domingo, 1 de novembro de 2020

Eleições nos Estados Unidos 4: A família Bush



Os Bush são bastante conhecidos. Dois presidentes dos Estados Unidos pertencem a essa família que exerce uma enorme influência sobre a vida política do país. Diante disso cabe entender quem é essa família e a quais interesses está ligada. Para compreender quem é a família Bush será necessário voltar ao início do século XX e passar por diversas gerações.

Membros do Partido Republicanos, a família Bush está bastante associada aos interesses imperialistas que se manifestam nos Estados Unidos. Ficaram famosos pelos seus envolvimentos diretos em diversas guerras durante o século XX e XXI. Compõem a ala imperialista conhecida como neocons. Os neoncons são em sua grande maioria pessoas que trabalharam em agências de inteligência e ex-trotskistas. A característica mais marcantes dos neocons é serem conservadores nas pautas de costumo e pregarem um liberalismo extremo na economia.

Cada vez mais os neocons se aproximam da ala imperialista dos imperialistas humanitários e formam um único partido que é o Partido da Guerra. A família Bush tem deixado bastante claro o seu interesse de compor o Partido da Guerra na medida em que apoiou a candidata democrata Hillary Clinton nas eleições de 2016 e apoia publicamente o candidato democrata Joe Biden nas eleições de 2020. Mesmo sendo do partido republicano são críticos e opositores do Presidente Donald Trump.

A história recente da família Bush se mistura com a própria constituição de estruturas imperialistas nos Estados Unidos, que veio a se tornar a principal sede do imperialismo mundial com as sucessivas crises do Império Britânico sediado em Londres.

Sr. George Herbert Walker, também conhecido por Bert, nasceu em 1875 e é o bisavô de George W. Bush. Ele trabalhou na sede britânica do Brown Brothers Harriman & Co, banco de investimento da família Harriman e que tinha como sócios membros da família Rockefeller. A família Harriman é uma das mais ricas do mundo ainda hoje. Os investimentos desse banco permitiram que a família Harriman conseguisse controlar boa parte dos bancos e linha ferroviárias dos Estados Unidos.

Na sequência da Primeira Guerra Mundial diversos empresários dos EUA realizavam investimentos na Alemanha, sobretudo comprando ativos que se encontravam extremamente subvalorizados naquela ocasião a preço muito baixo. Os Bush junto aos Harrimans participaram ativamente desse processo, formando alianças com diversos industriais e banqueiros alemães. Esses empresários alemães eram os mesmos que temiam a ascensão do movimento revolucionário comunista alemão e que patrocinaram o nazismo e Adolf Hitler.

Por meio de seu banco a família Harriman viabilizou recursos estadunidense que se destinavam exclusivamente ao financiamento de movimento político nazista alemão. Os vínculos dos bancos da família Harriman com o nazismo eram tantos que esse foi o único banco com sede em Nova York que foi autorizado a eliminar seus arquivos relacionados ao seu envolvimento com a II Guerra Mundial. Sir Bert trabalhou como alto executivo dos Harriman e era sogro de Prescott Bush.

Prescott Sheldon Bush nasceu em 1895 e foi casado com Dorothy Wear Walker, filha de Sr. George Herbert Walker. Prescott é avô de Georg W. Bush e pai de George H. Bush. Ele exerceu postos como alto executivo nos bancos que seu sogro dirigia para a família Harriman. Prescott foi um importante financiador do partido nazista, incluindo a disponibilização de recursos para tentativa de golpe de Estado de Hitler em 1923. Foi fundador e diretor do Union Banking, um banco fictício que ajudou magnatas a retirarem seu dinheiro da Alemanha quando a derrota de Hitler e do regime nazista na II Guerra Mundial já estava prevista.

O Union Banking era proprietário de importantes empresas alemãs durante o regime nazista, inclusive a Stell Co. que tinha sua sede na Polônia próxima ao campo de concentração nazista de Auschwitz e que usou mão de obra escrava. O único depositante e cliente do Union Banking era Fritz Thyssen, o principal financiador de fundos para Hitler e o Partido Nazista. O tribunal de Nuremberg escondeu as relações de Prescott Bush com o regime nazista alemão. Nelson Rockefeller, vice-presidente dos EUA entre 1974 e 1977, e o William Harriman também tiveram envolvimento direto com essas atividades. Essas relações sempre foram encobertas pela imprensa, o governo e as agências de inteligência dos EUA e Prescott Bush ainda foi senador pelo estado de Connecticut entre 1952 e 1963.

George Herbert (H.) Bush foi filho do senador Prescott Bush e pai do presidente George W. Bush. Foi deputado federal pelo estado do Texas (1967-1971), representante dos EUA na ONU (1971-1973), presidente do Partido Republicano (1973 – 1974), embaixador dos EUA na China (1974-1975), diretor CIA (1976-1977) e vice presidente dos EUA (1981-1989). Em 1989 tornou-se Presidente dos EUA, posto que ocupou até 1993.

Além de uma carreira pública George H. Bush foi um membro secreto da CIA por décadas sendo conhecido na agência de inteligência pelo pseudônimo de WolfMan. Ele estava a serviço da CIA em Dallas no Texas em 22 de novembro de 1963, dia do assassinato do Presidente John Fitzgerald Kennedy. Naquele contexto George H. Bush se reunia em Dallas com a equipe da CIA que era responsável pela eliminação no exterior de líderes democráticos eleitos. Após esse acontecimento quem assume a presidência é o vice presidente Lyndon Johnson. Johnson era do Texas e inicia a escalada de envolvimento dos EUA na Guerra do Vietnã.

