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segunda-feira, 8 de março de 2021

08 de março, dia internacional da mulher



A data que tem no Brasil um marco trágico de morte de um conjunto de mulheres em uma fábrica têxtil de Nova Iorque no início do século XX no ano de 1911 expressou, no limite, as péssimas condições trabalhistas pelas quais as mulheres eram submetidas na marcha da revolução industrial. O conjunto de mulheres carbonizadas, simbolizou a expressão última da violência contra as mulheres. Ainda no século XX, anos mais tarde, a data foi apropriada agora pelas grandes corporações, têxtis também, mas não só, para aumento de suas vendas no varejo.

O século XXI traria avanços consideráveis no Brasil, com severos resquícios de atrasos. No campo da política institucional, o país elegeu a sua primeira mulher como presidenta e foi criada uma cota proporcional de mulheres para ocupação de cargos políticos. Na esfera da vida civil, as mulheres eram maioria nas vagas preenchidas das universidades e as cotas raciais conseguiam também preencher este espaço com mulheres. Reivindicava-se, por parte dos movimentos feministas, nomes femininos nas artes, filosofia e ciência. Os movimentos identitários liberais pautavam representatividade nas publicidades e quebra da objetificação do corpo da mulher, reproduzida nas peças publicitárias que circulavam na grande mídia. O advento da internet no século passado e seu constante aperfeiçoamento neste século criou inúmeros canais de comunicação para denúncia contra a violência a mulher, o que levou diversas mulheres a criar coragem para expor seus agressores, rompendo com um ciclo de silêncio. Apenas alguns exemplos de avanços.

 Porém, este início de século que avançava a continuidade de conquistas das lutas do século anterior trouxe em seu bojo as contradições das relações sociais. O país que havia elegido a sua primeira presidenta foi também o país que, desde 2013, lutou para destituí-la de sua cadeira. A cota proporcional de gênero na política institucional seguiu o fisiologismo político, onde denuncias de fraudes das legendas partidárias, para cumprir tabela, fora denunciada pela mídia. Já na esfera civil acentuava-se a publicidade do número de morte de mulheres, que a literatura especializada convenciou chamar de feminicídio.

Sobre o feminicídio, poderíamos usá-lo como pedra basilar para reatualizar o significado do dia internacional das mulheres. Se o Brasil utilizou como marco trágico a morte de um conjunto de mulheres de uma só vez dentro de uma fábrica nos Estados unidos no século passado (marco este disseminado em aparelhos ideológicos de poder, pois há outros marcos pelo mundo), o feminicídio – caro e tradicional em terras brasileiras – pode ser lido como uma forma de diluição da morte de mulheres na sociedade. Na esfera da vida cotidiana um conjunto de mulheres morrem todos os dias. E era até então invisível aos olhos do Estado e sociedade civil por estar particularizado. E sabemos que matar mulheres para defender a honra era, até então, legítimo. Só recentemente o STF barrou tamanha bizarrice. Sempre houve uma tácita permissão de execução de mulheres em nosso país. A base que sustenta esse modus operandi é a cultura patriarcal somada a misoginia e machismo que de tão bem consolidados no imaginário brasileiro, é reproduzido inclusive por mulheres em nosso país. 

Deste modo, nesta data em que se celebra a luta das mulheres, nos aponta que em mais de cem anos de celebração deste dia, o direito à vida é ainda uma pauta de conquista no Brasil. Pela complexidade e dimensão continental a qual estamos inseridos, compreender que assegurar o mais básico dos direitos destes tempos modernos, que é o da simples existência, é um carma que carrega a quem se torna mulher. Não há nada o que se comemorar.


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domingo, 28 de fevereiro de 2021

Eleições nos EUA (15): George Soros


A Revista Time classificou George Soros como o “Robin Hood” dos nossos tempos. Isso porque supostamente ele tira dinheiro dos ricos da Europa e EUA para dar aos pobre da Rússia e Europa do Leste. Segundo a revista, isso justifica as especulações que realiza contra os bancos centrais das nações ocidentais, já que esse recurso seria destinado a constituição de sociedades abertas nas antigas repúblicas soviéticas. Porém, George Soros apresenta muito mais coisas ruins do que alguém poderia imaginar, sendo ele um verdadeiro agente financeiro em favor dos interesses mais escusos do imperialismo. Também foi um judeu que colaborou com o nazismo e a morte de outros judeus.

George Soros é uma figura muito importante em qualquer contexto de eleições nos EUA, já que é um dos mais importantes financiadores e tem por preferência candidatos do Partido Democrata. Soros é um dos maiores defensores da legalização das drogas e atua como especulador financeiro no mercado cambial. Sendo um judeu nascido na Hungria, colaborou com o regime nazista a retirar a propriedade de milhares de judeus húngaros e enviá-los a campos de concentração. Soros não tem nenhum problema em assumir isso em entrevistas e dizer que não guarda arrependimento do que fez. 

No início da sua carreira, Soros foi um banqueiro que colecionava fracassos. Isso se deu até o momento que começou a receber apoio financeiro da família Rothschild e iniciou um conjunto de operações financeiras especulativas bem sucedidas na Suíça. George Carlways, um banqueiro inglês que trabalhava para os Rothschild, foi quem proporcionava recursos financeiros para o Quantum Fund de Soros. 

Quem crítica publicamente Soros normalmente caba sendo acusado de nazista ou antissemita pelos meios de comunicação. Mas quem ajudou com a ocupação nazistas na Hungria e na perseguição de judeus foi ele, que alega ter se fingido de cristão para sobreviver. Seu pai, Tivadar Soros, escreveu um livro para tratar de suas práticas de colaboração com o nazismo. Além de confiscar propriedades de judeus, Soros também os escoltava para fora do país. 

Soros admite publicamente que sobreviveu na Hungría nazista durante a guerra, como judeu, adotando o que ele denomina de "uma dupla personalidade". Soros não abandonou o país até os anos após o final da guerra. Ele e seus amigos dos meios de comunicação ão hesitam em acusar a qualquer opositor da política de Soros, sobre tudo na Europa oriental, de ser “antisemita”. A identidade judia de Soros, ao que parece, só tem valor utilitário para ele, ao invés de ser uma fonte de valores morais.

George Soros foi um dos principais apoiadores e financiadores de Barack Obama. Os recursos de Soros financiavam até mesmo Obama quando ele estava no início de sua carreira política. Junto com Soros, as famílias Prescott e Crown de Chicago, Illinois, também realizaram financiamento político para o Obama e formaram uma espécie de lobby para pressionar o senado dos EUA em favor de certas pautas. Esse grupo passou a angariar Obama e conseguiu reunir recursos financeiros da City londrina, de Wall Street, de Connecticut e de paraísos fiscais do Caribe e ex-colônias britânicas. Naquele instante a elite financeira preferia Barack Obama ao invés de Hillary Clinton, algo que mudou depois que ela liderou a guerra contra a Líbia e o assassinato de Muammar Gadaffi. 

Em 1992 Soros despontou como um agente financeiro que especulou contra a Libra Esterlina e o Marco alemão, e em meio a uma crise cambial europeia faturou bilhões de dólares. A partir de então passou a ser um dos principais porta-vozes em favor da legalização das drogas, sendo um importante financiador de políticos que defendem essa agenda nos EUA, Rússia e outros países. Soros parece estar empenhado no objetivo de retomar o antigo projeto do Império Britânico contra os chineses durante a Guerra do Ópio, só que agora em relação a todos os países do mundo. Sempre quando possível apoiou leis de legalização do uso, produção e vendas de drogas. Ele afirma que isso trata-se apenas de uma evolução nos direitos civis. Por meio de seu grupo Human Rights Watch atua contra qualquer tipo de repressão às drogas. 

A Rússia e alguns outros países proibiram a presença da organização Human Rights Watch pertencente a Soros em seus territórios. Essa organização, junto a outras ações de Soros, atuam deliberadamente com o intuito de derrubar governos que não estão alinhados aos interesses imperialistas. Suas ações se dão muito claramente com o intuito de defender os interesses da oligarquia financeira internacional e destruir qualquer soberania nacional dos países. A criação de células terroristas internas por Soros, tem o propósito de promover golpes de Estado e derrubar regimes políticos.

Soros utiliza três fundos para realizar suas operações financeiras: Quantum Group of Funds, Soros Management Fund e Soros Fund. Além disso, ele faz parte de conselhos de administração de outras instituições financeiras, como o Union Bancaire Privée. O Soros Fund e o Open Society Institute são utilizados com finalidades supostamente filantrópicas. Na realidade o que George Soros faz é conseguir isenções tributárias por meio do uso de recursos obtidos com especulação financeira ao financiar golpes contra governos por meio do Open Society Institute. O Soros Fund é utilizado para especular contra moedas de determinados países os quais o imperialismo deseja realizar trocas de regime.

