sábado, 2 de janeiro de 2021

Notícias do mundo: Saara Ocidental e Marrocos – interesses imperialistas em torno de uma guerra desleal

O conflito entre o Saara Ocidental e o Marrocos não recebe destaque da imprensa. Muitas pessoas se quer sabem que esse conflito existe e quando descobrem imaginam tratar de mais uma guerra localizada na África. No entanto, essa guerra camufla interesses geopolíticos muito claros do imperialismo. Nesse caso o representante imperialista regional é o Marrocos, uma monarquia cujo Rei, Mohammed VI, é apresentado como uma figura moderna, ocidentalizada e defensor da democracia. Mohamed VI sempre é fotografado usando roupas descoladas e em férias por revistas de fofoca. Além disso, essa figura costuma ter uma agende bastante cheia de compromissos com líderes políticos ocidentais vinculados ao imperialismo.

Em outubro de 2020 o movimento político revolucionário Frente Polisário bloqueou o acesso do Marrocos a uma vila chamada Guergerat no sul do Saara Ocidental e que dá acesso a Mauritânia. O Marrocos enviou uma tropa para garantir a reabertura da fronteira e sucedeu uma troca de tiros. Esse evento fez surgir a possibilidade de uma guerra regional com forte influência de interesses imperialistas.

O Saara Ocidental foi uma colônia espanhola por séculos. Em meio à crise do franquismo, na década de 1970 deixa de ser uma colônia espanhola e passa ser objeto de disputa entre Marrocos e Mauritânia. Na tentativa de se apropriarem desse território do Saara Ocidental, esses dois países entram em um conflito bélico. Há com isso uma forte resistência popular por parte da Frente Polisário, que em 27 de fevereiro de 1976 proclama a independência da República Árabe Saaraui Democrática. Após tentar absorver territórios para si até 1979, Mauritânia desiste dos conflitos e abre mão de reivindicar territórios do Saara Ocidental. Com isso, a República Árabe Saaraui Democrática passou a ser reconhecida como uma nação soberana por diversos países e ingressou na União Africana em 1982.

Os conflitos com o Marrocos permaneceram deixando milhares de mortos e refugiados. Os Estados Unidos e França apoiaram o Marrocos nesse conflito que teve um cessar fogo em 1991, quando a ONU decidiu que o conflito deveria ser resolvido através de um referendo. Nos últimos 30 anos o Marrocos impediu através de diversas formas de sabotagens que esse referendo acontecesse. Quando a República Árabe Saaraui Democrática ingressou na União africana o Marrocos retirou-se da organização. Durante todo esse tempo o Marrocos também realizou um processo de reconquista de territórios fazendo uso de forças militares, sabotagens e alianças geopolíticas.

O Marrocos é uma nação muito mais rica e populosa que o Saara Ocidental. Possui 36 milhões de habitantes e recursos naturais e condições climáticas muito mais favorável que o desértico Saara Ocidental povoado por apenas 500 mil pessoas. O Marrocos também possui uma complexa rede de alianças com potências ocidentais o que lhe dá ainda mais vantagens nesse conflito. Para piorar a situação do Saara Ocidental, os países membros da Liga Árabe e da União Africana não possuem uma posição em comum sobre o conflito. A ONU possui uma missão de paz no Saara Ocidental, sendo que essa é a única das 16 missões no mundo que não avalia a situação de direitos humanos no território onde opera. Isso em meio a fortes indícios e denúncias de torturas e assassinatos. 

Para entender o Marrocos cabe destacar que ele é o único país da África que reconhece Juan Guaidó como Presidente da Venezuela. Quando Janine Áñez se autoproclamou presidente da Bolívia após o golpe contra Evo Morales, uma de suas primeiras medidas foi cortar relações diplomáticas com a República Árabe Saaraui Democrática e reforçou sua relações com o Marrocos. O governo marroquino também chantageia os países europeus em relação a esse conflito ameaçando abrir suas fronteiras do norte permitindo a passagem de imigrantes caso aconteça qualquer manifestação de apoio ao Saara Ocidental. O Marrocos chegou a construir milhares de muros que com o apoio técnico e financeiro da Arábia Saudita e de Israel foi unificado em um único muro de 2700 km de extensão. O muro do Saara como é conhecido tenta dividir a zona de influência marroquina sobre o Saara Ocidental da parte onde se situa a Frente Polisário.

