quinta-feira, 26 de novembro de 2020

PM e segurança do Carrefour espancam negro até a morte


Em uma unidade do Carrefour na cidade de Porto Alegre (RS), João Alberto Silveira Freitas de 40 anos foi espancado até a morte por um militar e um segurança no dia 19 de novembro. Segundo relato da Brigada Militar, houve um desentendimento no interior do supermercado entre a João, que estava acompanhada da esposa, e uma funcionária, sendo que ele ameaçou agredi-la. Foram acionados os seguranças (um brigadiano e um terceirizado) que levaram João para a frente da loja para espancá-lo até morrer. Momentos depois, o SAMU chegou para tentar reanimá-lo sem sucesso.

O racismo não é uma questão de consciência ou abstração, não é um espírito racista que paira sobre a sociedade e toma conta, no caso, dos seguranças, da polícia militar fazendo terrorismo nas periferias ou matando a população oprimida de fome porque um "espírito racista" apodera-se de um empresário cujo empreendimento não dispõe de vagas de emprego.

O racismo tem etiqueta, corpo, propósito e finalidade. Para aqueles que acreditam que a educação, a conscientização sobre a transubstanciação do racista em não racista, acaba cometendo imprecisões teóricas na análise da realidade sem precedentes sob pena dos atos racistas continuarem perpetuando-se no tempo porque não há intervenção direta sobre o problema.

O aparato repressor estatal, em especial a polícia militar, serve para conter os pobres e, historicamente em decorrência da escravidão, os negros. Estão, portanto, em uma contradição real a população negra (e os demais setores oprimidos) e as forças repressivas estatais. Essa contradição só será resolvida, em parte, com a dissolução da polícia militar. Essa discussão nem passa aos ilustres esquerdistas caviares (pequeno-burgueses) que, como se acham legítimos representantes dos pobres e negros, falam o que querem, aliás, o que lhes parece mais fácil, um discurso que agrada a todos (inclusive à polícia e a burguesia) já que não são eles que são diariamente assassinados pela repressão do Estado burguês.



A luta pelo fim da Polícia Militar só pode ser concebida no seu percurso revolucionário que obedece leis específicas do movimento de massas enquanto organização popular que substitui, ocupando cada vez mais o lugar do aparelho estatal burguês. O primeiro passo é o fortalecimento das organizações operárias, de seus partidos revolucionários e, por consequência, fortalecimento da organização de negros e de minorias operando com uma disciplina férrea de luta (de tipo partidária), passando pelo controle da produção local, das fábricas, da economia local, dotando de soberania localizada o movimento. Por conseguinte (simultaneamente), organização de milícias de trabalhadores para proteger essas ocupações, os partidos operários e as organizações oprimidas entre outros passos que só a perspectiva revolucionária e a experiência prática é capaz de dar um caminho claro de luta e de fim a esse tipo de ataque à população negra e em geral. É um processo que envolve toda a sociedade, das camadas populares para resolver esses problemas que, no final, está relacionado com o poder que a burguesia tem sobre a sociedade e se utiliza da polícia militar para proteger sua propriedade privada e seus lucros da "delinquência" dos demais e, em um contexto histórico de racismo, esse aparato repressivo ganha uma política racista, selecionando quem irá ser ou não espancado até morrer.

Em um direcionamento conclusivo para essa questão, as organizações populares devem ser criadas e ampliadas, adotando a política revolucionária capaz de resolver o problema da repressão estatal a partir da perspectiva de enfrentamento, não de ilusões no discurso, eleitorais, parlamentares ou qualquer medida tímida e idealista que o valha, porque enquanto a população se ilude, o assassinato dos negros continuará sem cessar.



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