terça-feira, 16 de março de 2021

Editorial 02/03/2021 - A prisão do bolsonarista Daniel Silveira também retira os direitos da população e da esquerda



No dia 16 de fevereiro de 2021, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, decretou a prisão do deputado federal bolsonarista, Daniel Silveira (PSL-RJ), sob a justificativa de que o parlamentar ofendeu os ministros da Corte Suprema. Somente a ministra Cármen Lúcia, Nunes Marques, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski ficaram isentos das provocações do bolsonarista.

Para aplicar sua prisão, o ministro Alexandre de Moraes disse que a defesa do Ato Institucional nº5 (AI-5, imposto pelos militares na recente ditadura) pelo deputado bolsonarista ofenderia a democracia e os tais “direitos fundamentais”, seguindo com o argumento de que a apologia do AI-5 e a ofensa aos ministros suprimiria a democracia em que vivemos atualmente. Toda essa pompa argumentativa tem respaldo na Lei de Segurança Nacional, norma repressiva da época da ditadura que ainda está vigente e foi utilizada pelos “democratas” da corte nesse caso.

Apesar da argumentação do ministro possuir certa lógica, na realidade, porém, trata-se de um ato de mordaça, uma medida arbitrária para censurar o bolsonarista. Poderiam perguntar aos Ministros da Corte de que modo alguém fazer apologia à ditadura, ao fascismo ameaçaria a democracia, senão tão somente na cabeça desses ilustres julgadores. Forçou-se até uma construção de um flagrante para categorizar um crime não contemplado pela imunidade parlamentar, tudo para punir e amordaçar o deputado.

Porque o bolsonarismo está sendo posto de escanteio pelo aparato da direita tradicional golpista não justifica, novamente, rasgar a Constituição e passar por cima da liberdade de expressão.

Os esquerdistas pequeno-burgueses fazem coro em repudiar o ato de “ódio” do deputado, dizendo que, mais uma vez, a civilização (STF e ilustríssimos ministros) venceu a bárbarie (bolsonaristas). Esqueceram completamente qual corte suprema deixou de julgar a prisão em segunda instância para que o Bolsonaro pudesse vencer as eleições com folga sem o Lula - a essa manobra judicial os esquerdistas ficam silentes, não chamam o STF de apoiador da direita, quiçá dos fascistas-bolsonaristas.

Os esquerdistas se esquecem que a cada vez em que se reforça o aparelho repressor estatal, a população vai perdendo os direitos. O judiciário e a polícia são, por si mesmos, máquinas de criminalizar a pobreza e perpetuar o racismo.

Não indo muito longe, por mais pitoresco que possa parecer, o Marcelo Freixo (PSOL/RJ) e o “coronel” Ciro Gomes começaram a ser processados por criticarem o Bolsonaro. Quem fez essa acusação foi o vereador bolsonarista do PRTB, Nikolas Ferreira de Belo Horizonte. Ele se utilizou do mesmo entendimento do STF e a Lei de Segurança Nacional para amordaçar os esquerdistas em questão.

A liberdade de expressão, ainda mais para parlamentares, independente do posicionamento político, deve ser defendida pela população. Se seus representantes forem cada vez mais censurados (parlamentares, partidos políticos, políticos), não se poderá criticar mais nenhuma arbitrariedade do Estado, nem a inépcia do governo bolsonarista e tucano diante da pandemia, nem o golpe de 2016, nem os assassinatos na periferia pela polícia militar, nem a alta taxa de desemprego, nem nada. Quando a Alta Corte faz uso de uma lei da ditadura para amordaçar alguém, é preciso denunciar esses ditadores.

Quanto aos esquerdistas, a ação estatal contra o bolsonarista pouco faz em relação à extrema-direita que está alastrada nas prefeituras, câmaras e assembleias legislativas. Somente a organização de autodefesa dos trabalhadores e da população oprimida é capaz de barrar a ofensiva bolsonarista. Não é pelo discurso, mas pelo movimento organizado e de massas pelo Fora Bolsonaro e toda a direita golpista que realmente reverterá essa situação política. Depender dos ditadores para punir os fascistas cada vez mais impede e dificulta a luta da esquerda em poder se expressar e exercer seu papel político de luta política.

terça-feira, 9 de março de 2021

Editorial 09/03/2021 - Defender a greve dos professores contra o genocídio dos governadores direitistas


No último sábado (6), o Governo do Estado de São Paulo, do tucano João Dória, decretou fase vermelha para todo o Estado. Como está consolidado, a política da extrema-direita bolsonarista, dos governadores e prefeitos de direita, é de total descaso com a população, levando, de tempos em tempos, ao colapso do SUS: pela falta de leitos, de médicos, de botijões de oxigênio, de testes. E a cada vez que se atinge esse pico, decretam-se a fase vermelha, lockdowns, etc. como medidas demagógicas para dizer que a direita está fazendo algo para a população.

Nessa brincadeira de genocida, na segunda-feira (8), a média de mortes no país agora ultrapassa os 1.500 por dia. E, como se não bastasse, a direita quer manter as escolas e templos religiosos (resta saber a relação da fé com o culto à contaminação) abertos, porque são pressionados pelo setor da educação privada (a).

A justificativa do governo baseia-se no risco à saúde mental e à problemas de aprendizado que o isolamento pode causar às crianças e adolescentes, ou que a família que trabalha em serviços essenciais não teria com quem deixar seus filhos (b). A conclusão do governo para esse problema não poderia ser melhor: para não prejudicar à vida dos alunos, joguem eles em um ambiente de risco de contaminação e risco de morte, assim, esses problemas serão todos resolvidos.

Por mais pressão que os governadores da direita realizam, os professores não podem recuar, porque suas vidas, dos alunos, familiares e, no fim, de toda a sociedade está sendo posta em risco.


A burocracia sindical e os professores precisam se mobilizar


Se o sindicato esperar cada nova onda de mortes para se mobilizar para a greve, haverá um problema na força da greve e do movimento. A linha política deve ser clara: fechamento das escolas como uma forma de barrar a contaminação e o genocídio da população, já que os governadores apenas fazem uma política de contenção, de reação à pandemia, nunca com objetivos de evitar de modo contundente a transmissibilidade do vírus.

De certa forma, a burocracia sindical focar-se-á na defesa das reivindicações dos professores em termos de manutenção e correção salarial, impedimento da punição dos grevistas etc. Porém, não se pode limitar a isso. Os professores precisam pressionar o sindicato para construir um movimento amplo de luta, esclarecendo a população desse problema, convocar reuniões para a discussão dos modos de politização da população para atrair amplos setores para a greve, passar nas escolas entregando material explicando o problema e chamando para a defesa do fechamento das escolas e contra essa direita genocida.


Sobre exigir a vacinação dos professores


Para o governador direitista Dória, as aulas serão presenciais independente da população ou dos professores serem vacinados, porque, se há certa urgência em voltar às aulas para o “bem” do aluno e de seus pais, não há nenhuma preocupação em vacinar os professores.

Em um outro sentido, a mobilização dos professores no Espírito Santo com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Espírito Santo (SINDIUPES) fez com que, pelo menos, num eventual retorno presencial, os professores sejam imunizados. O que ainda é precário, visto que os alunos e seus familiares tampouco serão, levando a uma conclusão política de que somente o fechamento das escolas seja uma reivindicação a ser levada adiante sem recuar.


a. Só na rede pública do Estado de São Paulo, em 1º de março, foram contabilizados 1.611 professores que foram contaminados nas 763 escolas: https://sp.cut.org.br/noticias/luta-contra-aulas-presenciais-avanca-343d.

b. https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/03/professores-de-escolas-privadas-aprovam-greve-em-sp.shtml

Consultas:

https://sp.cut.org.br/noticias/artigo-que-prefeitos-e-prefeitas-decretem-a-suspensao-das-aulas-presenciais-ja-8881

https://sp.cut.org.br/noticias/luta-contra-aulas-presenciais-avanca-343d

https://www.cut.org.br/noticias/trabalhadores-em-educacao-do-espirito-santo-terao-prioridade-para-vacinacao-2f78

http://www.apeoesp.org.br/publicacoes/apeoesp-urgente/n-44-nao-fazemos-queda-de-braco-com-vidas/

https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2021/03/4910912-escolas-particulares-e-academias-reabrem-com-regras-sanitarias.html


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segunda-feira, 8 de março de 2021

08 de março, dia internacional da mulher



A data que tem no Brasil um marco trágico de morte de um conjunto de mulheres em uma fábrica têxtil de Nova Iorque no início do século XX no ano de 1911 expressou, no limite, as péssimas condições trabalhistas pelas quais as mulheres eram submetidas na marcha da revolução industrial. O conjunto de mulheres carbonizadas, simbolizou a expressão última da violência contra as mulheres. Ainda no século XX, anos mais tarde, a data foi apropriada agora pelas grandes corporações, têxtis também, mas não só, para aumento de suas vendas no varejo.

