sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Suely cabo eleitoral de Nogueira em 2016 não é alternativa política (VOTO NULO)

Durante a eleição em 2016, as prisões e perseguições políticas (Operação Sevandija) foram responsáveis por criar um vácuo político responsável pela vitória tucana. Assim, mesmo que a população não gostasse do PSDB, a falta de luta contra a corrupção da esquerda, que se adaptou as perseguições feitas em nome da “Justiça”, levou Duarte Nogueira para a cadeira de prefeito. Chiarelli, um tradicional política da direita, o único capaz de rivalizar com Nogueira (PSDB) foi preso em 2016 por falar que Darcy Vera era corrupta e neste ano teve 8 pedidos de impugnação de sua candidatura que só foi deferida no antepenúltimo dia do pleito eleitoral. 

No ano de 2020, Nogueira estava desgastado por ter enfrentado a maior greve, com forte conscientização e luta política, na qual havia sido feito a luta pelo impeachment do tucano. Além disso, uma série de escândalos com a merenda, ambulâncias e comércio gerou uma onda de protestos coxinhas que quase levaram o povo a agredi-lo. O ano não estava fácil para Duarte Nogueira até o final do 1° turno, mas agora tudo já se normalizou com um segundo turno realizado com Suely Vilela, ex-secretária da Educação de seu governo e cabo eleitoral em 2016. 

Sem Chiarelli no segundo turno, Duarte Nogueira (PSDB) pode ficar tranquilo para enfrentar uma eleição despolarizada e fácil de se consagrar. Este resultado não foi fácil de se chegar, foram necessários muitos ataques contra Chiarelli com a Justiça praticamente deixando-o marginalizado na disputa, além de pesquisas realizadas depois de se haver divulgado o indeferimento de sua candidatura. Por fim, a aparição de dois cabos eleitorais de Suely na TV THATHI para comentar a pesquisa eleitoral favorável a ela, a peça de indução da burguesia para leva-la ao segundo turno, foi comentado por Rafael e Ricardo Silva. Com toda esta manipulação, os votos de direita e contra os tucanos foram manobrados pela tática do voto útil, que derreteu a oposição de Chiarelli. 



Todas estas manobras foram favoráveis ao rejuvenescimento democrático que a derrota de Suely trará ao mandato de Nogueira (PSDB). Não sejamos ingênuos, Ricardo Silva saiu da eleição e foi responsável por eleger Nogueira, não vai ser uma jogada política vinda de um desistente que irá mudar a política local. A única coisa a pensar é que a participação da Suely é um tapa-buraco do adversário que se absteve da disputa e deixou Nogueira mais perto de ganhar a reeleição. O resto é ilusão, uma perigosa ilusão para renovar Nogueira. Suely foi cabo eleitoral de Nogueira em 2016, para ela: “Nogueira é o amigo de Ribeirão Preto” (Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=DZf_rS7yKwY&t=2s) 


Voto Nulo denunciará a falta de apoio ao pleito e mostrará quão ilegítima é a administração de Nogueira. (Voto Nulo é a única forma de não votar no Nogueira ou na ex-secretária de Nogueira)


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Fator Bolsonaro, a Falácia de Russomano, e o fim do Choque com a Pandemia

No início de agosto, boa parcela dos brasileiros se solidarizavam com os mais de 100 mil mortos vítimas do Covid-19. Hoje, mais de dois meses depois, com uma maior abertura comercial e com a volta às aulas em algumas regiões, ultrapassamos os 150 mil mortos (1/3 só nesse período; 50% das mortes pré abertura), e, ainda assim, a comoção popular não chega nem perto do que outrora foi.

Aproveitando de seu poder influenciador com base nas Fake News, o Bolsonarismo acaba tendo um diálogo com a população maior do que qualquer outra linha ideológica racional. Muito se deve, também, pela desmobilização da esquerda, o que permitiu a vitória da retórica do colapso econômico, por parte da extrema direita. Com isso, perante a reabertura de países que viveram o "lockdown", junto a aproximação do período eleitoral, percebe-se uma absorvição cada vez maior da população e da grande mídia de uma postura negacionista ou de negligência frente à pandemia.