Apesar de realizar esse papel tão importante para a manutenção das estruturas imperialistas, a verdade é que Soros é a cara visível e uma figura menos importante de um sistema absurdamente grande e baseado em uma rede secreta de interesses financeiros provados. Essa rede é formada por um conjunto de famílias aristocráticas e reais europeias, incluindo a família real britânica, os Windsors.

Alguns analistas e ex-membros de agências de inteligência chamam essa rede financeira secreta de “Clube das Ilhas” e entendem que trata-se de uma reconfiguração do Império Britânico após o seu fim, depois da 2ª Guerra Mundial. Acredita-se que os ativos financeiros do “Clube das Ilhas” giram em torno de US$ 10 trilhões. O grupo teria quase que um controle completo no mundo sobre recursos como petróleo, drogas, ouro, diamantes e outras matérias primas importantes, usando esses ativos com finalidades de manipulação de sua agenda geopolítica. Empresas britânicas ou anglo-holandesas como Royal Dutch Shell, Imperial Chemical Industries, Lloyds de Londres, Unilever e DeBeers teriam fortes laços com o Clube das Ilhas. 

Essa rede financeira privada ligada a velha aristocracia europeia age com instrumentos supranacionais. Reproduz certos aspectos da Companhia Anglo-holandesa das Índias Orientais do século XVII, tendo como centro das operações a City londrina. 

Soros atua como aqueles que na Idade Média ficaram conhecidos como Hofjuden, judeus da corte que gozavam de proteção de famílias aristocráticas e em troca realizavam trabalhos dos mais escusos. Soros hoje vive em Nova York, pois é ali que está o maior centro financeiro do mundo. A sede fiscal do Quantum Fund, por exemplo, são as Antilhas Holandesas, no Caribe. A sede social de Soros fica em Curaçao, outra ilha caribenha que funciona como paraíso fiscal da City londrina. As Antilhas Holandesas são ainda uma colônia holandesa que funciona como sede da lavagem de dinheiro da maior parte dos recursos oriundos do tráfico de cocaína e outras drogas na América Latina. 

O nome Quantum de seu fundo faz referência à teoria atômica do físico quântico alemão Werner Heisenberg, que prevê a impossibilidade de medir a posição e a velocidade de uma partícula atômica ao mesmo tempo. Com isso, Soros tentou passar a ideia de que todo investimento implica em riscos de perda, já que não é possível ter uma visão determinista sobre todos os fatores necessários.

Revoluções coloridas na periferia da Rússia, como a revolução laranja na Ucrânia e a revolução rosa na Geórgia, tiveram apoio dos fundos de George Soros e do Open Society. Em 2008, durante a guerra entre Rússia e Geórgia pela Osetia do Sul, as organizações de Soros foram ativas no sentido de propagar a ideia de que a Rússia era uma ditadura que invadiu um país indefeso. Soros também financiou os georgianos opositores à Rússia. Outro financiador da revolução rosa na Georgia foi Lord Marl Malloch Brown.  

Jeffrey Sachs, um dos mais expoentes defensores do neoliberalismo e autor de "Terapia Do Choque", é operador de George Soros. Sachs foi responsável pela expropriação da Polônia e de repúblicas soviéticas na sequência do colapso do bloco comunista. O resultado foi o enriquecimento de bancos e fundos financeiros ocidentais e a destruição e miséria desses países. Sachs comprou industrias, laboratórios de pesquisa e universidades soviéticas, as tirou do seu país de origem e colocou os lucros obtidos em paraísos fiscais britânicos. Também aplicou a terapia do choque, causando fugas de capitais e de cérebros e criando o que ele dizia ser um sistema de livre mercado. As contínuas políticas de austeridade geraram falta de alimento e desemprego em todo o leste europeu.

Soros financia campanhas supostamente por direitos humanos que tentam desqualificar Putin, criando no país protestos que se assemelham àqueles vistos na primavera árabe. Desde o final da URSS, a Rússia sempre foi o lugar preferido para Soros colocar seu dinheiro com finalidades supostamente filantrópicas. A rede de financiamento de Soros também atinge a América Latina e o próprio EUA, sendo seu público preferencial lideranças políticas de esquerda que defendem pautas identitárias. 

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Eleições nos Estados Unidos (13): As onze nações rivais que formam os Estados Unidos


A obra do pesquisador Colin Woodard “American Nations: A History of the Eleven Rival Regional Cultures of North America” nos apresenta uma interpretação sobre a constituição dos EUA muito diferente do que estamos acostumados. Woodard concluiu que os EUA é uma nação formada por onze subnações distintas e  rivais. Seu livro apresenta uma descrição de características fundamentais de cada uma dessas subnações, que se caraterizam principalmente pelos valores culturais bastante específicos, sendo que entendimentos como "liberdade individual" e "papel do estado" varia em cada uma delas. 

A denominação que Woodard dá as subnações estadunidenses são: New France, Yankedom, New Netherland, TideWater, Greater Appalachia, Deep South, First Nation, The Midlands, El Norte, The Far West e The Left Coast.


New France

A New France compreende territórios dos estados de Louisiana, principalmente Nova Orleans, e do Quebec, no Canadá. São regiões que sofreram forte exploração imperialista ao longo de sua formação, mas que se constituíram com valores liberais nos costume e de defesa da intervenção estatal na economia. Essa subnação tende a ter valores positivos em relação a questão homoafetiva e racial, constituindo-se a partir do multiculturalismo. Woodard entende que a Nova França é resultado do encontro da cultura rural do norte da França com tradições indígenas do nordeste da América do Norte.


Yankedom

O Yankedom compreende a região nordeste dos EUA conhecida como Nova Inglaterra (Maine, Vermont, Nova Hampshire, Massachusetts, Connecticut e Rhode Island), o interior do estado de Nova York e a parte norte da região conhecida como meio-oeste industrial (Pensilvânia, Ohio, Indiana, Michigan, Illinois, Wisconsin, Iowa e Minnesota). Essa subnação é resultante do processo de colonização de imigrantes puritanos de origem inglesa, escocesa e irlandesa. Woodard identificou que trata-se de uma região onde as pessoas são favoráveis a intervenção estatal na economia e bastante abertas para pessoas de culturas distintas. Há uma valorização pela educação e participação política. Segundo Woodard, o povo ianque seria influenciado por uma busca de desenvolvimento civilizacional com ênfase no viés econômico terrestre (e não por meio do comércio marítimo), colocando o bem comum acima do individual. Para eles a liberdade e a autoridade são resultantes da comunidade e os ricos deveriam contribuir com impostos, hospitais, bibliotecas e escolas como forma de elevar a dignidade e emancipação dos demais. Importantes líderes políticos como Theodore Roosevelt, Franklin Delano Roosevelt, Woodrow Wilson, John Fitzgerald Kennedy e George Hebert Bush e membros da elite econômica como a família Rockefeller, Bill Gates e Warren Buffet são de origem ianque. Chicago, Detroit, os grandes lagos e as principais regiões industriais dos EUA encontram-se em Yankedom.


New Netherland

A New Netherland é formada pela cidade de Nova York e parte dos estados de Nova York, Nova Jersey e Connecticut. A região foi colonizada por holandeses, guardando muitas características de desenvolvimento civilizacional do Império colonial holandês. Conforme Woodard, entre as suas características está o de ser um dos principais centros comerciais do mundo, que mantém uma enorme tolerância com a diversidade étnica e religiosa, além de compromisso com a liberdade de pensamento e de produção científica. Ao longo de sua história, a New Netherland foi um importante destino para pessoas de todo o mundo que sofreram perseguição em seu país de origem. Wall Street, o maior e o mais importante centro financeiro do mundo, encontra-se na Ilha de Manhattan, em New Netherland.


TideWater

O Tide Water abrange áreas das costas de antigas colônias imperiais, como Maryland, Virgínia e Carolina do Norte. Washington D.C., a capital dos EUA, encontra-se no TideWater. Para Woodard, a região desenvolveu sociedades com características feudais e marcadas pela escravidão, o que justificaria a familiaridade das pessoas com códigos de autoridade e tradição. Cabe destacar que o Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos EUA, fica ao lado do Rio Potomac, no condado de Arlington, no estado da Virgínia, portanto no TideWater. Também se encontra aqui a cidade de Norfolk, sede de uma das maiores bases navais militares dos EUA e seu ponto marítimo estratégico mais importante.  Questões como igualdade e participação política não são tão importantes para a população do TideWater, segundo Woodard.


Greater Appalachia

O Greater Appalachia compreende territórios dos estados da Pensilvânia, Virgínia Ocidental, Kentucky, Tenessee, Arkansas, Oklahoma e Texas. Para Woodard a população da região do Grande Appalachia formou-se a partir de guerreiros e portanto desenvolveu uma ética militar. No entanto, defendem valores de soberania pessoal e liberdade individual. Durante a guerra civil (1861 – 1865) o Grande Appalachia pertenceu aos estados confederados em um primeiro momento, mas depois se alinhou à União. Hoje, segundo Woodard, o Grande Appalachia tem tido posicionamentos contrários a forma de organização federativa dos EUA, apresentando forte rivalidade tanto contra os aristocratas do Deep South como contra os imperialistas humanitários ianques do Yankedom.