O século XXI traria avanços consideráveis no Brasil, com severos resquícios de atrasos. No campo da política institucional, o país elegeu a sua primeira mulher como presidenta e foi criada uma cota proporcional de mulheres para ocupação de cargos políticos. Na esfera da vida civil, as mulheres eram maioria nas vagas preenchidas das universidades e as cotas raciais conseguiam também preencher este espaço com mulheres. Reivindicava-se, por parte dos movimentos feministas, nomes femininos nas artes, filosofia e ciência. Os movimentos identitários liberais pautavam representatividade nas publicidades e quebra da objetificação do corpo da mulher, reproduzida nas peças publicitárias que circulavam na grande mídia. O advento da internet no século passado e seu constante aperfeiçoamento neste século criou inúmeros canais de comunicação para denúncia contra a violência a mulher, o que levou diversas mulheres a criar coragem para expor seus agressores, rompendo com um ciclo de silêncio. Apenas alguns exemplos de avanços.

 Porém, este início de século que avançava a continuidade de conquistas das lutas do século anterior trouxe em seu bojo as contradições das relações sociais. O país que havia elegido a sua primeira presidenta foi também o país que, desde 2013, lutou para destituí-la de sua cadeira. A cota proporcional de gênero na política institucional seguiu o fisiologismo político, onde denuncias de fraudes das legendas partidárias, para cumprir tabela, fora denunciada pela mídia. Já na esfera civil acentuava-se a publicidade do número de morte de mulheres, que a literatura especializada convenciou chamar de feminicídio.

Sobre o feminicídio, poderíamos usá-lo como pedra basilar para reatualizar o significado do dia internacional das mulheres. Se o Brasil utilizou como marco trágico a morte de um conjunto de mulheres de uma só vez dentro de uma fábrica nos Estados unidos no século passado (marco este disseminado em aparelhos ideológicos de poder, pois há outros marcos pelo mundo), o feminicídio – caro e tradicional em terras brasileiras – pode ser lido como uma forma de diluição da morte de mulheres na sociedade. Na esfera da vida cotidiana um conjunto de mulheres morrem todos os dias. E era até então invisível aos olhos do Estado e sociedade civil por estar particularizado. E sabemos que matar mulheres para defender a honra era, até então, legítimo. Só recentemente o STF barrou tamanha bizarrice. Sempre houve uma tácita permissão de execução de mulheres em nosso país. A base que sustenta esse modus operandi é a cultura patriarcal somada a misoginia e machismo que de tão bem consolidados no imaginário brasileiro, é reproduzido inclusive por mulheres em nosso país. 

Deste modo, nesta data em que se celebra a luta das mulheres, nos aponta que em mais de cem anos de celebração deste dia, o direito à vida é ainda uma pauta de conquista no Brasil. Pela complexidade e dimensão continental a qual estamos inseridos, compreender que assegurar o mais básico dos direitos destes tempos modernos, que é o da simples existência, é um carma que carrega a quem se torna mulher. Não há nada o que se comemorar.


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domingo, 28 de fevereiro de 2021

Eleições nos EUA (15): George Soros


A Revista Time classificou George Soros como o “Robin Hood” dos nossos tempos. Isso porque supostamente ele tira dinheiro dos ricos da Europa e EUA para dar aos pobre da Rússia e Europa do Leste. Segundo a revista, isso justifica as especulações que realiza contra os bancos centrais das nações ocidentais, já que esse recurso seria destinado a constituição de sociedades abertas nas antigas repúblicas soviéticas. Porém, George Soros apresenta muito mais coisas ruins do que alguém poderia imaginar, sendo ele um verdadeiro agente financeiro em favor dos interesses mais escusos do imperialismo. Também foi um judeu que colaborou com o nazismo e a morte de outros judeus.

George Soros é uma figura muito importante em qualquer contexto de eleições nos EUA, já que é um dos mais importantes financiadores e tem por preferência candidatos do Partido Democrata. Soros é um dos maiores defensores da legalização das drogas e atua como especulador financeiro no mercado cambial. Sendo um judeu nascido na Hungria, colaborou com o regime nazista a retirar a propriedade de milhares de judeus húngaros e enviá-los a campos de concentração. Soros não tem nenhum problema em assumir isso em entrevistas e dizer que não guarda arrependimento do que fez. 

No início da sua carreira, Soros foi um banqueiro que colecionava fracassos. Isso se deu até o momento que começou a receber apoio financeiro da família Rothschild e iniciou um conjunto de operações financeiras especulativas bem sucedidas na Suíça. George Carlways, um banqueiro inglês que trabalhava para os Rothschild, foi quem proporcionava recursos financeiros para o Quantum Fund de Soros. 

Quem crítica publicamente Soros normalmente caba sendo acusado de nazista ou antissemita pelos meios de comunicação. Mas quem ajudou com a ocupação nazistas na Hungria e na perseguição de judeus foi ele, que alega ter se fingido de cristão para sobreviver. Seu pai, Tivadar Soros, escreveu um livro para tratar de suas práticas de colaboração com o nazismo. Além de confiscar propriedades de judeus, Soros também os escoltava para fora do país. 

Soros admite publicamente que sobreviveu na Hungría nazista durante a guerra, como judeu, adotando o que ele denomina de "uma dupla personalidade". Soros não abandonou o país até os anos após o final da guerra. Ele e seus amigos dos meios de comunicação ão hesitam em acusar a qualquer opositor da política de Soros, sobre tudo na Europa oriental, de ser “antisemita”. A identidade judia de Soros, ao que parece, só tem valor utilitário para ele, ao invés de ser uma fonte de valores morais.

George Soros foi um dos principais apoiadores e financiadores de Barack Obama. Os recursos de Soros financiavam até mesmo Obama quando ele estava no início de sua carreira política. Junto com Soros, as famílias Prescott e Crown de Chicago, Illinois, também realizaram financiamento político para o Obama e formaram uma espécie de lobby para pressionar o senado dos EUA em favor de certas pautas. Esse grupo passou a angariar Obama e conseguiu reunir recursos financeiros da City londrina, de Wall Street, de Connecticut e de paraísos fiscais do Caribe e ex-colônias britânicas. Naquele instante a elite financeira preferia Barack Obama ao invés de Hillary Clinton, algo que mudou depois que ela liderou a guerra contra a Líbia e o assassinato de Muammar Gadaffi. 

Em 1992 Soros despontou como um agente financeiro que especulou contra a Libra Esterlina e o Marco alemão, e em meio a uma crise cambial europeia faturou bilhões de dólares. A partir de então passou a ser um dos principais porta-vozes em favor da legalização das drogas, sendo um importante financiador de políticos que defendem essa agenda nos EUA, Rússia e outros países. Soros parece estar empenhado no objetivo de retomar o antigo projeto do Império Britânico contra os chineses durante a Guerra do Ópio, só que agora em relação a todos os países do mundo. Sempre quando possível apoiou leis de legalização do uso, produção e vendas de drogas. Ele afirma que isso trata-se apenas de uma evolução nos direitos civis. Por meio de seu grupo Human Rights Watch atua contra qualquer tipo de repressão às drogas. 

A Rússia e alguns outros países proibiram a presença da organização Human Rights Watch pertencente a Soros em seus territórios. Essa organização, junto a outras ações de Soros, atuam deliberadamente com o intuito de derrubar governos que não estão alinhados aos interesses imperialistas. Suas ações se dão muito claramente com o intuito de defender os interesses da oligarquia financeira internacional e destruir qualquer soberania nacional dos países. A criação de células terroristas internas por Soros, tem o propósito de promover golpes de Estado e derrubar regimes políticos.

