quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Quem são os oportunistas da esquerda? Os defensores do Baleia Rossi (MDB-SP)


No início de fevereiro, será definido o comando da mesa diretora da Câmara dos Deputados. A nova composição sucederá os trabalhos da presidência de Rodrigo Maia (DEM-RJ), sendo que a disputa para essas funções evidencia uma aliança da esquerda com os setores golpistas, manobra conhecida como Frente Ampla: uma frente da esquerda com a direita contra o Bolsonarismo.


A direita golpista (DEM, MDB, PSDB, PSL, PV, Cidadania, Rede) formaram essa coalização em torno do deputado federal Baleia Rossi para desbancar o bolsonarista Arthur Lira (Progressistas-AL). A esquerda, nesse sentido, vem articulando em apoiar o candidato do MDB para manter a oposição ao controle da Câmara pelos aliados do Bolsonaro. Assim, o PT, PSB, PDT e PCdoB procuram avançar nessa proposta.


Sem definir o apoio claro, os quatro partidos da esquerda lançaram em conjunto um manifesto dizendo que o eventual apoio ao candidato do MDB seria uma opção tática, explicando que “integrar esse bloco para derrotar o Bolsonaro não significa que abramos mão de qualquer das bandeiras que defendemos”. Para que o PT possa apoiar de fato o deputado Baleia Rossi, o partido exige que o candidato dê prioridade nos 50 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. A isso, a presidente do PT, Gleisi Hoffman comentou em entrevista à CNN: “Queremos pelo menos que isso não seja descartado. Que todas as medidas que a Constituição oferece em relação a contraçaõ de abusos e crimes praticados pelo governo sejam considerados: CPIs, convocações e inclusive o impeachment”.


Para continuar exemplificando a predileção pela política de Frente Ampla, temos a comovente fala do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL/RJ): “Existe algo em comum que nos une, e é muito maior que nossas diferenças: a crença nos valores do Estado democrático de direito e a certeza de que é nosso compromisso defendê-lo diante das ameaças explícitas do presidente da República”. Ainda, a deputada federal também do PSOL/RS, Fernanda Melchionna, nos dá a letra da salvação nacional por meio de seu Twitter: “A estratégia da esquerda da eleição da Câmara tem que ser derrotar o candidato de Bolsonaro. Todas as táticas são válidas, como lançar candidato para demarcar o programa. Mas forças ocultas querem igualar o candidato de Bozo ao campo de Maia para ajudar o Lira. O PSOL não cai nessa”.


“O PSOL não cai nessa e as forças ocultas”


As forças ocultas que o PSOL estão indiretamente criticando deve ser, uma delas, uma política realista e revolucionária. Um dos partidos centrais que articularam o golpe de 2016 contra o PT, retirando a presidente Dilma Roussef da presidência da República foi o MDB. O bolsonarismo foi, precisa ser dito isso, e continua sendo uma continuidade à extrema-direita da política dos partidos golpistas. Um pedido da presidente do PT para que o Baleia Rossi inicie a CPI contra o Bolsonaro chega até ser risível diante do regime político de exceção que estamos vivendo no qual a população não tem nenhum controle do processo político. Em oposição aos lunáticos da esquerda parlamentar, trazemos aqui a crítica certeira da companheira Dilma Roussef, dizendo ao Opera Mundi: “Tem alguém mais contra a democracia do que foi o (P)MDB nos últimos tempos?”.


Ao invés de construir uma frente única da esquerda, dos trabalhadores e oprimidos e excluir, isso precisa deixar claro, toda a direita golpista e bolsonarista, a esquerda mais uma vez capitula na sua política de migalhas jogadas pelos golpistas. Isso reflete, para a militância da esquerda, uma desmoralização sem limites e confunde a todos que estão ligados à esquerda. A formação da Frente Ampla na Câmara dos Deputados é uma capitulação que refletirá no arranjo eleitoral de 2022, levando a um candidato direitista (com ares de esquerdista) para que a esquerda oportunista (na realidade, seus dirigentes) apoiem-no sem nenhum pudor. Nesses termos, sem força política na base e mobilizatória em decorrência dessas capitulações parlamentares, o regime iniciado com o Golpe de Estado de 2016 continuará a se aprofundar cada vez mais, ao menos que a esquerda tome uma política independente para defender os interesses da classe trabalhadora, pelo Fora Bolsonaro e por um candidato que represente essa política independente que, ainda hoje, apresenta-se na figura do ex-presidente Lula.


https://www.brasildefato.com.br/2020/12/23/oposicao-articula-alianca-tatica-para-impedir-dominio-de-bolsonaro-na-camara

http://atarde.uol.com.br/politica/noticias/2152154-pt-quer-que-baleia-rossi-se-comprometa-a-considerar-pedidos-de-impeachment-contra-bolsonaro-antes-de-apoio-oficial

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2021/01/maioria-do-pt-deve-optar-por-baleia-rossi-diz-deputado.shtml

https://www.causaoperaria.org.br/nova-diretoria-prepara-privatizacao-do-botafogo/


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