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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

O Impeachment De Bolsonaro Como Consolidação Do Golpe Burguês


Nesses últimos dias podemos perceber, novamente, uma grande movimentação midiática denunciando a negligência do governo Bolsonaro quanto o gerenciamento da crise pandêmica, além de uma retomada ao apelo do impeachment do presidente nas redes sociais. Não é novidade para ninguém que, desde o início, o governo atual é fascista, genocida e entreguista, mas porque essa revolta, de aparência popular, surge e ressurge apenas em determinados momentos, sem nenhum forte caráter consolidado? E porque só agora aparece a tendência da Câmara considerar a abertura do processo de impeachment?

O cerne das respostas destas questões está no fato de que estas movimentações não são totalmente espontâneas por parte das massas, mas sim, conta com o poder de influência do aparato burguês (a grande mídia e os partidos de direita clássicos) para concluir a transição do governo atual a um modelo neoliberal mais brando e que, ao mesmo tempo, satisfaça a burguesia e consiga agradar minimamente a esquerda menos politizada.

Desde o impeachment de Dilma Roussef por conta das Pedaladas Fiscais (ato ínfimo perto do genocídio fascista atual), foram aplicadas diversas medidas jurídico-midiáticas mais incisivas com o intuito de, primeiramente, desmoralizar a esquerda, como a prisão de Lula e o grande esquema das Fake News no período eleitoral de 2018. Bolsonaro surge então não como um representante ideal dos interesses burgueses, mas como peça-chave para a comoção das massas e o embate ideológico da direita contra a esquerda. Já em seu mandato, Bolsonaro tem cortado ou limitado relações internacionais importantes de cunho comercial e comprado briga com setores da Câmara e da grande mídia, fatores que constituíram a atual polarização Extrema Direita X "Centrão" (a direita clássica junto à esquerda burguesa) e que configura a burguesia como a principal interessada no impeachment, visto que a esquerda ainda se encontra desmoralizada e neutralizada. 

Daí então surge o segundo passo do golpe: isolar Bolsonaro no Congresso e atacá-lo, via grande mídia, em pontos estratégicos, que não coincidam com a agenda burguesa (como o sucateamento das leis trabalhistas e falta de subsídios à classe trabalhadora em meio a crise). Dessa forma, a questão da pandemia é extremamente oportuna para insurgir os chamados "políticos-científicos", como Doria: os novos favoritos da burguesia para as próximas eleições, que ao se colocarem superficialmente acima da direita e da esquerda, e a favor da ciência e da saúde (também superficialmente), ganham apoio da direita liberal e da esquerda, munida de oportunismo eleitoreiro por parte de seus representantes políticos, e de desespero por parte da população.

Assim, detendo o monopólio midiático, a burguesia dá a tona das movimentações da classe média enquanto esta, sob sua clássica soberba intelectual, nega tal influência em vista de afirmar um suposto caráter revolucionário nos protestos de impeachment. Porém, a manipulação é nítida quando percebemos o teor despolitizante e anti-dialogante das manifestações. A disputa ideológica entre Direita X Esquerda foi deslocada para um âmbito moral, onde esta última, inflada pela vitória de Joe Biden (o Bem) sobre Trump (o Mal) e pelo desgaste de Bolsonaro (a ignorância) perante os representantes do "Centrão" (o "bom-senso"), se sente a vontade e no direito de adotar uma postura tão arrogante e intransigente quanto a Extrema-Direita. Trata-se do novo exército a serviço da burguesia para 2022, assim como os eleitores bolsonaristas foram em 2018. Tudo isso enquanto a Câmara faz sua parte e atua mais incisivamente, já que, caso o impeachment do presidente e do vice ocorra nos últimos dois anos do mandato, o substituto é escolhido pelo próprio Congresso, que já deve ir preparando o terreno, nesse período, para o candidato definitivo da burguesia nas eleições.

Devemos sempre estar atentos as movimentações da classe média pois, em geral, esta está inflada de oportunismo, despolitização e manipulação midiática. Temos como exemplo justamente esse surgimento e desaparecimento dos protestos de impeachment de Bolsonaro, sempre de acordo com o desejo de satisfação de algum interesse pontual da burguesia.


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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Saiba quais são os interesses em jogo na abertura das escolas


Durante a pandemia, os veículos de comunicação da burguesia criaram uma falsa narrativa em que Bolsonaro era taxado como louco obscurantista em oposição aos governadores e prefeitos, membros da direita golpista, que apareciam como responsáveis e seguidores da ciência. Essa disputa é política, apesar de toda a propaganda buscar camuflar tal fato. 

A confusão política gerada pela maquiagem feita nos golpistas se amplia ainda mais por não haver denúncias da esquerda, que se transformou em plateia torcedora. Assim, tivemos no ano passado uma eleição sem comícios, sem atos e totalmente controlada com a vitória dos golpistas por efeito da manobra citada e sua manipulação do sistema eleitoral. Neste momento, a situação se modificou com a abertura das escolas em meio a crise do Covid-19: os professores e o sindicato, para defender suas vidas, precisam se chocar com Dória e desmascarar toda sua demagogia em favor da vida. 

Os professores e o seu sindicato, APEOESP, estão buscando fechar as escolas e voltar ao ensino remoto até que a vacinação seja efetivamente aplicada a população. A APEOESP está em campanha para alertar a todos sobre a impossibilidade de aplicar os protocolos no atual estágio de sucateamento do ensino, o que faz da vacina a única forma segura para um ambiente tão sujo e frequentado. Assim, estão mobilizando para uma greve e pressões na Justiça. Sendo que no dia 08 de fevereiro de 2021 há o indicativo de greve ou paralisação. 

Dória e o secretário da Educação estão empenhados em abrir as escolas em favor dos estabelecimentos privados, que estiveram atrelados ao sistema público nas deliberações sanitárias no ano passado, amargando um grande prejuízo. Assim, colocam em risco a vida dos profissionais da educação não por causa de um motivo pedagógico, o que é apresentado cinicamente, mas por pressões políticas e econômicas concretas. 

Dentro desta briga, a escola pode ser fechada ou aberta, tudo dependendo do tipo de pressão política. Se houver greve, por exemplo, não estranhe se aparecer um novo protocolo que exija o trabalho remoto dos professores. Uma jogada para quebrar a greve, uma forma de corrupção dos professores mais atrasados que já ocorre com a assinatura de ponto dos profissionais que furam a greve em escolas vazias. Essa sabotagem precisa ser vencida pelos professores como todas as outras realizadas, com pressão do sindicato e uma luta política contra os golpistas totalmente esclarecida, colocando Bolsodória no espectro político a qual pertence (extrema-direita).  

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

É possível ocupar a FORD sem lutar contra o Golpe?

O regime político e econômico nacional está em crise profunda e o golpe de 2016 colocou ainda mais pressão em um estado de coisas instável e propenso a grandes convulsões. Hoje, com a saída da FORD do país, fica escancarado o processo de sucateamento e destruição industrial brasileiros.

A situação de crise coloca uma série de palavras de ordem como a ocupação de fábricas, a greve geral e a formação de piquetes. Apesar disto, os chamamentos aparentam estar deslocados da realidade dos trabalhadores, parecem palavras de comunistas retrógrados. Isso ocorre pelo fato de que as políticas não são apenas um conjunto de palavras soltas, não são como cartas em um jogo em que você pode surpreender seu adversário com algo poderoso e levar a rodada, elas são parte do desenvolvimento político de uma organização. 