Soros utiliza três fundos para realizar suas operações financeiras: Quantum Group of Funds, Soros Management Fund e Soros Fund. Além disso, ele faz parte de conselhos de administração de outras instituições financeiras, como o Union Bancaire Privée. O Soros Fund e o Open Society Institute são utilizados com finalidades supostamente filantrópicas. Na realidade o que George Soros faz é conseguir isenções tributárias por meio do uso de recursos obtidos com especulação financeira ao financiar golpes contra governos por meio do Open Society Institute. O Soros Fund é utilizado para especular contra moedas de determinados países os quais o imperialismo deseja realizar trocas de regime.

Apesar de realizar esse papel tão importante para a manutenção das estruturas imperialistas, a verdade é que Soros é a cara visível e uma figura menos importante de um sistema absurdamente grande e baseado em uma rede secreta de interesses financeiros provados. Essa rede é formada por um conjunto de famílias aristocráticas e reais europeias, incluindo a família real britânica, os Windsors.

Alguns analistas e ex-membros de agências de inteligência chamam essa rede financeira secreta de “Clube das Ilhas” e entendem que trata-se de uma reconfiguração do Império Britânico após o seu fim, depois da 2ª Guerra Mundial. Acredita-se que os ativos financeiros do “Clube das Ilhas” giram em torno de US$ 10 trilhões. O grupo teria quase que um controle completo no mundo sobre recursos como petróleo, drogas, ouro, diamantes e outras matérias primas importantes, usando esses ativos com finalidades de manipulação de sua agenda geopolítica. Empresas britânicas ou anglo-holandesas como Royal Dutch Shell, Imperial Chemical Industries, Lloyds de Londres, Unilever e DeBeers teriam fortes laços com o Clube das Ilhas. 

Essa rede financeira privada ligada a velha aristocracia europeia age com instrumentos supranacionais. Reproduz certos aspectos da Companhia Anglo-holandesa das Índias Orientais do século XVII, tendo como centro das operações a City londrina. 

Soros atua como aqueles que na Idade Média ficaram conhecidos como Hofjuden, judeus da corte que gozavam de proteção de famílias aristocráticas e em troca realizavam trabalhos dos mais escusos. Soros hoje vive em Nova York, pois é ali que está o maior centro financeiro do mundo. A sede fiscal do Quantum Fund, por exemplo, são as Antilhas Holandesas, no Caribe. A sede social de Soros fica em Curaçao, outra ilha caribenha que funciona como paraíso fiscal da City londrina. As Antilhas Holandesas são ainda uma colônia holandesa que funciona como sede da lavagem de dinheiro da maior parte dos recursos oriundos do tráfico de cocaína e outras drogas na América Latina. 

O nome Quantum de seu fundo faz referência à teoria atômica do físico quântico alemão Werner Heisenberg, que prevê a impossibilidade de medir a posição e a velocidade de uma partícula atômica ao mesmo tempo. Com isso, Soros tentou passar a ideia de que todo investimento implica em riscos de perda, já que não é possível ter uma visão determinista sobre todos os fatores necessários.

Revoluções coloridas na periferia da Rússia, como a revolução laranja na Ucrânia e a revolução rosa na Geórgia, tiveram apoio dos fundos de George Soros e do Open Society. Em 2008, durante a guerra entre Rússia e Geórgia pela Osetia do Sul, as organizações de Soros foram ativas no sentido de propagar a ideia de que a Rússia era uma ditadura que invadiu um país indefeso. Soros também financiou os georgianos opositores à Rússia. Outro financiador da revolução rosa na Georgia foi Lord Marl Malloch Brown.  

Jeffrey Sachs, um dos mais expoentes defensores do neoliberalismo e autor de "Terapia Do Choque", é operador de George Soros. Sachs foi responsável pela expropriação da Polônia e de repúblicas soviéticas na sequência do colapso do bloco comunista. O resultado foi o enriquecimento de bancos e fundos financeiros ocidentais e a destruição e miséria desses países. Sachs comprou industrias, laboratórios de pesquisa e universidades soviéticas, as tirou do seu país de origem e colocou os lucros obtidos em paraísos fiscais britânicos. Também aplicou a terapia do choque, causando fugas de capitais e de cérebros e criando o que ele dizia ser um sistema de livre mercado. As contínuas políticas de austeridade geraram falta de alimento e desemprego em todo o leste europeu.

Soros financia campanhas supostamente por direitos humanos que tentam desqualificar Putin, criando no país protestos que se assemelham àqueles vistos na primavera árabe. Desde o final da URSS, a Rússia sempre foi o lugar preferido para Soros colocar seu dinheiro com finalidades supostamente filantrópicas. A rede de financiamento de Soros também atinge a América Latina e o próprio EUA, sendo seu público preferencial lideranças políticas de esquerda que defendem pautas identitárias. 

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Eleições nos Estados Unidos (13): As onze nações rivais que formam os Estados Unidos


A obra do pesquisador Colin Woodard “American Nations: A History of the Eleven Rival Regional Cultures of North America” nos apresenta uma interpretação sobre a constituição dos EUA muito diferente do que estamos acostumados. Woodard concluiu que os EUA é uma nação formada por onze subnações distintas e  rivais. Seu livro apresenta uma descrição de características fundamentais de cada uma dessas subnações, que se caraterizam principalmente pelos valores culturais bastante específicos, sendo que entendimentos como "liberdade individual" e "papel do estado" varia em cada uma delas. 

A denominação que Woodard dá as subnações estadunidenses são: New France, Yankedom, New Netherland, TideWater, Greater Appalachia, Deep South, First Nation, The Midlands, El Norte, The Far West e The Left Coast.


New France

A New France compreende territórios dos estados de Louisiana, principalmente Nova Orleans, e do Quebec, no Canadá. São regiões que sofreram forte exploração imperialista ao longo de sua formação, mas que se constituíram com valores liberais nos costume e de defesa da intervenção estatal na economia. Essa subnação tende a ter valores positivos em relação a questão homoafetiva e racial, constituindo-se a partir do multiculturalismo. Woodard entende que a Nova França é resultado do encontro da cultura rural do norte da França com tradições indígenas do nordeste da América do Norte.


Yankedom

O Yankedom compreende a região nordeste dos EUA conhecida como Nova Inglaterra (Maine, Vermont, Nova Hampshire, Massachusetts, Connecticut e Rhode Island), o interior do estado de Nova York e a parte norte da região conhecida como meio-oeste industrial (Pensilvânia, Ohio, Indiana, Michigan, Illinois, Wisconsin, Iowa e Minnesota). Essa subnação é resultante do processo de colonização de imigrantes puritanos de origem inglesa, escocesa e irlandesa. Woodard identificou que trata-se de uma região onde as pessoas são favoráveis a intervenção estatal na economia e bastante abertas para pessoas de culturas distintas. Há uma valorização pela educação e participação política. Segundo Woodard, o povo ianque seria influenciado por uma busca de desenvolvimento civilizacional com ênfase no viés econômico terrestre (e não por meio do comércio marítimo), colocando o bem comum acima do individual. Para eles a liberdade e a autoridade são resultantes da comunidade e os ricos deveriam contribuir com impostos, hospitais, bibliotecas e escolas como forma de elevar a dignidade e emancipação dos demais. Importantes líderes políticos como Theodore Roosevelt, Franklin Delano Roosevelt, Woodrow Wilson, John Fitzgerald Kennedy e George Hebert Bush e membros da elite econômica como a família Rockefeller, Bill Gates e Warren Buffet são de origem ianque. Chicago, Detroit, os grandes lagos e as principais regiões industriais dos EUA encontram-se em Yankedom.


New Netherland

A New Netherland é formada pela cidade de Nova York e parte dos estados de Nova York, Nova Jersey e Connecticut. A região foi colonizada por holandeses, guardando muitas características de desenvolvimento civilizacional do Império colonial holandês. Conforme Woodard, entre as suas características está o de ser um dos principais centros comerciais do mundo, que mantém uma enorme tolerância com a diversidade étnica e religiosa, além de compromisso com a liberdade de pensamento e de produção científica. Ao longo de sua história, a New Netherland foi um importante destino para pessoas de todo o mundo que sofreram perseguição em seu país de origem. Wall Street, o maior e o mais importante centro financeiro do mundo, encontra-se na Ilha de Manhattan, em New Netherland.


