistas continuarem perpetuando-se no tempo porque não há intervenção direta sobre o problema.

O aparato repressor estatal, em especial a polícia militar, serve para conter os pobres e, historicamente em decorrência da escravidão, os negros. Estão, portanto, em uma contradição real a população negra (e os demais setores oprimidos) e as forças repressivas estatais. Essa contradição só será resolvida, em parte, com a dissolução da polícia militar. Essa discussão nem passa aos ilustres esquerdistas caviares (pequeno-burgueses) que, como se acham legítimos representantes dos pobres e negros, falam o que querem, aliás, o que lhes parece mais fácil, um discurso que agrada a todos (inclusive à polícia e a burguesia) já que não são eles que são diariamente assassinados pela repressão do Estado burguês.



A luta pelo fim da Polícia Militar só pode ser concebida no seu percurso revolucionário que obedece leis específicas do movimento de massas enquanto organização popular que substitui, ocupando cada vez mais o lugar do aparelho estatal burguês. O primeiro passo é o fortalecimento das organizações operárias, de seus partidos revolucionários e, por consequência, fortalecimento da organização de negros e de minorias operando com uma disciplina férrea de luta (de tipo partidária), passando pelo controle da produção local, das fábricas, da economia local, dotando de soberania localizada o movimento. Por conseguinte (simultaneamente), organização de milícias de trabalhadores para proteger essas ocupações, os partidos operários e as organizações oprimidas entre outros passos que só a perspectiva revolucionária e a experiência prática é capaz de dar um caminho claro de luta e de fim a esse tipo de ataque à população negra e em geral. É um processo que envolve toda a sociedade, das camadas populares para resolver esses problemas que, no final, está relacionado com o poder que a burguesia tem sobre a sociedade e se utiliza da polícia militar para proteger sua propriedade privada e seus lucros da "delinquência" dos demais e, em um contexto histórico de racismo, esse aparato repressivo ganha uma política racista, selecionando quem irá ser ou não espancado até morrer.

Em um direcionamento conclusivo para essa questão, as organizações populares devem ser criadas e ampliadas, adotando a política revolucionária capaz de resolver o problema da repressão estatal a partir da perspectiva de enfrentamento, não de ilusões no discurso, eleitorais, parlamentares ou qualquer medida tímida e idealista que o valha, porque enquanto a população se ilude, o assassinato dos negros continuará sem cessar.



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Consciência Negra e a Terceirização de Lutas Populares


O Dia da Consciência Negra foi marcado pela morte de João Alberto, um cliente negro, em uma das unidades do Supermercado Carrefour de Porto Alegre, que fora espancado por dois seguranças, sendo um ex-Policial Militar. Porém, outro fato que gerou comoção, inflamada pela data, foi a dedicatória feita por Pelé a Bolsonaro de uma camisa histórica do Santos Futebol Clube. 

Não é de hoje que a imagem do clube tem sido ligada à figuras questionáveis e contraditórias às pautas sociais que o clube sempre defendeu. Entretanto, importante pontuar que aqui se tratou de uma atitude particular do Rei do Futebol. Este, que desde sempre foi duramente criticado pela militância de esquerda, o julgando por pouco se posicionar a favor de pautas progressistas, sobretudo na questão do racismo. mais uma vez foi apedrejado por conta da sua atitude.

Disso, duas perguntas podem serem feitas: Qual a utilidade à causa em criticar alguém claramente despolitizado e, ainda por cima, negro? 

Se Pelé tivesse, por toda sua vida, atuado contra o racismo, isso teria resultado em algum efeito concreto na resolução do problema?

Obviamente é muito legal quando um esportista como Lewis Hamilton, multi-campeão da Formula 1, se posiciona veementemente a respeito do tema, entretanto é importante observar que: 1) Trata-se de uma opinião particular, baseada na vivência e em questionamentos internos de uma pessoa que, guardadas exceções, possui uma formação situada na média de qualquer cidadão comum de seu país local; 2) Por mais que possa atingir uma grande camada da população por conta do tamanho de sua repercussão, seu discurso só poderá resultar em algum efeito transformador se vier carregado de conteúdo classista e revolucionário, que, por mais que seja possível, não deve ser esperado por pessoas que estão no topo da pirâmide: essa iniciativa é de responsabilidade dos partidos e movimentos sociais. A tendência é o discurso que cai na grande mídia ser banalizado ou fetichizado e, assim, tirado de seu contexto real. É dessa forma que a luta contra o racismo vai se transformando num tipo de "marca filantrópica", onde ao mesmo tempo, pode ser comercializada e ganhar uma falsa roupagem de algo transformador, ao focar o cerne do problema na consciência humana, e não na estrutura capitalista.

