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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, 102 anos de legado revolucionário


No dia 15 de janeiro de 1919, falece a revolucionária marxista Rosa Luxemburgo. Foi assassinada juntamente com o revolucionário Karl Liebknecht em Berlim, pelas Freikorps (corporação franca fascista), por ordem de Gustav Noske, militante social-democrata (SPD) que a época era ministro da Guerra.


Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht ficaram à frente da Revolução na Alemanha em 1918, momento em que os Conselhos de Operários e Soldados insurgiram contra o Reich alemão. Ambos romperam com a Social-Democracia reformista e fundaram a Liga Espartaquista (Spartakusbund) que logo mais tarde se tornou o Partido Comunista (KPD). A revolução eclodiu em Berlim, Munique, Kiel formando a República Soviética da Baviera. Na insurreição de 7 a 13 de janeiro de 1919, a greve geral de 500.000 enfrentaram as milícias francas (Freikorps). Essa batalha pela defesa do governo dos trabalhadores não conseguiu vencer as forças contrarrevolucionárias, levando ao estabelecimento da República Burguesa de Weimar.


Até o fim, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht mantiveram-se irredutíveis nas suas posições internacionalistas contra a participação da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, pois, como se trata de uma guerra de interesses das burguesias nacionais em expandirem seus capitais a custa da morte de soldados, ou seja, da classe trabalhadora de cada país em conflito, em nada contribui para a luta socialista de emancipação dos trabalhadores (da tomada do poder político pelos trabalhadores).


Mesmo sendo em menor número, a oposição política realizada por Rosa e Liebknecht contra a II Internacional que naquela época já estava corrompida e o Partido Social-Democrata Alemão (SPD) era uma expressão evidente do oportunismo, da ligação dos dirigentes dos partidos social-democratas à política burguesa e contrarrevolucionária. Apoiar a guerra imperialista e levar os trabalhadores para o matadouro foi duramente criticado por Karl Liebknecht, como podemos ver na oposição à guerra imperialista (I Guerra) em que realizou no dia 2 de dezembro de 1914 no Reichstag:


" [essa guerra] não foi desfechada para a prosperidade do povo alemão".

[…]

"uma guerra por uma cultura mais elevada" sob "a falsa bandeira de uma guerra pela nacionalidade e pela raça" [Karl Liebknecht, Discursos e Artigos, p. 134].


Nesse mesmo sentido, Rosa Luxemburgo esclarece na sua revista, “A Internacional”, o papel da guerra imperialista e a necessidade de lutar, dentro do próprio país, pela revolução socialista:


"Quer dizer que, segundo aceita Marx, nem a luta de classes nem a guerra caem do céu, mas são conseqüências de profundas causas econômicas e sociais e, portanto, não podem desaparecer periodicamente, como se suas causas ta houvessem dissipado no ar. Mas a luta proletária de classes não é mais do que a conseqüência necessária das relações de salários e do predomínio político de classe da burguesia E, durante a guerra, não só não desaparece a relação de salários, senão que, pelo contrário, sua pressão aumenta violentamente pela especulação e a febre de empresas que florescem no terreno fertilíssimo da indústria de guerra, assim como a pressão da ditadura militar sobre os operários. Não termina tão pouco durante a guerra o domínio político da burguesia como classe, ao contrário, em virtude da supressão dos direitos constitucionais transforma-se numa franca ditadura de classe. E portanto se as fontes econômicas e políticas da luta de classes se agitam na sociedade com força dez vezes maior durante a guerra, como pode ter fim sua conseqüência imediata, a luta de classes? Pelo contrário, as guerras se produzem no período histórico atual pelos interesses rivais entre os grupos capitalistas e pelas necessidades de expansão do capital. As duas causas são molas que funcionam não somente quando troam os canhões, mas também no tempo de paz, com o que, precisamente, preparam a eclosão da guerra e a tornam inevitável. Mas a guerra é. . . somente "a continuação do política por outros meios". A fase imperialista do predomínio capitalista com sua corrida armamentista não só tornou a paz ilusória como, no fundo, implantou a ditadura do militarismo, a guerra permanente” [Die Internationale, abril de 1915, caderno, I, p.60].