TideWater

O Tide Water abrange áreas das costas de antigas colônias imperiais, como Maryland, Virgínia e Carolina do Norte. Washington D.C., a capital dos EUA, encontra-se no TideWater. Para Woodard, a região desenvolveu sociedades com características feudais e marcadas pela escravidão, o que justificaria a familiaridade das pessoas com códigos de autoridade e tradição. Cabe destacar que o Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos EUA, fica ao lado do Rio Potomac, no condado de Arlington, no estado da Virgínia, portanto no TideWater. Também se encontra aqui a cidade de Norfolk, sede de uma das maiores bases navais militares dos EUA e seu ponto marítimo estratégico mais importante.  Questões como igualdade e participação política não são tão importantes para a população do TideWater, segundo Woodard.


Greater Appalachia

O Greater Appalachia compreende territórios dos estados da Pensilvânia, Virgínia Ocidental, Kentucky, Tenessee, Arkansas, Oklahoma e Texas. Para Woodard a população da região do Grande Appalachia formou-se a partir de guerreiros e portanto desenvolveu uma ética militar. No entanto, defendem valores de soberania pessoal e liberdade individual. Durante a guerra civil (1861 – 1865) o Grande Appalachia pertenceu aos estados confederados em um primeiro momento, mas depois se alinhou à União. Hoje, segundo Woodard, o Grande Appalachia tem tido posicionamentos contrários a forma de organização federativa dos EUA, apresentando forte rivalidade tanto contra os aristocratas do Deep South como contra os imperialistas humanitários ianques do Yankedom.


Deep South

O Deep South corresponde a territórios dos estados da Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia, Florida, Alabama, Mississipi, Louisiana e Texas. Sua formação está associada a um modelo de colonização imperialista relacionado à Companhia Britânica das índias Ocidentais, marcada pela servidão e autoritarismo. Muitos desses colonizadores eram pertencentes à nobreza britânica que produziam açúcar, rum e algodão em Barbados e outras ilhas do Caribe. Segundo Woodard, implementaram um sistema de castas e se opõem até hoje ao poder federal e a intervenção e regulação estatal sobre a economia. Tendem a usar o aparato repressivo do estado como instrumento de perpetuação da violência e das desigualdades sociais. As elites aristocráticas do Deep South tendem a gastar seu dinheiro com o consumo suntuário de bens importados e fazer oposição à bibliotecas, ensino universal, liberdade de imprensa e desenvolvimento tecnológico.


First Nation

A First Nation compreende o Alaska e certos territórios do Canadá. Tendo a menor população e a maior área territorial dentre as nações, é formada por povos nativos que sempre tiveram resistência à colonização de povos europeus. Woodard afirma que os povos da First Nation preservam conhecimentos e uma cultura que os permitem viver em regiões muito frias e hostis do ártico. Seu território que chega a ser maior que toda a parte continental dos EUA é povoado por algo em torno de 300 mil pessoas. 


The Midlands

The Midlands compreende territórios de Delaware, Pensilvania, Ohio, Indiana, Illinois, Iowa, Nebraska, Kansas, Tennessee, Oklahoma, Texas, Penhandle e Novo México. A região do Midlands também é conhecida como América Central ou coração dos EUA. Woodard considera que essa região é formada por uma população de classe média com muitas variações étnicas e bastante pluralista. Seus primeiros colonizadores foram alemães que compartilhavam com os ianques a ideia de que o benefício comum deveria se sobrepor ao individual. No entanto, trata-se de um povo que não aprova a intervenção estatal na economia.


El Norte

El Norte compreende territórios dos estados do Texas, Novo México, Arizona e California e os estados do norte do México. Para Woodard, El Norte se caracteriza como um dos lugares mais particulares de todo o EUA, já que sua formação tem forte influência da colonização do Império Espanhol e portanto predomina a cultura hispânica. As pessoas que vivem nessa subnação são consideradas muito trabalhadoras, independentes, autossuficientes e com muita capacidade de adaptação. Esse povo também possui um certo ímpeto revolucionário, como influência do histórico do El Norte em guerras de independência do Império Espanhol ou contra os EUA. Os estados mexicanos pertencentes ao El Norte também promovem movimentos separatistas em relação ao México.


Far West

O Far West compreende as regiões das Grandes Planícies e ao Oeste das Montanhas (Dakota do Norte, Dakota do Sul, Nebraska, Kansas, Montana, Wyoming, Colorado, Utah, Idaho, Nevada, Arizona, Novo México, Alasca, Washington, Oregon e Califórnia). Para Woodard essa região se caracteriza mais por questões ambientais que etnográficas. Sua colonização se deu pela presença de corporações sediadas em grandes metrópoles que construíam ferrovias e sistemas de exploração mineral. Muitos trabalhadores foram levados para essa região e ali deixados em situação de dependência e pobreza ao final da exploração mineral. Segundo Woodard, isso é uma das razões para que a população de Far West faça oposição ao governo federal e aos ianques. 


The Left Coast

The Left Coast compreende a região da costa oeste dos EUA (Califórnia, Alasca, Oregon e Washington) e a região da Colúmbia Britânica no Canadá. Essa região que fica no oceano Pacífico foi colonizada por pessoas oriundas da Nova Inglaterra e Greater Appalachia, caracterizando uma mistura de culturas muito distintas. Conforme Woodard, houve a tentativa de constituir uma Nova Inglaterra no Pacífico por parte de missionários puritanos ianques, algo que não foi completamente bem sucedido devido à influência cultural de pessoas oriundas do Grande Appalachia. Cabe destacar que a Califórnia é o estado mais rico dos EUA e que a sede da indústria cinematográfica, Hollywood, e da tecnologia da informação, Vale do Silício, encontram-se na Left Coast. Para Woodard, a Left Coast é resultante de uma idealização utópica de liberdade ianque e um sentimento de autoexpressão e exploração dos oriundos do Grater Appalchia. Isso teria influenciado na capacidade de desenvolvimento de produção cultural e de tecnologia da informação. A Left Coast foi também o berço do surgimento da New Age e do movimento hippie, sendo sede do Festival de Monterey, antecessor do Woodstock. A atual vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, é do Left Coast. Importantes cidades como Los Angeles, São Francisco, San Diego, San José, Seattle e Portland estão nessa subnação. A UCLA (Universidade da California de Los Angeles) foi sede do Maio de 68 estadunidense e hospedou alguns do mais importantes intelectuais das pautas identitárias do mundo, como Herbert Marcuse e Angela Davis. The Left Coast apresenta-se como a subnação que mais se alinha com o Yankedom e que mais possui conflitos com Far West.


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Notícias do mundo: Elementos históricos fundantes para a compreensão da geopolítica atual


Em 1913, um ano antes do início da 1ª Guerra Mundial, foi criada a Reserva Federal dos Estados Unidos (FED) aos moldes de um Banco Central que serve aos interesses de ganhos financeiros especulativos da banca e financistas internacionais. Esse acontecimento foi o início de um processo mais intenso de destruição de um modelo capitalista de produção de bens baseados na economia real, que tinha existido até então.


Em 1944 entra em prática o sistema de economia internacional baseado no dólar e pactuado nos Acordos de Bretton Woods. Durante os anos 1950 iniciaram as reuniões e esforços para colocar fim ao modelo econômico de crescimento ilimitado iniciado em 1492, com o descobrimento da América. Em 1949 o Tratado de Washington criou a OTAN. Em 1954 foi criada a organização transatlântica para a governança de interesses imperialistas Clube Bildeberg. 


Após a Guerra dos 30 anos entre católicos e protestantes, que perdurou entre 1618 e 1648, instaurou-se a paz de Vestfália, que institui os estados nações modernos. Os modelos de governança transatlânticos que surgiram na década de 1960 buscaram eliminar o conceito de Estado nação e instituir o conceito de empresa mundial S.A. como uma organização privada que possui muito mais poder econômico, financeiro, militar e político que qualquer outro tipo de organização na face da Terra, incluindo os estados soberanos. Seria o mesmo que uma Companhia Britânica das Índias Orientais elevado a enésima potência. A ideia de uma empresa mundial partiu de decisões dos mais importantes representantes governamentais e empresariais do mundo durante a reunião do Club Bildeberg que aconteceu na cidade de Mont-Tremblant, no Canadá, em 1968.


Em 22 de novembro de 1963 assassinam o Presidente John Kennedy, que exercia um papel importante em uma agenda política anti-imperialista e que promovia avanços contra o capitalismo financeiro. Com a Ordem Executiva 11110 de 4 de junho de 1963, Kennedy tirava autoridades financeiras do FED, eliminava o peso da dívida para o governo estadunidense e ainda criava um modelo de desenvolvimento industrial e tecnológico sem influência de especuladores. Em 1971 foi anunciado o fim da paridade entre o ouro e o dólar. Em 1973 acontece a aliança entre Henry Kissinger e a monarquia saudita que culminou no sistema de petrodólares. Em 1974 aconteceu o golpe de Estado do qual fez parte Hillary Clinton contra o Presidente Richard Nixon, conhecido como Watergate. 