Hoje o Marrocos controla dois terços do território do Saara Ocidental, donde inclui toda a sua costa litorânea. O mar do Saara Ocidental é sua área de maior riqueza econômica e hoje está repleto de navios de pesca europeus que se estabeleceram a partir de acordos com o Marrocos. Do deserto do Saara Ocidental, o Marrocos explora minas de fosfato destinadas a produzir fertilizantes. Com isso, as duas principais fontes de riqueza do território não beneficia em nada sua população que em sua grande maioria vive hoje em campos de refugiados. O único meio de acesso terrestre entre o Marrocos e os demais países da África se dá através do Saara Ocidental. Portanto está em disputa também uma importante rota comercial, ao ponto do Marrocos ter construído até mesmo uma estrada asfaltada que cruza o país.

 

Os conflitos recentes foi uma forma do povo Saarauis reivindicar pela luta armada o seu direito de soberania nacional e denunciar as injustiças, explorações e massacres cometidas pelo Marrocos em associação com o imperialismo no território Saaraui. Tais ações tiveram repercussão internacional na medida em que parte da imprensa voltou a atenção sobre a região e o conflito. Com isso o caso passou a ser mais discutido e denunciado pela comunidade internacional.  

No dia 12 de dezembro de 2020 o embaixador estadunidense em Rabat, capital do Marrocos, David Fischer anunciou que os Estados Unidos reconhece um novo mapa para o Marrocos. Nesse mapa o Saara Ocidental é apresentado como território marroquino. 

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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Eleições nos EUA (7): Um terço da equipe de transição de Biden pertence ao complexo industrial militar


Em meio às comemorações da esquerda na esperança de que dias melhores virão, Joe Biden tem anunciado sua equipe de transição. O que assusta é que em torno de um terço desses nomes provém do complexo industrial militar ou são figuras bastante conhecidas em guerras. Isso faz crer que o governo Biden terá uma forte tendência belicista e os dias que virão não serão nada fáceis para o mundo e para a América Latina.


Muitas das figuras da equipe de transição de Biden vêm de think tanks militares como o Center for Strategic and international ‎Studies (CSIS), o Center for a New American Security (CNAS) e a Rand Corporation. Outros provém das quatro maiores fabricantes de armas do mundo: General Dynamics, Raytheon, Nortrop Grumman e Lockheed Martin.


Cabe destacar que ainda que Donald Trump se apresente como uma figura esdrúxula, tenha impulsionado uma onda neoconservadora no mundo e sirva como apoio para Jair Bolsonaro, o dirigente que deve deixar a Casa Branca no início de 2021 teve a marca de ser o primeiro Presidente dos EUA a não iniciar uma guerra declarada nos últimos 30 anos. Desde o governo de Ronald Reagan, os EUA tem realizado interruptamente ataques e invasões estrangeiras. Durante os quatro anos de governo Trump essa lógica foi interrompida.

Biden nomeou um conjunto de especialistas em guerra, muitos dos quais provenientes do governo Obama, como responsáveis pela elaboração da agenda de seu governo. 


Entre eles encontra-se Lisa Sawyer que deve compor o Departamento de Defesa. Sawyer foi diretora de assuntos estratégicos da OTAN, membro do Conselho de Segurança Nacional e consultora de política externa da JPMorgan Chase. No Center for a New American Security ajudou a formular os métodos de guerra econômica dos EUA para desestabilização de países. Publicamente ela defende o aumento de tropas na Europa e o envio de armas à Ucrânia como forma de se opor às “agressões” russas. Diante do comitê do Senado que supervisiona às Forças Armadas dos EUA, Sawyer disse em 2017 que: “Em vez de se curvar às lanças de influência russas, forneça à Ucrânia ajuda letal que necessita e aumente o apoio dos EUA às nações vulneráveis da região”. 


