terça-feira, 9 de março de 2021

Editorial 09/03/2021 - Defender a greve dos professores contra o genocídio dos governadores direitistas


No último sábado (6), o Governo do Estado de São Paulo, do tucano João Dória, decretou fase vermelha para todo o Estado. Como está consolidado, a política da extrema-direita bolsonarista, dos governadores e prefeitos de direita, é de total descaso com a população, levando, de tempos em tempos, ao colapso do SUS: pela falta de leitos, de médicos, de botijões de oxigênio, de testes. E a cada vez que se atinge esse pico, decretam-se a fase vermelha, lockdowns, etc. como medidas demagógicas para dizer que a direita está fazendo algo para a população.

Nessa brincadeira de genocida, na segunda-feira (8), a média de mortes no país agora ultrapassa os 1.500 por dia. E, como se não bastasse, a direita quer manter as escolas e templos religiosos (resta saber a relação da fé com o culto à contaminação) abertos, porque são pressionados pelo setor da educação privada (a).

A justificativa do governo baseia-se no risco à saúde mental e à problemas de aprendizado que o isolamento pode causar às crianças e adolescentes, ou que a família que trabalha em serviços essenciais não teria com quem deixar seus filhos (b). A conclusão do governo para esse problema não poderia ser melhor: para não prejudicar à vida dos alunos, joguem eles em um ambiente de risco de contaminação e risco de morte, assim, esses problemas serão todos resolvidos.

Por mais pressão que os governadores da direita realizam, os professores não podem recuar, porque suas vidas, dos alunos, familiares e, no fim, de toda a sociedade está sendo posta em risco.


A burocracia sindical e os professores precisam se mobilizar


Se o sindicato esperar cada nova onda de mortes para se mobilizar para a greve, haverá um problema na força da greve e do movimento. A linha política deve ser clara: fechamento das escolas como uma forma de barrar a contaminação e o genocídio da população, já que os governadores apenas fazem uma política de contenção, de reação à pandemia, nunca com objetivos de evitar de modo contundente a transmissibilidade do vírus.

De certa forma, a burocracia sindical focar-se-á na defesa das reivindicações dos professores em termos de manutenção e correção salarial, impedimento da punição dos grevistas etc. Porém, não se pode limitar a isso. Os professores precisam pressionar o sindicato para construir um movimento amplo de luta, esclarecendo a população desse problema, convocar reuniões para a discussão dos modos de politização da população para atrair amplos setores para a greve, passar nas escolas entregando material explicando o problema e chamando para a defesa do fechamento das escolas e contra essa direita genocida.


Sobre exigir a vacinação dos professores


Para o governador direitista Dória, as aulas serão presenciais independente da população ou dos professores serem vacinados, porque, se há certa urgência em voltar às aulas para o “bem” do aluno e de seus pais, não há nenhuma preocupação em vacinar os professores.

Em um outro sentido, a mobilização dos professores no Espírito Santo com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Espírito Santo (SINDIUPES) fez com que, pelo menos, num eventual retorno presencial, os professores sejam imunizados. O que ainda é precário, visto que os alunos e seus familiares tampouco serão, levando a uma conclusão política de que somente o fechamento das escolas seja uma reivindicação a ser levada adiante sem recuar.


a. Só na rede pública do Estado de São Paulo, em 1º de março, foram contabilizados 1.611 professores que foram contaminados nas 763 escolas: https://sp.cut.org.br/noticias/luta-contra-aulas-presenciais-avanca-343d.

b. https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/03/professores-de-escolas-privadas-aprovam-greve-em-sp.shtml

Consultas:

https://sp.cut.org.br/noticias/artigo-que-prefeitos-e-prefeitas-decretem-a-suspensao-das-aulas-presenciais-ja-8881

https://sp.cut.org.br/noticias/luta-contra-aulas-presenciais-avanca-343d

https://www.cut.org.br/noticias/trabalhadores-em-educacao-do-espirito-santo-terao-prioridade-para-vacinacao-2f78

http://www.apeoesp.org.br/publicacoes/apeoesp-urgente/n-44-nao-fazemos-queda-de-braco-com-vidas/

https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2021/03/4910912-escolas-particulares-e-academias-reabrem-com-regras-sanitarias.html