Em 1979, Deng Xiaoping e Jimmy Carter firmaram um acordo secreto de não agressâo militar de 40 anos que foi ampliado em mais 2 anos e, portanto, encerra em 2021. Isso permitiu que Estados Unidos e a classe militar chinesa (dragões amarelos) alavancassem os elementos fundamentais para a base do neoliberalismo e se tornassem os dois parceiros estratégicos mais importantes do mundo. Desde então a China ajudou os EUA a conspirar pelo fim da URSS e a planta industrial dos EUA migrou para a China, onde trabalhadores recebem salários muito baixos e não há sindicatos. Isso serviu para a pauperização quase completa e desmobilização sindical da classe trabalhadora e média nos EUA. A China também passou a ser o principal comprador de papeis referentes a dívida estadunidense, sistema esse que alavancou o modelo de capitalismo financeiro especulativo e não produtivo baseado em Wall Street.  Em 1981, Paul Volcker lidera a política conhecida como Reaganomics, baseada no neoliberalismo e expansão econômica assentada em dívida.


Durante a década de 1960 a burocracia estatal soviética iniciou acordos secretos e esforços para a união com os EUA e demais potências ocidentais em um sistema único mundial. O representante maior desse projeto foi Mikhail Gorbatchov. Isso levou a iniciativas como a Glasnost e a Perestroika e na dissolução e expropriação do Estado soviético. Esses mesmos burocratas foram traídos, já que o poder e a riqueza não foi dividida com eles, uma prática muito costumeira do imperialismo. O Papa polonês e representante da Opus Dei, João Paulo II, exerceu um papel fundamental para o fim da URSS e desmontagem do bloco comunista. O país, que tinha um crescimento econômico de 10% ao ano no início dos anos 1990, não perdeu a Guerra Fria, apenas se fundiu ao sistema especulativo financeiro de expropriação capitalista.


Em 1991 inicia o fim sistemático do sistema capitalista, que tinha como última fonte de expropriação para o seu sustento todo o patrimônio e ativos da URSS. Esses ativos serviriam como fonte de sustentação para o capitalismo até aproximadamente o ano de 1997, quando estoura a crise dos Tigres Asiáticos. Em 1998 inicia a crise russa. Nos anos 1980 a fonte de recursos para a sustentação desse modelo de capitalismo financista foram os ativos da América Latina, através da crise da dívida externa fabricada pelo próprio EUA. Nos anos 2000 as fontes de expropriação foi a classe média europeia e hoje é a própria classe média estadunidense.


Em 2000 inicia as crises de confiança corporativa (Enron e Arthur Andersen) e Pontocom (Bolha da internet). Em 2001 acontece os eventos do 11 de setembro que levam às guerras do imperialismo contra o Afeganistão e o Iraque. O combate ao jihadismo internacional, que as próprias agências de inteligência estadunidense criaram e financiam junto ao governo da Árabia Saudita (wahabismo), fez com que se criasse toda uma legislação "antiterrorismo" que restringiu direitos civis e criou a base de um Estado fascista dentro dos EUA: USA Patriot Act. Em 2007 inicia a crise da dívida na Europa. Em 2008 inicia a crise do "subprime" (Lehman Brothers) nos EUA. Em 2011 inicia o escândalo do político socialista francês e então diretor geral do FMI Dominique Strauss-Kahn. 


Em 2012 Barack Obama retira de seu conselho econômico todos os representantes da Goldman Sachs e JP Morgan. Em 2014 tornam-se pública as manipulações financeiras práticas no governo Obama para a emissão de "quantitative easy". Em 2016 ascende Donald Trump e o Brexit. Isso marca a redução de status dos mega-bancos e a ascensão dos giga-bancos: Black Rock, Fidelity, Vanguard e State Street.


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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

APEOESP acerta ao colocar condições sanitárias para o retorno presencial


O sindicato dos professores da rede pública estadual de São Paulo, APEOESP, colocou todos os problemas da volta às aulas presenciais para a população e o governo. Os alunos, bem como seus pais, atenderam ao chamado e apenas 5% destes estiveram presente nas escolas. Enquanto isso, os professores em, assembleia virtual, decidiram entrar em greve, no dia 08 de fevereiro de 2021.

A APEOESP está correta em exigir que os professores tenham sua vida resguardada e aceita apenas a vacinação como proteção efetiva contra a contaminação, por isso sua postura é correta e mostra que o Secretário da Educação e Dória fazem demagogia com a vacinação e com a pandemia, ao passo que envia milhares de professores e alunos para uma contaminação. 

A greve ainda é fraca e está politicamente ligada a uma propaganda muito confusa, sendo combativa pela base por meio da palavra de ordem de greve total. Assim, estamos vendo que as vacilações iniciais estão sendo superadas pela categoria e que a unificação com os demais profissionais da educação, como é o caso dos professores da rede municipal de São Paulo, aumenta a força da greve. 


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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Carreatas Denunciam O Caráter Burguês Das Manifestações Pró-Impeachment


Como já denunciado por este jornal anteriormente, é sempre necessário compreender os interesses reais da burguesia, em dada situação, para decifrar seus movimentos, através de seus aparatos políticos e midiáticos. Sendo, assim, o interesse burguês reassumir o poder político, que hoje é de Bolsonaro (ou dos militares) para concluir de vez o processo do golpe de 2016*, suas energias serão voltadas à desmoralização do atual presidente, em especial nos aspectos científicos (vide sua negligência com a pandemia e a disputa da vacina) e identitários (misógino, homofóbico, racista...), além de mobilizações mais incisivas no Congresso pelo Impeachment, já que, agora, há a possibilidade do próprio Congresso indicar o substituto provisório, sem eleições gerais.

Diante toda essa mobilização dos políticos e da mídia, natural seria a iminente manifestação do povo. Primeiro nas redes sociais, agora nas carreatas. É a Frente Ampla, que não cabe mais no Congresso e já inunda as ruas com seu barulho que não quer dizer nada. Uma nova festa patriota, democrática e apartidária, relembrando até 2013. onde o discurso político pode ser traduzido em uma mera buzinada. Para a Esquerda, parece um sonho ver tanta gente mobilizada, inclusive do lado oposto, sob a palavra de ordem "Fora Bolsonaro". O que falta, não de hoje, é entender o contexto.

As carreatas são como os panelaços: servem apenas para fazer barulho e apelo, sem apresentar qualquer teor político informativo, como discursos ou panfletagens, que é onde está o real sentido de ir para a rua e, de alguma forma, dialogar com a população. Portanto, trata-se de uma ferramenta da direita fazer política. A esquerda deve ir a rua sim, mas através de atos que consigam dialogar com o povo. Uma mídia particular, como um JORNAL, também é imprescindível para a comunicação de ideias revolucionárias.

A esquerda deve ter o senso crítico que Bolsonaro não é o último problema e provavelmente está longe de ser o maior. Se aliar com a Frente Ampla para tirá-lo a qualquer custo é servir aos interesses do golpe, já que abrirá mão de organizar uma política de base e será submissa aos interesses burgueses dos partidos de direita do "Centrão", que continuarão sucateando a qualidade de vida do trabalhador quando chegarem ao poder, assim como Bolsonaro já faz.


*Link: https://faroloperario.blogspot.com/2021/02/o-impeachment-de-bolsonaro-como.html


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O Impeachment De Bolsonaro Como Consolidação Do Golpe Burguês


Nesses últimos dias podemos perceber, novamente, uma grande movimentação midiática denunciando a negligência do governo Bolsonaro quanto o gerenciamento da crise pandêmica, além de uma retomada ao apelo do impeachment do presidente nas redes sociais. Não é novidade para ninguém que, desde o início, o governo atual é fascista, genocida e entreguista, mas porque essa revolta, de aparência popular, surge e ressurge apenas em determinados momentos, sem nenhum forte caráter consolidado? E porque só agora aparece a tendência da Câmara considerar a abertura do processo de impeachment?