Cobra-se do esportista, do artista da grande mídia, como se ele representasse alguma espécie de elite intelectual, quando na verdade não faz sentido esperar que sua opinião seja diferente da do status quo do local onde vive. Ao cobrar deles tão assiduamente um posicionamento, ao ponto de iminentemente nos revoltarmos, estamos terceirizando a responsabilidade de luta de uma causa que é popular. O problema não se resolverá "de cima pra baixo", mas sim através de mobilizações populares combativas ao sistema capitalista e seus aparatos, que são a principal estrutura que perpetua o racismo.

Além disso, jamais se deve crucificar o negro, como bode expiatório, pela sua conivência, já que esse estado representa exatamente o seu papel de vítima na sociedade. Seria puni-lo duplamente. Referente a isso, fica a sugestão no link abaixo do podcast O Negro Na História do Futebol: A Voz Do Preto, de História Preta. (https://open.spotify.com/show/0gkJ4Wy8wXJkJc2lZVfLyx?si=-gGp4OQHQE6n5ozhteswuQ )

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A Frente Ampla e a Luta do "Bem Contra o Mal"


Não é de hoje que nosso jornal, bem como parte da mídia de esquerda, vem denunciando a política da Frente Ampla como uma neutralizadora da prática anti-golpista, já que se trata de um movimento realizado por parte dos próprios partidos apoiadores do golpe (a direita burguesa) para recuperarem seu prestígio e enfraquecer os "extremos" (Bolsonaro e Lula). Estes, que usaram do golpe, aliados à extrema direita, para afastar a esquerda lulista do poder, agora usam de um mecanismo quase inverso, se aliando à uma parcela da esquerda, que subordina suas ações aos interesses da burguesia em troca de apoio mútuo nas eleições e manutenção de seus privilégios.

Podemos perceber seus efeitos na sensação de conformismo e anestesia que paira sobre o povo que, ou apoia o atual governo, ou transfere a responsabilidade de luta à estes governantes, cujo compromisso se resume à movimentos eleitoreiros e embates legislativos (quando não estão publicando memes em outdoors).

O intuito da Frente Ampla é bem sucedido em servir à burguesia, ao transformar o povo em mero expectador de sua própria sorte. Não a toa, com o amadurecimento desta política, presenciamos a diluição das greves dos petroleiros, dos Correios, bem como a desmobilização de outros setores trabalhistas, como os Servidores Públicos e os bancários. Porém, o pior, sem dúvidas, é a inércia que toma conta da população e seus representantes frente às mais de 150 mil mortes por conta da pandemia de COVID-19 ao assistir, de mãos atadas, nosso presidente dar de ombros para qualquer medida séria de combate ou prevenção à doença.

E é frente à esse clima apaziguante, bem calhado com as eleições municipais, que a mídia começa a dar as cartas: bastou João Santana, antigo marqueteiro petista, sugerir em sua entrevista no Roda Viva uma aliança Ciro e Lula (este de Vice) como uma das únicas situações possíveis para vencer Bolsonaro em 2022, que começou surgir matérias supostamente confirmando uma reunião "de paz" entre os dois, o que fora posteriormente negado por Lula. A repercussão demonstra não só o acerto no âmbito eleitoreiro de João Santana, mas também que este é um dos cenários de interesse para a burguesia: um candidato mais "moderado" com relação ao atual, mais centrista e com certa popularidade, não só entre a direita como também entre a esquerda, principalmente pela possibilidade do apoio de fachada de Lula (este que ficaria bem neutralizado pela figura de Ciro). Outra situação seria um concorrente explicitamente direitista, porém "menos extremo", como Sérgio Moro ou Henrique Mandetta, que, no caso, também obteria o lamentável apoio esquerdista por ser o "menos pior".

Ou seja, no fim, o que se configura é a moldagem de um candidato que consiga representar o "bem", o equilíbrio, a democracia, contra o "mal" representado por Bolsonaro, assim como foi nos EUA com Biden X Trump. O periódico golpista Época já denuncia a importação da manobra ao anunciar que o Brasil "precisa de um Joe Biden". A grande mídia brasileira e os partidos da Frente Ampla parecem coadunar com tal proposta ao apedrejar Trump e comemorar aos berros a vitória do Imperialista Democrata. Ambos já vêm ensaiando seus passos combinados para a grande epopeia de 2022.