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segunda-feira, 8 de março de 2021

08 de março, dia internacional da mulher



A data que tem no Brasil um marco trágico de morte de um conjunto de mulheres em uma fábrica têxtil de Nova Iorque no início do século XX no ano de 1911 expressou, no limite, as péssimas condições trabalhistas pelas quais as mulheres eram submetidas na marcha da revolução industrial. O conjunto de mulheres carbonizadas, simbolizou a expressão última da violência contra as mulheres. Ainda no século XX, anos mais tarde, a data foi apropriada agora pelas grandes corporações, têxtis também, mas não só, para aumento de suas vendas no varejo.

O século XXI traria avanços consideráveis no Brasil, com severos resquícios de atrasos. No campo da política institucional, o país elegeu a sua primeira mulher como presidenta e foi criada uma cota proporcional de mulheres para ocupação de cargos políticos. Na esfera da vida civil, as mulheres eram maioria nas vagas preenchidas das universidades e as cotas raciais conseguiam também preencher este espaço com mulheres. Reivindicava-se, por parte dos movimentos feministas, nomes femininos nas artes, filosofia e ciência. Os movimentos identitários liberais pautavam representatividade nas publicidades e quebra da objetificação do corpo da mulher, reproduzida nas peças publicitárias que circulavam na grande mídia. O advento da internet no século passado e seu constante aperfeiçoamento neste século criou inúmeros canais de comunicação para denúncia contra a violência a mulher, o que levou diversas mulheres a criar coragem para expor seus agressores, rompendo com um ciclo de silêncio. Apenas alguns exemplos de avanços.

 Porém, este início de século que avançava a continuidade de conquistas das lutas do século anterior trouxe em seu bojo as contradições das relações sociais. O país que havia elegido a sua primeira presidenta foi também o país que, desde 2013, lutou para destituí-la de sua cadeira. A cota proporcional de gênero na política institucional seguiu o fisiologismo político, onde denuncias de fraudes das legendas partidárias, para cumprir tabela, fora denunciada pela mídia. Já na esfera civil acentuava-se a publicidade do número de morte de mulheres, que a literatura especializada convenciou chamar de feminicídio.

Sobre o feminicídio, poderíamos usá-lo como pedra basilar para reatualizar o significado do dia internacional das mulheres. Se o Brasil utilizou como marco trágico a morte de um conjunto de mulheres de uma só vez dentro de uma fábrica nos Estados unidos no século passado (marco este disseminado em aparelhos ideológicos de poder, pois há outros marcos pelo mundo), o feminicídio – caro e tradicional em terras brasileiras – pode ser lido como uma forma de diluição da morte de mulheres na sociedade. Na esfera da vida cotidiana um conjunto de mulheres morrem todos os dias. E era até então invisível aos olhos do Estado e sociedade civil por estar particularizado. E sabemos que matar mulheres para defender a honra era, até então, legítimo. Só recentemente o STF barrou tamanha bizarrice. Sempre houve uma tácita permissão de execução de mulheres em nosso país. A base que sustenta esse modus operandi é a cultura patriarcal somada a misoginia e machismo que de tão bem consolidados no imaginário brasileiro, é reproduzido inclusive por mulheres em nosso país. 

Deste modo, nesta data em que se celebra a luta das mulheres, nos aponta que em mais de cem anos de celebração deste dia, o direito à vida é ainda uma pauta de conquista no Brasil. Pela complexidade e dimensão continental a qual estamos inseridos, compreender que assegurar o mais básico dos direitos destes tempos modernos, que é o da simples existência, é um carma que carrega a quem se torna mulher. Não há nada o que se comemorar.


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