quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Eleições, luta de classes e polarização nos EUA

 

As eleições nos EUA parecem estar avançando para uma guerra civil, com movimentos de "extrema" esquerda e direita nas ruas, armados até os dentes, cada um representando um candidato. Contudo, apesar de Biden tentar se aproveitar dos movimentos de esquerda para fazer demagogia, eles derivam de dois fatores materiais: o caráter extremamente racista do Estado norte-americano, principalmente da polícia, que opera uma verdadeira política genocida contra a população preta, e, principalmente, o acirramento da luta de classes.

Esquerda armada para a autodefesa
    

Os Estados Unidos estão em uma situação de miséria total, uma parcela significativa da população foi expulsa de casa por não ter dinheiro para o aluguel, e está vivendo em containers, em trailers, ou na rua. O COVID-19 se alastrou como fogo em palha e o sistema de saúde do país é cruel, o menor arranhão pode levar uma pessoa pobre à falência, já que os custos são altíssimos e os planos de saúde do país têm listas com milhares de condições de saúde que não têm cobertura. O colapso do capitalismo no país só não é total porque o povo ainda não fez a revolução, porque as condições de vida lá são iguais ou piores que as condições de vida do século XIX.

Boogaloo Boys da extrema-direita

Contudo, os movimentos de esquerda não parecem ter uma ideologia completa, como o Black lives matter, sem uma política para além da questão antirracista, ou o Antifa, que não é um movimento em si, mas um elemento de autoafirmação dos militantes, que podem ser anarquistas, comunistas, ou neoliberais. Essa falta de ideologia é aproveitada por Biden e pelo partido democrata e tentam usar a convulsão social do país contra Trump, que é apoiado por milícias fascistas, de extrema-direita (que são chamados, pelos democratas, de terroristas). Assim que as eleições acabarem, se Biden ganhar, a esquerda automaticamente será transformada em "terrorista" e será duramente reprimida, de forma mais intensa que a repressão contra a direita, sendo que ela pode, inclusive, se juntar a essa repressão.

A grande tarefa da esquerda é continuar nas ruas, ter uma organização, uma orientação que seja capaz de levar adiante a luta de classes e fazer a revolução: "aperfeiçoar", realizar o colapso do capitalismo que já é uma realidade. Essa orientação ideológica pode, inclusive, nem ser formalmente marxista, mas seu conteúdo com certeza o será: a classe operária deve continuar polarizada até que tome o poder, nunca recuar, não se deixar levar por eleições, não acreditar que a vitória do Biden é a vitória dos trabalhadores, porque não é: ele é mais fascista que o próprio Trump, e, finalmente, fazer a revolução, para que um sistema econômico novo supere o capitalismo moribundo.

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