Primeira lição política: toda movimentação efetiva está guiada pela política de uma organização e por esta organização. Assim, quando o povo sai as ruas é resultado de uma ampla campanha, muito bem orquestrada. Sem organização, sem movimentação efetiva. Isso ocorre pelo fato de a luta política ser central no controle da sociedade, sendo controlada pela elite, exceto em momentos de crise e revolução. Logo, é necessário que o esforço coletivo de uma organização que luta pelo poder consiga se desenvolver para termos uma ação política. Um simples ato isolado, como tentaram os terroristas anarquistas do século XIX, por maior que seja, não provoca nenhum tipo de mudança real pelo fato de não ser capaz de mobilizar as massas.    

Na FORD, todos os trabalhadores estão na posição mais cômoda para uma greve e ocupação, já que tem como certos o fim de seus empregos, mas não há nada realmente organizado para que do questionamento surja uma ação política. Por qual motivo isso ocorre? Não é pelo conformismo ou bolsonarismo dos trabalhadores, mas pela confusão geral criada entre os trabalhadores e pelas suas direções.

A FORD já vinha apontando que iria fechar suas fábricas no país desde o ano passado. Em 20 de fevereiro de 2019, o sindicato fez uma assembleia sobre o tema. Durante o período de impasse desde aquela última assembleia, apenas tratativas entre o sindicato e a empresa para resolver a situação. Com toda a movimentação política no país, o sindicato não adentrou na luta e todo movimento político que poderia ser vinculado ao setor e fazer com que a luta entre os trabalhadores ganhasse uma dimensão política foi posto de lado. 

Neste momento, os trabalhadores da FORD se sentem isolados em meio a crise e fica muito difícil criar um elo entre eles e o movimento político momentaneamente, mesmo que seja tão imprescindível. Assim, fica a lição para a classe operária que sem lutar contra o Golpe fica inviável ter qualquer tipo de mobilização.  

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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Editorial 21/01/2021 - Políticos disputam paternidade da vacina enquanto destroem o sistema público de saúde


A última disputa política do nosso país se encontra na questão da vacina, com a Frente Ampla buscando demonizar Bolsonaro e deixa-lo isolado. Assim, os protocolos que Bolsonaro buscou utilizar para evitar a vitória acachapante de Dória em uma entrega relâmpago foram deixados de lado e a manobra agora se dará em cima dos eventuais problemas que a aplicação precoce possa ter. 


A tensão política entre a direita e o bolsonarismo está sendo tratada de forma moral pela burguesia, que não explica o desmonte do sistema público de serviços aplicado por todos os setores da direita, mas com maior intensidade pelos golpistas. Inclusive, para tentar separar a direita golpista de suas políticas nefastas de destruição, os veículos de comunicação hegemônicos criaram o "político científico": aquele que, preocupado com o bem-estar da população na pandemia de Covid-19, seguem as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesta fábula, toda a destruição causada pelo golpe no sistema público de saúde não aparece, tornando o problema da saúde no país um caso exclusivamente ligado ao governo Bolsonaro. 


Dória precisa ser desmascarado. Não é um bom político e não se preocupa com o povo. Disposto a colocar a saúde das crianças em risco, não quer adiar o início do ano letivo mesmo com todos os perigos que isso pode trazer. Logo, não há um critério sanitário para a conduta do governador de São Paulo, apenas político. Dória está disposto a utilizar o capital científico que São Paulo tem para sair na frente da vacinação e canalizar esta vitória para si, enquanto isso articula os monopólios de comunicação para culpar Bolsonaro pelo caos, do qual o governador é um dos principais responsáveis, por ser um político ligado aos verdadeiros destruidores do país: os golpistas. 


Por maior que seja o nosso desejo de retirar Bolsonaro, não podemos ser ingênuos o suficiente para cair na armadilha política aplicada pelos golpistas na Frente Ampla. Retirar Bolsonaro é um dos eixos políticos da luta contra o golpe, mas não é o único e nem o mais importante. Acima de Bolsonaro estão os golpistas, os donos da situação política e responsáveis pela destruição do sistema público de saúde que ocorre aceleradamente desde o Golpe de 2016. Bolsonaro, Dória, Mourão e os golpistas são todos nossos inimigos. Todos muito perigosos.  


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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Editorial 12/01/2021 - A fina película democrática da esquerda para encobrir o Regime Golpista


A luta política do último ano não se desenvolveu no campo operário, não havendo grandes manifestações, greves ou passeatas. A desmobilização foi geral, fazendo que o centro da luta pelo poder no país se deslocasse do PT contra os golpistas para Bolsonaro contra os golpistas. A luta não era mais de matriz político, mas civilizacional. Era uma luta da ciência contra o obscurantismo. Criaram-se governadores científicos, criaram-se ministros científicos e toda a imprensa burguesa tencionou neste ponto para virar a página do golpe. 


A tensão artificial dos meios de comunicação, que nada mais é que uma forma de fazer campanha antecipada contra Bolsonaro sem realmente colocar a massa na rua para uma ação efetiva, foi alimentada por todo tipo de oportunismo eleitoral na campanha de 2020. Alguns poucos setores oportunistas conseguiram alguma migalha do sistema, enquanto a esquerda como um todo teve um retrocesso gigantesco. Os direitistas mais bárbaros como é o caso do DEM e do PSDB foram os vencedores absolutos das eleições, mas o avanço do Bolsonarismo como um bloco também ocorreu e mostra uma situação muito mais tensa para o futuro. 


Ainda hoje é esta tensão que impera dentro da situação política por causa do imobilismo da esquerda. Assim, a luta pela vacinação apenas apresenta o caráter específico desta disputa. É claro que fica muito difícil observar tal especificação neste caso já que a burguesia lançou uma campanha para intimidar todos. Trata-se de mais uma das campanhas “apolíticas”. O novo dogma burguês já vem com todo o poder político de esmagar da burguesia (vacinação obrigatória), que utiliza de todas as brechas possíveis para fazer o regime capitalista se tiranizar cada vez mais. Logo, as medidas sanitárias em diversos locais estão servindo muito mais para a consolidação de uma ditadura do que para tratamento medicinal: confinamento, restrição de liberdades e proibições de eventos públicos. 


A questão política é colocada de maneira muito rasteira e demagógica por Bolsonaro, que faz isso para evitar vitórias políticas de seus inimigos e concorrentes. Assim, os golpistas colocam um programa repressivo contra o povo sob a bandeira da luta contra o Covid19. O povo se revolta com isso e apenas escuta demagogias bolsonaristas para que os mais atrasados politicamente se iludam. Por trás de tudo isso, como um ruído bem baixo, está a voz oportunista da esquerda institucional papagaiando a Globo com o objetivo de dar uma fina película democrática aos golpistas em sua escalada para o poder. 


A vacinação, vista sob o ponto de vista marxista, deve pensar nas consequências de uma experimentação feita com alto controle de tempo e dados, algo que exigiria uma melhor preparação de todos os exames e infraestrutura para possíveis problemas que possamos ter com o aumento do número de complicações hospitalares. Assim, essa preocupação de mais cuidado com o povo, que surge normalmente entre a população, é deixada para o populismo barato bolsonarista. 


O bolsonarismo se utiliza da intuição do povo e guia sua política para se organizar com os problemas da vacinação e faturar politicamente, o que pode ocorrer mais facilmente nos processos de verificação e produção apressada de um medicamento. Neste momento, aparecerá a esquerda pequeno-burguesa para bradar Fake-News e teoria da conspiração.  


