quinta-feira, 11 de junho de 2020

Editorial 11/05/2020 Sobre o avanço do imperialismo na Venezuela e na Europa

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A crise sanitária mundial está deixando o regime capitalista em uma situação de crise falimentar, as saídas econômicas clássicas estão fora de questão, já que o desenvolvimento material da produção em alguns setores fundamentais da economia capitalista parecem estar a frente da dinâmica de acumulação capitalista (Para entender mais, veja o exemplo do petróleo em nossa matéria: https://faroloperario.blogspot.com/2020/05/preco-negativo-do-petroleo.html). Assim, a crise só se aprofunda e a burguesia busca diminuir isso por meio da quarentena e a despolitização da crise sanitária. 


As tensões políticas dentro das sociedades conseguem ser seguradas até o momento pela quarentena em diversos países, como foi o caso do Chile e da França que viram o total esvaziamento de seus longos protestos. Apesar disto, internacionalmente a situação se deteriora. Uma série de ataques aos inimigos do imperialismo estão sendo cada vez mais organizados, a Venezuela sofreu um ataque terrorista que visava organizar um motim militar com a captura do seu presidente (Veja aqui o que aconteceu: ). Uma tentativa fracassada, mas que não deve ser observada exclusivamente por seus erros. O que aconteceu foi uma etapa de um longo processo de sondagem e desestabilização organizado pelo imperialismo contra a Revolução Boliavriana. 


No Oriente Médio, a situação está se desenvolvendo para uma guerra entre diversos países e Israel, sendo a incorporação da Cisjordânia um dos objetivos dos israelenses. O Irã, vítima de ataques no começo do ano e responsável por uma resposta a altura depois da morte de um grande general no Iraque, está preparado para auxiliar uma intifada palestina caso Israel não mude de planos. 


Na Europa, o imperialismo coordena a União Europeia para uma ditadura total. Lá o parlamento europeu já oficializou a sua perseguição ao comunismo quando em 15 de outubro de 2019 aprovou uma lei que igualava o comunismo ao nazismo e fascismo, jogando todos estes regimes sob o mesmo rótulo “autoritarismo”. Com uma grosseira revisão histórica, a União Soviética, principal vítima da guerra, foi colocada ao lado dos nazistas como pivô de um plano de dominação mundial contra o mundo livre. Tal medida proíbe as comemorações comunistas e seus símbolos, fazendo com que a esquerda institucional não pudesse utilizar o espaço da tribuna por seus euro-deputados para comemorar os 75 anos da vitória do nazi-fascimo ocorridos no dia 09 de maio de 2020. Um cerceamento perigoso, sobretudo em um atual estágio onde a pandemia coloca uma série de subterfúgios para ampliar a repressão dos trabalhadores, como ocorre em Portugal com a polêmica criada pelas sina persecutória contra os atos do 1° de maio da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP – A Central Sindical dos trabalhadores portugueses, uma versão da CUT lusitana) e a tentativa de impedir a Festa do Avante, maior encontro comunista organizado da esquerda lusófona.
A situação nacional é de desespero, pois a população foi jogada à própria sorte pelos golpistas (Bolsonaro e governadores) e está sem reação por causa da paralisia total da esquerda e suas organizações. Felizmente, a luta de classes continua e a polarização da política está levando membros das torcidas organizadas para a luta política das ruas. Foi o que ocorreu neste final de semana com um grupo de torcedores do Corinthians responsáveis por melar um ato dos Intervencionistas na Av. Paulista neste sábado. Eles são os primeiros a reagirem por estarem em uma organização e por esta ser menos burocratizada que os partidos, apresentam assim uma ação muito mais voluntariosa e combativa, mas devem ultrapassar esta fase inicial e se juntar a todas as organizações de esquerda para lutar de forma unificada.  


Inquestionavelmente, os conflitos não diminuem e não poderão ser resolvidos pelas vias burocráticas e parlamentares: o grande impasse que vivemos será resolvido por meio das forças reais, ou seja, da mobilização nas ruas. Os Intervencionistas já entenderam isso e as torcidas organizadas também, falta esse nível de esclarecimento chegar realmente aos partidos, sindicatos e organizações da classe operária.