Deep South

O Deep South corresponde a territórios dos estados da Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia, Florida, Alabama, Mississipi, Louisiana e Texas. Sua formação está associada a um modelo de colonização imperialista relacionado à Companhia Britânica das índias Ocidentais, marcada pela servidão e autoritarismo. Muitos desses colonizadores eram pertencentes à nobreza britânica que produziam açúcar, rum e algodão em Barbados e outras ilhas do Caribe. Segundo Woodard, implementaram um sistema de castas e se opõem até hoje ao poder federal e a intervenção e regulação estatal sobre a economia. Tendem a usar o aparato repressivo do estado como instrumento de perpetuação da violência e das desigualdades sociais. As elites aristocráticas do Deep South tendem a gastar seu dinheiro com o consumo suntuário de bens importados e fazer oposição à bibliotecas, ensino universal, liberdade de imprensa e desenvolvimento tecnológico.


First Nation

A First Nation compreende o Alaska e certos territórios do Canadá. Tendo a menor população e a maior área territorial dentre as nações, é formada por povos nativos que sempre tiveram resistência à colonização de povos europeus. Woodard afirma que os povos da First Nation preservam conhecimentos e uma cultura que os permitem viver em regiões muito frias e hostis do ártico. Seu território que chega a ser maior que toda a parte continental dos EUA é povoado por algo em torno de 300 mil pessoas. 


The Midlands

The Midlands compreende territórios de Delaware, Pensilvania, Ohio, Indiana, Illinois, Iowa, Nebraska, Kansas, Tennessee, Oklahoma, Texas, Penhandle e Novo México. A região do Midlands também é conhecida como América Central ou coração dos EUA. Woodard considera que essa região é formada por uma população de classe média com muitas variações étnicas e bastante pluralista. Seus primeiros colonizadores foram alemães que compartilhavam com os ianques a ideia de que o benefício comum deveria se sobrepor ao individual. No entanto, trata-se de um povo que não aprova a intervenção estatal na economia.


El Norte

El Norte compreende territórios dos estados do Texas, Novo México, Arizona e California e os estados do norte do México. Para Woodard, El Norte se caracteriza como um dos lugares mais particulares de todo o EUA, já que sua formação tem forte influência da colonização do Império Espanhol e portanto predomina a cultura hispânica. As pessoas que vivem nessa subnação são consideradas muito trabalhadoras, independentes, autossuficientes e com muita capacidade de adaptação. Esse povo também possui um certo ímpeto revolucionário, como influência do histórico do El Norte em guerras de independência do Império Espanhol ou contra os EUA. Os estados mexicanos pertencentes ao El Norte também promovem movimentos separatistas em relação ao México.


Far West

O Far West compreende as regiões das Grandes Planícies e ao Oeste das Montanhas (Dakota do Norte, Dakota do Sul, Nebraska, Kansas, Montana, Wyoming, Colorado, Utah, Idaho, Nevada, Arizona, Novo México, Alasca, Washington, Oregon e Califórnia). Para Woodard essa região se caracteriza mais por questões ambientais que etnográficas. Sua colonização se deu pela presença de corporações sediadas em grandes metrópoles que construíam ferrovias e sistemas de exploração mineral. Muitos trabalhadores foram levados para essa região e ali deixados em situação de dependência e pobreza ao final da exploração mineral. Segundo Woodard, isso é uma das razões para que a população de Far West faça oposição ao governo federal e aos ianques. 


The Left Coast

The Left Coast compreende a região da costa oeste dos EUA (Califórnia, Alasca, Oregon e Washington) e a região da Colúmbia Britânica no Canadá. Essa região que fica no oceano Pacífico foi colonizada por pessoas oriundas da Nova Inglaterra e Greater Appalachia, caracterizando uma mistura de culturas muito distintas. Conforme Woodard, houve a tentativa de constituir uma Nova Inglaterra no Pacífico por parte de missionários puritanos ianques, algo que não foi completamente bem sucedido devido à influência cultural de pessoas oriundas do Grande Appalachia. Cabe destacar que a Califórnia é o estado mais rico dos EUA e que a sede da indústria cinematográfica, Hollywood, e da tecnologia da informação, Vale do Silício, encontram-se na Left Coast. Para Woodard, a Left Coast é resultante de uma idealização utópica de liberdade ianque e um sentimento de autoexpressão e exploração dos oriundos do Grater Appalchia. Isso teria influenciado na capacidade de desenvolvimento de produção cultural e de tecnologia da informação. A Left Coast foi também o berço do surgimento da New Age e do movimento hippie, sendo sede do Festival de Monterey, antecessor do Woodstock. A atual vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, é do Left Coast. Importantes cidades como Los Angeles, São Francisco, San Diego, San José, Seattle e Portland estão nessa subnação. A UCLA (Universidade da California de Los Angeles) foi sede do Maio de 68 estadunidense e hospedou alguns do mais importantes intelectuais das pautas identitárias do mundo, como Herbert Marcuse e Angela Davis. The Left Coast apresenta-se como a subnação que mais se alinha com o Yankedom e que mais possui conflitos com Far West.


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Notícias do mundo: Elementos históricos fundantes para a compreensão da geopolítica atual


Em 1913, um ano antes do início da 1ª Guerra Mundial, foi criada a Reserva Federal dos Estados Unidos (FED) aos moldes de um Banco Central que serve aos interesses de ganhos financeiros especulativos da banca e financistas internacionais. Esse acontecimento foi o início de um processo mais intenso de destruição de um modelo capitalista de produção de bens baseados na economia real, que tinha existido até então.


Em 1944 entra em prática o sistema de economia internacional baseado no dólar e pactuado nos Acordos de Bretton Woods. Durante os anos 1950 iniciaram as reuniões e esforços para colocar fim ao modelo econômico de crescimento ilimitado iniciado em 1492, com o descobrimento da América. Em 1949 o Tratado de Washington criou a OTAN. Em 1954 foi criada a organização transatlântica para a governança de interesses imperialistas Clube Bildeberg. 


Após a Guerra dos 30 anos entre católicos e protestantes, que perdurou entre 1618 e 1648, instaurou-se a paz de Vestfália, que institui os estados nações modernos. Os modelos de governança transatlânticos que surgiram na década de 1960 buscaram eliminar o conceito de Estado nação e instituir o conceito de empresa mundial S.A. como uma organização privada que possui muito mais poder econômico, financeiro, militar e político que qualquer outro tipo de organização na face da Terra, incluindo os estados soberanos. Seria o mesmo que uma Companhia Britânica das Índias Orientais elevado a enésima potência. A ideia de uma empresa mundial partiu de decisões dos mais importantes representantes governamentais e empresariais do mundo durante a reunião do Club Bildeberg que aconteceu na cidade de Mont-Tremblant, no Canadá, em 1968.


Em 22 de novembro de 1963 assassinam o Presidente John Kennedy, que exercia um papel importante em uma agenda política anti-imperialista e que promovia avanços contra o capitalismo financeiro. Com a Ordem Executiva 11110 de 4 de junho de 1963, Kennedy tirava autoridades financeiras do FED, eliminava o peso da dívida para o governo estadunidense e ainda criava um modelo de desenvolvimento industrial e tecnológico sem influência de especuladores. Em 1971 foi anunciado o fim da paridade entre o ouro e o dólar. Em 1973 acontece a aliança entre Henry Kissinger e a monarquia saudita que culminou no sistema de petrodólares. Em 1974 aconteceu o golpe de Estado do qual fez parte Hillary Clinton contra o Presidente Richard Nixon, conhecido como Watergate. 


Em 1979, Deng Xiaoping e Jimmy Carter firmaram um acordo secreto de não agressâo militar de 40 anos que foi ampliado em mais 2 anos e, portanto, encerra em 2021. Isso permitiu que Estados Unidos e a classe militar chinesa (dragões amarelos) alavancassem os elementos fundamentais para a base do neoliberalismo e se tornassem os dois parceiros estratégicos mais importantes do mundo. Desde então a China ajudou os EUA a conspirar pelo fim da URSS e a planta industrial dos EUA migrou para a China, onde trabalhadores recebem salários muito baixos e não há sindicatos. Isso serviu para a pauperização quase completa e desmobilização sindical da classe trabalhadora e média nos EUA. A China também passou a ser o principal comprador de papeis referentes a dívida estadunidense, sistema esse que alavancou o modelo de capitalismo financeiro especulativo e não produtivo baseado em Wall Street.  Em 1981, Paul Volcker lidera a política conhecida como Reaganomics, baseada no neoliberalismo e expansão econômica assentada em dívida.


