sábado, 8 de agosto de 2020

O fogo levantado pelas torcidas foi apagado pelas eleições

image.png

A esquerda está se concentrando para participar do processo eleitoral de 2020, lançando-se em uma campanha frenética pela disputa dos votos da população. Por isso, toda a luta que havia sido travada contra o governo Bolsonaro pelas torcidas organizadas foi deixada de lado em prol da propaganda individual de cada candidato. O que parecia ser um movimento de massas com grande força e popularidade se desfez, não por causa do ânimo popular, mas por causa desta condução. 

Neste momento, as articulações políticas estão sendo feitas e já podemos ver que todos os partidos de esquerda, com exceção do Partido da Causa Operária (PCO), irão para o pleito sem uma postura consciente dos reais problemas das manipulações e domínios dos golpistas sobre a máquina eleitoral. Ao que tudo indica, a eleição não será disputada nas ruas por medo e servilismo da esquerda, colocando a direita em total domínio da situação. As imposições tirânicas, sob o pretexto de cuidado a saúde, deveriam ser combatidas e denunciadas como uma restrição grave contra os direitos democráticos: não há pretexto para censura (das supostas "fake news"), restrição de movimentação ou impossibilidade de reunião.  

Os partidos não poderão fazer comícios, nem atos durante o período eleitoral, o que inviabiliza a campanha de rua. Mesmo assim, os transportes públicos como metrô e ônibus vão abarrotados, o que deixa claro o caráter político desta restrição. Mesmo assim, parte significativa da esquerda continua reproduzindo a política do #Fique em Casa, considerando que a internet será um campo neutro em ela dependerá apenas do seu próprio esforço para levar adiante sua luta política. Esta concepção é uma ilusão forte, que se escora nos privilégios de parte diminuta e moderada da esquerda que conseguiu algum cargo dentro do sistema e, por isso, segue docilmente todos os ditames dos poderosos. 

A conclusão política que deve ser retirada é que o ânimo de lutar contra o golpe, tão vivaz nas torcidas organizadas no começo do ano, se desfez temporariamente por causa da disputa eleitoral. Apesar disto, o golpe vai enfrentar uma série de crises e haverá outras oportunidades em que a luta real, de massas e nas ruas, será retomada: ela é permanente, tem períodos "quentes" e períodos "frios". Enquanto isso, veremos uma eleição cheia de devaneios, propostas de lunáticos e demagogia, tudo com frases de efeito como as grandes bravatas sempre aparecem. 


Colabore com nossa imprensa operária, assine o Farol Operário: https://apoia.se/faroloperario
Se não puder colaborar, compartilhe nosso trabalho, isso dá amplitude às nossas denúncias e tem grande valor para nós.
Acompanhe nossas redes: https://www.facebook.com/faroloperario
Instagram: @farol.operario

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Somente o povo organizado em Comitês Populares fará com que as pessoas não morram de fome

image.png
O governo do fascista de Jair Bolsonaro eleito por uma fraude está matando a população brasileira de fome e coronavírus. Depois que o orçamento de guerra foi aprovado pelo Congresso Nacional, a política neoliberal entregou de bandeja  R$ 1,3 trilhões de reais (impostos) aos bancos e, ao povo, a miséria de R$ 600,00, que não paga nem o aluguel e está muito abaixo do salário-mínimo. Fora os  42 milhões  que foram impedidos de receber o auxílio. O resultado: as pessoas estão morrendo fome, se endividando, e trabalhando mesmo com a perspectiva de contágio por coronavírus.

Soma-se a isso a política de Bolsonaro, dos governadores e prefeitos de abrirem a economia, tanto o setor produtivo como o de serviços. Como este jornal insistentemente apontou, sem uma quarentena permanente, até a vacinação em massa da população, para que a maioria das pessoas fique em casa com condições financeiras para sobreviver, não há o que se falar em possibilidades de reduzir o número de mortes e infectados. Portanto, o que os governos federais, estaduais e municipais estão realizando é tentar não sobrecarregar o SUS, no sentido manter pessoas a morrer nos leitos de UTI e não nos corredores dos hospitais ou nas ruas, o que seria muito escandaloso para os governantes e prejudicaria a reputação eleitoral deles.