No campo da vacina, a esquerda esconde o jogo político real, colocando a questão de modo infantil e moral. Resultado final: fortalecimento de Dória e sua política. No campo da política, a esquerda institucional favorece o mesmo tipo de político golpista por estar a reboque cegamente desde que se deixou guiar exclusivamente pela propaganda pseudocientífica dos golpistas. 


O apoio a Baleia não é um processo desvinculado de toda a política da esquerda institucional: é a mesma lógica de ir atrás de uma saída burguesa para Bolsonaro. Nesse processo, o povo é rifado pela esquerda institucional que está disposta a ser cobaia dos senhores do golpe de 2016 e calar todos aqueles que não se submeterem a vacinação.  


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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Editorial – 04/01/2021 Alta dos preços pode ser incontrolável em uma situação de desabastecimento


Os jovens brasileiros não passaram pelo desabastecimento geral que ocorreu durante o final da Ditadura e início da Democracia, então muitos talvez considerem a ideia de um desabastecimento fora do real, sem saber que até o início dos anos 1990 o país estava passando por uma crise fiscal e monetária que desorganizava toda a produção e gerava escassez. 


A escassez, que também pode ser uma arma econômica de um país imperialista contra seus inimigos como o caso da Venezuela, aqui tem sido um produto da devastação econômica causada pelo Golpe de Estado de 2016. A desestruturação de amplas cadeias de produção como o Petróleo (Petrobrás), a Construção Civil (Odebrecht) e a Indústria Alimentícia (JBS) paralisaram os demais complexos de produção, isso em um ambiente de liberação e abertura econômica para o saque e a exploração do país. Assim, agora estamos vendo um momento que pode ser de desfecho político mais agudo, que foi agravado com a derrocada do Covid-19. Estamos vivendo em um momento de alta de preços, com produtos em preços de escassez e outros com altas que podem colocá-los neste patamar em breve.

 

Apenas em novembro, as carnes tiveram alta de 6,54%, a batata-inglesa subiu 29,65%, o tomate teve alta de 18,45%, o arroz (6,28%) e o óleo de soja (9,24%). Entre os combustíveis, neste mesmo período, a gasolina subiu 1,64%, com sua sexta alta consecutiva, e o etanol (9,23%). 


O que podemos esperar de 2021? Com a falta de estruturação do Estado Brasileiro em ajudar o setor produtivo do país, podemos esperar que a escassez vai ser utilizada para impor aos trabalhadores uma perda. E tal ausência de postura estatal pode causar uma crise geral que pode causar desabastecimento total.


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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Editorial- O golpe na esquerda não acabou, eleição 2020 prepara esfacelamento institucional dos partidos


O processo eleitoral no país sempre foi muito injusto e desigual para a população trabalhadora e suas organizações. Assim, mesmo com um gigantesco partido de esquerda (PT), os partidos de direita apresentam um poder institucional muito superior a toda a esquerda sem ter qualquer legitimidade na sociedade e funcionando apenas nos períodos eleitorais. Logo, em momentos muito específicos da história a esquerda conseguiu superar as dificuldades impostas pelo sistema eleitoral e conquistar o pequeno espaço que teve. 

Em 2016 houve um golpe de Estado, que retirou a presidenta Dilma Rousseff (PT) e aprofundou o domínio da direita em todas as áreas do Estado. A Justiça, que já era o campo mais fechado dos 3 poderes, se mobilizou para retirar Lula da disputa eleitoral de 2018 e criar uma série de impedimentos políticos para a participação eleitoral, dificultando ainda mais a participação da esquerda. Dentro das mudanças, a impossibilidade de se fazer coligação para o legislativo, a proibição de cartazes em postes e a restrição ao direito de aparecer na televisão colocam a eleição de 2020 como mais uma das etapas do golpe para destruir a esquerda. 


As coligações eram uma forma da esquerda conseguir ultrapassar o coeficiente eleitoral: sem isso, com parte da esquerda impossibilitada de participar do horário eleitoral e com a separação dos vereadores do programa eleitoral obrigatório, os caciques tradicionais irão conseguir levar grande parte das cadeiras para seus correligionários. A verdade é que o golpe na esquerda não acabou, esta eleição prepara o esfacelamento institucional dos partidos tradicionais da esquerda. Alguns partidos como o PSOL, PCB, PC do B e PSTU já sofreram um revés importante neste pleito com um declínio significativo de candidatos, apenas Partido da Causa Operária (PCO) e Partido dos Trabalhadores conseguiram ter crescimento no número de candidatos. 


PCB: 243 (2016) para 75 (2020)

PSTU: 324 (2016) para 204 (2020)

PSOL: 5508 (2016) para 4564 (2020)

PC do B: 15969 (2016) para 10288 (2020)

PT: 24271 (2016) para 30893 (2020)

PCO: sem dados, mas segundo o próprio DCO, é o partido que mais cresceu em número de candidatos



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Editorial 09/11/2020 A vitória do Imperialismo na disputa eleitoral dos EUA

A análise política da grande imprensa sobre a vitória de Biden busca jogar um ar de esperança para todos os progressistas, tudo isso em um conturbado pleito realizado majoritariamente pelos correios e sem nenhum tipo de controle efetivo. A manobra da burguesia é feita através da ira popular para quebrar todo tipo de contestação e legitimar a votação por correios, por isso quando Trump fazia um discurso contestando a validade do processo eleitoral e denunciando a fraude, foi silenciado pelos monopólios de comunicação que fizeram questão de colocá-lo como conspiracionista doido. 

Biden e Trump devem ser vistos por um viés marxista, ou seja, através dos grupos políticos da elite que representam. Assim, as formas de observar não podem estar ligadas a julgamentos morais como Trump é mal e Biden é progressista, pois na defesa dos interesses de classe que fazem podem tomar ações bárbaras como apoiar a Guerra do Iraque (Biden) ou propor negociação para evitar uma crise nuclear com a Coreia do Norte (Trump). 

Trump é um magnata industrial dos EUA, sua fortuna foi construída por meio da construção civil, o setor mais afetado pela crise de 2008. Assim, utilizou-se da fragilidade gerada pela crise para se lançar como candidato autônomo e vencer a eleição de 2016. Empossado, fez um governo de crise, passando pela tentativa de um processo de Impeachment. 

Biden é um antigo parlamentar democrata com uma ficha de crueldades que daria inveja a qualquer aspirante a malfeitor, estando diretamente ligado a destruição da Iugoslávia, Líbia, Afeganistão, Síria e Iraque. Também esteve involucrado nos golpes de Estado no Brasil e Ucrânia. Biden é um representante do Imperialismo, do setor financeiro e monopolista dos EUA, que conseguiu a façanha de unir vários setores republicanos em torno de sua campanha. Não só é um senhor da guerra e serviçal dos bancos, mas também é um dos presidentes mais fortes por ter conseguido juntar tantas alas ao seu lado. 

O moralismo esquerdista sem um viés de classe, sem uma análise aprofundada dos acontecimentos, agora infla Biden para o seu mandato. A mídia burguesa já o coloca como o presidente mais votado dos EUA, dá destaque aos carnavais de rua feitos para sua vitória e coloca o povo em um transe inebriante. Eis aí um perigo para a humanidade, um senhor da guerra com tanta legitimidade.  


   


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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Editorial 20/10/2020 – O que está por trás das operações contra a corrupção?


Os noticiários televisivos apresentam toda semana um novo caso de corrupção, ora vindo do governo, ora vindo de outras alas políticas. O cidadão que acompanha estes casos apenas pela imprensa burguesa fica confuso, sem entender o que politicamente está acontecendo, sendo levado à um descrédito geral da política. 