Durante a década de 1960 a burocracia estatal soviética iniciou acordos secretos e esforços para a união com os EUA e demais potências ocidentais em um sistema único mundial. O representante maior desse projeto foi Mikhail Gorbatchov. Isso levou a iniciativas como a Glasnost e a Perestroika e na dissolução e expropriação do Estado soviético. Esses mesmos burocratas foram traídos, já que o poder e a riqueza não foi dividida com eles, uma prática muito costumeira do imperialismo. O Papa polonês e representante da Opus Dei, João Paulo II, exerceu um papel fundamental para o fim da URSS e desmontagem do bloco comunista. O país, que tinha um crescimento econômico de 10% ao ano no início dos anos 1990, não perdeu a Guerra Fria, apenas se fundiu ao sistema especulativo financeiro de expropriação capitalista.


Em 1991 inicia o fim sistemático do sistema capitalista, que tinha como última fonte de expropriação para o seu sustento todo o patrimônio e ativos da URSS. Esses ativos serviriam como fonte de sustentação para o capitalismo até aproximadamente o ano de 1997, quando estoura a crise dos Tigres Asiáticos. Em 1998 inicia a crise russa. Nos anos 1980 a fonte de recursos para a sustentação desse modelo de capitalismo financista foram os ativos da América Latina, através da crise da dívida externa fabricada pelo próprio EUA. Nos anos 2000 as fontes de expropriação foi a classe média europeia e hoje é a própria classe média estadunidense.


Em 2000 inicia as crises de confiança corporativa (Enron e Arthur Andersen) e Pontocom (Bolha da internet). Em 2001 acontece os eventos do 11 de setembro que levam às guerras do imperialismo contra o Afeganistão e o Iraque. O combate ao jihadismo internacional, que as próprias agências de inteligência estadunidense criaram e financiam junto ao governo da Árabia Saudita (wahabismo), fez com que se criasse toda uma legislação "antiterrorismo" que restringiu direitos civis e criou a base de um Estado fascista dentro dos EUA: USA Patriot Act. Em 2007 inicia a crise da dívida na Europa. Em 2008 inicia a crise do "subprime" (Lehman Brothers) nos EUA. Em 2011 inicia o escândalo do político socialista francês e então diretor geral do FMI Dominique Strauss-Kahn. 


Em 2012 Barack Obama retira de seu conselho econômico todos os representantes da Goldman Sachs e JP Morgan. Em 2014 tornam-se pública as manipulações financeiras práticas no governo Obama para a emissão de "quantitative easy". Em 2016 ascende Donald Trump e o Brexit. Isso marca a redução de status dos mega-bancos e a ascensão dos giga-bancos: Black Rock, Fidelity, Vanguard e State Street.


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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O imperialismo sempre foi o patrocinador do terrorismo jihadista: entrevista de Zbigniew Brzezinsk para o Le Nouvel Observateur.


Em janeiro de 1998 a revista francesa Le Nouvel Observateur publicou uma entrevista com o conselheiro de segurança nacional do governo de Jimmy Carter: o polonês, Zbigniew Brzezinsk, que foi um dos mais importantes teóricos anti-comunistas da história, sendo responsável direto por um conjunto de eventos importantes que levaram ao colapso da URSS e a formação do “Império do Caos”. Nessa entrevista, Brzezinsk fala com todas as letras algo que já é sabido por quase todos: que utilizou-se da estrutura militar e da inteligência dos EUA para a criação do jihadismo internacional com o propósito de servir os interesses imperialistas de desestabilizar e derrubar regimes políticos comunistas e nacionalistas. Isso derruba a tese difundida no ocidente de que islâmicos são naturalmente terroristas. Abaixo vai a entrevista traduzida para o português e publicada no Brasil em primeira mão pelo Farol Operário.


Nouvel Observateur: O ex-diretor da CIA, Robert Gates, declarou em suas memórias (From the Shadows), que os serviços de inteligência americanos iniciaram a ajuda aos mujahidin, no Afeganistão, 6 meses antes da intervenção soviética. Nesse período, você foi conselheiro de segurança nacional do presidente Jimmy Carter. Você, portanto, desempenhou um papel neste caso. Isso é correto?

Zbigniew Brzezinsk: Sim. De acordo com a versão oficial da história, a ajuda da CIA aos Mujahadeen começou em 1980, ou seja, depois que o exército soviético invadiu o Afeganistão, em 24 de dezembro de 1979. Mas a realidade, secretamente guardada até agora, é completamente diferente: de fato, foi em 3 de julho de 1979, quando o presidente Carter assinou a primeira diretriz de ajuda secreta aos oponentes do regime pró-soviético em Cabul. Nesse mesmo dia escrevi uma nota ao presidente na qual lhe explicava que, em minha opinião, essa ajuda iria induzir uma intervenção militar soviética.


Nouvel Observateur: Apesar do risco que existia, você foi defensor dessa ação secreta de Jimmy Carter. Você desejava esta entrada soviética na guerra e procurou provocá-la?

Zbigniew Brzezinsk: Não é bem isso. Não pressionamos os russos a intervir, mas conscientemente aumentamos a possibilidade de que o fizessem.


Nouvel Observateur: Quando os soviéticos justificaram sua intervenção militar afirmando que pretendiam lutar contra um envolvimento secreto dos Estados Unidos no Afeganistão, as pessoas não acreditaram. No entanto, havia uma base de verdade. Você não se arrepende de nada hoje?

Zbigniew Brzezinsk: Arrepender de quê? Essa operação secreta foi uma excelente ideia. Teve o efeito de atrair os soviéticos para a armadilha afegã e você quer que eu me arrependa? No dia em que os soviéticos cruzaram oficialmente a fronteira, escrevi ao presidente Carter: Agora temos a oportunidade de dar à URSS sua guerra do Vietnã. Na verdade, por quase 10 anos, Moscou teve que travar uma guerra insuportável pelo governo afegão, um conflito que trouxe a desmoralização e, finalmente, a dissolução do império soviético.


Nouvel Observateur: E você também não se arrepende de ter apoiado o fundamentalismo islâmico, de ter dado armas e conselhos a futuros terroristas?

Zbigniew Brzezinsk: O que é mais importante para a história do mundo? O Taleban ou o colapso do império soviético? Alguns muçulmanos agitados ou a libertação da Europa central e o fim da guerra fria?


Nouvel Observateur: Alguns muçulmanos agitados? Mas já foi dito e repetido pelos EUA que o fundamentalismo islâmico representa uma ameaça global, hoje.

Zbigniew Brzezinsk: Bobagem! Também foi dito que as nações ocidentais tinham uma política global em relação ao Islã. Isso é estupidez: não existe um islã global. Olhe para o Islã de maneira racional, sem demagogia ou emoção. O islã é a religião líder do mundo, com 1,5 bilhão de seguidores. Mas o que há em comum entre o fundamentalismo da Arábia Saudita, a monarquia moderada do Marrocos, o militarismo do Paquistão, o Egito pró-ocidente ou o secularismo da Ásia Central? Não há nenhuma diferença daquilo que une os países cristãos ocidentais...

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Agenda editorial Internacional do Farol Operário para 2021



A cada ano que passa as coisas tem se tornado cada vez mais intensas do ponto de vista das políticas internacionais. Acontecimentos que no passado levavam anos ou décadas, agora ocorrem em questão de semanas, dias ou até mesmo horas. Guerras, terrorismo, conflitos armados, doenças em nível global, crises políticas e crises econômicas pautam a nossa existência cotidiana de guerra de sobrevivência. 

Concepções dualistas como bem e mal, socialistas e capitalistas, OTAN e Pacto de Varsóvia, brancos e pretos do jogo de xadrez, entre outras, são insuficientes para explicar a realidade complexa onde nos encontramos hoje.  Com o assassinato do mártir iraniano Qasem Soleimani, o anúncio do The Great Reset, a pandemia de COVID-19 e um conjunto de outros acontecimentos importantes, 2020 superou todas as expectativas de pessimismo baseadas em acontecimentos dos anos que o antecederam. Nesse sentido, cabe destacar os grandes temas que deverão receber destaque e ser objeto de análises no ano de 2021.


Estados Unidos

Após um ano extremamente conturbado e uma eleição com diversos indícios que levam a suspeita de fraude, a nação que serve como sede principal do imperialismo será foco das análises de política internacional do Farol Operário. Sede principal porque também temos outras sedes importantes do imperialismo como Reino Unido, Israel e Suíça. Assume Joe Biden ao lado de Kamala Harris, ambos pertencentes a ala dos imperialistas humanitários. Ele, velho conhecido senador e vice-presidente que teve um papel fundamental na promoção de guerras e golpes de Estado. Ela, representante de corporações situadas principalmente no Vale do Silício como Apple, Microsoft, Amazon, E-bay, Facebook, Twitter e Google deverá dar ainda mais poderes autoritários, de controle e de censura para as empresas californianas do Big Tech.