Mesmo preso pelos traidores da social-democracia alemã, Karl Liebknecht mantinha sua convicção, permanecendo na linha de frente na defesa dos interesses dos trabalhadores:


"Presídio, perda dos direitos de honra. . . Bem! Vossa honra não é a minha. Eu vos digo que nunca um general vestiu com tanta honra um uniforme como vou eu vestir o uniforme de presidiário. . . Estou aqui para acusar e não para defender-me!. . . O acusador chamou o povo contra mim. . . Ah! Não se limitem a dizê-lo em palavras, não se limitem a dizê-lo só neste processo que, sob dez ferrolhos, se oculta ao povo. Tirem do povo a mordaça e as algemas do estado de sitio. Reúnam o povo, aqui ou onde os senhores queiram, e os soldados da frente, também onde queiram! E deixemos aparecer diante deles reunidos, diante de VOSSO tribunal, de um lado todos os senhores, toda a sala, os acusadores e também os cavalheiros que estão atrás, os senhores do Estado Maior, do Ministério da Guerra, do Departamento da Imprensa Militar, todos os cavalheiros que os senhores queiram. Do outro lado, eu sozinho ou sem um de meus amigos. NÃO TENHO DÚVIDA sobre de que lado se situará a massa do povo quando se descerrar diante de seus olhos o véu da mentira; se com os senhores ou comigo!"


Essa posição firme de Rosa e Karl, depositando até o fim sua fé na revolução a ser realizada pelos trabalhadores, acusando os oportunistas da Social-Democracia Alemã forjaram uma política revolucionária historicamente solidificada no conjunto da experiência da luta da classe trabalhadora. Lenin, que também compôs o campo revolucionário na II Internacional contra a guerra imperialista, viu na política de Karl o vigor revolucionário necessário contra os traidores da classe trabalhadora:


"Dizem-nos: parece que, numa série de países está tudo adormecido. Na Alemanha todos os socialistas, como um só homem, são partidários da guerra. Unicamente Liebknecht está contra. A isto respondo eu; esse Liebknecht representa a classe operária, nele em seus partidários o proletariado alemão deposita todas as suas esperanças. Não acreditais nele? Neste caso, continuai a guerra! Porque não há outro caminho. Se não tendes confiança em Liebknecht, se não acreditais na revolução dos trabalhadores, na revolução que está em gestação, se não acreditais em nada disto, então acreditai nos capitalistas! [Lenin, Guerra e Revolução, p.28, proferido em 27 de maio de 1917 em um distrito de Petrogrado]"


Tenhamos em grande consideração a vida e o comprometimento de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht na luta pelo socialismo que, assim, contribuíram enormemente com a experiência histórica da revolução proletária.


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https://www.marxists.org/portugues/tematica/rev_prob/12/liebknecht.htm

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Por que os marxistas se opõe aos mandatos coletivos

Sempre que as eleições ocorrem, os setores mais fracos da esquerda sucumbem as manobras demagógicas da direita. Assim, ao invés da eleição ser um palanque para apresentar propostas políticas, ela vira um mercado eleitoral no qual os candidatos sondam opiniões e buscam esconder os seus “defeitos” e falar aquilo que agrade. Exemplos não faltam na política brasileira, desde a esquerda verde-amarela, que disputa o uso da bandeira nacional com os coxinhas, até petistas escondendo a estrela do partido. 

A política eleitoral não pode ser relegada, os marxistas agem em todos os domínios da vida cultural, social e política, mesmo que apresentem dificuldades ou fatores limitantes para uma ação revolucionária. Desta forma, um marxista pode participar dos pleitos por mais farsescos e fraudulentos sem em nenhum momento se desviar de sua atuação revolucionária, entretanto só conseguirá fazer isso com uma atuação guiada pelo centralismo-democrático. 