O cerne das respostas destas questões está no fato de que estas movimentações não são totalmente espontâneas por parte das massas, mas sim, conta com o poder de influência do aparato burguês (a grande mídia e os partidos de direita clássicos) para concluir a transição do governo atual a um modelo neoliberal mais brando e que, ao mesmo tempo, satisfaça a burguesia e consiga agradar minimamente a esquerda menos politizada.

Desde o impeachment de Dilma Roussef por conta das Pedaladas Fiscais (ato ínfimo perto do genocídio fascista atual), foram aplicadas diversas medidas jurídico-midiáticas mais incisivas com o intuito de, primeiramente, desmoralizar a esquerda, como a prisão de Lula e o grande esquema das Fake News no período eleitoral de 2018. Bolsonaro surge então não como um representante ideal dos interesses burgueses, mas como peça-chave para a comoção das massas e o embate ideológico da direita contra a esquerda. Já em seu mandato, Bolsonaro tem cortado ou limitado relações internacionais importantes de cunho comercial e comprado briga com setores da Câmara e da grande mídia, fatores que constituíram a atual polarização Extrema Direita X "Centrão" (a direita clássica junto à esquerda burguesa) e que configura a burguesia como a principal interessada no impeachment, visto que a esquerda ainda se encontra desmoralizada e neutralizada. 

Daí então surge o segundo passo do golpe: isolar Bolsonaro no Congresso e atacá-lo, via grande mídia, em pontos estratégicos, que não coincidam com a agenda burguesa (como o sucateamento das leis trabalhistas e falta de subsídios à classe trabalhadora em meio a crise). Dessa forma, a questão da pandemia é extremamente oportuna para insurgir os chamados "políticos-científicos", como Doria: os novos favoritos da burguesia para as próximas eleições, que ao se colocarem superficialmente acima da direita e da esquerda, e a favor da ciência e da saúde (também superficialmente), ganham apoio da direita liberal e da esquerda, munida de oportunismo eleitoreiro por parte de seus representantes políticos, e de desespero por parte da população.

Assim, detendo o monopólio midiático, a burguesia dá a tona das movimentações da classe média enquanto esta, sob sua clássica soberba intelectual, nega tal influência em vista de afirmar um suposto caráter revolucionário nos protestos de impeachment. Porém, a manipulação é nítida quando percebemos o teor despolitizante e anti-dialogante das manifestações. A disputa ideológica entre Direita X Esquerda foi deslocada para um âmbito moral, onde esta última, inflada pela vitória de Joe Biden (o Bem) sobre Trump (o Mal) e pelo desgaste de Bolsonaro (a ignorância) perante os representantes do "Centrão" (o "bom-senso"), se sente a vontade e no direito de adotar uma postura tão arrogante e intransigente quanto a Extrema-Direita. Trata-se do novo exército a serviço da burguesia para 2022, assim como os eleitores bolsonaristas foram em 2018. Tudo isso enquanto a Câmara faz sua parte e atua mais incisivamente, já que, caso o impeachment do presidente e do vice ocorra nos últimos dois anos do mandato, o substituto é escolhido pelo próprio Congresso, que já deve ir preparando o terreno, nesse período, para o candidato definitivo da burguesia nas eleições.

Devemos sempre estar atentos as movimentações da classe média pois, em geral, esta está inflada de oportunismo, despolitização e manipulação midiática. Temos como exemplo justamente esse surgimento e desaparecimento dos protestos de impeachment de Bolsonaro, sempre de acordo com o desejo de satisfação de algum interesse pontual da burguesia.


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Os tubarões da educação



Estamos servindo de comida barata dos tubarões da educação nesta pandemia, que vão forçar abrir as escolas com medo de quebrar. Eles nos levam pra cova antes de verem uma moeda saindo de seus bolsos.

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Chamada para a reunião de sexta-feira para o Comitê de Fernandópolis


A 5° Reunião Organizativa de 2021 do Comitê Fora Bolsonaro de Fernandópolis, que ocorrerá amanhã (Sexta Feira, 12/02), às 19hrs, será de extrema importância a participação de todos para a votação da data específica do início das panfletagens e também, com isso, das mobilizações práticas do Comitê. Todos estão convidados!

Fernandópolis, 11 de fevereiro de 2021.
Comitê Fora Bolsonaro de Fernandópolis

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Saiba quais são os interesses em jogo na abertura das escolas


Durante a pandemia, os veículos de comunicação da burguesia criaram uma falsa narrativa em que Bolsonaro era taxado como louco obscurantista em oposição aos governadores e prefeitos, membros da direita golpista, que apareciam como responsáveis e seguidores da ciência. Essa disputa é política, apesar de toda a propaganda buscar camuflar tal fato. 

A confusão política gerada pela maquiagem feita nos golpistas se amplia ainda mais por não haver denúncias da esquerda, que se transformou em plateia torcedora. Assim, tivemos no ano passado uma eleição sem comícios, sem atos e totalmente controlada com a vitória dos golpistas por efeito da manobra citada e sua manipulação do sistema eleitoral. Neste momento, a situação se modificou com a abertura das escolas em meio a crise do Covid-19: os professores e o sindicato, para defender suas vidas, precisam se chocar com Dória e desmascarar toda sua demagogia em favor da vida. 

Os professores e o seu sindicato, APEOESP, estão buscando fechar as escolas e voltar ao ensino remoto até que a vacinação seja efetivamente aplicada a população. A APEOESP está em campanha para alertar a todos sobre a impossibilidade de aplicar os protocolos no atual estágio de sucateamento do ensino, o que faz da vacina a única forma segura para um ambiente tão sujo e frequentado. Assim, estão mobilizando para uma greve e pressões na Justiça. Sendo que no dia 08 de fevereiro de 2021 há o indicativo de greve ou paralisação. 

Dória e o secretário da Educação estão empenhados em abrir as escolas em favor dos estabelecimentos privados, que estiveram atrelados ao sistema público nas deliberações sanitárias no ano passado, amargando um grande prejuízo. Assim, colocam em risco a vida dos profissionais da educação não por causa de um motivo pedagógico, o que é apresentado cinicamente, mas por pressões políticas e econômicas concretas. 

Dentro desta briga, a escola pode ser fechada ou aberta, tudo dependendo do tipo de pressão política. Se houver greve, por exemplo, não estranhe se aparecer um novo protocolo que exija o trabalho remoto dos professores. Uma jogada para quebrar a greve, uma forma de corrupção dos professores mais atrasados que já ocorre com a assinatura de ponto dos profissionais que furam a greve em escolas vazias. Essa sabotagem precisa ser vencida pelos professores como todas as outras realizadas, com pressão do sindicato e uma luta política contra os golpistas totalmente esclarecida, colocando Bolsodória no espectro político a qual pertence (extrema-direita).  

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

É possível ocupar a FORD sem lutar contra o Golpe?

O regime político e econômico nacional está em crise profunda e o golpe de 2016 colocou ainda mais pressão em um estado de coisas instável e propenso a grandes convulsões. Hoje, com a saída da FORD do país, fica escancarado o processo de sucateamento e destruição industrial brasileiros.

A situação de crise coloca uma série de palavras de ordem como a ocupação de fábricas, a greve geral e a formação de piquetes. Apesar disto, os chamamentos aparentam estar deslocados da realidade dos trabalhadores, parecem palavras de comunistas retrógrados. Isso ocorre pelo fato de que as políticas não são apenas um conjunto de palavras soltas, não são como cartas em um jogo em que você pode surpreender seu adversário com algo poderoso e levar a rodada, elas são parte do desenvolvimento político de uma organização. 

Primeira lição política: toda movimentação efetiva está guiada pela política de uma organização e por esta organização. Assim, quando o povo sai as ruas é resultado de uma ampla campanha, muito bem orquestrada. Sem organização, sem movimentação efetiva. Isso ocorre pelo fato de a luta política ser central no controle da sociedade, sendo controlada pela elite, exceto em momentos de crise e revolução. Logo, é necessário que o esforço coletivo de uma organização que luta pelo poder consiga se desenvolver para termos uma ação política. Um simples ato isolado, como tentaram os terroristas anarquistas do século XIX, por maior que seja, não provoca nenhum tipo de mudança real pelo fato de não ser capaz de mobilizar as massas.    

Na FORD, todos os trabalhadores estão na posição mais cômoda para uma greve e ocupação, já que tem como certos o fim de seus empregos, mas não há nada realmente organizado para que do questionamento surja uma ação política. Por qual motivo isso ocorre? Não é pelo conformismo ou bolsonarismo dos trabalhadores, mas pela confusão geral criada entre os trabalhadores e pelas suas direções.