Sistema financeiro 

 A economia dos EUA precisa de US$ 3 trilhões de recursos externos ao ano que são conseguidos de diversas formas com o uso da máquina de expropriação e sabotagem imperialista. O suposto escândalo dos "panamás papers" no ano de 2016 não passou de uma jogada do imperialismo para sacar US$ 3 trilhões que aristocratas ingleses sediados na "city" londrina tinham depositado nas Ilhas Cayman. Em 2015 os sistema financeiro realizaram manipulações cambiais com o Rublo e expropriou US$ 200 bilhões da Rússia. Nesse mesmo ano também se apropriou por vias cambiais de US$ 100 bilhões da China e US$ 200 bilhões do Quirguistão e da Hungria. O BitCoin foi um projeto de inteligência criado pela NSA dos EUA e que hoje representa um marco importante na grande crise que se aproxima onde discute-se sobre o fim dos petrodólares e substituição por sistema de criptomoedas. Hoje tem cada vez mais poderes os megabancos estadunidenses e europeus, como: Black Rock, Vanguard, State Street e Allianz.


Donald Trump

Enquanto representante político de direita de uma agenda industrialista, anti-globalista, nacionalista, protecionista, isolacionista e conservadora em costumes familiares-religiosos, deverá continuar sua atuação política de denúncia aos instrumentos imperialista e o aparato de guerra que promoveu a fraude eleitoral. Depois de inúmeras traições dentro do Partido Republicano, existe a possibilidade de sair desse partido e fundar o seu próprio partido de inspiração Jacksoniana (Andrew Jackson, 7º Presidente dos EUA que lutou contra os instrumentos de domínio financeiro do Império Britânico). Esse partido deve se chamar algo do tipo "Partido Patriota".


Vladimir Putin

As estruturas do Deep State não permitiram uma reunião entre Putin e Trump. Putin foi uma resposta política à crise russa de 1998 dada por três grupos importantes russos: a família de Boris Yeltsin, as forças de segurança e os oligárquicas. Com o tempo ele ganhou protagonismo e se tornou a principal figura da Rússia e um dos principais atores políticos do mundo. 


Guerra Civil nos EUA

A guerra civil dentro dos EUA se acentua. Existem movimentos separatistas importantes nos estados República da California (Caliexit) e República do Texas (Texit). As contradições de natureza de luta de classes existentes devido ao aprofundamento da situação de miséria da classe média e classe trabalhadora, a recessão econômica e desemprego de aproximadamente 61 milhões de pessoas, fez surgir uma massa de pessoas eleitoras de Trump, armados, em sua maioria brancos e cristãos. Essa massa de, no mínimo, 70 milhões de pessoas, são a quem Hillary Clinton chama de deploráveis. OS EUA encontra-se a beira de uma guerra civil que pode levar a um fenômeno similar ao promovido pela perestroika na URSS em 1991 ou mesmo a balcanização da Iugoslávia em 1992. 


Antifa e Black Lives Matter

Movimentos como o Black Lives Matter e Antifa, financiados por grandes corporações que se dizem preocupadas com minorias e pelo organismo de financiamento de George Soros, Open Society, devem continuar destruindo o que resta de nação estadunidense desde dentro. A destruição de monumentos sob a acusação de que eram de escravistas, confederados ou descobridores europeus, se assemelha muito ao que se presenciou com o colapso da URSS quando se derrubavam estátuas de Karl Marx e Vladimir Ilyich Lenin, principalmente em países como Polônia e Ucrânia. Não por coincidência, tanto Polônia como Ucrânia possuem hoje regimes políticos de inspiração fascista. O que se quer nos EUA com isso é apagar qualquer memória cultural e histórica que permita um valor de unidade nacional.


Deep State (Estado Profundo)

Partido Republicano e Partido Democrata aparentam ter uma agenda externa em comum baseada na guerra permanente. Esses dois países parecem formar um único partido que é o Partido da Guerra. A estrutura do Deep State baseia-se em um modelo transacional que defende os interesses imperialistas e é constituído por universidades, políticos, empresas, agências de inteligência, mídias, redes sociais, burocracia estatal e outras estruturas. 


Fim do modelo econômico financeiro-liberal

A economia estadunidense e a economia mundial está a beira de uma profunda crise. Os EUA tem hoje algo em torno de 61 milhões de desempregados e a dívida mundial é de US$ 4 quatrilhões, sendo que os maiores devedores são o governo dos EUA, empresas dos EUA e o governo da China. Esse valor cria uma verdadeira insolvência. A proposta de The Great Reset do Fórum Econômico Mundial parece ser uma tentativa desesperada de superar o colapso econômico total que se aproxima. 


Projetos globais

Os projetos globais vão além de simples dualidades. Trata-se de um modelo de análise geopolítica que não pensa o domínio do mar e da terra, como abordagens tradicionais fazem, e sim domínio do tempo a partir de projetos conceituais de poder. Os 6 projetos globais são: 1) Nova Babilônia – Nova York, Wall Street, banqueiros, financistas; 2) Nova Jerusalém – Londres, Império Britânico, Coroa Britânica, família Rothschild, cabalistas; 3) Grande Europa – Vaticano, antigas ordens e velha aristocracia europeia; 4) Grande Eurásia – Moscou, Terceira Roma; 5) Novo Califado Vermelho – Istambul 6) Datung – Pequim. Para se ter um projeto global são necessárias três características: possuir um sonho de governança nacional de longo prazo, ter um sistema econômico independente e um sistema de inteligência com alcance mundial. 


Guerras híbridas

Guerras que acontecem de forma não convencional e muitas vezes sem o uso de aparato militar. Esse tipo de guerra utiliza revoluções coloridas, redes sociais, meios de comunicação, organizações terroristas, incêndios, derrubada de aviões civis, golpes de estado, sanções econômicas, entre outras formas. Os lugares preferenciais para a realização de guerra híbrida pelo Deep State deverão ser Venezuela, Irã, Síria, Líbano e a periferia da Rússia (Quirguistão, Chechênia, Daguestão, Bielorrússia, Crimeia, Azerbaijão e Armênia).


Venezuela

Desponta como a nação mais importante de toda a América Latina pelo enfrentamento ao imperialismo. A Venezuela, que já conta com apoio militar russo e chinês no combate contra as ofensivas imperialistas pelo seu ouro e petróleo, pode exercer papel fundamental nos projetos chineses de nova rota da seda ou da rota do chá e dos cavalos. A Venezuela possui boas relações com países que a China precisa realizar alianças e pode atuar como um importante interlocutor. O país é cobiçado pelo imperialismo como rota preferencial de transporte de drogas da América Latina para a República Dominicana e de lá para Miami e Nova York. Estrategicamente cabe uma conciliação entre Venezuela e Colômbia baseada em valores para que esses dois países passam a fazer frente ao imperialismo estadunidense. A Venezuela possui muitos recursos naturais e uma importante posição geográfica, além de ter potencial de liderar a luta anti-imperialista dos países da América Latina. 


Regiões econômicas 

Com o fim da globalização, um dos projetos é o de constituição de regiões econômicas por todo o mundo. A dívida mundial é de US$ 4 quatrilhões e não há forma de pagá-la. A alavancagem financeira dos bancos europeus é de 28 para 1. 114 dos 500 bancos da Itália estão em quebra. O FED tem US$ 56 bilhões de reservas em efetivo e uma dívida de US$ 21 trilhões. Guerra é uma das formas de resolução desse grande problema; a outra é a desmontagem dos países e a criação de regiões econômicas. As regiões mais prováveis e que tem sido discutidas são: 1) EUA, Canadá, estados do norte do México, Austrália e Nova Zelândia; 2) América Latina; 3) Europa, com centralidade no eixo Paris-Berlim, 4) Rússia Ocidental, Turquia, Irã, Balcãs, os países da Ásia Central de origem turco-soviéticas; 5) Rússia Oriental, Coreias e Japão; 6) China; 7) Índia; 8) Império inglês e países árabes.


Crime organizado e narcotráfico

O que mais se aproxima do terrorismo jihadista no mundo são as organizações criminosas da América Latina, cujo mais importante negócio são as drogas. A produção de cocaína foi algo que se desenvolveu no Chile como um negócio da família de Augusto Pinochet. Desde então a Colômbia e depois o México passaram a exercer um papel fundamental. Assim como o jihadismo internacional, as organizações criminosas foram criadas por agências de inteligência estadunidenses situadas em Washington, a partir de uma relação umbilical com Wall Street e o complexo industrial militar. Qualquer ação interna para a luta contra as drogas é completamente inválida, já que os inimigos ficam em Washington. O uso das drogas como instrumento para dominação imperialista não é algo novo. O Império Português associava a escravidão africana à produção de aguardente, tornando os escravos dependentes do consumo de álcool e completamente passivos à rebelião e a luta por liberdade. O Império Britânico utilizou o ópio em uma operação clandestina para vencer duas guerras contra a China na medida em que formava uma massa de chineses dependentes dessa droga produzida no Afeganistão. Não à toa que o Hong Kong Shangai Bank (HSBC), o banco da Companhia Britânica das Índias Orientais, também recebe o nome de banco do ópio. A droga exerce um papel fundamental na economia mundial. Whacovia Bank e City Bank lavavam aproximadamente US$ 350 bilhões de narcotraficantes mexicanos. Estima-se que seu negócio move aproximadamente US$ 1 trilhão por ano para bancos e o mercado financeiro. Figuras como Pablo Escobar e Chapo Guzman são menos que coadjuvantes no jogo do qual a droga é o lubrificante mundial.