Sobre o Centralismo-democrático


Cabe aqui fazer um pequeno adendo. Centralismo-democrático é o método leninista que estrutura a ação de um grupo por meio de reuniões que decidem os rumos. Nestas há democracia para discutir e apresentar propostas. Após votação, se faz um plano de ação que todos devem fazer, independente de concordarem. Tal método necessita de disciplina e compromisso político com um objetivo revolucionário, por isso mesmo sendo o único caminho pelo qual as classes oprimidas chegaram efetivamente ao poder, não é utilizada pela esquerda pequeno-burguesa. 

A esquerda pequeno-burguesa jamais vai abrir mão de sua liberdade individual e se colocar a disposição de uma luta desta natureza devido a suas ilusões com o sistema político e seus objetivos pessoais, sendo avessa a qualquer tipo de controle de sua própria ação. Neste sentido, os candidatos da esquerda pequeno-burguesa nunca se apresentam como candidatos de um partido ou programa, são os candidatos de si mesmo. 

Quase inexistente no país, o centralismo-democrático é atacado como tirânico e obsoleto por praticamente todos os setores da política, tirando o Partido da Causa Operária (PCO) e alguns setores mais combativos da esquerda. Nessa lógica eleitoreira, seguir um programa passa a ser um erro, já que o mais importante não são as ideias, mas alegrar o eleitor e garantir o voto.

No centralismo-democrático não existem candidatos autônomos, toda a atuação política deve estar vinculada a um programa e as decisões tiradas em reunião, isso faz da atuação leninista uma força política real, presente não nas palavras, mas na luta real pela organização dos trabalhadores e explorados. Consequentemente, não é uma luta que se cria e se esvazia durante uma eleição ou greve, ela permanece, cresce e se estrutura no partido ou nos grupos que seguem este princípio organizativo. 

 


Mandato Coletivo: demagogia liberal 


A ferrenha luta que a burguesia faz para se manter no domínio da situação política estimula as tendências mais anarquistas, capituladoras e equivocadas da classe operária. Assim, os partidos políticos são alvo de amplo ataque e, devido a adaptação da esquerda, são considerados apenas como aparatos burocráticos para maquinações, algo sujo e desonesto. Apesar disto, eles são necessários para que se dispute uma eleição, o que cria um malabarismo gigantesco dentro da esquerda pequeno-burguesa para tentar se desvencilhar da imagem deles. 


Os mandatos coletivos são uma forma de maquiagem eleitoral, utilizados para que determinadas pessoas se apresentem como democráticas e ligadas ao povo. Dentro desta prática, os programas e princípios são deixados de lado, para que se apresentem como novas formas de se fazer política. Por este caráter despolitizante até mesmo o PSL pode apresentar um mandato coletivo (MAJOR CRIVELARI PRESIDENTE DO PSL DE AMERICANA apresentou nota em favor desta prática https://www.novomomento.com.br/psl-vai-incentivar-mandato-coletivo/). No Brasil, o PSB, o PT, Podemos e PSOL já apresentaram candidaturas com este formato. No final das contas, não passa de uma demagogia liberal para uma prática consolidada na política, os cabos eleitorais. 

Os cabos eleitorais passam a fazer parte da propaganda oficial nos mandatos coletivos. Agora a mesma prática antiga de mobilizar algumas pessoas para lutar por um cargo recebe nova roupagem. Eis aí uma política restrita, minúscula, direitista e sem princípios, que pode ser utilizada por todos os partidos, não tendo um conteúdo de classe. Logo, essa aberração liberal é o total avesso de uma participação marxista nas eleições. 

domingo, 26 de julho de 2020

Análise do texto de Lenin: "Os Revolucionários Devem Atuar nos Sindicatos Reacionários?"