Outra figura que compõe a equipe de transição de Biden é Linda Thomas-Greenfield. Thomas-Greenfield é muito próxima a ex-conselheira de Segurança Nacional dos EUA responsável pela guerra na Líbia, Susan Rice. Rice ainda possui no currículo a invasão ao Iraque em 2003 e a retirada das tropas da ONU que permitiram o genocídio de Ruanda em 1994. Thomas-Greenfield foi uma das principais apoiadora da política neocolonial de Bush que viabilizou maior exploração aos países africanos conhecida como Millennium Challenge Account. Antes trabalhou na empresa de lobby da indústria militar da ex-Secretaria de Estado Madeleine Albright, a Albright Stonebridge Group. Entre os clientes da Albright Stonebridge Group está a empresa de investimentos de Paul Singer. Singer ficou conhecido por comprar os títulos abutres argentinos e depois processar o país. A Presidente argentina acusou Singer de ter a ameaçado com financiamentos aos seus opositores caso sua vontade não fosse cumprida nas renegociações da dívida externa argentina.


Mais um nome conhecido é o de Dana Stroul, professora do neoconservador Washington Institute for Near East Policy que possui fortes ligações com a organização sionista American Israel Public Affairs Committee (AIPAC). Stroul tem tralhado já a um tempo com políticos democratas, sobretudo ajudando com consultorias sobre a guerra suja na Síria. Ela chegou a recomendar que os EUA deveriam manter uma ocupação militar em um terço do país, no caso a parte mais rica em recursos. Também defende a imposição de novas sanções econômicas à Síria e o não envolvimento dos EUA na reconstrução do país. 


Farroq Mitha, que trabalhou no Pentágono durante o governo Obama contribuindo para o fortalecimento do lobby israelense e participante das conferências da AIPAC também se faz presente da equipe de transição de Biden. 


Agora o que parece mais assombroso é o número de membros do novo governo Biden que apoiam a anos a mudança de regime na Venezuela. Dentre eles encontram-se Paula García Tufro, que foi membro do Conselho de Segurança Nacional durante o governo Obama. Tufro apoiou as declarações de Obama de que a Venezuela representava uma ameaça à segurança dos EUA e ainda atuou junto a grupos de apoio do líder golpista venezuelano Juan Guaido sitiados em Washington D.C.


Kelly Magsamen foi vice-presidente do Center for American Progress e já trabalhou no Pentágono e no Departamento de Estado. Magsamen afirmou que Elliott Abrams é um defensor ferrenho dos direitos humanos. Abrams foi responsável por esquadrões de morte na América Central na década de 1980, sendo o enviado especial dos EUA na Venezuela em 2019. Roberta Jacobson trabalhou na empresa Albright Stonebridge Group e foi embaixadora dos EUA no México. Jacobson ajudou a conceber a designação do governo Obama que determinou a Venezuela como uma ameaça à segurança nacional dos EUA. Tanto Magsamen como Jacobson estão na equipe de transição de Biden.


Além das figuras apresentadas existem tantas outras que compõem a equipe de transição de Joe Biden. Entre elas Derek Chollet e Ellison Laskowski, altos funcionários do German Marshall Fund e lobistas de ações militares contra a Rússia; Greg Vogle, ex-chefe da estação da CIA no Afeganistão e acusado de cometer crimes de guerra; Marty Lederman, professor de direito que redigiu a base legal para uso de drones para extermínio de pessoas sem julgamento; Barbara McQuade, procuradora responsável pela deportação do ativista antiguerra palestino estadunidense Rasmea Odeh para ser torturado pelas forças israelenses; Neil MacBride, procurador que promoveu a Lei de Espionagem no governo Obama; 


Diante do passado dos membros da equipe de transição de Joe Biden, conclui-se que caso sejam incorporados ao governo presenciaremos para os próximos 4 anos restrições de direitos civis dentro dos EUA e guerras sujas nos países estrangeiros.

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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

O Racismo No Futebol Dialoga Com A Realidade?


Neste último mês do ano observamos uma crescente discussão a respeito do racismo no futebol, mais especificamente três casos: no âmbito internacional, o jogo válido pela Liga Dos Campeões da Europa entre Paris Saint-Germain e Istambul Basaksehir fora paralisado e adiado por conta de uma fala discriminatória proferida pelo quarto árbitro contra o assistente técnico do clube turco, o camaronês Pierre Webó, sendo assim a partida reiniciada apenas no dia seguinte (9/12), pelo fato dos jogadores das duas equipes se negarem a retornar à partida com o quarto árbitro, autor do ato, presente.