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quarta-feira, 10 de junho de 2020

A definição distorcida de Fascismo da Globo

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No último domingo, dia 07/06/20202, a Rede Globo apresentou no Fantástico uma matéria sobre o Fascismo. Nela, foi traçado um panorama histórico deste movimento e apresentado algumas definições por especialistas. Colocamos aqui literalmente as definições apresentadas na matéria para em seguida mostrar os equívocos e distorções. A jornalista que apresenta a matéria expõe, resumindo a explicação de um historiador italiano, o fascismo da seguinte forma: “O fascismo foi uma experiência italiana que aconteceu aqui em determinado momento histórico e, como tal, não pode se repetir”. Quando questionado, o historiador Boris Fausto diz: “Eu acho que ele (referindo-se ao fascismo) não tá voltando...”. Por fim, outro especialista aparece para a seguinte frase: “O fascismo, se a gente pode buscar uma definição bem simples, é o discurso do ódio”.

O que se pode notar em todas as intervenções acima é que o fascismo seria apenas uma forma intolerante e racista de se comportar, não tendo nenhuma ligação com a luta econômica da decadente sociedade capitalista no período imperialista. Veja aqui os problemas deste tipo de abordagem.

A derrota dos fascistas na 2° Guerra Mundial e a revolucionária reação dos trabalhadores sob os seus escombros tornou uma grande parte do mundo vermelha (Instauração de Estados Operários), mostrando aos burgueses que aquela cartada política havia sido desastrosa. Assim, para frear o avanço dos comunistas, vários acordos foram feitos com a burocracia soviética e uma intensa campanha de propaganda anti-fascista foi erguida para limpar a imagem de figuras-chave do regime político.

Hollywood foi uma grande arma para falsificar a história, iniciando com a forma na qual não se explica economicamente os fundamentos da guerra. A 2° Guerra Mundial foi um desdobramento das disputas de mercado das grandes potências, tendo sido uma guerra na qual os Estados Unidos e Inglaterra cometeram tantas atrocidades quanto os nazistas. Os bombardeios de Dresden, realizados dentre os dias 13 e 15 de fevereiro de 1945, teve mais de 3 mil toneladas de bombas incendiárias, fazendo com que 39 Km² fossem aniquilados junto com a população civil. Além disso, o maior ato terrorista da história da humanidade, as bombas nucleares no Japão, é deixado propositalmente de lado para manter em pé a bizarra versão cinematográfica da burguesia: a luta entre democracia e autoritarismo.

Bombardeio incendiário dos EUA sobre Tóquio em abril de 1942, 125 mil mortos, a maioria era civil. A tempestade incendiária queimou as moradias japonesas de madeira, carbonizando a população e matando por asfixia.
Cogumelo formado pela bomba lançada em Nagasaki, no dia 9 de agosto de 1945
Cogumelo atômico na cidade de Hiroshima, 166 mil mortos pelos EUA em 6 de agosto de 1945.
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A cidade alemã Dresden em chamas enquanto bombardeiros americanos e ingleses sobrevoam a cidade em 13 a 15 de fevereiro de 1945.

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Cerca de 25 mil mortos (a maioria era civil) em Dresden pela chacina dos Aliados.

Os marxistas não são idealistas, apresentam a história sob o viés econômico, ensinando aos trabalhadores sobre a luta de classes. Aqui, a definição científica do fascismo não se baseia no ódio ou violência, mas no seu caráter classista.

Segundo o marxismo, fascismo é todo o movimento que busca exterminar a democracia operária, ou seja, que persegue brutalmente todas as organizações operárias, seus partidos e sindicatos, impedindo greves e toda luta política.

Como a divisão das classes sociais não se alterou no marco do capitalismo, a colocação do Fantástico e do historiador Boris Fausto de que não há campo para o fascismo são equivocadas porque excluem a dinâmica das classes sociais e não conseguem situar e explicar o bolsonarismo, os assassinatos das lideranças do MST, o movimento "300 do Brasil" da Sara Winter, os supremacistas brancos americanos, os fascistas ucranianos, o movimento integralista etc. Esse mesmo erro histórico ocorreu da primeira vez quando os intelectuais e os stalinistas disseram que os agrupamentos fascistas não eram um problema e que dificilmente o nazismo controlaria o poder político da Alemanha. O resultado: comunistas, socialistas, artistas, camponeses, sindicalistas, judeus foram assassinados pelas milícias fascistas que "não representavam perigo algum".