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Em maio de 1920, Lenin procura responder a essa polêmica inicialmente iniciada pelos “esquerdistas” alemães e do Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (renunciantes da luta de classe e pregavam a unidade com os social-chauvinistas) e pelos membros do Partido Comunista Holandês que expressavam esse entendimento sobre a atuação dos comunistas nos sindicatos reacionários que, para eles, os comunistas não deviam se dispor a tal atividade.
A alegação era de que fosse criada uma organização unificada purista e operária da estaca zero formada  por comunistas, abandonando o trabalho da vanguarda nos sindicatos reacionários.

I) A postura abstrata e idealista dos “esquerdistas”

 

A política de abstenção da atuação dos sindicatos reacionários corresponde a uma capitulação dos comunistas, no sentido de que os trabalhadores que já estão organizados minimamente na luta econômica através dos sindicatos ficam a mercê da influência de suas direções sindicais reacionárias.

A crítica que Lenin sustenta tem por base o nível de organização operária já formalizada e existente. Para ele, organizar artificialmente um agrupamento “comunista” seria um esforço que ignora a existência da própria organização existente de trabalhadores. Seria, portanto, um erro de interpretação do movimento real, um equívoco tático.

  "Também não podemos deixar de achar um absurdo ridículo e pueril as argumentações ultra sábias, empoladas e terrivelmente  revolucionárias dos esquerdistas alemães a respeito de ideias como: os comunistas não podem nem devem atuar nos sindicatos reacionários; é lícito renunciar a semelhante atividade; é preciso sair dos sindicatos e organizar obrigatoriamente uma “união operária”  completamente nova e completamente pura, inventada pelos  comunistas muito simpáticos (e na maioria dos casos, provavelmente, muito jovens), etc, etc."


II) O problema da divisão de trabalho

 

Mesmo na República Soviética, os sindicatos reacionários existem e tem certa posição na situação política geral.

Para explicar isso, importa retomar a divisão de trabalho e a divisão de classes na sociedade civil. Enquanto existir na sociedade a divisão de classes, existir ainda a burguesia no interior da sociedade, os sindicatos serão influenciados por elementos da burguesia. Os mencheviques expressam politicamente a ocorrência de sobras elementares da burguesia e que continuam atuando de modo contrarrevolucionário dentro do movimento operário, o que leva, sem pestanejar, os comunistas cumprirem seu dever de propaganda e agitação política nos seio das organizações operárias, no interior dos sindicatos reacionários, pois a luta política não cessou nem após a Revolução de Outubro. A experiência de Outubro nos legou de maneira clara a etapa de transição para a supressão das classes e os problemas enfrentados para que tal fim fosse atingido.

 

 "Além disso, como é natural, todo o trabalho do Partido se realiza através dos sovietes, que agrupam as massas trabalhadoras, sem distinção de profissão. Os congressos de distrito dos sovietes representam uma instituição democrática como jamais se viu nas melhores repúblicas democráticas do mundo burguês. Por meio destes congressos (cujo trabalho o Partido procura acompanhar  com a maior atenção possível) assim como através da designação constante dos operários mais conscientes para diversos cargos nas povoações rurais, o proletariado exerce sua função dirigente com respeito ao campesinato, realiza-se a ditadura do proletariado urbano,a luta sistemática contra os camponeses ricos, burgueses,exploradores e especuladores, etc."

 

Nesse trecho, Lenin, a exemplo da atuação política do partido nos Soviets (organização política, administrativa e produtiva dos trabalhadores), defende a contínua atividade política revolucionária em quaisquer organizações de trabalhadores. Se mesmo para a República Soviética isso é necessário para conter o avanço do movimento contrarrevolucionário, também será nas democracias burguesas.