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domingo, 24 de janeiro de 2021

Eleições nos EUA (12): A América vermelha de Alaister Crooke


No dia 07 de novembro de 2020, Alaister Crooke publicou um excelente artigo na Strategic Culture Foundation. O artigo na integra tem o título de “Gridlock – Biden May or May Not Win, but Trump Remains ‘President’ of Red America” e pode ser acessado por esse link: https://www.strategic-culture.org/news/2020/11/07/gridlock-biden-may-or-may-not-win-but-trump-remains-president-red-america/ Esse texto nos ajuda a compreender um pouco mais sobre a profunda crise pela qual passa os Estados Unidos hoje. Crooke é um diplomata britânico que trabalhou na agência de inteligência britânica, MI-6, e na União Europeia. Assessorou Francisco Javier Solana de Madariaga quando esse exerceu o posto de Alto Representante da União Europeia para Assuntos Exteriores e Política de Segurança Comum. Crooke escreveu livros sobre a resistência e a revolução islâmica, sendo profundo conhecedor de organizações como o Hamas e Hezbollah, militou pela retirada militar israelense da região da Palestina.


Contrariando o popular historiador estadunidense Ron Chernow, Crooke diz não acreditar que o resultado que elegeu Joe Biden tenha tido como causa uma onda azul, cor do Partido Democrata. Crooke considera que existe um fenômeno que independe do resultado eleitoral, o qual ele chama de trumpismo vermelho, cor do Partido Republicano. Sob essa ótica, Trump continuaria exercendo forte influência sobre uma boa parcela dos estadunidenses que o apoiaram durante a campanha eleitoral.


Biden representou para um conjunto de acadêmicos e analistas políticos, como Mike Lind, valores que remetem a um retorno dos Estados Unidos à verdade e à ciência. Lind ainda considera que a vitória de Biden representa um distanciamento da sociedade estadunidense de suas raízes republicanas. 


No entanto, Crooke enxerga as coisas de forma diferente. Para ele os votos da última eleição não foram de apoio a um candidato, mas de oposição aos valores e ao projeto que o outro candidato representa. Nos próximos quatro anos esse racha deve ter uma manifestação institucional, já que a Suprema Corte e o Senado deve ficar sob o controle dos republicanos, enquanto a Câmara dos Representantes e a Casa Branca fica sob o controle dos democratas. 


Para aumentar as tensões, nos próximos quatro anos deve permanecer um sentimento geral de desconfiança sobre o sistema eleitoral dos EUA. Além do modelo de eleição indireta existente ser muito complexo e de difícil compreensão, dá margem a um conjunto de manipulações que costumam interferir nos resultados. As eleições de 2020 provou que o sistema contém erros, demoras em resultados e mudanças abruptas que colocam em questionamento a legitimidade do processo eleitoral da nação que se autoproclama como a maior democracia do mundo. Soma-se a isso as denúncias de fraude eleitoral, como o aumento brusco de votos para Biden às 4h da manhã do dia 4/11 no estado de Wisconsin e um suposto lixo com votos no estado de Michigan.


Para o experiente analista Alaister Crooke, ainda que Joe Biden seja empossado, as coisas não devem ficar muito tranquilas para os EUA nos próximos meses. Isso reforça os argumentos sobre a possibilidade de início de uma guerra civil.


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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, 102 anos de legado revolucionário


No dia 15 de janeiro de 1919, falece a revolucionária marxista Rosa Luxemburgo. Foi assassinada juntamente com o revolucionário Karl Liebknecht em Berlim, pelas Freikorps (corporação franca fascista), por ordem de Gustav Noske, militante social-democrata (SPD) que a época era ministro da Guerra.


Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht ficaram à frente da Revolução na Alemanha em 1918, momento em que os Conselhos de Operários e Soldados insurgiram contra o Reich alemão. Ambos romperam com a Social-Democracia reformista e fundaram a Liga Espartaquista (Spartakusbund) que logo mais tarde se tornou o Partido Comunista (KPD). A revolução eclodiu em Berlim, Munique, Kiel formando a República Soviética da Baviera. Na insurreição de 7 a 13 de janeiro de 1919, a greve geral de 500.000 enfrentaram as milícias francas (Freikorps). Essa batalha pela defesa do governo dos trabalhadores não conseguiu vencer as forças contrarrevolucionárias, levando ao estabelecimento da República Burguesa de Weimar.


Até o fim, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht mantiveram-se irredutíveis nas suas posições internacionalistas contra a participação da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, pois, como se trata de uma guerra de interesses das burguesias nacionais em expandirem seus capitais a custa da morte de soldados, ou seja, da classe trabalhadora de cada país em conflito, em nada contribui para a luta socialista de emancipação dos trabalhadores (da tomada do poder político pelos trabalhadores).


Mesmo sendo em menor número, a oposição política realizada por Rosa e Liebknecht contra a II Internacional que naquela época já estava corrompida e o Partido Social-Democrata Alemão (SPD) era uma expressão evidente do oportunismo, da ligação dos dirigentes dos partidos social-democratas à política burguesa e contrarrevolucionária. Apoiar a guerra imperialista e levar os trabalhadores para o matadouro foi duramente criticado por Karl Liebknecht, como podemos ver na oposição à guerra imperialista (I Guerra) em que realizou no dia 2 de dezembro de 1914 no Reichstag:


" [essa guerra] não foi desfechada para a prosperidade do povo alemão".

[…]

"uma guerra por uma cultura mais elevada" sob "a falsa bandeira de uma guerra pela nacionalidade e pela raça" [Karl Liebknecht, Discursos e Artigos, p. 134].


Nesse mesmo sentido, Rosa Luxemburgo esclarece na sua revista, “A Internacional”, o papel da guerra imperialista e a necessidade de lutar, dentro do próprio país, pela revolução socialista:


"Quer dizer que, segundo aceita Marx, nem a luta de classes nem a guerra caem do céu, mas são conseqüências de profundas causas econômicas e sociais e, portanto, não podem desaparecer periodicamente, como se suas causas ta houvessem dissipado no ar. Mas a luta proletária de classes não é mais do que a conseqüência necessária das relações de salários e do predomínio político de classe da burguesia E, durante a guerra, não só não desaparece a relação de salários, senão que, pelo contrário, sua pressão aumenta violentamente pela especulação e a febre de empresas que florescem no terreno fertilíssimo da indústria de guerra, assim como a pressão da ditadura militar sobre os operários. Não termina tão pouco durante a guerra o domínio político da burguesia como classe, ao contrário, em virtude da supressão dos direitos constitucionais transforma-se numa franca ditadura de classe. E portanto se as fontes econômicas e políticas da luta de classes se agitam na sociedade com força dez vezes maior durante a guerra, como pode ter fim sua conseqüência imediata, a luta de classes? Pelo contrário, as guerras se produzem no período histórico atual pelos interesses rivais entre os grupos capitalistas e pelas necessidades de expansão do capital. As duas causas são molas que funcionam não somente quando troam os canhões, mas também no tempo de paz, com o que, precisamente, preparam a eclosão da guerra e a tornam inevitável. Mas a guerra é. . . somente "a continuação do política por outros meios". A fase imperialista do predomínio capitalista com sua corrida armamentista não só tornou a paz ilusória como, no fundo, implantou a ditadura do militarismo, a guerra permanente” [Die Internationale, abril de 1915, caderno, I, p.60].


Mesmo preso pelos traidores da social-democracia alemã, Karl Liebknecht mantinha sua convicção, permanecendo na linha de frente na defesa dos interesses dos trabalhadores:


"Presídio, perda dos direitos de honra. . . Bem! Vossa honra não é a minha. Eu vos digo que nunca um general vestiu com tanta honra um uniforme como vou eu vestir o uniforme de presidiário. . . Estou aqui para acusar e não para defender-me!. . . O acusador chamou o povo contra mim. . . Ah! Não se limitem a dizê-lo em palavras, não se limitem a dizê-lo só neste processo que, sob dez ferrolhos, se oculta ao povo. Tirem do povo a mordaça e as algemas do estado de sitio. Reúnam o povo, aqui ou onde os senhores queiram, e os soldados da frente, também onde queiram! E deixemos aparecer diante deles reunidos, diante de VOSSO tribunal, de um lado todos os senhores, toda a sala, os acusadores e também os cavalheiros que estão atrás, os senhores do Estado Maior, do Ministério da Guerra, do Departamento da Imprensa Militar, todos os cavalheiros que os senhores queiram. Do outro lado, eu sozinho ou sem um de meus amigos. NÃO TENHO DÚVIDA sobre de que lado se situará a massa do povo quando se descerrar diante de seus olhos o véu da mentira; se com os senhores ou comigo!"