Quase que como consequência deste evento de alcance mundial, em território nacional, num intervalo de menos de uma semana, houve dois casos notórios: a viralização do vídeo do garoto Luíz Eduardo, no qual ele aparece chorando após acusar o técnico adversário de ato discriminatório, durante um torneio chamado Caldas Cup, no interior de Goiás, no dia 16; e a denúncia de injúria racial do jogador flamenguista Gerson contra o colombiano "Índio" Ramírez, do Bahia, no duelo entre as duas equipes ocorrido no dia 20. Interessante pontuar que em ambos os três casos a palavra discriminatória em questão se referia a "preto" ou "negro".

Os pretos, na grande maioria da história, foram calados e objetificados, portanto a eles merecem todo o direito de expressão e de se sentirem revoltados ou incomodados com uma situação iminentemente racista, como foi feito nos exemplos supracitados. Em um âmbito sócio-político, entretanto, jamais podemos nos esquecer que a segregação racial é fruto do imperialismo capitalista. Uma luta popular antirracista que não tenha um forte contexto econômico, que vise a reestruturação urbana das periferias, a redução da desigualdade social e do desemprego, além de uma maior inclusão universitária, consistirá em uma luta ineficaz que ignora as principais consequências do racismo. Pior do que isso: ao tratar o racismo como uma causa meramente humanitária, e não política, desloca-se o alvo do real inimigo (o Estado) para o nosso semelhante, reduzindo a luta em acusações pessoais (como tem se verificado) e inflamando a vontade burguesa de linchamento (houve quem bradasse por cadeia ao jogador do Bahia!). Portanto, qualquer evidência ou grande repercussão que a grande mídia der ao racismo será de cunho "humanitário", ou seja, será uma farsa! Não há nenhum interesse em superar o racismo de fato nessas movimentações, mas sim apenas dar pauta à esquerda burguesa, para que esta esperneie e aponte o dedo covardemente ao elo mais fraco da sociedade (a classe trabalhadora, que é à quem a mídia vai direcionar), enquanto a estrutura do poder segue intacta.

Além da suposta luta antirracista, sem nenhum contexto econômico, ser uma farsa, não dialoga em nada com a classe trabalhadora, que é sujeita a sofrer as consequências mais pesadas do racismo. Pra quem é acostumado a ter algum amigo ou parente com apelido de "Negão", por exemplo, ou outros derivados de sua cor, uma simplificação do racismo numa injúria de "negro" é muito pouco para que o sujeito se identifique ou tome parte da situação. É preciso esclarecer sua história, as origens econômicas da escravidão e da segregação do negro nas periferias, entender porque desta ter uma cor predominante e porque a desigualdade social, de forma geral, é um dos maiores problemas do nosso país.

Não há de se eximir a responsabilidade individual dos agentes nos casos em questão, mas em um aspecto macro de combate ao racismo devemos entender que estes não são nossos reais inimigos, pois apenas reproduzem o que o Estado perpetua como projeto desde sempre. Portanto, uma política punitivista não é a solução.


Consciência Negra e a Terceirização de Lutas Populares: https://faroloperario.blogspot.com/2020/11/consciencia-negra-e-terceirizacao-de.html

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Eleições nos EUA (10): Golpe, fraude e aprofundamento da Guerra Civil


A intensidade de acontecimentos em torno das eleições dos EUA provam que está muito incerto o que vem pela frente. Trump foi o primeiro Presidente dos EUA nos últimos 30 anos a não iniciar uma guerra declarada contra uma nação estrangeira. Diante das movimentações há fortes indícios do aprofundamento da guerra civil nos EUA.

São diversas as evidências de que houve fraldes nas eleições e, portanto, um golpe do Deep State contra Donald Trump. Os indícios em torno do uso do supercomputador Hammer com o aplicativo Scorecard para realizar ingerência à transferência de dados tornam-se cada vez mais contundentes. O sistema de contagem de votos usado por mais de 30 estados, o Dominion, apresenta diversos problemas de segurança e em diversos estados-chave - Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Geórgia, Nevada e Arizona - aconteceram “inexplicáveis” oscilações de votos na madrugada do dia 04 de novembro de 2020 que garantiram a vitória de Joe Biden.