Estas eleições municipais já deram a tona de quem realmente está no comando: sob a tutela da reforma eleitoral e do controle sobre o judiciário, a burguesia cassou diversas candidaturas e permitiu que seus candidatos dominassem o horário eleitoral como nunca; a grande mídia inundou as pesquisas com dados questionáveis e catapultou os candidatos de sua preferência, como os representantes da direita tradicional  e os da esquerda "inofensiva" ou "antipopular", como Guilherme Boulos e Manuela D´Ávila, consequentemente isolando a ameaça petista.

Com as cartas da burguesia postas à mesa, só resta à esquerda usar seus meios de mídia para propagar informações e unir forças a fim de que estas se resultem em movimentações populares de rua, ou seja, perigos reais aos golpistas! 


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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Fator Bolsonaro, a Falácia de Russomano, e o fim do Choque com a Pandemia

No início de agosto, boa parcela dos brasileiros se solidarizavam com os mais de 100 mil mortos vítimas do Covid-19. Hoje, mais de dois meses depois, com uma maior abertura comercial e com a volta às aulas em algumas regiões, ultrapassamos os 150 mil mortos (1/3 só nesse período; 50% das mortes pré abertura), e, ainda assim, a comoção popular não chega nem perto do que outrora foi.

Aproveitando de seu poder influenciador com base nas Fake News, o Bolsonarismo acaba tendo um diálogo com a população maior do que qualquer outra linha ideológica racional. Muito se deve, também, pela desmobilização da esquerda, o que permitiu a vitória da retórica do colapso econômico, por parte da extrema direita. Com isso, perante a reabertura de países que viveram o "lockdown", junto a aproximação do período eleitoral, percebe-se uma absorvição cada vez maior da população e da grande mídia de uma postura negacionista ou de negligência frente à pandemia.

Essa normalização e o controle midiático são estratégicos para Bolsonaro nas eleições, pois superficialmente o transparece como um governante exemplar, seja no viés econômico, defendendo desde sempre o seu protagonismo frente à quarentena; na questão da saúde, endeusando a cloroquina como solução para a doença; como também na questão social, com o auxílio emergencial (o qual sabemos que na verdade o presidente fora contra os valores atuais, de início). Reflexo disso é a iminente vitória bolsonarista na grande maioria das cidades.

Claro sinal do predomínio das falácias dos aliados de Bolsonaro é a última fala de Celso Russomano, candidato à prefeito de São Paulo, sugerindo que os moradores de ruas, quanto à Covid-19, "sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não tem como tomar banho todos os dias", o que acaba sintetizando toda a política bolsonarista de combate à pandemia: através de Fake News tendenciosas que direcionam o povo à negligenciar a quarentena, método cientificamente eficaz, em detrimento de uma forma simplista de combate ao vírus. Mais do que isso ainda, no caso, com um teor classista, pois ao considerar os supostos poucos casos de coronavírus advindo de moradores de ruas, simplesmente desconsidera a precarização do acesso à saúde dessa população, bem como a falta de informações sobre a nova doença para que possam procurar ajuda, caso ocorra suspeita através dos sintomas.

Verifica-se, pois, como em vários setores da política, a ideologia Bolsonarista, na área científica e da saúde, se sustenta por meio de falácias, que por servir aos seus interesses, o travestem de pautas populares, e assim, sem qualquer rivalidade à altura, vai consolidando suas raízes no cenário político nacional. Quem paga o alto preço é a própria população.


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A violência sexual contra Mari Ferrer e a justiça inimiga das mulheres

Em julgamento online realizado no dia 9 de setembro de 2020, o juiz da 3ª Vara Criminal de Florianópolis absolveu o empresário André Aranha acusado de estuprar a influenciadora digital Mari Ferrer. O fato do abuso sexual ocorreu no dia 16 de dezembro de 2018 e o juiz Rudson Marcos entendeu que não houve provas para incriminar o empresário.

Nas redes sociais e na mídia da direita, esse julgamento tornou-se polêmico, pois o The Intercept conseguiu disponibilizar a audiência nas redes. Nesse vídeo, o advogado do empresário, o Excelentíssimo Doutor Cláudio Gastão da Rosa Filho humilhou Mariana (Mari) na sua dignidade, expôs as fotos pessoais de Mariana em plena audiência, dizendo que são imagens “ginecológicas” (provavelmente, na cabeça do nosso nobre doutor em direito, cada 1cm de pele feminina exposta a luz do sol equivale a uma vulva exposta ao ar livre; onde passa e vê mulheres, só vê obscenidades, um mundo pecaminoso, ginecológico) , que “jamais teria uma filha” do “nível” Mariana (espero que ele não tenha essa filha que, para não chegar ao nível de Mari, teria que se enrolar todo o dia em lençóis para não lhe parecer ginecológica demais), além de insultá-la de mentirosa entre outras barbaridades, fazendo entender que ela seria culpada pelo estupro discutido em audiência já que, pelas fotos, segundo nosso Sacrossanto Imaculado Doutor Moralista Puro, a foto de uma pessoa diz tudo sobre ela.