Essa posição firme de Rosa e Karl, depositando até o fim sua fé na revolução a ser realizada pelos trabalhadores, acusando os oportunistas da Social-Democracia Alemã forjaram uma política revolucionária historicamente solidificada no conjunto da experiência da luta da classe trabalhadora. Lenin, que também compôs o campo revolucionário na II Internacional contra a guerra imperialista, viu na política de Karl o vigor revolucionário necessário contra os traidores da classe trabalhadora:


"Dizem-nos: parece que, numa série de países está tudo adormecido. Na Alemanha todos os socialistas, como um só homem, são partidários da guerra. Unicamente Liebknecht está contra. A isto respondo eu; esse Liebknecht representa a classe operária, nele em seus partidários o proletariado alemão deposita todas as suas esperanças. Não acreditais nele? Neste caso, continuai a guerra! Porque não há outro caminho. Se não tendes confiança em Liebknecht, se não acreditais na revolução dos trabalhadores, na revolução que está em gestação, se não acreditais em nada disto, então acreditai nos capitalistas! [Lenin, Guerra e Revolução, p.28, proferido em 27 de maio de 1917 em um distrito de Petrogrado]"


Tenhamos em grande consideração a vida e o comprometimento de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht na luta pelo socialismo que, assim, contribuíram enormemente com a experiência histórica da revolução proletária.


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http://tlaxcala-int.org/article.asp?reference=25117

https://www.marxists.org/portugues/tematica/rev_prob/12/liebknecht.htm

sábado, 9 de janeiro de 2021

Eleições nos EUA (11): A “invasão” do capitólio como operação de falsa bandeira


No dia 06 de janeiro de 2020, durante a cerimônia do Congresso dos Estados Unidos de certificação da vitória de Biden como Presidente, aconteceu um grande tumulto que recebeu ampla cobertura da mídia estadunidense e internacional. Tais acontecimentos serviram para intensificar às críticas ao presidente Donald Trump e está envolto em mais mistérios do que respostas.


O capitólio é o emblemático prédio da capital estadunidense inaugurado no ano de 1800 que serve como sede das reuniões do Congresso dos EUA, formado pelo Senado e pela Câmara dos Representantes. No capitólio aconteceu um misto de protesto, conflito e apresentação performática que levanta um conjunto de dúvidas de quais são os reais interesses em torno desses acontecimentos. O termo em latim a ser utilizado é “cui bono?”: quem se beneficia disso?


Se a comprovação de fraudes é algo que demanda maiores investigações, ao menos as eleições de 2020 nos EUA foi resultante de um conjunto de irregularidades. O próprio sistema político estadunidense é demasiado complexo e confuso, de modo que a nação que se autointitula como a maior democracia do mundo não garante o instituto do voto popular por maioria absoluta. Ao contrário, não reconhece a soberania popular, mas sim a soberania de seus 50 estados federados.


No dia 06 de janeiro, a sessão de certificação do congresso previa que cada um dos estados dos EUA teriam direito a até duas horas para apresentar provas da legitimidade ou falta dela nas eleições em sua unidade federativa. Na sequência seria realizada a deliberação pela certificação ou não de Binde como Presidente. 


Aquele era o momento adequado para apresentação de provas que pudessem denunciar fraudes eleitorais e havia manifestantes pró-Trump no espaço externo do Capitólio. No exato momento em que iniciaria a apresentação de evidências de fraudes eleitorais no estado de Arizona, as três camadas de camadas de segurança do Congresso, até então consideradas instransponíveis, foram rompidas (ou liberadas) e adentraram um conjunto de figuras no mínimo excêntricas que inviabilizaram a continuidade da sessão e as possíveis objeções ao processo eleitoral. Muitos são os relatos de que parte dos manifestantes entraram com muita facilidade no Congresso, rompendo todos os controle existentes.


Um desses personagens foi um homem com o corpo tatuado com figuras místicas de origem celta, com a cara pintada com as cores da bandeira dos EUA e com um chapéu de pelo de animal e chifres. Esse mesmo homem andou tranquilamente gritando em um amplificador de som e segurando uma bandeira dos EUA pelas instalações do capitólio, ocupando até o púlpito da sala principal em determinado momento. Descobriu-se depois que esse cidadão que foi considerado pela mídia como o “Viking pró-Trump”, trata-se de Jake Angeli, um ator e dublador contratado para realizar performance em manifestações nos EUA. A BBC disse que Angeli trata-se de um representante de uma seita violenta chamada “tribalismo masculino”, mas na realidade ele participou de diversas manifestações dos Antifa e Black Live Metters antes do evento do dia 06 de janeiro que o deixou conhecido em todo o mundo [1]. 


Biden tem dito abertamente que tem três prioridades para o seu governo: 1) o combate do COVID-19; 2) a agenda verde de descarbonização, marcada pela desindustrialização da humanidade e promoção de tecnologias sustentáveis caras e pouco eficientes; 3) e o ajuste de contas com Rússia e China. Esses são meios para se alcançar o que Biden chama de retorno dos EUA à liderança do mundo, algo que segundo o futuro Presidente diminuiu bastante nos quatro anos de presidência de Donald Trump.


Concretamente, os eventos no capitólio não beneficiaram Trump. Os acontecimentos amplamente cobertos pela mídia hegemônica e transmitidos para todo o mundo beneficiram Joe Biden, Kamala Harris, os membros do partido democrata, todo o aparato do deep state e os interesses do imperialismo. 


Com a confusão, os correligionários de Trump não foram capazes de apresentar as provas de fraude eleitoral no Congresso. A mídia hegemômica reforçou nos EUA e no mundo a ideia de que Trump é um ditador autoritário e populista que incita as massas à violência e que não respeita as instituições democráticas. Imediatamente os membros do partido democrata passaram a ser porta-vozes de um impeachment contra Trump antes do dia 20 de janeiro, com amplo apoio dos meios de comunicação. A mandatária do Partido Republicano, Nancy Pelosi, tem pedido em público que os generais dos EUA tirem os códigos de armas nucleares de Trump, insinuando que ele pode atacar o próprio país. 


Facebook, Twitter e outras plataformas de redes sociais ligadas à estrutura do deep state bloquearam as contas de Donald Trump por tempo indeterminado, algo comemorado pela esquerda brasileira. Esse ato de censura contra o presidente legitimamente eleito da nação mais importante de todo o mundo mostra o quanto se constituem institutos discretos fascistas ao estilo daquilo que foi pensado pelo do agente do império inglês e funcionário da companhia britânica das índias orientais Aldous Huxley, quando em 1932, no limiar da ascensão do nazismo, tratou em seu romance Admirável Mundo Novo sobre a criação de um campo de concentração sem lágrimas. 


A vice-presidente Kamala Harris é representante oficial das empresas de big tech do Vale do Silício e deve garantir que essas grandes corporações tenham total autonomia para fazerem a supervisão e o controle de todas as pessoas do mundo durante o governo Biden. Isso deve refletir em uma forte censura aos partidos de esquerda e aos movimentos de luta dos povos em todo o mundo nos próximos 4 anos.


Esse quadro no entanto não altera o aprofundamento das contradições de classe nos EUA. Com o aprofundamento da crise no país que é sede dos interesses imperialistas, intensifica-se a guerra civil.


[1] As agências privadas que trabalham para identificar "Fake News", ou seja, as agências da "verdade" estão dizendo que Jake Angeli sempre participou do movimento Q'Anon em oposição ao movimento antifa. De qualquer modo, esses grupos que se autointitulam contra "Fake News" colaboram, em última análise, na censura de todo e qualquer tipo de informação que não seja adequada à "verdade" política que eles querem propagandear naquele momento por motivos políticos. No fim, toda e qualquer imprensa independente e de denúncias contra as agressões do imperialismo poderá ser criminalizada porque não estão de acordo com a "verdade".


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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Eleições nos EUA (9): Diretor de empresa do complexo industrial militar pode ser futuro Secretário de Defesa


Tem sido noticiado que o futuro Secretário de Defesa dos EUA deve ser Lloyd James Austin III. Austin é formado pela Academia Militar dos EUA em West Point, Nova York. Ele foi comandante da operação novo amanhecer no Iraque entre 2010 e 2011 e comandante do Comando Central dos Estados USCENTCOM. O USCENTCOM é o mais importante dos onze comandos que os EUA possui no mundo, já que abarca todo o Oriente Médio, região que está permanentemente em conflito.  Os países do USCENTCOM possuem uma quantidade extraordinária de recursos naturais, sobretudo petróleo. Para se ter dimensão da importância geoestratégica, países como Egito, Israel, Líbano, Síria, Arábia Saudita, Iraque, Irã, Iêmen, Afeganistão, Paquistão, Quirguistão e Emirados Árabes Unidos encontram-se sob esse comando.  