“Fechar” a economia e “ficar em casa” são apenas palavras. Sem dinheiro, no mínimo R$ 4.000,00 para cada cidadão poder ficar isolado, não há conversa. Mesmo no Estado de São Paulo, no primeiro trimestre de 2020, a política do #fiqueemcasa era uma falácia, já que milhares de pessoas foram demitidas, não estavam recebendo auxílio e aquelas que começaram a receber faziam bicos para não morrer de fome com R$ 600,00. Finalmente, a maioria da população estava trabalhando por necessidade. Portanto, uma política com reais possibilidades de combate ao vírus precisa seguir a linha de quarentena com apoio financeiro, porque a vida da população não é brinquedo, não é capim. Oscilar entre abrir e fechar a economia apenas objetiva não sobrecarregar os hospitais: não é possível acabar em definitivo com o contágio. O interesse dos poderosos é deixar a economia permanentemente em atividade para que os bancos continuem recebendo seus valores e consigam lucrar com a crise. É como o presidente Bolsonaro disse: “e daí?”, são apenas 91.600 mortes por COVID-19.


O que fazer? O programa de ação dos Comitês Populares


Não é de hoje que a população tratada com descaso pelos seus governantes. A crise sanitária apenas expõe e comprova essa recorrência. Para nós, as pessoas que precisam de ajuda para não ter que escolher entre morrer de fome e se infectar, é necessário organizar os Comitês Populares para concentrar os recursos doados pela população, para que sejam entregues cestas-básicas e refeições. É preciso usar os estabelecimentos escolares e ou qualquer local público como espaços de campanha  para que lá sejam entregues refeições pelos Comitês Populares para que assim a organização e força da própria população possa lutar contra essa crise imposta pelos governantes da direita golpista. É urgente, é preciso se organizar já.

 

As eleições municipais de São Paulo são o epicentro da luta política eleitoral da América Latina em 2020

image.png

O Farol Operário entende que as eleições são um momento muito limitado da luta política, não sendo um momento crucial para o desenvolvimento das reivindicações populares, apesar disto não se esquiva da importante tarefa de entender este processo – este tipo de leitura não é exclusiva deste jornal, faz parte do arcabouço teórico do marxismo e está brilhantemente exposta no capítulo 7 de Esquerdismo, doença infantil do comunismo. 

A eleição no Brasil pós-golpe tem sido um dos elementos da burguesia para descentralizar a luta dos trabalhadores e criar um ambiente de legitimidade para os golpistas. Entretanto, a situação de constante crise do regime político dificulta essa manobra. O golpe dado pela direita saiu parcialmente de controle e isso inviabilizou uma candidatura direitista puro-sangue com Geraldo Alckmin, e a elite teve que aplicar um Plano B: Bolsonaro. 

Desde o final dos anos 1990, o Brasil passou por um momento de grande instabilidade: milhões de pessoas famintas e uma convulsão preeminente, que já afetava a Bolívia, Venezuela e Argentina. Perante esta situação, não havia nada a fazer, exceto abrir espaço para o Partido dos Trabalhadores governar o país e aliviar a tensão política. Assim, a burguesia aceita um acordo e, depois de tanto sabotar e boicotar o PT, finalmente Lula é eleito. O que parecia ser uma situação passageira se cristalizou e fez com que o partido tivesse muito poder, elegendo Dilma em mais dois pleitos. Estava provado que sem uma manipulação muito meticulosa, seria impossível tirar o PT do poder - sua política é popular, e o povo sabe disso. 

O Golpe de 2016 começou a ser montando de maneira mais consistente e toda a campanha midiática para achincalhar os líderes do PT, que havia se iniciado com o Mensalão, foi colocada nas ruas. Artistas e celebridades começaram a convocar atos verde-amarelistas, a imprensa burguesa bombardeava o povo com notícias, muitas delas falsas como o caso do Triplex, para viabilizar o Golpe de 2016. O golpe foi dado e o problema persistia para os golpistas, os trabalhadores ainda estavam organizados e detinham poder, pois o PT não é simplesmente um partido artificial, é a organização que surgiu como resultado da luta contra a Ditadura Militar. 

O regime político não consegue ter estabilidade com o PT, por isso é necessário criar mecanismos para destruir o partido. Jogar bombas, matar pessoas e prender outras só funciona em momentos muito específicos da história, geralmente estas manobras mais sanguinárias são amplamente repudiadas e criam uma tensão ainda maior como se nota com o caso do assassinato de Marielle Franco. O cancelamento do registro do PT também criaria uma tensão enorme e poderia criar uma radicalização muito grande, portanto, é necessário levar o Partido dos Trabalhadores para uma desmoralização e esvaziamento que destruam sua estrutura. 

O Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL) é uma das engrenagens utilizadas pelos golpistas em suas maquinações contra o PT, por isso se olharmos na história eleitoral podemos ver declarações extremamente estranhas de um partido pretensamente esquerdista como o PSOL. Um dos inúmeros exemplos é o caso de Plínio de Arruda, presidenciável que já chegou a apoiar José Serra (PSDB) contra Haddad (PT) na disputa pela prefeitura de São Paulo. Agora, a burguesia intensifica seu ataque dando palco para Guilherme Boulos, que é figura constante nos debates da imprensa golpista. Muitos setores petistas de direita já aventam a possibilidade de se desistir da candidatura de Jilmar Tatoo (PT) para apoiar Boulos (PSOL), colocando o partido a reboque de Boulos. Dificilmente o PT desistiria de sua candidatura, mas como o partido não é centralizado é bem provável que isso sirva para minar a candidatura do partido no principal palco da luta eleitoral da América Latina em 2020.  


Colabore com nossa imprensa operária, assine o Farol Operário: https://apoia.se/faroloperario
Se não puder colaborar, compartilhe nosso trabalho, isso dá amplitude às nossas denúncias e tem grande valor para nós.
Acompanhe nossas redes: https://www.facebook.com/faroloperario
Instagram: @farol.operario


terça-feira, 4 de agosto de 2020

Editorial 04/08/2020: 12,2 milhões de desempregados e 94 mil mortes por COVID: a política da direita bolsonarista

image.png

Na última sexta-feira (31), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou dados relativos ao desemprego da população. Entre a primeira semana de maio até a segunda semana de julho, o desemprego cresceu: 2,4 milhões de novos desempregados, atingindo o total de 12,2 milhões (13,1 % da população). Como já denunciado por este periódico, isso reflete uma política contrária aos trabalhadores. Mesmo com a abertura da economia, não houve a proteção ao emprego, restando somente o resultado proporcionado pela infestação desenfreada de coronavírus: 94 mil mortes de brasileiros.


Quem defende o #ficaemcasa, sem nenhuma contrapartida que possibilite o isolamento real, é uma minoria que pode ficar em casa


Os dados do Pnad Covid-19 apontam também que entre os dias 5 a 11 de julho, a população ocupada porém não afastada do trabalho era de 71 milhões de pessoas. Destas, 8,2 milhões trabalhavam remotamente (11,6%). No mês de maio, a quantidade de pessoas que trabalhavam nesse regime era de 8,6 milhões, de modo que a maioria da população estava trabalhando normalmente nos seus postos e que a realidade da campanha #ficaemcasa era somente possível para quem podia migrar para o trabalho remoto, ou seja, para poucos.

A política favorável à população era a de que houvesse a generalização da quarentena com paralisia ampla sob auxílio integral do Governo Federal. Como a política neoliberal era para agradar aos bancos e sua base eleitoral da classe média, a economia foi "aberta". Na realidade, ela nunca foi paralisada de fato e o número de mortes por coronavírus no Brasil só está atingindo a casa dos 100 mil porque o povo precisa sobreviver pagando com a própria vida em meio da crise sanitária, enquanto o Estado nada faz.


A flexibilização avança junto com o número de mortes


Desde o início de maio até meados de julho, 643 mil pessoas saíram do serviço remoto para o presencial. Como estamos avaliando, não é somente a flexibilização — traduzido no fecha e abre dos estabelecimentos que acompanha o sobe e desce da curva de mortes — a causa do contágio desenfreado já que a maioria da população precisava, sem a ajuda do governo, trabalhar. Fora isso, os 12,2 milhões de desempregados que também compõem a informalidade para poder se sustentar estão arriscando suas vidas.

A crise é total. A mídia direitista suaviza a realidade de caos generalizado que assola o país e, por outro lado, a esquerda peca em não noticiar isso justamente porque cai em políticas da classe média, como o #ficaemcasa ou em defender o impeachment do presidente Bolsonaro. Agora, ainda mais com a época eleitoral, uma pá de cal será jogada sobre o assunto.

Diante desse imobilismo da esquerda e das organizações populares em decorrência dos erros políticos mencionados, é preciso organizar a população pelo Fora Bolsonaro e toda direita golpista, pedir por Eleições Gerais. É preciso insistir nas mobilizações de forma permanente, não se trata mais de assistir a catástrofe, é hora de combater a política neoliberal imposta para o Brasil e varrer deste país toda essa corja direitista que abandona o povo quando ele mais precisa. 

Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...