Para amenizar a situação, o Excelentíssimo Juiz Mediador Isentão Patriarca sugere a Mariana, depois de ouvir tamanhas agressões verbais, que ela poderia beber uma água e que eles, gentilmente — uma concessão de altíssimo nível vindo do Homem Juiz—, aguardariam o retorno dela. É como se dissese: acalme-se, Mariana, respire fundo, beba uma água que iremos continuar a essa santa sessão de purificação moral e as humilhações, desmoralizações, vitimizações etc. fazem parte desse processo árduo e necessário. Você, Mariana, pessoa impura, corrupta, pelos poderes divinos do Estado, DEVE ficar nos escutando e, ainda mais, escutar muito bem a absolvição do acusado de estupro, porque no final, a culpada é você, o jeito que você veste atrai os homens puros para o pecado e você, como moça, deveria andar e viver com túnicas a vida toda, porque assim, evitaria assédios morais e sexuais e evitaria que nós, os Excelentíssimos Patriarcas Justos perdêssemos tempo com essa questão que você mesma provocou. Um desperdício. Nós, da Excelentíssima Corte, os Excelentes advogados e promotores, temos que prestar esse serviço que poderia muito bem ser dispendido em prender negros e pobres (e seria feito! Um serviço à sociedade!) caso você, Mariana, utilizasse uma modesta burca (obviamente sem cores chamativas como o verde, por exemplo. Vai que tire a atenção de um motorista e ele bata num poste porque você, novamente, provocou as pessoas para o Mal).


O caráter da justiça e a luta da mulher


Esse caso apenas reflete o que ocorre comumente na justiça brasileira: justiça nenhuma. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apenas 1% dos acusados de estupro são processados e a cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Em razão de ter que enfrentar esses Excelentíssimos Patriarcas ou Delegacias Comuns (quando não há Delegacia da Mulher — então, nas comuns são os Santíssimos Delegados) ou ser repreendida pela própria família (santos pais, santas mães: sagrada família), a vítima de estupro ou agressão sexual não denuncia porque há toda essa pressão social, da família e dessas instituições que não conseguem acolher e dar soluções melhores para o psiquismo da vítima — falamos nesse tom sócio-psicológico, porque justiça, como foi evidenciada na porcentagem acima, também inexiste.

A justiça só tem nome de justa. Ela tem um papel fundamental para conter os ilícitos que ameacem a Santa Providência Moral dos Homens e, também santa, Propriedade Privada (nesse último caso, prendendo pobres e negros).

A população precisa se garantir com suas próprias forças. Só a organização das mulheres e da população oprimida consegue resolver seus problemas. A tese comum da esquerda intelectual de que precisa-se educar o opressor e o agressor precisa ser não apenas enunciada, mas posta em prática. Do Estado, das escolas, dos professores, do judiciário e da família virá algum esclarecimento sobre a questão da violência sexual contra as mulheres?

Portanto, só a organização das mulheres e seus coletivos conseguem fazer esse papel educador, trazendo sempre essa polêmica para a superfície da discussão social, através de imprensa própria dessas organizações, cartilhas, atos e discussões públicas e formas reais para que as mulheres, nessas situações de vulnerabilidade, consigam defender-se, realizar a autodefesa, visto que o Estado, a polícia e o judiciário somente vem depois da violência ocorrida, não para fazer justiça mas para intensificar a injustiça. Nesse caso específico do julgamento do empresário André, se a audiência fosse presencial, as organizações de mulheres deveriam ocupar em peso a sala de julgamento e impedir, no momento, as agressões verbais contra Mariana. A pressão política deve ser feita e era capaz que o advogado de André só saísse dali escoltado por policiais se a agressão fosse realizada diante de uma organização de mulheres mostrando para toda a sociedade a sua força.

É importante discutir, sim, mas para não ficar somente em palavreados vazios e sem eficácia, a organização precisa ser criada e ter atuação permanente para levar a luta da mulher adiante para esses casos e para outros casos que dizem respeito à questão feminina: direito à creche, ao aborto, ampliação da licença-maternidade, UBS com saúde da mulher nos bairros, igualdade salarial, entre outros.

É preciso prevenir e atuar politicamente com a força da própria organização popular senão esses casos sempre irão se repetir.


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