Pelo currículo das pessoas que compõem a equipe de transição de Biden, observa-se que em seu governo haverá uma forte influência do complexo industrial militar. Diversos assessores de Biden e futuros membros do governos são funcionários ou sócios das principais empresas de armas do mundo ou são membros de institutos ou "think tanks" que defendem investidas militares imperialistas no exterior. O próprio Biden, como vice-presidente dos EUA (2009-2016) e presidente da comissão de relações exteriores do Senado dos EUA (2001 – 2007), viabilizou um conjunto de guerras, mostrando ser um experiente defensor dos interesses do Império. Irã e Venezuela deverão ser os dois principais focos de guerras imperialistas nos próximos 4 anos.

Donald Trump nunca foi um representante nato do Partido Republicano, ainda que tenha contado com o apoio de importantes nomes do partido, como Mike Pence e Rudy Giuliani. Após o conturbado e impopular governo de George W. Bush (2001 – 2008), os republicanos perderam muita credibilidade política no país e Trump despontou como um candidato “independente”. Porém a oposição do Deep State contra Trump foi tamanha que até mesmo a FOX News e o New York Post, mídias que em certa medida o apoiavam, passaram a realizar críticas. Os últimos quatro anos foram marcados por tentativas de golpe e até insinuações sobre a necessidade de se assassinar Trump.

Inúmeras foram as traições de membros do Partido Republicano contra Trump. A família Bush e Colin Powell, por exemplo, fizeram campanha em favor de Joe Biden. Além disso 130 influentes membros do Partido Republicano assinaram uma carta pública de oposição a Trump e de apoio a Biden. Até mesmo Mitch McConnell, o líder do Partido Republicano no Senado, tem realizado ferrenha oposição ao Presidente Trump em seus últimos dias de governo.

A grande mídia dos EUA - como New York Times, NBC, CNN, Washington Post -  junto com as empresas da Big Tech - como Facebook, Google, Amazon, eBay, Microsoft - ajudou a constituir uma caricatura de Trump como a reencarnação de todos os males, além de impedir a divulgação de qualquer analise alternativa que questionasse a legitimidade das eleições dos EUA. 

Porém as coisas não são tão simples como os representantes do Deep State e do complexo militar gostariam e os EUA vivem uma ebulição que pode culminar em uma guerra civil. Como dito anteriormente, Trump nunca foi um presidente do Partido Republicano, mas sim o representante de uma massa de pessoas que se encontram em situações cada dia pior de pobreza e miserabilidade dentro dos EUA devido as consequências do imperialismo no próprio país. Trump obteve oficialmente mais de 71 milhões de votos, o que demonstra um verdadeiro movimento de massas em torno de sua figura. Essas pessoas que apoiam Trump são tratadas pelos representantes do imperialismo como “os deploráveis”.

A depender do que venha a acontecer nos próximos anos esses mesmos "deploráveis" podem ser um elemento fundamental para o aprofundamento da guerra civil. O envolvimento em guerras estrangeiras em lugares distantes, onde quem irá lutar e morrer como soldados são esses mesmos "deploráveis", pode ser um elemento fundamental para a insatisfação e revolta popular. Outro fato importante é que a economia dos EUA e mundial está a cada dia mais próxima de um grande colapso que pode surtir efeitos ainda mais devastadores do que o Crack da Bolsa de Nova York em 1929. Vale lembrar que os EUA possui hoje aproximadamente 50 milhões de desempregados, sendo que a economia do país encontra-se em uma forte recessão. Tal quadro torna-se cada vez mais favorável a uma guerra civil. A depender da capacidade de interpretação da esquerda sobre esse quadro e condução política, poderia acontecer uma revolução.


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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Notícias do mundo: Irã e Israel – o assassinato do pai do programa nuclear iraniano


Se Biden realmente assumir a presidência dos Estados Unidos, Trump deixará a Casa Branca sendo o único Presidente nos últimos 30 que não iniciou uma guerra declarada contra outra nação do mundo. Os envolvimentos intermináveis dos Estados Unidos em guerras estrangeiras datam desde a presidência de Ronald Reagan. Porém os tempos estão cada vez mais obscuro e a agenda do deep state enquanto representante do Império mostra-se cada vez mais perversa. 