A FORD já vinha apontando que iria fechar suas fábricas no país desde o ano passado. Em 20 de fevereiro de 2019, o sindicato fez uma assembleia sobre o tema. Durante o período de impasse desde aquela última assembleia, apenas tratativas entre o sindicato e a empresa para resolver a situação. Com toda a movimentação política no país, o sindicato não adentrou na luta e todo movimento político que poderia ser vinculado ao setor e fazer com que a luta entre os trabalhadores ganhasse uma dimensão política foi posto de lado. 

Neste momento, os trabalhadores da FORD se sentem isolados em meio a crise e fica muito difícil criar um elo entre eles e o movimento político momentaneamente, mesmo que seja tão imprescindível. Assim, fica a lição para a classe operária que sem lutar contra o Golpe fica inviável ter qualquer tipo de mobilização.  

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O imperialismo sempre foi o patrocinador do terrorismo jihadista: entrevista de Zbigniew Brzezinsk para o Le Nouvel Observateur.


Em janeiro de 1998 a revista francesa Le Nouvel Observateur publicou uma entrevista com o conselheiro de segurança nacional do governo de Jimmy Carter: o polonês, Zbigniew Brzezinsk, que foi um dos mais importantes teóricos anti-comunistas da história, sendo responsável direto por um conjunto de eventos importantes que levaram ao colapso da URSS e a formação do “Império do Caos”. Nessa entrevista, Brzezinsk fala com todas as letras algo que já é sabido por quase todos: que utilizou-se da estrutura militar e da inteligência dos EUA para a criação do jihadismo internacional com o propósito de servir os interesses imperialistas de desestabilizar e derrubar regimes políticos comunistas e nacionalistas. Isso derruba a tese difundida no ocidente de que islâmicos são naturalmente terroristas. Abaixo vai a entrevista traduzida para o português e publicada no Brasil em primeira mão pelo Farol Operário.


Nouvel Observateur: O ex-diretor da CIA, Robert Gates, declarou em suas memórias (From the Shadows), que os serviços de inteligência americanos iniciaram a ajuda aos mujahidin, no Afeganistão, 6 meses antes da intervenção soviética. Nesse período, você foi conselheiro de segurança nacional do presidente Jimmy Carter. Você, portanto, desempenhou um papel neste caso. Isso é correto?

Zbigniew Brzezinsk: Sim. De acordo com a versão oficial da história, a ajuda da CIA aos Mujahadeen começou em 1980, ou seja, depois que o exército soviético invadiu o Afeganistão, em 24 de dezembro de 1979. Mas a realidade, secretamente guardada até agora, é completamente diferente: de fato, foi em 3 de julho de 1979, quando o presidente Carter assinou a primeira diretriz de ajuda secreta aos oponentes do regime pró-soviético em Cabul. Nesse mesmo dia escrevi uma nota ao presidente na qual lhe explicava que, em minha opinião, essa ajuda iria induzir uma intervenção militar soviética.


Nouvel Observateur: Apesar do risco que existia, você foi defensor dessa ação secreta de Jimmy Carter. Você desejava esta entrada soviética na guerra e procurou provocá-la?

Zbigniew Brzezinsk: Não é bem isso. Não pressionamos os russos a intervir, mas conscientemente aumentamos a possibilidade de que o fizessem.


Nouvel Observateur: Quando os soviéticos justificaram sua intervenção militar afirmando que pretendiam lutar contra um envolvimento secreto dos Estados Unidos no Afeganistão, as pessoas não acreditaram. No entanto, havia uma base de verdade. Você não se arrepende de nada hoje?

Zbigniew Brzezinsk: Arrepender de quê? Essa operação secreta foi uma excelente ideia. Teve o efeito de atrair os soviéticos para a armadilha afegã e você quer que eu me arrependa? No dia em que os soviéticos cruzaram oficialmente a fronteira, escrevi ao presidente Carter: Agora temos a oportunidade de dar à URSS sua guerra do Vietnã. Na verdade, por quase 10 anos, Moscou teve que travar uma guerra insuportável pelo governo afegão, um conflito que trouxe a desmoralização e, finalmente, a dissolução do império soviético.


Nouvel Observateur: E você também não se arrepende de ter apoiado o fundamentalismo islâmico, de ter dado armas e conselhos a futuros terroristas?

Zbigniew Brzezinsk: O que é mais importante para a história do mundo? O Taleban ou o colapso do império soviético? Alguns muçulmanos agitados ou a libertação da Europa central e o fim da guerra fria?


Nouvel Observateur: Alguns muçulmanos agitados? Mas já foi dito e repetido pelos EUA que o fundamentalismo islâmico representa uma ameaça global, hoje.

Zbigniew Brzezinsk: Bobagem! Também foi dito que as nações ocidentais tinham uma política global em relação ao Islã. Isso é estupidez: não existe um islã global. Olhe para o Islã de maneira racional, sem demagogia ou emoção. O islã é a religião líder do mundo, com 1,5 bilhão de seguidores. Mas o que há em comum entre o fundamentalismo da Arábia Saudita, a monarquia moderada do Marrocos, o militarismo do Paquistão, o Egito pró-ocidente ou o secularismo da Ásia Central? Não há nenhuma diferença daquilo que une os países cristãos ocidentais...

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Agenda editorial Internacional do Farol Operário para 2021



A cada ano que passa as coisas tem se tornado cada vez mais intensas do ponto de vista das políticas internacionais. Acontecimentos que no passado levavam anos ou décadas, agora ocorrem em questão de semanas, dias ou até mesmo horas. Guerras, terrorismo, conflitos armados, doenças em nível global, crises políticas e crises econômicas pautam a nossa existência cotidiana de guerra de sobrevivência. 

Concepções dualistas como bem e mal, socialistas e capitalistas, OTAN e Pacto de Varsóvia, brancos e pretos do jogo de xadrez, entre outras, são insuficientes para explicar a realidade complexa onde nos encontramos hoje.  Com o assassinato do mártir iraniano Qasem Soleimani, o anúncio do The Great Reset, a pandemia de COVID-19 e um conjunto de outros acontecimentos importantes, 2020 superou todas as expectativas de pessimismo baseadas em acontecimentos dos anos que o antecederam. Nesse sentido, cabe destacar os grandes temas que deverão receber destaque e ser objeto de análises no ano de 2021.


Estados Unidos

Após um ano extremamente conturbado e uma eleição com diversos indícios que levam a suspeita de fraude, a nação que serve como sede principal do imperialismo será foco das análises de política internacional do Farol Operário. Sede principal porque também temos outras sedes importantes do imperialismo como Reino Unido, Israel e Suíça. Assume Joe Biden ao lado de Kamala Harris, ambos pertencentes a ala dos imperialistas humanitários. Ele, velho conhecido senador e vice-presidente que teve um papel fundamental na promoção de guerras e golpes de Estado. Ela, representante de corporações situadas principalmente no Vale do Silício como Apple, Microsoft, Amazon, E-bay, Facebook, Twitter e Google deverá dar ainda mais poderes autoritários, de controle e de censura para as empresas californianas do Big Tech.


Sistema financeiro 

 A economia dos EUA precisa de US$ 3 trilhões de recursos externos ao ano que são conseguidos de diversas formas com o uso da máquina de expropriação e sabotagem imperialista. O suposto escândalo dos "panamás papers" no ano de 2016 não passou de uma jogada do imperialismo para sacar US$ 3 trilhões que aristocratas ingleses sediados na "city" londrina tinham depositado nas Ilhas Cayman. Em 2015 os sistema financeiro realizaram manipulações cambiais com o Rublo e expropriou US$ 200 bilhões da Rússia. Nesse mesmo ano também se apropriou por vias cambiais de US$ 100 bilhões da China e US$ 200 bilhões do Quirguistão e da Hungria. O BitCoin foi um projeto de inteligência criado pela NSA dos EUA e que hoje representa um marco importante na grande crise que se aproxima onde discute-se sobre o fim dos petrodólares e substituição por sistema de criptomoedas. Hoje tem cada vez mais poderes os megabancos estadunidenses e europeus, como: Black Rock, Vanguard, State Street e Allianz.