Essa normalização e o controle midiático são estratégicos para Bolsonaro nas eleições, pois superficialmente o transparece como um governante exemplar, seja no viés econômico, defendendo desde sempre o seu protagonismo frente à quarentena; na questão da saúde, endeusando a cloroquina como solução para a doença; como também na questão social, com o auxílio emergencial (o qual sabemos que na verdade o presidente fora contra os valores atuais, de início). Reflexo disso é a iminente vitória bolsonarista na grande maioria das cidades.

Claro sinal do predomínio das falácias dos aliados de Bolsonaro é a última fala de Celso Russomano, candidato à prefeito de São Paulo, sugerindo que os moradores de ruas, quanto à Covid-19, "sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não tem como tomar banho todos os dias", o que acaba sintetizando toda a política bolsonarista de combate à pandemia: através de Fake News tendenciosas que direcionam o povo à negligenciar a quarentena, método cientificamente eficaz, em detrimento de uma forma simplista de combate ao vírus. Mais do que isso ainda, no caso, com um teor classista, pois ao considerar os supostos poucos casos de coronavírus advindo de moradores de ruas, simplesmente desconsidera a precarização do acesso à saúde dessa população, bem como a falta de informações sobre a nova doença para que possam procurar ajuda, caso ocorra suspeita através dos sintomas.

Verifica-se, pois, como em vários setores da política, a ideologia Bolsonarista, na área científica e da saúde, se sustenta por meio de falácias, que por servir aos seus interesses, o travestem de pautas populares, e assim, sem qualquer rivalidade à altura, vai consolidando suas raízes no cenário político nacional. Quem paga o alto preço é a própria população.


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A violência sexual contra Mari Ferrer e a justiça inimiga das mulheres

Em julgamento online realizado no dia 9 de setembro de 2020, o juiz da 3ª Vara Criminal de Florianópolis absolveu o empresário André Aranha acusado de estuprar a influenciadora digital Mari Ferrer. O fato do abuso sexual ocorreu no dia 16 de dezembro de 2018 e o juiz Rudson Marcos entendeu que não houve provas para incriminar o empresário.

Nas redes sociais e na mídia da direita, esse julgamento tornou-se polêmico, pois o The Intercept conseguiu disponibilizar a audiência nas redes. Nesse vídeo, o advogado do empresário, o Excelentíssimo Doutor Cláudio Gastão da Rosa Filho humilhou Mariana (Mari) na sua dignidade, expôs as fotos pessoais de Mariana em plena audiência, dizendo que são imagens “ginecológicas” (provavelmente, na cabeça do nosso nobre doutor em direito, cada 1cm de pele feminina exposta a luz do sol equivale a uma vulva exposta ao ar livre; onde passa e vê mulheres, só vê obscenidades, um mundo pecaminoso, ginecológico) , que “jamais teria uma filha” do “nível” Mariana (espero que ele não tenha essa filha que, para não chegar ao nível de Mari, teria que se enrolar todo o dia em lençóis para não lhe parecer ginecológica demais), além de insultá-la de mentirosa entre outras barbaridades, fazendo entender que ela seria culpada pelo estupro discutido em audiência já que, pelas fotos, segundo nosso Sacrossanto Imaculado Doutor Moralista Puro, a foto de uma pessoa diz tudo sobre ela.