O imperialismo parece ter um alvo preferencial para suas aventuras bélicas e esse é o Irã. No dia 03 de janeiro de 2020 Qasem Soleimani, major-general da Guarda Revolucionária Islâmica por mais de 20 anos, comandante da Força Quds, herói da revolução islâmica e considerado na época o maior mártir iraniano vivo, foi assassinado pelos Estados Unidos. Isso levou a uma grave crise no Oriente Médio e quase desencadeou uma guerra termonuclear de grandes proporções. 

Agora a vítima do imperialismo foi Mohsen Fakhrizadeh, pai do programa nuclear iraniano, assassinado em uma emboscada em Teerã com armas da OTAN no dia 27 de novembro de 2020. Fakhrizadeh já tinha sofrido ameaças públicas do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em 2018. Tanto Estados Unidos quanto Israel são contrários ao desenvolvimento do uso de energia nuclear pelo Irã. Com a política claramente imperialista e bélica que deverá ser praticada por Joe Biden as tensões com o Irão deverão tornar-se cada vez maiores.

O Irã foi um dos primeiros países que sofreu com a onda de COVID-19 tendo um número grande de perda de vidas humanas. As sanções econômicas impostas por Donald Trump ao Irã dificultou que o país persa realizasse a importação de medicamentos, máscaras e respiradores. Além de ser o principal cientista nuclear iraniano, Fakhrizadeh também dirigia o programa de pesquisa iraniano de uma vacina do COVID-19. 

Dois outros importantes cientistas nucleares iranianos já foram assassinados antes: Masoud Ali Mohammadi em 2010 e Hassan Tehrani-Moghaddam em 2011. Entre 2010 e 2012, durante o governo de Barack Obama, acontecerem ao menos cinco atentados contra cientistas iranianos envolvidos em projetos de energia nuclear. Quatro deles morreram e um ficou gravemente ferido. Há fortes indícios de que esses atentados foram realizados por Israel com os auspícios dos Estados Unidos.

O Irã foi um dos primeiros países a ser assolado pela onda de COVID-19. Também apresentou um alto número de pessoas mortas pelo vírus. Donald Trump estabeleceu uma política de sanções econômicas contra o Irã. Isso dificultou a importação de produtos para a prevenção e combate a a doença, como: máscaras, medicamentos e respiradores. Hassan Rohani, Presidente do Irã, informou que a exemplo do assassinato de Soleimani não realizará nenhuma ação imediata como resposta ao atentado que matou Mohsen Fakhrizadeh. A o governo de Teerã e a classe militar iraniana está dividida. Uma parte entende que responder ao atentado com um ataque é o que Israel tanto deseja para iniciar uma enorme crise e uma guerra nuclear no Oriente Médio. Outra parte entende que ao não dar resposta aos atentados praticados pelo governo sionista de Tel-Aviv permite que esses continuem ocorrendo. 

As sanções econômicas impostas por Trump ao Irã ocasionaram em queda de seu PIB, desvalorização da moeda e aumento do desemprego. Após a morte de Soleimani, o Irã fez um ataque minucioso com mísseis a uma base militar estadunidense no Iraque sem deixar vítima. Isso foi uma forma de mostrar sua força bélica e sua capacidade estratégica. Na sequência, em um ato de terrorismo cibernético, o governo de Israel interceptou o sistema eletrônico de segurança aéreo iraniano fazendo com que o Irã cometesse um erro e derrubasse um avião ucraniano no aeroporto de Teerã. Com a sabotagem israelense que levou ao acidente aéreo e morte de quase 200 civis em sua maioria iranianos mais o assassinato de Fakhrizadeh, Israel quer dar demonstrações de força e controle quase total sobre o território iraniano. 

Duas importantes conclusões podem ser tiradas desses acontecimentos: 


1) Os Estados Unidos junto com Israel praticam ingerência dentro do território iraniano; 


2) Os atentados contra o Irã caso ocorressem em países ricos seria considerados como atos de terrorismo. 