 

"Os sindicatos representaram um progresso gigantesco da classe operária nos primeiros tempos do desenvolvimento do capitalismo, uma vez que significavam a passagem da dispersão e da impotência dos operários aos rudimentos da união de classe. Quando a forma superior de união de classe dos proletários começou a desenvolver-se, o partido revolucionário do proletariado (que não merecerá este nome enquanto não souber ligar os líderes à classe e às massas em um todo único e indissolúvel), os sindicatos começaram a manifestar fatalmente certos traços reacionários, certa estreiteza gremial, certa tendência ao apoliticismo, certo espírito rotineiro, etc. Mas o desenvolvimento do proletariado não se realizou e nem podia realizar-se em nenhum país de outra maneira senão por meio dos sindicatos e por sua ação conjunta com o partido da classe operária. A conquista do poder político pelo proletariado representa um progresso gigantesco deste, considerado como classe, e o Partido deve consagrar-se mais, de modo novo e não apenas pelos processos antigos, a educar os sindicatos, a dirigi-los, sem esquecer também que estes são e serão durante muito tempo uma necessária “escola de comunismo”, uma escola preparatória dos proletários para a realização de sua ditadura, a associação indispensável dos operários para a passagem gradual da direção de toda a economia do país às mãos da classe operária (e não de umas e outras profissões), primeiro, e depois, às mãos de todos os trabalhadores."

 

III) As massas. Deixar de atuar nos sindicatos reacionários corresponde a abandonar os trabalhadores nas mãos dos sindicalistas oportunistas

 

A influência nociva e contrarrevolucionária nos sindicatos tem determinadas características. Sabendo delas, tipificando-as, consegue-se observar a necessidade de combater essas personalidades. Lenin, portanto, comenta sobre a atuação desses chefes de sindicatos reacionários.



Não duvidamos de que os senhores “chefes” do oportunismo recorrerão a todas as artimanhas da diplomacia burguesa, à ajuda dos governantes burgueses, dos padres, da polícia e dos tribunais para impedir a entrada dos comunistas nos sindicatos, para expulsá-los de lá por todos os meios e tornar o trabalho dos comunistas neles o mais desagradável possível, para ofendê-los, castigá-los e persegui-los.

[…]

[Os oportunistas na República Soviética Russa eram os Mencheviques, que representavam a política da burguesia]

Isso porque nossos mencheviques, como todos os líderes sindicais oportunistas, social-chauvinistas e kautskistas, não são mais que “agentes da burguesia no movimento operário” (como sempre dissemos ao nos referir aos mencheviques) ou, em outras palavras, os “lugar-tenentes operários da classe capitalista” (labor lieutenants of the capitalist class), de acordo com a magnífica expressão, profundamente exata, dos discípulos de Daniel de León nos Estados Unidos.  Não atuar no seio dos sindicatos reacionários significa abandonar as massas operárias insuficientemente desenvolvidas ou atrasadas à influência dos líderes reacionários, dos agentes da burguesia, dos operários aristocratas ou “operários aburguesados” (veja-se a carta de Engels Marx em 1858 sobre os operários ingleses).

 

Conhecendo o “inimigo”, não seria prudente deixá-lo controlando as massas operárias. Assim, seria necessário desenvolver um trabalho no sentido de expulsar o inimigo e conscientizar os trabalhadores de seu papel revolucionário de classe.

 

"Para saber ajudar a “massa” e conquistar sua simpatia, adesão e apoio é preciso não temer as dificuldades, mesquinharias, armadilhas, insultos e perseguições dos “chefes” (que, sendo oportunistas e social-chauvinistas, estão, na maioria dos casos, relacionados direta ou indiretamente ,com a burguesia e a polícia), e deve-se trabalhar obrigatoriamente onde estejam as massas. É preciso saber fazer toda a sorte de sacrifícios e vencer os maiores obstáculos para realizar uma propaganda e uma agitação sistemáticas, tenazes, perseverantes e pacientes exatamente nas instituições, associações e sindicatos, por mais reacionários que sejam, onde haja massas proletárias ou semiproletárias."

 

IV) Em que consiste o trabalho dos comunistas

 

Foi apresentado o problema dos sindicatos reacionários, que é o controle destes pelos oportunistas, refutando a tese dos esquerdistas, importa agora explicitar como deveria ser feito a atuação dos comunistas, o seu modo de atividade.