Para amenizar a situação, o Excelentíssimo Juiz Mediador Isentão Patriarca sugere a Mariana, depois de ouvir tamanhas agressões verbais, que ela poderia beber uma água e que eles, gentilmente — uma concessão de altíssimo nível vindo do Homem Juiz—, aguardariam o retorno dela. É como se dissese: acalme-se, Mariana, respire fundo, beba uma água que iremos continuar a essa santa sessão de purificação moral e as humilhações, desmoralizações, vitimizações etc. fazem parte desse processo árduo e necessário. Você, Mariana, pessoa impura, corrupta, pelos poderes divinos do Estado, DEVE ficar nos escutando e, ainda mais, escutar muito bem a absolvição do acusado de estupro, porque no final, a culpada é você, o jeito que você veste atrai os homens puros para o pecado e você, como moça, deveria andar e viver com túnicas a vida toda, porque assim, evitaria assédios morais e sexuais e evitaria que nós, os Excelentíssimos Patriarcas Justos perdêssemos tempo com essa questão que você mesma provocou. Um desperdício. Nós, da Excelentíssima Corte, os Excelentes advogados e promotores, temos que prestar esse serviço que poderia muito bem ser dispendido em prender negros e pobres (e seria feito! Um serviço à sociedade!) caso você, Mariana, utilizasse uma modesta burca (obviamente sem cores chamativas como o verde, por exemplo. Vai que tire a atenção de um motorista e ele bata num poste porque você, novamente, provocou as pessoas para o Mal).


O caráter da justiça e a luta da mulher


Esse caso apenas reflete o que ocorre comumente na justiça brasileira: justiça nenhuma. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apenas 1% dos acusados de estupro são processados e a cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Em razão de ter que enfrentar esses Excelentíssimos Patriarcas ou Delegacias Comuns (quando não há Delegacia da Mulher — então, nas comuns são os Santíssimos Delegados) ou ser repreendida pela própria família (santos pais, santas mães: sagrada família), a vítima de estupro ou agressão sexual não denuncia porque há toda essa pressão social, da família e dessas instituições que não conseguem acolher e dar soluções melhores para o psiquismo da vítima — falamos nesse tom sócio-psicológico, porque justiça, como foi evidenciada na porcentagem acima, também inexiste.

A justiça só tem nome de justa. Ela tem um papel fundamental para conter os ilícitos que ameacem a Santa Providência Moral dos Homens e, também santa, Propriedade Privada (nesse último caso, prendendo pobres e negros).

A população precisa se garantir com suas próprias forças. Só a organização das mulheres e da população oprimida consegue resolver seus problemas. A tese comum da esquerda intelectual de que precisa-se educar o opressor e o agressor precisa ser não apenas enunciada, mas posta em prática. Do Estado, das escolas, dos professores, do judiciário e da família virá algum esclarecimento sobre a questão da violência sexual contra as mulheres?

Portanto, só a organização das mulheres e seus coletivos conseguem fazer esse papel educador, trazendo sempre essa polêmica para a superfície da discussão social, através de imprensa própria dessas organizações, cartilhas, atos e discussões públicas e formas reais para que as mulheres, nessas situações de vulnerabilidade, consigam defender-se, realizar a autodefesa, visto que o Estado, a polícia e o judiciário somente vem depois da violência ocorrida, não para fazer justiça mas para intensificar a injustiça. Nesse caso específico do julgamento do empresário André, se a audiência fosse presencial, as organizações de mulheres deveriam ocupar em peso a sala de julgamento e impedir, no momento, as agressões verbais contra Mariana. A pressão política deve ser feita e era capaz que o advogado de André só saísse dali escoltado por policiais se a agressão fosse realizada diante de uma organização de mulheres mostrando para toda a sociedade a sua força.

É importante discutir, sim, mas para não ficar somente em palavreados vazios e sem eficácia, a organização precisa ser criada e ter atuação permanente para levar a luta da mulher adiante para esses casos e para outros casos que dizem respeito à questão feminina: direito à creche, ao aborto, ampliação da licença-maternidade, UBS com saúde da mulher nos bairros, igualdade salarial, entre outros.

É preciso prevenir e atuar politicamente com a força da própria organização popular senão esses casos sempre irão se repetir.


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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...