O uso de armas nucleares no Oriente Médio é algo completamente sem parâmetro racional justificável. É de conhecimento público que fazem décadas que Israel possui armas nucleares sem uma autorização explícita da comunidade internacional. Pelas regras atuais somente os países considerados vencedores da II Guerra Mundial poderiam ter esses tipos de armas: União Soviética (hoje Rússia), Estados Unidos, Reino Unido, China e França. 

O governo de Israel faz mistérios sobre armas nucleares, nunca confirma, mas também não desmente. O assassinato do Presidente dos Estados Unidos John Kennedy em 1963 esteve envolto de mistérios com a Mossad (serviço secreto israelense), já que ele fez duras ameaças contra Israel pelo uso de reatores nucleares e desenvolvimento de armas no mesmo ano de seu assassinato. O sequestro pela Mossad do técnico nuclear israelense Mordejái Vanunu responsável por publicar informações sobre o programa nuclear secreto israelense no Reino Unido em 1986 teve características cinematográficas que não se vê nem nos filmes do 007 ou Missão Impossível. Vanunu foi clandestinamente levado para Israel onde ficou 18 anos preso. Hoje ele está proibido de sair do país falar com cidadãos não israelenses.

Trump termina seu primeiro mandato sendo o primeiro presidente em 30 anos sem um envolvimento bélico declarado. Isso levanta forte suspeita de que o assassinato de Fakhrizadeh foi praticado por Israel com apoio todo o apoio do Deep State tem um fim em si mesmo: iniciar uma grande conflito marcado por uma guerra termonuclear no Oriente Médio.

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

O Congresso de Unificação e os Economicistas: Prefácio à obra "O Que Fazer?" de Vladimir Lenin


Vladimir Lenin foi um dos grandes revolucionários e expoentes do marxismo da história. Sua obra teórica e prática resultou na maior mobilização proletária da modernidade e no maior exemplo concreto de modelo socialista: a União Soviética.

Porém, assim como inúmeras conquistas históricas, esta também teve origem determinante de uma desilusão ou imprevisto: no caso, o fracasso do Congresso de Unificação.

No fim do Século XIX, a Rússia ainda vivia um período arcaico, mas com uma intensa mobilização operária, que organizava greves e movimentos sindicais. Isso já concomitantemente à uma prática mais consolidada da social-democracia. 

Todo esse contexto culminou no Congresso supracitado, que ocorrera em Zurique, em 1901, no intuito de ratificar uma união das frentes social-democráticas russas em vigência. Prática que fora logo abortada pelos marxistas mais ortodoxos (Lenin, Martov, Plekhanov, Zassulitch...) por conta de propostas de aditamentos oportunistas à resoluções de congressos anteriores. Sendo assim, esse Congresso foi importante para delimitar a parcela revolucionária, ligada ao Partido Social-Democrata, representada pelo jornal Iskra, e a parcela reformista, pejorativamente nomeada por Lênin de "Economicista", representada principalmente pela revista Rabótcheie Dielo. Posteriormente, após o declínio do "Economicismo", este se reinventaria na forma de Menchevismo, liderado por alguns dos militantes do próprio Iskra dessa época, como Martov e Plekhanov.

Assim, Lenin se vê obrigado a mudar o tom de sua obra. Se em "Por Onde Começar?" têm se um artigo didático e direto a respeito do direcionamento partidário da social-democracia (caráter e conteúdo da agitação, tarefas de organização e plano de formação de um partido nacional), "O Que Fazer?", sem perder o norte teórico da obra anteriormente citada, acaba constituindo-se como uma Polêmica: consagrado método marxista no campo teórico, que ajuda a delimitar o inimigo e denunciar seus interesses deturpados. Este, claro, tratava-se dos Economicistas, rotulados assim não por uma minuciosa investigação de suas coincidências, mas como uma medida profilática, para que estas células reformistas não contaminem outras dentro do partido, pois, no fim, mais importante do que um reconhecimento científico das novas tendências é o protagonismo da luta de classes. Ao estabelecer concessões à ideologia burguesa dentro do partido, quando menos se espera, esta já o dominou. Lenin inclusive cita o exemplo francês de Millerand, que abraçou o reformismo do teórico alemão Bernstein e culminou num governo de caráter autoritário à camada trabalhadora.