As operações realizadas fazem parte da disputa política entre a direita golpista e o bolsonarismo. Ao que tudo indica, estamos em fase de reconfiguração política na qual cada ala usa seu poder persecutório para impor uma derrota ao inimigo. O exemplo é o Rio de Janeiro, onde Witzel foi derrubado com uma artimanha judicial organizada pelo bolsonarismo. 

Perante o esfacelamento de todo o regime político, a esquerda decidiu ficar a reboque da direita golpista, demorando para aderir ao Fora Bolsonaro e só fazendo isso como meio para a Frente Ampla. Assim, a disputa política foi levada às maquinações judiciais que são hoje noticiadas com alarde. A burguesia retira vantagem disso, pois momentaneamente evita a polarização e cria um clima de despolitização favorável para uma saída autoritária, que pode ser um dos desfechos para toda esta luta “institucional” contra a corrupção. 


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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Editoral 12/10/2020 - Boulos, o novo Ciro Gomes da Frente Ampla


As eleições municipais de 2020 apresentam um quadro político lamentável para a esquerda, aliás das direções da esquerda pequeno-burguesa que insistentemente faz campanha pelo Guilherme Boulos na cidade de São Paulo como se fosse o salvador ou o representante untado pelo Deus do povo para vencer o bolsonarismo e a direita. Olhar para a cidade de São Paulo esclarece-nos o mecanismo da política da Frente Ampla e dos acordos com os golpistas.

Quando a esquerda apoia Guilherme Boulos do PSOL e sua vice, Luiza Erundina (PSOL), aparentemente a ideia posta por esse setor seria a de que a esquerda teria, com Boulos, chances da vitória eleitoral no município. O problema que a análise não é tão simples assim como eles querem fazer crer.

A entrada de Boulos com a Erundina, que enquanto prefeita fez sérios ataques aos trabalhadores (ataque aos servidores da CMTC que lutavam contra a privatização), corresponde ao Ciro Gomes de 2018, só que a um Ciro de esquerda, já que o Ciro é mais direitista do que ele mesmo se pinta, veja-se o posicionamento dele defendendo a prisão do Lula. 

Boulos e Erundina servirá para transferir os votos para a direita golpista. Num quadro da direta contra os candidatos bolsonaristas, o Boulos servirá para que a direita possa ter uma perspectiva de vitória.

Quando se fala em Frente Ampla, da política de acordo da direita com a esquerda contra o bolsonarismo, na prática é isso o que ocorre: a direita é a única beneficiária. Por isso que a esquerda e seus partidos têm que defender o programa dos trabalhadores, independente de alianças (Frente Ampla) com a direita golpista. Caso semelhante ocorre no Rio de Janeiro: a direita golpista e o bolsonarismo estão em franco conflito (Eduardo Paes e Crivella, respectivamente) e Marcelo Freixo (PSOL), representante da Frente Ampla no Rio, para ajudar Eduardo Paes (DEM), retira sua candidatura (https://diariodorio.com/sem-freixo-pesquisa-mostra-eduardo-paes-vencendo-em-1o-turno/). 

A política da Frente Ampla (Boulos, Haddad, Fernando Henrique Cardoso, Aldo Rebelo, Reinaldo Azevedo) contra o Bolsonaro reflete uma política da direita em pedir ajuda da esquerda, já que a direita não tem tanta força eleitoral quanto os bolsonaristas têm. É uma política histórica de capitulação da esquerda e sua primeira ocorrência foi na Frente Popular europeia contra o "fascismo": o que resultou na frustração das revoluções socialistas e consolidação do regime sob o controle dos partidos burgueses na Europa.

O interessante é que na Frente Ampla participa todos, menos o Lula, sendo o político que, nas condições políticas atuais, posiciona-se como aquele que se opõe a política golpista, já que foi preso e retirado das eleições pela justiça golpista (Lava-jato, Dallagnol, Sério Moro).

A política independente que a esquerda deve levar é o Fora Bolsonaro, o Fora Direita Golpista e o Sem Frente Ampla. As eleições municipais são, no contexto de aprofundamento do Golpe de Estado e capitulação da esquerda, uma tática de segunda ordem. O povo precisa continuar sendo mobilizado para derrubar os bolsonaristas e a direita pela força. Para isso, é necessário fortalecer a política independente da classe trabalhadora e chamar o Fora Bolsonaro com a organização de núcleos políticos de debate e atos em uma política de politização permanente.

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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Editorial 01/10/2020 - A inelegibilidade de Crivella no Rio de Janeiro e a máquina eleitoral burguesa


No dia 21 de setembro, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) foi julgado como inelegível pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro. As acusações contra Crivella são relativas ao caso da Companhia Nacional de Limpeza Urbana (Comlurb) da qual o prefeito, em 2018, utilizou cerca de 51 carros e trabalhadores da companhia para organizar um comício na quadra Estácio de Sá, apresentando seu filho, Marcelo Hodge Crivella e Alessandro Costa, ambos como candidatos à deputado federal, usando, assim, a empresa e recursos públicos para promoção política de seus familiares e amigos. Outro caso envolve a funcionária da Comlurb, Márcia, quem permitia aos líderes religiosos e seus fiéis passarem na frente da fila do SUS para operação de cataratas e varizes.

O que significam esses acontecimentos na luta política? O senso comum, os fatos tomados isoladamente, acontecimentos como esses são entendidos como meras ocorrências, despretensiosas, deslocadas de um sentido político, deslocadas da luta política, da luta entre grupos e de classes.

Por que o senso comum nos faz acreditar nisso é tema para um estudo aprofundado. Nos limitemos, pois, em direcionar politicamente esses acontecimentos da época eleitoral. É o que basta.


A perseguição política de Crivella


Nosso jornal não defende a direita golpista e os bolsonaristas. Mesmo assim, há que se registrar o modo de como os conflitos políticos aparecem na superfície jurídica. 

O caso do prefeito Crivella evidencia uma crise no interior da burguesia na cidade carioca. Crivella, como representante da ala bolsonarista e religiosa, e o candidato Eduardo Paes (DEM), representante da ala da direita golpista. 

Ambos estão sendo processados pela justiça, mas nestas eleições, a tendência é a vitória da direita golpista, abarcando o segundo maior eleitorado do país, logo atrás da cidade de São Paulo. 

A tendência geral do regime político controlado pela burguesia segue esse itinerário: cada vez mais a retirada da ala bolsonarista dos centros de poderes e a substituição pelos políticos da direita golpista que conseguem estabelecer maiores conexões com os grupos locais das milícias, bancos e grandes empresas.

Como a direita golpista não tem base eleitoral alguma (base consciente, aquela de convicção política; diferente da população em geral que vota porque foi influenciada pela mídia), fez uso da extrema-direita bolsonarista para mobilizar a classe média e setores mais despolitizados para que a direita, em geral, mantivesse o controle da grande máquina estatal e de suas filiais. As eleições de 2018 mostraram isso: govenadores, deputados e senadores da direita golpista aproximaram-se do bolsonarismo para que, de 2019 em diante essa aliança fosse cada vez mais desfeita. Isso resultou na política da Frente Ampla contra o Bolsonaro: a aliança da esquerda com a direita para sufocar o bolsonarismo, o que, na realidade, satisfaz apenas o interesse da direita, porque atrai os esquerdistas para eleger candidatos da direita sem quaisquer contraposições políticas e denúncias da direita.