Austin é afro-estadunidense, o que costuma gerar uma simpatia tácita por parte da esquerda brasileira e de todo o mundo. A opinião pública estadunidense propagandeia como algo positivo que o país possa ter um Secretário de Defesa negro pela primeira vez na história.  Vale lembrar que no governo de George W. Bush dois afro-estadunidense que atuaram como secretários de Estado tiveram papel preponderante na falsificação de provas de armas de destruição em massa no Iraque e nas duas grandes guerras contra o “terror” que levaram à destruição do Afeganistão e do Iraque: Colin Powell (2001 – 2005) e Condoleezza Rice (2005 – 2009). 


O presidente afro-estadunidense Barack Obama (2009 – 2016) foi um dos maiores representantes do imperialismo estadunidense, promovendo golpes de estado e guerras híbridas. Obama, cujo vice presidente foi Joe Biden promoveu morte e destruição pelo mundo em seus 8 anos de governo, sendo patrocinador do "seven countries, seven wars" (sete países, sete guerras) com bombardeios contra Afeganistão, Iraque, Síria, Líbia, Paquistão, Iêmen e Somália. Isso mostra que origens étnicas não são garantia de nada quando se trata de guerras imperialistas.


Austin tem em seu currículo a tentativa de armar opositores sírios e a defesa pela imunidade das tropas estadunidenses em processos que envolvem crimes de guerra. Hoje, Austin pertence ao conselho de diretores da Raytheon Company. A Raytheon é uma companhia privada que atua na área de armamentos e equipamentos eletrônicos para a área militar, sendo a maior produtora de mísseis guiados do mundo. Além disso a Raytheon é uma das principais empresas que financiam o lobby a favor do complexo industrial militar e de invasões externas. 


Caso a escolha de Austin seja confirmada para a Secretaria da Defesa, a tendência belicista do governo Joe Biden será reforçada. Outro fato que deve servir de preocupação trata-se de uma possível influência direta que os grandes conglomerados privados pertencentes ao complexo industrial militar podem exercer sobre o governo Biden. Como sempre, o resultado deverá ser muita destruição e derramamento de sangue por todo o mundo.


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Eleições nos EUA (8): A política externa de Biden


Joe Biden publicou um artigo na revista que é considerada a mais importante sobre assuntos militares dos EUA, a Foreign Affairs. O nome do texto é Why America Must Lead Again Rescuing U.S. Foreign Policy After Trump (Por que a América deve liderar novamente. Resgatando a política externa dos EUA após Trump). Seu conteúdo serviu como base sobre as políticas externas aprovadas em agosto de 2020 pelo Partido Democrata para a campanha eleitoral de Biden, o que permite extrair um conjunto de elementos que deve pautar as ações dos EUA no mundo para os próximos 4 anos.


Críticas à Trump

 

Em seu artigo para a Foreign Affairs, Joe Biden deixa claro que irá romper com a doutrina de política externa praticada pelo Donald Trump. O novo presidente considera que Trump teria se afastados de aliados históricos dos EUA e com isso enfraquecido a liderança dos EUA no mundo. Biden garante que na sua presidência irá renovar tais alianças e fazer com que os EUA se torna novamente o grande líder mundial. 


OTAN


Para a Biden a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é parte intrínseca da segurança nacional dos EUA. Trump realizou críticas constantes e ameaçou tirar os EUA e reduzir investimentos na OTAN. Joe Biden anuncia em seu artigo que irá aumentar os investimentos na aliança militar e criar estímulos para que os países europeus façam o mesmo. Os aumentos com despesas com defesa buscarão reforçar a condição da OTAN de mais poderosa força militar do mundo, segundo Biden.


Cúpula pela “democracia”

 

Em seu artigo, Joe Biden também se compromete realizar uma cúpula global em defesa da democracia em seu primeiro ano de governo. O novo Presidente dos EUA afirma que só farão parte desse evento as nações do “mundo livre” e as organizações da sociedade civil que praticam a defesa da democracia. Para ele esse evento servirá como fórum de decisão coletiva sobre os regimes representam uma “ameaça global”.


Sendo bastante tendencioso definir o que são nações do “mundo livre” e “ameaças globais”, essa declaração evidencia que farão parte da cúpula apenas países que possuem alinhamento histórico com os EUA: Reino Unido, França, Alemanha, Israel, Canadá, Japão, Colômbia, Chile, etc. 


Como “ameaças globais” deve ser enquadradas nações que se contrapõem às investidas imperialistas dos EUA e que possuem projetos mais autônomos de desenvolvimento, como: Cuba, Venezuela, Nicarágua, China, Síria, Irã, Iêmen, Bielorrússia e Rússia.  A exemplo do governo Obama, os EUA deve promover revoluções coloridas, troca de regimes, golpes de Estado, guerras híbridas e até mesmo guerras quentes com invasões e bombardeios nas nações que considerar como ameaças globais.


China e Rússia


Biden afirmou que o aumento da capacidade militar da OTAN objetiva conter “violações de normas internacionais” e “agressões russas”. Também propõe a criação de uma frente única de nações com o propósito de conter possíveis violações dos direitos humanos e “ofensivas chinesas”.

Isso faz crer na possibilidade de intensificação da ingerência dos EUA em conflitos na periferia da Rússia: Azerbaijão, Armênia, Ucrânia, Geórgia, Quirguistão, Moldávia e Chechênia. Há também expectativa de acentuação de tensões militares no mar do Sul da China. Podem retomar a agenda de protestos em Hong Kong e existir ações que inviabilizem as novas rotas da seda. 


Liderança mundial dos EUA


Biden considerou a possibilidade de os EUA servir como um grande guia do mundo, algo que segundo ele aconteceu nos últimos 70 anos. Para o novo presidente, os EUA teria exercido liderança no estabelecimento de regras internacionais, algo que sempre se deu tanto em governos democratas como republicanos, mas que foi interrompido por Donald Trump. Joe Biden afirma que em seu governo a liderança mundial dos EUA será revivida. 


O que esperar do governo Biden?


As diretrizes da política externa de Biden contou a participação de mais de 2 mil conselheiros militares e de política externa. 130 membros do Partido Republicano conhecidos em âmbito nacional declararam apoio à Biden. Dentre esses republicanos está John Negroponte, diretor de inteligência nacional (2005-2007) e secretário de Estado adjunto (2007 – 2009) no governo de George W. Bush. Negroponte exerceu um importante papel nas guerras contra Afeganistão e Iraque, sendo o primeiro embaixador dos EUA no Iraque após a consolidação da invasão estadunidense em 2004.


Essa aliança entre membros do partido republicano, em sua maioria neocons, e democrata, em sua maioria imperialistas humanitários, no apoio à Biden e oposição à Trump evidencia as entranhas do estado profundo (deep state). As divergências entre republicanos e democratas que na política interna estão relacionadas à aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo e igualdade racial e de gênero, não se manifestam na política externa. Esses dois partidos parecem estar alinhados na pauta imperialista de expropriação estrangeira e portanto formam um único partido que é o partido da guerra.


Envolvimento de Biden em guerras


Como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado três vezes entre 2001 e 2009, Joe Biden prestou importantes contribuições para as guerras do Afeganistão e Iraque no governo de Georg W. Bush. 


Em 2001, Biden apoiou abertamente a invasão proposta pelo Presidente George W. Bush ao Afeganistão em 2001. Em 2002, Biden foi o responsável pela resolução do Senado que autorizou que Bush invadisse o Iraque sob a acusação de Saddam Hussein manter armas de destruição em massa. As provas apresentadas pelos EUA sobre as armas iraquianas provaram ser falsas.


 Em 2007, Biden aprovou no Senado um plano que dividiu o Iraque em três regiões autônomas por grupos étnicos ou religiosos: curdos, xiitas e sunitas. O desmembramento do Iraque acirrou conflitos regionais internos, enfraquecendo a unidade e gerando um processo de balcanização.


Como vice-presidente de Barack Obama (2009 – 2016), Biden foi um fervoroso apoiador das guerras na Líbia e Síria e incitou um confronto com a Rússia. As decisões sobre guerras tomadas pelo governo democrata de Obama sempre tiveram amplo apoio dos congressistas republicanos.


Fontes: 

BIDEN, Robinette Joseph. Why America Must Lead Again. Rescuing U.S. Foreign Policy After Trump”. Foreign Affairs, março/abril, 2020.

BIDEN, Robinette Joseph. Biden Harris: a presidency for all americans. The power of America’s example: the Biden plan for leading the democratic world to meet the challenges of the 21st century. Disponível em: < https://joebiden.com/americanleadership/> Acesso em: 21/12/2020.

DINUCCI, Manlio. Voltaire Network. La politica estera di Joe Biden. Disponível em: < https://www.voltairenet.org/article211595.html> Acesso em: 21/12/2020.



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