Na condição de vice-presidente do governo de Ronald Reagan, George H. Bush foi o responsável pelas questões que envolviam a América Central. Ele coordenou diversas ações contrarrevolucionárias, a invasão de Granada e golpes de Estado na região. Todos esses praticados por meio da CIA e do Pentágono. George H. Bush esteve envolvido diretamente com o escândalo dos contras na Nicarágua, cuja principal fonte de financiamento foi a cocaína. Permitiu que diversas drogas oriundas da Colômbia desembarcassem na Baia de São Francisco e depois fossem comercializadas nas ruas de Los Angeles. O tráfico de drogas somado ao tráfico de armas permitiu a ascensão de duas das mais violentas gangues da história dos EUA: os Crips e os Bloods. Um dos principais resultados desse processo foi o aumento da violência e exposição às drogas para a população negra e aniquilamento do movimento marxista dos Panteras Negras.

Em 1973 o então secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, realiza o conjunto de negociações com a família real da Arábia Saudita, família Saud, que levaram a uma nova configuração geopolítica e a ascensão dos petrodólares. Com o fim da paridade entre o dólar e o ouro realizada por Nixon em 1971, os petrodólares foram uma forma de lastrear o dólar com petróleo, impulsionar o complexo industrial militar e garantir influência militar e geopolítica dos EUA em todo o Oriente Médio. O sistema dos petrodólares favorecia e tornava ainda mais rica e poderosa a família Rockefeller, sócios dos Bush. Desde então a família Bush estabeleceu fortes relações com a família real e com a elite financeira saudita e os interesses em torno do petróleo fez com que George H. Bush iniciasse a Guerra do Golfo contra Saddam Hussein e o Iraque (1990 – 1991).

Por meio de bancos em Houston, Texas, a família Bush viabilizou investimentos de recursos da família real saudita nos EUA. Essa relação se estendia também à segunda família mais rica e poderosa da Arábia Saudita, os Bin Laden. Ainda que quinze dos dezenove supostos sequestradores dos aviões do 11 de setembro fossem sauditas, a família Bush ajudou a eliminar qualquer suspeita de relação da Arábia Saudita com os atentados. Na ocasião havia muitos membros da família Bin Laden em solo dos EUA e os Bush garantiram o retorno em segurança de todos para a Arábia Saudita em um voo privativo. Assim como Saddam Hussein e Manuel Noriega, Osama Bin Laden foi um importante agente da CIA, sendo responsável pela criação da Al Qaeda. A família Bush mantinha relações não apenas com ele, mas também com sheiks e banqueiros árabes que financiavam grupos terroristas e ações encobertas.

George Walker (W.) Bush venceu as eleições para Presidente em 2000 em um verdadeiro golpe eleitoral que contou com a legitimação da Suprema Corte dos EUA. Para se eleger, George W. Bush teve o maior financiamento de campanha eleitoral da história, contando com o apoio de mais de 100 altos executivos das principais empresas dos EUA. Antes de ser eleito presidente W. Bush teve sérios problemas com álcool, pertenceu a sociedade secreta ultra-elitista da Universidade de Yale Skull and Bones, foi governador do estado do Texas e dono de uma das maiores equipes de beisebol dos EUA, o Texas Rangers. John Kerry, secretário de Estado do governo de Barack Obama também foi membro da Skull and Bones.

O período seguinte foi bastante conturbado e cheio de eventos que não apenas marcariam o início do século XXI como ficaram registrados na história. Em 2001 aconteceu o caso Enron, a crise de confiança corporativa, os atentados de 11 de setembro e o início a Guerra no Afeganistão e em 2003 iniciou a Guerra no Iraque que levaria a queda e morte de Saddam Hussein. George W. Bush foi uma figura pouco importante no período de sua presidência, sendo que os grandes protagonistas das ações imperialistas foram velhos amigos de seu pai como o secretário de defesa Donald Rumsfeld e o vice-presidente Dick Cheney, ambos neocons. No governo de George W. Bush sobressaiu o que ficou conhecido como regime Cheney e foi lançado o Patriot Act em uma lógica de doutrina da guerra permanente.

Em 2020 a família Bush e Colin Powell, secretário de Estado no governo de George W. Bush, declaram apoio a Joe Biden. A família Bush teve até hoje dois Presidentes dos EUA: George H. entre 1989 e 1993 e George W. Bush entre 2001 e 2009. George W. Bush foi governador do 2º estado mais rico dos EUA, o Texas, entre 1995 e 2000 e seu irmão Jeb Bush foi governador do 4º estado mais rico dos EUA entre 1999 e 2007. O Avô de George e Jeb Bush, Prescott Sheldon Bush foi senador dos Estados Unidos pelo Estado de Connecticut e banqueiro de Wall Street se destacando como um dos principais financiadores do regime nazista alemão. Além de Presidente dos EUA, George H. Bush também foi diretor da CIA (1976) e vice presidente dos EUA (1981-1989). Diversos analistas consideram que a família Bush efetivamente compõem a elite dos EUA e executam ações ligadas aos interesses imperialistas. O apoio da família Bush ajuda a colocar em questão a benevolência da candidatura à presidência do democrata Joe Biden.

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