Judiciário: ferramenta burguesa de controle de qualidade


“Confiar nas instituições democráticas e na Constituição”. Se houvesse alguma religião que aliena a esquerda da compreensão política, esse seria o Verbo. No estudo político de toda religião, importa saber quem é o alto clero que profetiza o Verbo: a direita golpista.

De alguma forma, quando um político ou um assunto político passa pelo judiciário e é julgado por ele, misteriosamente a questão política se purifica, se santifica e torna-se apolítica, constitucional, imparcial, ungida pela vontade do povo, vontade esta que “criou” as instituições “democráticas”. Ocorre que o judiciário em todos os tempos foi influenciado direta e indiretamente pela burguesia. De alguma forma, também, os juízes, desembargadores e ministros se purificam da influência política: a toga representa a corporificação do Espírito Santo e, de alguma forma, o milagre da mutação das essências, a água passa a virar vinho sagrado.

O impeachment da presidente Dilma Roussef em 2016 e a Operação Lava-Jato às vistas políticas, representou a atuação direta do judiciário em abrir as portas para que a direita golpista e bolsonarista alçasse ao poder. O Procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz federal de Curitiba, Sérgio Moro, naquela época, articularam, aos olhos de todos, a manobra política de prender o ex-presidente Lula e, assim, torná-lo inelegível para que Jair Bolsonaro tornasse presidente. As informações hoje públicas mostrando a relação dos juízes e promotores da Lava-Jato com o FBI norteamericano apenas evidenciam o caráter político e a influência do imperialismo sobre as instituições “democráticas”.


Se está tudo dominado, o que fazer?


Não está tudo dominado. O modo de politização para uma política popular está no trabalho dos partidos de esquerda e seus agrupamentos políticos, comitês de luta, jornais etc. O panorama político está mostrando uma crise no interior da direita e a utilização da esquerda para que a estabilidade do regime político direitista seja convalidado: ora, se a esquerda se alia à direita contra o Bolsonaro, não há oposição à direta e as eleições são uma comprovação da falha política da esquerda.

Se mesmo entre os partidos da burguesia eles usam o judiciário uns contra os outros, isso será realizado, quando for preciso, contra a esquerda, como foi o caso da prisão do ex-presidente Lula e do impeachment da ex-presidente Dilma. Quando menos se espera, a esquerda perde seu poder político porque confia nos lobos e nas suas instituições.

Nesse terreno eleitoral e judicial incerto, a esquerda deve realizar permanentemente, desde agora e para depois das eleições, o trabalho constante de denúncias da direita golpista e do bolsonarismo com o objetivo de manter mobilizada a população contra os ataques dos prefeitos, governadores e do presidente. A via da esquerda sempre foi nas ruas, mobilizando a população e politizando. Abandonar o terreno das ruas, a única democracia popular possível, foi o grande erro político da esquerda, que influenciará, inclusive, na sua derrota eleitoral nos municípios. Aparecer enquanto político numa região eleitoral a cada 4 anos é tática da burguesia, a esquerda de verdade está sempre presente, sempre lutando a luta do povo.

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Por que os marxistas se opõe aos mandatos coletivos

Sempre que as eleições ocorrem, os setores mais fracos da esquerda sucumbem as manobras demagógicas da direita. Assim, ao invés da eleição ser um palanque para apresentar propostas políticas, ela vira um mercado eleitoral no qual os candidatos sondam opiniões e buscam esconder os seus “defeitos” e falar aquilo que agrade. Exemplos não faltam na política brasileira, desde a esquerda verde-amarela, que disputa o uso da bandeira nacional com os coxinhas, até petistas escondendo a estrela do partido. 

A política eleitoral não pode ser relegada, os marxistas agem em todos os domínios da vida cultural, social e política, mesmo que apresentem dificuldades ou fatores limitantes para uma ação revolucionária. Desta forma, um marxista pode participar dos pleitos por mais farsescos e fraudulentos sem em nenhum momento se desviar de sua atuação revolucionária, entretanto só conseguirá fazer isso com uma atuação guiada pelo centralismo-democrático. 


Sobre o Centralismo-democrático


Cabe aqui fazer um pequeno adendo. Centralismo-democrático é o método leninista que estrutura a ação de um grupo por meio de reuniões que decidem os rumos. Nestas há democracia para discutir e apresentar propostas. Após votação, se faz um plano de ação que todos devem fazer, independente de concordarem. Tal método necessita de disciplina e compromisso político com um objetivo revolucionário, por isso mesmo sendo o único caminho pelo qual as classes oprimidas chegaram efetivamente ao poder, não é utilizada pela esquerda pequeno-burguesa. 

A esquerda pequeno-burguesa jamais vai abrir mão de sua liberdade individual e se colocar a disposição de uma luta desta natureza devido a suas ilusões com o sistema político e seus objetivos pessoais, sendo avessa a qualquer tipo de controle de sua própria ação. Neste sentido, os candidatos da esquerda pequeno-burguesa nunca se apresentam como candidatos de um partido ou programa, são os candidatos de si mesmo. 

Quase inexistente no país, o centralismo-democrático é atacado como tirânico e obsoleto por praticamente todos os setores da política, tirando o Partido da Causa Operária (PCO) e alguns setores mais combativos da esquerda. Nessa lógica eleitoreira, seguir um programa passa a ser um erro, já que o mais importante não são as ideias, mas alegrar o eleitor e garantir o voto.

No centralismo-democrático não existem candidatos autônomos, toda a atuação política deve estar vinculada a um programa e as decisões tiradas em reunião, isso faz da atuação leninista uma força política real, presente não nas palavras, mas na luta real pela organização dos trabalhadores e explorados. Consequentemente, não é uma luta que se cria e se esvazia durante uma eleição ou greve, ela permanece, cresce e se estrutura no partido ou nos grupos que seguem este princípio organizativo. 

 


Mandato Coletivo: demagogia liberal 


A ferrenha luta que a burguesia faz para se manter no domínio da situação política estimula as tendências mais anarquistas, capituladoras e equivocadas da classe operária. Assim, os partidos políticos são alvo de amplo ataque e, devido a adaptação da esquerda, são considerados apenas como aparatos burocráticos para maquinações, algo sujo e desonesto. Apesar disto, eles são necessários para que se dispute uma eleição, o que cria um malabarismo gigantesco dentro da esquerda pequeno-burguesa para tentar se desvencilhar da imagem deles. 


Os mandatos coletivos são uma forma de maquiagem eleitoral, utilizados para que determinadas pessoas se apresentem como democráticas e ligadas ao povo. Dentro desta prática, os programas e princípios são deixados de lado, para que se apresentem como novas formas de se fazer política. Por este caráter despolitizante até mesmo o PSL pode apresentar um mandato coletivo (MAJOR CRIVELARI PRESIDENTE DO PSL DE AMERICANA apresentou nota em favor desta prática https://www.novomomento.com.br/psl-vai-incentivar-mandato-coletivo/). No Brasil, o PSB, o PT, Podemos e PSOL já apresentaram candidaturas com este formato. No final das contas, não passa de uma demagogia liberal para uma prática consolidada na política, os cabos eleitorais. 

Os cabos eleitorais passam a fazer parte da propaganda oficial nos mandatos coletivos. Agora a mesma prática antiga de mobilizar algumas pessoas para lutar por um cargo recebe nova roupagem. Eis aí uma política restrita, minúscula, direitista e sem princípios, que pode ser utilizada por todos os partidos, não tendo um conteúdo de classe. Logo, essa aberração liberal é o total avesso de uma participação marxista nas eleições. 

