quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Editorial- O golpe na esquerda não acabou, eleição 2020 prepara esfacelamento institucional dos partidos


O processo eleitoral no país sempre foi muito injusto e desigual para a população trabalhadora e suas organizações. Assim, mesmo com um gigantesco partido de esquerda (PT), os partidos de direita apresentam um poder institucional muito superior a toda a esquerda sem ter qualquer legitimidade na sociedade e funcionando apenas nos períodos eleitorais. Logo, em momentos muito específicos da história a esquerda conseguiu superar as dificuldades impostas pelo sistema eleitoral e conquistar o pequeno espaço que teve. 

Em 2016 houve um golpe de Estado, que retirou a presidenta Dilma Rousseff (PT) e aprofundou o domínio da direita em todas as áreas do Estado. A Justiça, que já era o campo mais fechado dos 3 poderes, se mobilizou para retirar Lula da disputa eleitoral de 2018 e criar uma série de impedimentos políticos para a participação eleitoral, dificultando ainda mais a participação da esquerda. Dentro das mudanças, a impossibilidade de se fazer coligação para o legislativo, a proibição de cartazes em postes e a restrição ao direito de aparecer na televisão colocam a eleição de 2020 como mais uma das etapas do golpe para destruir a esquerda. 


As coligações eram uma forma da esquerda conseguir ultrapassar o coeficiente eleitoral: sem isso, com parte da esquerda impossibilitada de participar do horário eleitoral e com a separação dos vereadores do programa eleitoral obrigatório, os caciques tradicionais irão conseguir levar grande parte das cadeiras para seus correligionários. A verdade é que o golpe na esquerda não acabou, esta eleição prepara o esfacelamento institucional dos partidos tradicionais da esquerda. Alguns partidos como o PSOL, PCB, PC do B e PSTU já sofreram um revés importante neste pleito com um declínio significativo de candidatos, apenas Partido da Causa Operária (PCO) e Partido dos Trabalhadores conseguiram ter crescimento no número de candidatos. 


PCB: 243 (2016) para 75 (2020)

PSTU: 324 (2016) para 204 (2020)

PSOL: 5508 (2016) para 4564 (2020)

PC do B: 15969 (2016) para 10288 (2020)

PT: 24271 (2016) para 30893 (2020)

PCO: sem dados, mas segundo o próprio DCO, é o partido que mais cresceu em número de candidatos



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