 

"Temer este “espírito reacionário”, tentar prescindir dele, ignorá-lo, é uma grande tolice, pois equivale a temer o papel de vanguarda do proletariado, que consiste em instruir, ilustrar, educar, atrair para uma vida nova as camadas e as massas mais atrasadas da classe operária e do campesinato. Por outro lado, adiar a ditadura do proletariado até que não reste um só operário de estreito espírito profissional, nenhum operário com preconceitos corporativistas e trade-unionistas, seria um erro ainda mais grave.

 

 A arte do político (e a compreensão acertada no comunista de seus deveres) consiste, precisamente, em saber aquilatar com exatidão as condições e o momento em que a vanguarda do proletariado pode tomar vitoriosamente o poder; em que pode, durante a tomada do  poder e depois dela, conseguir um apoio suficiente de setores bastante amplos da classe operária e das massas trabalhadoras não proletárias; em que pode, uma vez obtido esse apoio, manter, garantir e ampliar seu domínio, educando, instruindo e atraindo massas cada vez mais amplas de trabalhadores.

                        […]

É preciso desencadear esta luta implacavelmente e continuá-la de maneira obrigatória, como o fizemos, até desmoralizar e desalojar dos sindicatos todos os chefes incorrigíveis do oportunismo e do social-chauvinismo. É impossível conquistar o poder político (e não se deve nem pensar em tomar o poder político) enquanto esta luta não tiver alcançado “certo grau”; este “certo grau” não é o mesmo em todos os países e em todas as condições, e só dirigentes políticos do proletariado sensatos, experimentados e competentes podem determiná-lo com acerto em cada país.

(Na Rússia as eleições de novembro de 1917 para a Assembleia Constituinte, alguns dias depois da revolução proletária de 25 de outubro de 1917, entre outras coisas, nos deram a medida exata do êxito nesta luta. Nas referidas eleições, os mencheviques sofreram fragorosa derrota, obtendo 700 000 votos — 1 400 000 contando os da Transcaucásia — contra os 9 000 000 conseguidos pelos bolcheviques. Veja-se o meu artigo As Eleições Para a Assembleia Constituinte e a Ditadura do Proletariado, no número 7/8 de "A Internacional Comunista").


Sob o regime tzarista, até 1905, não tivemos nenhuma “possibilidade legal”; mas quando o policial Zubátov organizou suas assembleias e associações operárias ultra-reacionárias com o objetivo de perseguir os revolucionários e lutar contra eles, enviamos para ali membros de nosso Partido (lembro entre eles o camarada Babushkin, destacado operário peterburguense, fuzilado em 1906 pelos generais tzaristas), que estabeleceram contacto com a massa, conseguiram agitá-la e arrancar os operários da influência dos agentes de Zubátov."

 

 

 

V) A experiência de Outubro liquidou os sindicatos reacionários?

 

“Reconhecemos que o contacto com as “massas” através dos sindicatos não é suficiente. No transcorrer da revolução criou-se em nosso país, na prática, um organismo que procuramos a todo custo manter, desenvolver e ampliar: as conferências de operários e camponeses sem partido, que nos permitem observar o estado de espírito das massas, aproximarmo-nos delas, corresponder a seus anseios, promover seus melhores elementos aos postos do Estado, etc.

 

Bem, esse trecho nos mostra que enquanto existir a oposição de classes imposta pelo capital, o trabalho dos comunistas deve continuar. Mesmo na recém república soviética, a atuação política dos comunistas nas organizações dos trabalhadores manteve-se constante.

Mais do que nunca, portanto, no marco do Estado capitalista, os comunistas não devem abandonar as organizações de trabalhadores às lideranças oportunistas e burguesas, que despolitizam e atuam na contramão das lutas reivindicatórias. O papel que deve ser realizado, portanto, é o de intenso trabalho nos sindicatos e partidos de esquerda no sentido de promover o ascenso revolucionário no interior dessas organizações.

Texto do Lenin na íntegra: https://www.marxists.org/portugues/lenin/livros/sindicato/04.htm


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