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Editorial 18/09/2020: A luta no interior da burguesia brasileira e estadunidense



A classe operária tem que, pelos seus partidos políticos socialistas e revolucionários, organizar sua força política, alçar uma política clara e combativa contra os ataques do imperialismo à classe trabalhadora com a retirada de direitos sociais, superexposição ao COVID-19 e desemprego crescente, sem realizar acordos com os burgueses, tensionando a política a favor dos interesse dos trabalhadores. Enquanto isso precisa ser estabelecido de fato, a burguesia do Brasil e dos EUA entram cada vez mais em contradição em decorrência de interesses opostos dentro do regime político.


Contradições no Brasil: Bolsonaro, direita golpista e impeachment


A burguesia brasileira está de certa forma  dividida. É preciso esclarecer que a burguesia brasileira de conjunto não tem nenhuma independência política e fica submissa ao imperialismo. Assim, a burguesia nacional apenas mantem a porta aberta para as águias americanas expropriem nossas empresas nacionais e paguem os bancos com o dinheiro de nossos impostos.

Nesses termos, na superfície política aparece o Bolsonaro contra a direita golpista, ala que quer sucede-lo para que o regime político fosse estabilizado ou pelo impeachment do presidente ou por outras medidas de força para garantir a direita golpista no controle.

Essa crise é bastante visível nos ataques da Rede Record (extrema-direita bolsonarista) contra a Rede Globo (direita golpista). Recentemente, a Record está revelando matérias jornalísticas denunciando o esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas realizadas pela família Marinho (Globo) a partir da delação do doleiro Dario Messer.

O ato político dessa disputa interna se traduz no processo de impeachment do Bolsonaro. Note que, se o movimento político da direita se suceder e o Bolsonaro sair, o regime ficará estável para a burguesia. O problema dela é o Bolsonaro e os bolsonaristas. Em momentos específicos no começo deste ano, o Bolsonaro precisou realizar acordos com a ala militar do regime para que não perdesse força política. De todo o modo, as forças armadas seguram ainda um poder político fundamental no regime político brasileiro e cada vez mais ocupa todas as esferas de poder. No limite, a depender do desenvolvimento desse quadro, se a crise no interior da direita aumentar, quem poderá estabilizar o regime político serão os militares com medidas de forças, ditatoriais.


Contradições nos EUA: as eleições americanas e o interesse do imperialismo


As eleições americanas evidenciam a disputa de dois blocos do imperialismo norte-americano. A ala industrialista, com o presidente Donald Trump e a ala financeirista, com o candidato Joe Biden. Pela primeira vez em séculos a ala industrialista venceu nos EUA, no entanto, os imperialistas dos bancos, da guerra e do petróleo pretendem retornar com força total.  

A imprensa americana já associa Joe Biden ao Great Reset (Grande Reinício do Fórum Econômico Mundial) a ser implementado em 2021 em resposta a crise de COVID-19. A ideia geral é a de que os impérios ligados à terceira revolução industrial consigam monopolizar também a quarta revolução industrial (relacionada a alta tecnologia: nanotecnologia, cibernética, robótica, biotecnologia), o que levaria necessariamente à estagnação das forças produtivas e a manutenção da divisão internacional do trabalho, portanto, da sobrevida ao imperialismo dominando os países do terceiro mundo.

A escalada de violência estatal nos Estados Unidos contra a população negra fez com que agrupamentos anti-racistas como o Black Lives Matter gerarem uma onda de protestos e, na antípoda, os Boogaloo Boys, de extrema-direita, saem a campo para suprimir contrapondo-se  ao movimento do Black Lives. Sobre essa tensão que a população está expressando nas ruas, os candidatos à presidência estão utilizando-se para defender determinada ala e com isso ganhar votos, já que esse conflito está centralizando a atenção popular: Trump pende para os Boogaloos e Biden, para o Black Lives Matter.


A tarefa da classe trabalhadora


Toda análise passa necessariamente pela relação entre a burguesia, pequena-burguesia e a classe trabalhadora. Como se verifica, tanto no Brasil e nos EUA a burguesia está em uma crise em decorrência de interesses políticos e econômicos internos conflitantes. A pequena-burguesia, sem expressão própria, oscila segundo os interesses de determinado setor da burguesia: bolsonaristas e boogaloos. A classe trabalhadora, apesar do alto índice de desemprego nesses dois países, segue a reboque nessa crise política sem conseguir expressar sua política de classe. Pode aparecer, em alguns momentos na política do Black Lives Matter, contra a repressão estatal, porém é rapidamente absorvido pela discurso dos imperialistas humanitários da chapa Biden-Kamala. Aqui no Brasil, o PT, PSOL e PCdoB na política de frente ampla (aliança com a direita) procura em vão opor-se ao Bolsonarismo. O fator agravante nessa política de frente ampla são as eleições municipais, momento em que vale tudo, inclusive fazer alianças com a direita golpista para que a esquerda alcance cargos no município. 

É preciso deixar claro que o motivo do recuo da força da classe trabalhadora consiste na política de frente ampla, na política de concessões com a direita.

As organizações populares, de trabalhadores em seus partidos, sindicatos, conselhos populares, jornais operários devem manter a todo custo uma política independente da classe trabalhadora. Sem isso, não há qualquer possibilidade de derrotar a burguesia no campo político.


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sábado, 12 de setembro de 2020

TeleSur: 15 anos de democracia nas comunicações latino-americanas

 


No dia 24 de julho, há 15 anos, data do nascimento do revolucionário Símon Bolívar, líder da libertação das Américas, foi fundada a TeleSur, em Caracas, Venezuela. O projeto foi idealizado por Hugo Chávez, então presidente à época e por Fidel Castro, de Cuba para que fossem produzidas e transmitidas notícias de interesse dos povos latino-americanos, que contribuíssem com suas lutas emancipatórias em oposição às grandes corporações controladas por algumas famílias que são ligadas diretamente à política imperialista. Nesse contexto que surge o canal TeleSur para combater os meios de comunicações hegemônicos.

O canal tem cobertura em 123 países da América Latina, Caribe e Norte da África e Europa Ocidental e conta com correspondentes em 43 países, além de ser transmitido ao vivo pela internet 24 horas por dia e disponibiliza seu conteudo em espanhol, inglês e português.
Aíssa García, correspondente da TeleSur na Cidade do México e Washington comenta que desde o início abraçou o projeto da TeleSur de uma mídia contra-hegemônica, "um modelo de comunicação está ligado aos nossos povos e à emancipação, à luta contra as imposições hegemônicas".

 
Em decorrência de seu caráter crítico, a TeleSur acompanhou e expôs de modo direto o golpe de Estado de 2009 contra o presidente Manoel Zelaya em Honduras, que fora sequestrado pelas Forças Armadas: fato que a imprensa mundial tentou encobrir, repassando informações de que fora uma renúncia voluntária do presidente. Mostrar esses acontecimentos sem intervenções da mídia capitalista permite que a população colonizada conheça cada vez mais o modus operandi das potências imperialistas. Particularmente, esse caso de 2009 fora o estopim para os golpes de Estado nos países latinoamericanos. É importante lembrar que em 2012 houve um golpe contra o presidente Fernando Lugo no Paraguai, várias tentativas de golpe contra o presidente Rafael Correa no Equador, sendo seu sucessor alçado em 2017, o presidente Lenin Moreno um oportunista que se mostrou ligado ao imperialismo. Em 2016, o golpe contra a presidente Dilma Roussef e, em 2019, o golpe contra o presidente da Bolívia Evo Morales. Fora as tentativas frequentes de golpe contra o presidente da Venezuela Nicolás Maduro realizada pelo golpista e contratador de mercenários americanos, Juan Guaidó (Guaidog, o cão do Tio Sam). Em todos esses países em que os golpes tiveram sucesso, foi implantada uma política econômica neoliberal de venda de ativos nacionais (privatizações, Estado mínimo) e perda de direitos sociais e trabalhistas.