Nesses moldes, Lenin discorre nos capítulos do livro duras críticas ao caráter reformista-burguês dos Economicistas, muito por conta de sua defesa ao Espontaneísmo, que nada mais é do que a defesa de que a classe trabalhadora tem totais condições de guiar-se de forma autônoma ao seu destino revolucionário. Esta constatação se verifica oportunista pois, sem um aporte teórico revolucionário que, convenhamos, não se encontra no senso comum em nenhuma sociedade capitalista, o operário tende a ser dominado pelo status burguês vigente, que se materializa, no campo da esquerda, na política trade-unionista: os operários são incentivados a se preocupar exclusivamente com sua emancipação econômica, através de melhorias individuais de trabalho, lutas sindicais e alienação política. Os Economicistas travam uma disputa teórica com os revolucionários ("Revolução do dogma ou da vida!") no intuito de garantir seu protagonismo político, mantendo o trabalhador à reboque, o enganando com argumento falaciosos como de que "a política tende a seguir a economia". Tudo isso sob a tutela da "Liberdade de Crítica": jargão economicista que simboliza a liberdade de se formular novas teorias "modernas" ao "engessado" marxismo, que na verdade se mostraram apenas como reinvenções farsescas preestabelecidas do reformismo burguês. A "Liberdade de Crítica", dessa maneira apresentada, é uma ausência de princípios e uma renúncia teórica, à qual revolucionário nenhum pode se dar o direito! Este deve estar preparado para identificar a infiltração anti-revolucionária ainda que bem disfarçada.


Demais contradições como a do funcionamento da imprensa revolucionária, das greves, da organização partidária, são apontados e também serão tratados no decorrer do Curso sobre a Obra organizado pelo Farol Operário, que terá início nesta Quarta-Feira, em Fernandópolis, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, às 19hrs. O evento também terá transmissão online via Google Meet.

Inscrições:farol.op17@gmail.com ou forabolsonaro.fernandopolis@gmail.com

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Farol Operário quer educar o povo para a Revolução



O Farol Operário é um jornal que está ao lado dos trabalhadores com o objetivo de construir uma sociedade comunista, por isso denuncia todos os abusos dos poderosos. Porém não se limita a isso, busca levar aos trabalhadores o melhor da teoria revolucionária aos sábados e domingos no final da tarde, especificamente às 20H, com seus dois grupos de estudo de Marx. Isso ocorre com o objetivo de criar um senso maior de profundidade política dos trabalhadores para a vitória da revolução. “Sem teoria revolucionária, sem prática revolucionária” como mostrou Lênin. 

Todo o material produzido para educação revolucionária está no canal do Youtube, no Blog do Farol Operário e nas Notas na Página do Facebook. Há pouco material ainda, mas é possível ver a apresentação do texto Carta a Um Camarada de Lênin e alguns capítulos do Capital e da Ideologia Alemã. 

No final deste ano, a organização política Farol Operário percebeu a necessidade de ampliar o domínio do marxismo para a população e seus quadros por meio do curso de formação do livro “Que Fazer?”, obra-prima da luta operária. O livro é uma polêmica de Lênin com a ala reformista do movimento operário russo e seus métodos, colocando de forma clara como deve ser uma atuação marxista. 

O curso será realizado por meio de exposições relativamente curtas 30 minutos de cada capítulo, após haverá uma sessão com perguntas e um pequeno debate entre participantes do curso.


Dia 23 dez - Prefácio (Online e presencial em Fernandópolis) 

Dia 28 dez – Trena (Online). Cap. 1 - DOGMATISMO E LIBERDADE DE CRÍTICA

Dia 29 dez – Cap. 2 - ESPONTANEIDADE DAS MASSAS E A CONSCIÊNCIA SOCIAL-DEMOCRATA

Dia 30 dez – Suzuki (Online). Cap. 3 - POLÍTICA SINDICAL E POLÍTICA SOCIAL-DEMOCRATA

Dia 3 jan – Salinas (Online). Cap. 4 - OS MÉTODOS ARTESANAIS DOS ECONOMISTAS E A ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONÁRIA

Dia 5 jan – Trena (Online). Cap.5 -  PLANO DE UM JORNAL PÚBLICO PARA TODA A RÚSSIA 


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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

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