Donald Trump

Enquanto representante político de direita de uma agenda industrialista, anti-globalista, nacionalista, protecionista, isolacionista e conservadora em costumes familiares-religiosos, deverá continuar sua atuação política de denúncia aos instrumentos imperialista e o aparato de guerra que promoveu a fraude eleitoral. Depois de inúmeras traições dentro do Partido Republicano, existe a possibilidade de sair desse partido e fundar o seu próprio partido de inspiração Jacksoniana (Andrew Jackson, 7º Presidente dos EUA que lutou contra os instrumentos de domínio financeiro do Império Britânico). Esse partido deve se chamar algo do tipo "Partido Patriota".


Vladimir Putin

As estruturas do Deep State não permitiram uma reunião entre Putin e Trump. Putin foi uma resposta política à crise russa de 1998 dada por três grupos importantes russos: a família de Boris Yeltsin, as forças de segurança e os oligárquicas. Com o tempo ele ganhou protagonismo e se tornou a principal figura da Rússia e um dos principais atores políticos do mundo. 


Guerra Civil nos EUA

A guerra civil dentro dos EUA se acentua. Existem movimentos separatistas importantes nos estados República da California (Caliexit) e República do Texas (Texit). As contradições de natureza de luta de classes existentes devido ao aprofundamento da situação de miséria da classe média e classe trabalhadora, a recessão econômica e desemprego de aproximadamente 61 milhões de pessoas, fez surgir uma massa de pessoas eleitoras de Trump, armados, em sua maioria brancos e cristãos. Essa massa de, no mínimo, 70 milhões de pessoas, são a quem Hillary Clinton chama de deploráveis. OS EUA encontra-se a beira de uma guerra civil que pode levar a um fenômeno similar ao promovido pela perestroika na URSS em 1991 ou mesmo a balcanização da Iugoslávia em 1992. 


Antifa e Black Lives Matter

Movimentos como o Black Lives Matter e Antifa, financiados por grandes corporações que se dizem preocupadas com minorias e pelo organismo de financiamento de George Soros, Open Society, devem continuar destruindo o que resta de nação estadunidense desde dentro. A destruição de monumentos sob a acusação de que eram de escravistas, confederados ou descobridores europeus, se assemelha muito ao que se presenciou com o colapso da URSS quando se derrubavam estátuas de Karl Marx e Vladimir Ilyich Lenin, principalmente em países como Polônia e Ucrânia. Não por coincidência, tanto Polônia como Ucrânia possuem hoje regimes políticos de inspiração fascista. O que se quer nos EUA com isso é apagar qualquer memória cultural e histórica que permita um valor de unidade nacional.


Deep State (Estado Profundo)

Partido Republicano e Partido Democrata aparentam ter uma agenda externa em comum baseada na guerra permanente. Esses dois países parecem formar um único partido que é o Partido da Guerra. A estrutura do Deep State baseia-se em um modelo transacional que defende os interesses imperialistas e é constituído por universidades, políticos, empresas, agências de inteligência, mídias, redes sociais, burocracia estatal e outras estruturas. 


Fim do modelo econômico financeiro-liberal

A economia estadunidense e a economia mundial está a beira de uma profunda crise. Os EUA tem hoje algo em torno de 61 milhões de desempregados e a dívida mundial é de US$ 4 quatrilhões, sendo que os maiores devedores são o governo dos EUA, empresas dos EUA e o governo da China. Esse valor cria uma verdadeira insolvência. A proposta de The Great Reset do Fórum Econômico Mundial parece ser uma tentativa desesperada de superar o colapso econômico total que se aproxima. 


Projetos globais

Os projetos globais vão além de simples dualidades. Trata-se de um modelo de análise geopolítica que não pensa o domínio do mar e da terra, como abordagens tradicionais fazem, e sim domínio do tempo a partir de projetos conceituais de poder. Os 6 projetos globais são: 1) Nova Babilônia – Nova York, Wall Street, banqueiros, financistas; 2) Nova Jerusalém – Londres, Império Britânico, Coroa Britânica, família Rothschild, cabalistas; 3) Grande Europa – Vaticano, antigas ordens e velha aristocracia europeia; 4) Grande Eurásia – Moscou, Terceira Roma; 5) Novo Califado Vermelho – Istambul 6) Datung – Pequim. Para se ter um projeto global são necessárias três características: possuir um sonho de governança nacional de longo prazo, ter um sistema econômico independente e um sistema de inteligência com alcance mundial. 


Guerras híbridas

Guerras que acontecem de forma não convencional e muitas vezes sem o uso de aparato militar. Esse tipo de guerra utiliza revoluções coloridas, redes sociais, meios de comunicação, organizações terroristas, incêndios, derrubada de aviões civis, golpes de estado, sanções econômicas, entre outras formas. Os lugares preferenciais para a realização de guerra híbrida pelo Deep State deverão ser Venezuela, Irã, Síria, Líbano e a periferia da Rússia (Quirguistão, Chechênia, Daguestão, Bielorrússia, Crimeia, Azerbaijão e Armênia).


Venezuela

Desponta como a nação mais importante de toda a América Latina pelo enfrentamento ao imperialismo. A Venezuela, que já conta com apoio militar russo e chinês no combate contra as ofensivas imperialistas pelo seu ouro e petróleo, pode exercer papel fundamental nos projetos chineses de nova rota da seda ou da rota do chá e dos cavalos. A Venezuela possui boas relações com países que a China precisa realizar alianças e pode atuar como um importante interlocutor. O país é cobiçado pelo imperialismo como rota preferencial de transporte de drogas da América Latina para a República Dominicana e de lá para Miami e Nova York. Estrategicamente cabe uma conciliação entre Venezuela e Colômbia baseada em valores para que esses dois países passam a fazer frente ao imperialismo estadunidense. A Venezuela possui muitos recursos naturais e uma importante posição geográfica, além de ter potencial de liderar a luta anti-imperialista dos países da América Latina. 


Regiões econômicas 

Com o fim da globalização, um dos projetos é o de constituição de regiões econômicas por todo o mundo. A dívida mundial é de US$ 4 quatrilhões e não há forma de pagá-la. A alavancagem financeira dos bancos europeus é de 28 para 1. 114 dos 500 bancos da Itália estão em quebra. O FED tem US$ 56 bilhões de reservas em efetivo e uma dívida de US$ 21 trilhões. Guerra é uma das formas de resolução desse grande problema; a outra é a desmontagem dos países e a criação de regiões econômicas. As regiões mais prováveis e que tem sido discutidas são: 1) EUA, Canadá, estados do norte do México, Austrália e Nova Zelândia; 2) América Latina; 3) Europa, com centralidade no eixo Paris-Berlim, 4) Rússia Ocidental, Turquia, Irã, Balcãs, os países da Ásia Central de origem turco-soviéticas; 5) Rússia Oriental, Coreias e Japão; 6) China; 7) Índia; 8) Império inglês e países árabes.


Crime organizado e narcotráfico

O que mais se aproxima do terrorismo jihadista no mundo são as organizações criminosas da América Latina, cujo mais importante negócio são as drogas. A produção de cocaína foi algo que se desenvolveu no Chile como um negócio da família de Augusto Pinochet. Desde então a Colômbia e depois o México passaram a exercer um papel fundamental. Assim como o jihadismo internacional, as organizações criminosas foram criadas por agências de inteligência estadunidenses situadas em Washington, a partir de uma relação umbilical com Wall Street e o complexo industrial militar. Qualquer ação interna para a luta contra as drogas é completamente inválida, já que os inimigos ficam em Washington. O uso das drogas como instrumento para dominação imperialista não é algo novo. O Império Português associava a escravidão africana à produção de aguardente, tornando os escravos dependentes do consumo de álcool e completamente passivos à rebelião e a luta por liberdade. O Império Britânico utilizou o ópio em uma operação clandestina para vencer duas guerras contra a China na medida em que formava uma massa de chineses dependentes dessa droga produzida no Afeganistão. Não à toa que o Hong Kong Shangai Bank (HSBC), o banco da Companhia Britânica das Índias Orientais, também recebe o nome de banco do ópio. A droga exerce um papel fundamental na economia mundial. Whacovia Bank e City Bank lavavam aproximadamente US$ 350 bilhões de narcotraficantes mexicanos. Estima-se que seu negócio move aproximadamente US$ 1 trilhão por ano para bancos e o mercado financeiro. Figuras como Pablo Escobar e Chapo Guzman são menos que coadjuvantes no jogo do qual a droga é o lubrificante mundial.

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