 
A mídia golpista é sempre comprada pelo imperialismo, não há como como escapar dessa regra, já que ela sobrevive com o financiamento dessas corporações. Para se ter uma ideia, no Brasil, algumas famílias detém o controle de toda mídia brasileira e sempre participam diretamente nas eleições preferindo determinado candidato ou apoiando determinado governo, excluindo ou destruindo a imagem dos demais.

 



 


O resultado disso é que a opinião popular é constantemente manipulada para que o povo possa assistir pacificamente e sem entender o que realmente ocorre na política e na economia, encobrindo, portanto, as manobras realizadas pelo imperialismo. Em outro sentido, a falta de qualquer crítica ao conteúdo jornalístico gera a informação hegemônica, destituída de análises de conjuntura com bases na análise econômica, na luta de classes ou na luta anticolonial. 

A consequência necessária é a produção de uma massa de manobra, acrítica.
Nesse contexto que a TeleSur aparece e continua na luta por esclarecer a população das manobras realizadas por Washington no seu quintal colonial. Para que a TeleSur fosse lançada, foi preciso que o governo nacionalista do presidente venezuelano Hugo Chávez a época destituísse o monopólio da RCTV e Venevisión que detinham 80% de conteudos de radiodifusão, semelhante ao que ainda ocorre no Brasil com as famílias ligadas à Globo, Folha, Bandeirantes, Estadão etc.

 
Nesse aniversário dos 15 anos da TeleSur, importa relembrar que o jornalismo independente e crítico deve ser defendido, pois é uma arma na luta da emancipação dos povos colonizados. Sem uma imprensa independente, não há movimento independente de luta. Enquanto a TeleSur for contra o imperialismo é preciso defendê-la e defender todo o jornalismo crítico, investigativo e independente.

Consultas:
http://nodeoito.com/monopolio-midia-brasil/
https://www.brasildefato.com.br/2020/07/24/criada-para-democratizar-a-comunicacao-na-america-latina-telesur-completa-15-anos
https://www.causaoperaria.org.br/acervo/blog/2017/06/23/os-golpes-de-estado-na-america-latina-no-seculo-xxi-o-rompimento-dos-pactos-pos-ditadura-e-quebra-dos-regimes-democratizantes/#.Xx7Vh55KjIU
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/cinco-familias-controlam-50-dos-principais-veiculos-de-midia-do-pais-indica-relatorio/
https://www.brasildefato.com.br/2020/07/24/criada-para-democratizar-a-comunicacao-na-america-latina-telesur-completa-15-anos

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Editorial 31/08/2020 - Witzel e Boulos, dois atores da despolarização do regime



 O golpe de Estado de 2016 mantêm sua crise, não podendo sustentar um sistema enquanto o Partido dos Trabalhadores (PT) estiver vigente na política institucional. A simples possibilidade de unificação de uma parte da esquerda sob bases sólidas impede os avanços mais brutais do imperialismo no país. Mesmo com todo o tipo de política difamatória e reciclagem, a direita não se sustenta. 

Esvaziar o Partido dos Trabalhadores, buscando retirar Lula da política nacional, está sendo a grande forma de atuação da direita para aumentar sua estabilidade. Todos os atores políticos e culturais que puderem criar confusão, mostrando a possibilidade de alternativas políticas, ganham espaço. Assim, a disputa que ocorre dentro de São Paulo com a direita buscando inviabilizar uma candidatura unificada do PT, criando cisão por meio de Guilherme Boulos, é uma manobra de estabilização. Nesse sentido, não será estranho que os holofotes do monopólio dos meios de comunicação se voltem para esquerdistas não lulistas. 

Witzel, governador eleito no pleito de 2018, foi afastado para investigação pelo Judiciário, Supremo Tribunal de Justiça, por meio de denúncias de corrupção na compra de produtos e serviços para o setor sanitário na Pandemia. Wilson Witzel, inimigo de Bolsonaro desde o início do ano, nega todas as acusações e afirma que está sendo perseguido pela Polícia Federal por uma manobra de Bolsonaro. Uma coisa é certa, o povo é soberano e não é legítimo que a Justiça se sobreponha a qualquer tipo de resolução política. Isso não significa que sejamos puramente legalistas, o povo nas ruas pode derrubar e mudar regimes, o resto é golpismo. 

Abriu-se uma disputa política de baixa intensidade neste ano. Setores da direita decidiram aproveitar-se e lançar uma campanha tímida do Fora Bolsonaro: somos 70%. Tudo isso não foi para uma disputa, foi para adestrar Bolsonaro. Neste momento, Witzel se sobrepôs e entrou em rota de choque frontal com o governo federal, sendo necessário o fim da polarização possível entre ambos. Bolsonaro parece ter saído fortalecido desta disputa, derrotando um inimigo político importante em um dos estados mais importantes do Brasil. 

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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Editorial – 17/08/2020 As maquinações da imprensa burguesa: popularidade, manipulação e maquiagem


 

A imprensa burguesa é uma das armas mais poderosas da dominação capitalista, ela é parte da manipulação das elites, não sendo um mero veículo de comunicação, mas uma arma política. Com este objetivo, a verdade é deformada, escondida e picotada, mas mesmo assim os monopólios de comunicação da burguesia cinicamente fazem a campanha de Fake News. 

Uma das maiores formas de manipulação se dá por meio das entrevistas e pesquisas, em ambas as perguntas são habilmente feitas para que determinado padrão de resposta seja produzido. Tudo é feito meticulosamente para que determinada política seja expressa, independente dela ser minimamente realista. Esse despudor é resultado da concentração do poder midiático e da falta de iniciativa da esquerda em formar um jornal, colocando ao povo apenas a versão burguesa de todos os fatos. 

A última pesquisa realizada pelo Datafolha, cheia de critérios duvidosos e com uma relação esquisita sobre o auxílio e a aprovação, mostra que Bolsonaro ganhou mais popularidade durante a pandemia, o que daria a entender que o governo bolsonarista não está mais em crise, que a política golpista é sólida e estável. Tudo isso feito às vésperas das eleições, colocando para a esquerda eleitoreira um quadro desanimador. Aqui não cabe fazer um estudo simplesmente estatístico da pesquisa, é necessário tirar as conclusões políticas e julgá-las como falsas: a crise do golpe continua e a instabilidade do governo Bolsonaro só vai aumentar. 

As correlações estatísticas entre os que recebem o auxílio emergencial e a aprovação de Bolsonaro não podem, metodologicamente, ligarem simetricamente. A pergunta sobre o real número de pessoas que considera que Bolsonaro é responsável pela política de auxílio seria mais viável para fazer este tipo de correlação, mas esta pergunta não foi feita e não se sabe realmente qual a parcela do povo é tão confusa e ignorante em afirmar que o auxílio é resultado da política bolsonarista. 

