domingo, 28 de fevereiro de 2021

Notícias do mundo: Elementos históricos fundantes para a compreensão da geopolítica atual


Em 1913, um ano antes do início da 1ª Guerra Mundial, foi criada a Reserva Federal dos Estados Unidos (FED) aos moldes de um Banco Central que serve aos interesses de ganhos financeiros especulativos da banca e financistas internacionais. Esse acontecimento foi o início de um processo mais intenso de destruição de um modelo capitalista de produção de bens baseados na economia real, que tinha existido até então.


Em 1944 entra em prática o sistema de economia internacional baseado no dólar e pactuado nos Acordos de Bretton Woods. Durante os anos 1950 iniciaram as reuniões e esforços para colocar fim ao modelo econômico de crescimento ilimitado iniciado em 1492, com o descobrimento da América. Em 1949 o Tratado de Washington criou a OTAN. Em 1954 foi criada a organização transatlântica para a governança de interesses imperialistas Clube Bildeberg. 


Após a Guerra dos 30 anos entre católicos e protestantes, que perdurou entre 1618 e 1648, instaurou-se a paz de Vestfália, que institui os estados nações modernos. Os modelos de governança transatlânticos que surgiram na década de 1960 buscaram eliminar o conceito de Estado nação e instituir o conceito de empresa mundial S.A. como uma organização privada que possui muito mais poder econômico, financeiro, militar e político que qualquer outro tipo de organização na face da Terra, incluindo os estados soberanos. Seria o mesmo que uma Companhia Britânica das Índias Orientais elevado a enésima potência. A ideia de uma empresa mundial partiu de decisões dos mais importantes representantes governamentais e empresariais do mundo durante a reunião do Club Bildeberg que aconteceu na cidade de Mont-Tremblant, no Canadá, em 1968.


Em 22 de novembro de 1963 assassinam o Presidente John Kennedy, que exercia um papel importante em uma agenda política anti-imperialista e que promovia avanços contra o capitalismo financeiro. Com a Ordem Executiva 11110 de 4 de junho de 1963, Kennedy tirava autoridades financeiras do FED, eliminava o peso da dívida para o governo estadunidense e ainda criava um modelo de desenvolvimento industrial e tecnológico sem influência de especuladores. Em 1971 foi anunciado o fim da paridade entre o ouro e o dólar. Em 1973 acontece a aliança entre Henry Kissinger e a monarquia saudita que culminou no sistema de petrodólares. Em 1974 aconteceu o golpe de Estado do qual fez parte Hillary Clinton contra o Presidente Richard Nixon, conhecido como Watergate. 


Em 1979, Deng Xiaoping e Jimmy Carter firmaram um acordo secreto de não agressâo militar de 40 anos que foi ampliado em mais 2 anos e, portanto, encerra em 2021. Isso permitiu que Estados Unidos e a classe militar chinesa (dragões amarelos) alavancassem os elementos fundamentais para a base do neoliberalismo e se tornassem os dois parceiros estratégicos mais importantes do mundo. Desde então a China ajudou os EUA a conspirar pelo fim da URSS e a planta industrial dos EUA migrou para a China, onde trabalhadores recebem salários muito baixos e não há sindicatos. Isso serviu para a pauperização quase completa e desmobilização sindical da classe trabalhadora e média nos EUA. A China também passou a ser o principal comprador de papeis referentes a dívida estadunidense, sistema esse que alavancou o modelo de capitalismo financeiro especulativo e não produtivo baseado em Wall Street.  Em 1981, Paul Volcker lidera a política conhecida como Reaganomics, baseada no neoliberalismo e expansão econômica assentada em dívida.


Durante a década de 1960 a burocracia estatal soviética iniciou acordos secretos e esforços para a união com os EUA e demais potências ocidentais em um sistema único mundial. O representante maior desse projeto foi Mikhail Gorbatchov. Isso levou a iniciativas como a Glasnost e a Perestroika e na dissolução e expropriação do Estado soviético. Esses mesmos burocratas foram traídos, já que o poder e a riqueza não foi dividida com eles, uma prática muito costumeira do imperialismo. O Papa polonês e representante da Opus Dei, João Paulo II, exerceu um papel fundamental para o fim da URSS e desmontagem do bloco comunista. O país, que tinha um crescimento econômico de 10% ao ano no início dos anos 1990, não perdeu a Guerra Fria, apenas se fundiu ao sistema especulativo financeiro de expropriação capitalista.


Em 1991 inicia o fim sistemático do sistema capitalista, que tinha como última fonte de expropriação para o seu sustento todo o patrimônio e ativos da URSS. Esses ativos serviriam como fonte de sustentação para o capitalismo até aproximadamente o ano de 1997, quando estoura a crise dos Tigres Asiáticos. Em 1998 inicia a crise russa. Nos anos 1980 a fonte de recursos para a sustentação desse modelo de capitalismo financista foram os ativos da América Latina, através da crise da dívida externa fabricada pelo próprio EUA. Nos anos 2000 as fontes de expropriação foi a classe média europeia e hoje é a própria classe média estadunidense.


Em 2000 inicia as crises de confiança corporativa (Enron e Arthur Andersen) e Pontocom (Bolha da internet). Em 2001 acontece os eventos do 11 de setembro que levam às guerras do imperialismo contra o Afeganistão e o Iraque. O combate ao jihadismo internacional, que as próprias agências de inteligência estadunidense criaram e financiam junto ao governo da Árabia Saudita (wahabismo), fez com que se criasse toda uma legislação "antiterrorismo" que restringiu direitos civis e criou a base de um Estado fascista dentro dos EUA: USA Patriot Act. Em 2007 inicia a crise da dívida na Europa. Em 2008 inicia a crise do "subprime" (Lehman Brothers) nos EUA. Em 2011 inicia o escândalo do político socialista francês e então diretor geral do FMI Dominique Strauss-Kahn. 


Em 2012 Barack Obama retira de seu conselho econômico todos os representantes da Goldman Sachs e JP Morgan. Em 2014 tornam-se pública as manipulações financeiras práticas no governo Obama para a emissão de "quantitative easy". Em 2016 ascende Donald Trump e o Brexit. Isso marca a redução de status dos mega-bancos e a ascensão dos giga-bancos: Black Rock, Fidelity, Vanguard e State Street.


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