A ignorância proposital ou não da dinâmica social que o capital produz traz esses discursos farsescos da mídia direitista. Para melhor entender o problema, vejamos uma análise de 1934 sobre o fascismo a partir da perspectiva de classes:
"Enviar o exército contra o povo nem sempre é possível: frequentemente, ele começa a decompor-se e termina com a passagem de grande parte dos soldados para o lado do povo. Por isso, o grande capital é obrigado a criar grupos armados, especialmente treinados para atacar os operários, como certas raças de cachorros são treinadas para atacar a caça. A função histórica do fascismo é esmagar a classe operária, destruir suas organizações, sufocar a liberdade política, quando os capitalistas se sentem incapazes de dirigir e dominar com a ajuda da maquinaria democrática.

O fascismo recruta seu material humano sobretudo no seio da pequena burguesia. Esta termina sendo arruinada pelo grande capital, e não existe saída para ela na presente estrutura social: porém não conhece outra. Seu descontentamento, revolta e desespero são desviados do grande capital, pelos fascistas, e dirigidos contra os operários. Pode-se dizer do fascismo que é uma operação de "deslocamento" dos cérebros da pequena burguesia no interesse de seus piores inimigos. Assim, o grande capital arruína inicialmente as classes médias e, em seguida, com a ajuda de seus agentes mercenários - os demagogos fascistas -, dirige a pequena burguesia submersa no desespero contra o proletariado.

É somente por meio de tais procedimentos que o regime burguês é capaz de manter-se. Até quando? Até que seja derrubado pela revolução proletária (Aonde vai a França ?— O Desmoronamento da Democracia Burguesa, La Verité, TROTSKY, 1934)."
As ditaduras no capitalismo que conhecemos tiveram elementos fascistas, desde Franco até as Ditaduras Militares latino-americanas. Logo, é natural que os Intervencionistas no Brasil peçam a criminalização do comunismo (dos partidos operários revolucionários) sendo a conclusão prática da política fascista que estão se organizando para consolidar no país.

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terça-feira, 9 de junho de 2020

O caráter de classe das manifestações nos EUA

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Manifestações nos EUA contra o racismo após a morte de George Floyd.

O assassinato cruel e covarde, cometido pela polícia, de George Floyd, em Minneapolis, EUA, foi o estopim de uma série de manifestações por todo o país. No momento, as manifestações estão se alastrando pelo país, ocorrendo em quase uma centena de cidades, e ganhando força e ímpeto. 

A violência policial nos EUA é semelhante à violência policial no Brasil, e, por extensão, em todo o mundo. A polícia é o instrumento do Estado burguês, detentor do monopólio da violência, e é um instrumento que exerce a violência de uma forma que parece quase que gratuita, e que, por isso, revela o verdadeiro objetivo das polícias no mundo: o massacre e a repressão do povo trabalhador. Nos EUA, país com histórico de escravidão e opressão da população negra, essa violência assume um caráter racial - igual no Brasil. A polícia americana revela o caráter geral do Estado americano: uma instituição racista, violenta e leal à classe dominante.

Por isso, a luta contra a polícia é uma faceta da luta de classes. Contudo, esse não é o único motivo pelo qual a convulsão social nos EUA tem um caráter classista. A classe trabalhadora, lá, é uma das mais massacradas do mundo "desenvolvido".  Não há moradia, saúde pública, nem direitos trabalhistas por lá. E, com a crise do COVID-19, 40 milhões de trabalhadores foram demitidos. 

Isso mostra que essas manifestações são movidas por muito mais que a simples indignação com o assassinato de George Floyd. A opressão da classe trabalhadora nos EUA vem, há alguns anos, causando a polarização no país. Essa polarização só tende a se acentuar, e isso vai acabar em revolução, cedo ou tarde.

Convulsões sociais e situações revolucionárias por si só não bastam. É necessário uma organização dos trabalhadores para fazer a revolução. É necessário um partido. Os grandes movimentos de esquerda nos EUA parecem não ter aprendido com a experiência histórica da classe trabalhadora, e estão sofrendo na pele as mesmas lições. Por exemplo, a organização da candidatura de Bernie Sanders, uma das faces desses movimentos, se deu dentro do partido democrata: um partido de direita, burguês. 

Não se vê, nas manifestações, a presença de partidos, de militantes organizados. Contudo, o país está no caminho inevitável de uma revolução popular, e o surgimento do partido é imprescindível.

Foto: cp24.com

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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...