Mais coisas estranhas aparecem na última sondagem do Datafolha, uma delas é o aumento representativo, quase 10%, da popularidade do presidente no atual contexto caótico brasileiro. As mortes nunca foram tantas e a situação econômica do país também está catastrófica, mesmo assim segundo a pesquisa, a aprovação do governo dobrou entre o setor dos desempregados, passando de 18% para 36%. Logo, os números indicariam que o sadismo do povo brasileiro. 

A situação política não mudou, todavia, os veículos de comunicação burguesa tentam criar um falso ambiente para que o golpe consiga passar por meio das eleições sem grandes crises. A forte polarização brasileira, em conjunto com o total menosprezo pela direita dentro do povo, deixam a direita em uma situação artificial de poder. Os direitistas têm o poder políticos e os cargos, sem ter nenhuma base sólida. Logo, todo processo eleitoral precisa maquiar esta situação. Infelizmente, a falta de um veículo de comunicação da esquerda não a deixa impassível, mas a faz refém. 

As tramoias da direita nas eleições estão em todos os Estados capitalistas, não sendo parte exclusiva do caráter de um determinado povo. Nos EUA, a atual tentativa de golpe no povo está sendo construída com Kamala Harris, uma senadora negra dos Democratas. 

O partido Democrata, ala liberal do imperialismo, usa de subterfúgios como empossar pessoas negras e de outras etnias para se apresentar como um partido bom e interessado com a população. Assim, Obama, Kamala Harris e Hillary Clinton apresentam-se como membros de minorias, ou seja, pessoas oprimidas. Tudo isso, com ajuda de uma imprensa venal que é inimiga de Trump, fazem crer que estamos diante de uma disputa entre explorador, racistas e machista (Trump) contra algum explorado (Democratas). Os Democratas, verdadeiros senhores da guerra, são maquiados e passam pelos mais desatentos como bons moços graças a uma luta política rasa e de aparência. 

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quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Editorial 13/08/2020 - Nem Bolsonaro e nem Mourão: Fora Bolsonaro e Direita Golpista.



A direita golpista está tomando conta do Congresso Nacional. São deputados e senadores que historicamente se posicionaram todas as vezes contra a população, seja para votar para o golpe do Estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff, para a aprovação da Reforma Trabalhista e Reforma Previdenciária. Na mira do Ministro da Economia capacho do imperialismo, Paulo Guedes, estão as novas privatizações dos Correios, Telebrás e Eletrobrás — um verdadeiro leilão das empresas estatais e entrega aos capitalistas de uma estrutura construída com anos de impostos do povo brasileiro.


Governo ditatorial: militares bolsonaristas e direitistas


Enquanto a esquerda permanece imersa nas eleições municipais de 2020, a realidade política se mostra cada vez mais alarmante, o que não se poderia imaginar que a via institucional eleitoral revertesse algum quadro político. 

A realidade que importa neste momento é a da ala militar, braço forte da direita, preenchendo a máquina governamental. Desde 2004 (Lula) até 2020 (Bolsonaro), houve um aumento de 125% de militares ocupando cargos no Executivo (1.177 para 2.558 segundo o Ministério da Defesa). Para um número absoluto, contando com militares ativa e da reserva, ocupando cargos civis houve uma dobra, um salto de 2.765 no governo do ex-presidente Temer para 6.157 no do Bolsonaro (dados do TCU). 

A esquerda mais moderada e eleitoral pode imaginar que os militares também são gente e que está tudo bem. No entanto, é preciso notar a orientação política desses militares: a esmagadora maioria são da direita (por influência ideológica direta dos militares americanos da Escola das Américas, a escola de golpes e repressão dos movimentos populares). Pode haver certa divisão de qual ala pertenceria cada extrato de militares a depender da hierarquia: se for do oficialato, seriam pertencentes à direita golpista; se for da classe dos praças, da direita bolsonarista, mas ligada ao discurso demagógico de prender bandidos etc., já que, para garantir a "ordem" para os capitalistas, arriscam suas vidas.

Isso implica que os atos administrativos, a restrição de liberdades, a supressão de direitos, o ocultamento sobre esses crimes se torna parte integrante do Estado militarizado. Por que essa captura da direita mais conservadora e perigosa que são os militares no aparelho do Executivo foi permitida sem nenhuma resistência da política da esquerda, poderíamos discutir. Porém, para não se estender, em linhas gerais, a política capituladora da esquerda e suas lideranças pequeno-burguesas sem disposição alguma de luta contribuíram de forma decisiva para esse processo. A esquerda oportunista vem organizando suas derrotas de forma sistemática e o povo cada vez mais tem menos direitos e dignidade.


As eleições: o ópio da esquerda oportunista


Para tomar nota de uma polêmica que evidencia esse problema, vejamos o caso do candidato Boulos (PSOL) e Erundina (PSOL) e Jimar Tatto (PT) para as eleições municipais. Antes de tudo, é importante registrar que este jornal não defende nenhuma dessas candidaturas, já que, como jornal de luta dos povos, precisa criticar as eleições e defender a organização da luta real pelo Fora Bolsonaro e pelas Eleições Gerais. Assim, um movimento político anterior a isso (corrida eleitoral) seria ignorar o massacre que a direita neoliberal está impondo ao país e chacinando milhares de pessoas por coronavírus.

No dia 13 de agosto de 2020, o Diretório Nacional do PSOL se posicionou sobre as eleições e a luta pelo Fora Bolsonaro. No conteudo do texto, a corrida eleitoral, a luta pelo Fora Bolsonaro e pelo impeachment estariam intimamente ligadas, como se fossem a mesma via política.

Pois bem, esse posicionamento do Diretório Nacional do PSOL explica o porquê o "novo Lula", "o líder do MTST" e o "vira página no Golpe contra Dilma" Boulos junto com a direitista da ex-prefeita Erundina estão participando das eleições. Eles entendem que a vitória eleitoral na cidade de São Paulo irá pressionar para o impeachment do Bolsonaro. 

Esquecem-se que o impeachment do Bolsonaro expressa somente uma crise dentro da direita governamental, entre as alas da extrema-direita bolsonarista e da direita tradicional que quer remover o Bolsonaro por vias institucionais. Muito óbvio, se sair o Bolsonaro, virá o General Hamilton Mourão, o direitista clássico, "moderado" que dificilmente provocará uma crise institucional quanto o que o Bolsonaro está causando por suas demagogias desvairadas que estão provocando um princípio revolta das massas contra ele e todo o regime político. Mourão vem como agente estabilizador do regime e manutenção da direita golpista no poder para continuar com as privatizações e entrega de dinheiro para os rentistas brasileiros e estrangeiros.

A menção do PT aqui não vale tanto a pena, mas está na mesma linha da crítica ao PSOL. Qualquer candidato, seja ele qual for, se não contribuir para a luta contra essa ditadura que estamos vivendo, de nada adianta.


Enquanto a esquerda vive um sonho, a luta deve ser organizada


Este jornal dos trabalhadores convoca a todos os setores populares que compreendem o problema do Golpe do Estado, do Bolsonarismo e da Direita para travar uma luta contra esses vampiros. Estamos criando Comitês Populares para organizar uma luta popular e aberta ao Bolsonaro. É uma resposta que se tem diante dessa paralisia da esquerda nas eleições. É preciso compreender esse problema político e propor uma solução: a mobilização e trabalho permanente de luta. Os comitês que forem formados podem se utilizar de nosso material para contribuir com a mobilização, podem reunir com nossos militantes para coordenar uma luta mais ampla e trocar experiências. Esse trabalho está sendo feito e deve ser ampliado. Pelo Fora Bolsonaro e por Eleições Gerais!

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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...