quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Editorial 13/08/2020 - Nem Bolsonaro e nem Mourão: Fora Bolsonaro e Direita Golpista.



A direita golpista está tomando conta do Congresso Nacional. São deputados e senadores que historicamente se posicionaram todas as vezes contra a população, seja para votar para o golpe do Estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff, para a aprovação da Reforma Trabalhista e Reforma Previdenciária. Na mira do Ministro da Economia capacho do imperialismo, Paulo Guedes, estão as novas privatizações dos Correios, Telebrás e Eletrobrás — um verdadeiro leilão das empresas estatais e entrega aos capitalistas de uma estrutura construída com anos de impostos do povo brasileiro.


Governo ditatorial: militares bolsonaristas e direitistas


Enquanto a esquerda permanece imersa nas eleições municipais de 2020, a realidade política se mostra cada vez mais alarmante, o que não se poderia imaginar que a via institucional eleitoral revertesse algum quadro político. 

A realidade que importa neste momento é a da ala militar, braço forte da direita, preenchendo a máquina governamental. Desde 2004 (Lula) até 2020 (Bolsonaro), houve um aumento de 125% de militares ocupando cargos no Executivo (1.177 para 2.558 segundo o Ministério da Defesa). Para um número absoluto, contando com militares ativa e da reserva, ocupando cargos civis houve uma dobra, um salto de 2.765 no governo do ex-presidente Temer para 6.157 no do Bolsonaro (dados do TCU). 

A esquerda mais moderada e eleitoral pode imaginar que os militares também são gente e que está tudo bem. No entanto, é preciso notar a orientação política desses militares: a esmagadora maioria são da direita (por influência ideológica direta dos militares americanos da Escola das Américas, a escola de golpes e repressão dos movimentos populares). Pode haver certa divisão de qual ala pertenceria cada extrato de militares a depender da hierarquia: se for do oficialato, seriam pertencentes à direita golpista; se for da classe dos praças, da direita bolsonarista, mas ligada ao discurso demagógico de prender bandidos etc., já que, para garantir a "ordem" para os capitalistas, arriscam suas vidas.

Isso implica que os atos administrativos, a restrição de liberdades, a supressão de direitos, o ocultamento sobre esses crimes se torna parte integrante do Estado militarizado. Por que essa captura da direita mais conservadora e perigosa que são os militares no aparelho do Executivo foi permitida sem nenhuma resistência da política da esquerda, poderíamos discutir. Porém, para não se estender, em linhas gerais, a política capituladora da esquerda e suas lideranças pequeno-burguesas sem disposição alguma de luta contribuíram de forma decisiva para esse processo. A esquerda oportunista vem organizando suas derrotas de forma sistemática e o povo cada vez mais tem menos direitos e dignidade.


As eleições: o ópio da esquerda oportunista


Para tomar nota de uma polêmica que evidencia esse problema, vejamos o caso do candidato Boulos (PSOL) e Erundina (PSOL) e Jimar Tatto (PT) para as eleições municipais. Antes de tudo, é importante registrar que este jornal não defende nenhuma dessas candidaturas, já que, como jornal de luta dos povos, precisa criticar as eleições e defender a organização da luta real pelo Fora Bolsonaro e pelas Eleições Gerais. Assim, um movimento político anterior a isso (corrida eleitoral) seria ignorar o massacre que a direita neoliberal está impondo ao país e chacinando milhares de pessoas por coronavírus.

No dia 13 de agosto de 2020, o Diretório Nacional do PSOL se posicionou sobre as eleições e a luta pelo Fora Bolsonaro. No conteudo do texto, a corrida eleitoral, a luta pelo Fora Bolsonaro e pelo impeachment estariam intimamente ligadas, como se fossem a mesma via política.

Pois bem, esse posicionamento do Diretório Nacional do PSOL explica o porquê o "novo Lula", "o líder do MTST" e o "vira página no Golpe contra Dilma" Boulos junto com a direitista da ex-prefeita Erundina estão participando das eleições. Eles entendem que a vitória eleitoral na cidade de São Paulo irá pressionar para o impeachment do Bolsonaro. 

Esquecem-se que o impeachment do Bolsonaro expressa somente uma crise dentro da direita governamental, entre as alas da extrema-direita bolsonarista e da direita tradicional que quer remover o Bolsonaro por vias institucionais. Muito óbvio, se sair o Bolsonaro, virá o General Hamilton Mourão, o direitista clássico, "moderado" que dificilmente provocará uma crise institucional quanto o que o Bolsonaro está causando por suas demagogias desvairadas que estão provocando um princípio revolta das massas contra ele e todo o regime político. Mourão vem como agente estabilizador do regime e manutenção da direita golpista no poder para continuar com as privatizações e entrega de dinheiro para os rentistas brasileiros e estrangeiros.

A menção do PT aqui não vale tanto a pena, mas está na mesma linha da crítica ao PSOL. Qualquer candidato, seja ele qual for, se não contribuir para a luta contra essa ditadura que estamos vivendo, de nada adianta.


Enquanto a esquerda vive um sonho, a luta deve ser organizada


Este jornal dos trabalhadores convoca a todos os setores populares que compreendem o problema do Golpe do Estado, do Bolsonarismo e da Direita para travar uma luta contra esses vampiros. Estamos criando Comitês Populares para organizar uma luta popular e aberta ao Bolsonaro. É uma resposta que se tem diante dessa paralisia da esquerda nas eleições. É preciso compreender esse problema político e propor uma solução: a mobilização e trabalho permanente de luta. Os comitês que forem formados podem se utilizar de nosso material para contribuir com a mobilização, podem reunir com nossos militantes para coordenar uma luta mais ampla e trocar experiências. Esse trabalho está sendo feito e deve ser ampliado. Pelo Fora Bolsonaro e por Eleições Gerais!

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