sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

É possível ocupar a FORD sem lutar contra o Golpe?

O regime político e econômico nacional está em crise profunda e o golpe de 2016 colocou ainda mais pressão em um estado de coisas instável e propenso a grandes convulsões. Hoje, com a saída da FORD do país, fica escancarado o processo de sucateamento e destruição industrial brasileiros.

A situação de crise coloca uma série de palavras de ordem como a ocupação de fábricas, a greve geral e a formação de piquetes. Apesar disto, os chamamentos aparentam estar deslocados da realidade dos trabalhadores, parecem palavras de comunistas retrógrados. Isso ocorre pelo fato de que as políticas não são apenas um conjunto de palavras soltas, não são como cartas em um jogo em que você pode surpreender seu adversário com algo poderoso e levar a rodada, elas são parte do desenvolvimento político de uma organização. 

Primeira lição política: toda movimentação efetiva está guiada pela política de uma organização e por esta organização. Assim, quando o povo sai as ruas é resultado de uma ampla campanha, muito bem orquestrada. Sem organização, sem movimentação efetiva. Isso ocorre pelo fato de a luta política ser central no controle da sociedade, sendo controlada pela elite, exceto em momentos de crise e revolução. Logo, é necessário que o esforço coletivo de uma organização que luta pelo poder consiga se desenvolver para termos uma ação política. Um simples ato isolado, como tentaram os terroristas anarquistas do século XIX, por maior que seja, não provoca nenhum tipo de mudança real pelo fato de não ser capaz de mobilizar as massas.    

Na FORD, todos os trabalhadores estão na posição mais cômoda para uma greve e ocupação, já que tem como certos o fim de seus empregos, mas não há nada realmente organizado para que do questionamento surja uma ação política. Por qual motivo isso ocorre? Não é pelo conformismo ou bolsonarismo dos trabalhadores, mas pela confusão geral criada entre os trabalhadores e pelas suas direções.

A FORD já vinha apontando que iria fechar suas fábricas no país desde o ano passado. Em 20 de fevereiro de 2019, o sindicato fez uma assembleia sobre o tema. Durante o período de impasse desde aquela última assembleia, apenas tratativas entre o sindicato e a empresa para resolver a situação. Com toda a movimentação política no país, o sindicato não adentrou na luta e todo movimento político que poderia ser vinculado ao setor e fazer com que a luta entre os trabalhadores ganhasse uma dimensão política foi posto de lado. 

Neste momento, os trabalhadores da FORD se sentem isolados em meio a crise e fica muito difícil criar um elo entre eles e o movimento político momentaneamente, mesmo que seja tão imprescindível. Assim, fica a lição para a classe operária que sem lutar contra o Golpe fica inviável ter qualquer tipo de mobilização.  

Colabore com nossa imprensa operária, assine o Farol Operário: https://apoia.se/faroloperario
Se não puder colaborar, compartilhe nosso trabalho, isso dá amplitude às nossas denúncias e tem grande valor para nós.
Acompanhe nossas redes: https://www.facebook.com/faroloperario
Instagram: @farol.operario


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...