sábado, 12 de setembro de 2020

TeleSur: 15 anos de democracia nas comunicações latino-americanas

 


No dia 24 de julho, há 15 anos, data do nascimento do revolucionário Símon Bolívar, líder da libertação das Américas, foi fundada a TeleSur, em Caracas, Venezuela. O projeto foi idealizado por Hugo Chávez, então presidente à época e por Fidel Castro, de Cuba para que fossem produzidas e transmitidas notícias de interesse dos povos latino-americanos, que contribuíssem com suas lutas emancipatórias em oposição às grandes corporações controladas por algumas famílias que são ligadas diretamente à política imperialista. Nesse contexto que surge o canal TeleSur para combater os meios de comunicações hegemônicos.

O canal tem cobertura em 123 países da América Latina, Caribe e Norte da África e Europa Ocidental e conta com correspondentes em 43 países, além de ser transmitido ao vivo pela internet 24 horas por dia e disponibiliza seu conteudo em espanhol, inglês e português.
Aíssa García, correspondente da TeleSur na Cidade do México e Washington comenta que desde o início abraçou o projeto da TeleSur de uma mídia contra-hegemônica, "um modelo de comunicação está ligado aos nossos povos e à emancipação, à luta contra as imposições hegemônicas".

 
Em decorrência de seu caráter crítico, a TeleSur acompanhou e expôs de modo direto o golpe de Estado de 2009 contra o presidente Manoel Zelaya em Honduras, que fora sequestrado pelas Forças Armadas: fato que a imprensa mundial tentou encobrir, repassando informações de que fora uma renúncia voluntária do presidente. Mostrar esses acontecimentos sem intervenções da mídia capitalista permite que a população colonizada conheça cada vez mais o modus operandi das potências imperialistas. Particularmente, esse caso de 2009 fora o estopim para os golpes de Estado nos países latinoamericanos. É importante lembrar que em 2012 houve um golpe contra o presidente Fernando Lugo no Paraguai, várias tentativas de golpe contra o presidente Rafael Correa no Equador, sendo seu sucessor alçado em 2017, o presidente Lenin Moreno um oportunista que se mostrou ligado ao imperialismo. Em 2016, o golpe contra a presidente Dilma Roussef e, em 2019, o golpe contra o presidente da Bolívia Evo Morales. Fora as tentativas frequentes de golpe contra o presidente da Venezuela Nicolás Maduro realizada pelo golpista e contratador de mercenários americanos, Juan Guaidó (Guaidog, o cão do Tio Sam). Em todos esses países em que os golpes tiveram sucesso, foi implantada uma política econômica neoliberal de venda de ativos nacionais (privatizações, Estado mínimo) e perda de direitos sociais e trabalhistas.

 
A mídia golpista é sempre comprada pelo imperialismo, não há como como escapar dessa regra, já que ela sobrevive com o financiamento dessas corporações. Para se ter uma ideia, no Brasil, algumas famílias detém o controle de toda mídia brasileira e sempre participam diretamente nas eleições preferindo determinado candidato ou apoiando determinado governo, excluindo ou destruindo a imagem dos demais.

 



 


O resultado disso é que a opinião popular é constantemente manipulada para que o povo possa assistir pacificamente e sem entender o que realmente ocorre na política e na economia, encobrindo, portanto, as manobras realizadas pelo imperialismo. Em outro sentido, a falta de qualquer crítica ao conteúdo jornalístico gera a informação hegemônica, destituída de análises de conjuntura com bases na análise econômica, na luta de classes ou na luta anticolonial. 

A consequência necessária é a produção de uma massa de manobra, acrítica.
Nesse contexto que a TeleSur aparece e continua na luta por esclarecer a população das manobras realizadas por Washington no seu quintal colonial. Para que a TeleSur fosse lançada, foi preciso que o governo nacionalista do presidente venezuelano Hugo Chávez a época destituísse o monopólio da RCTV e Venevisión que detinham 80% de conteudos de radiodifusão, semelhante ao que ainda ocorre no Brasil com as famílias ligadas à Globo, Folha, Bandeirantes, Estadão etc.

 
Nesse aniversário dos 15 anos da TeleSur, importa relembrar que o jornalismo independente e crítico deve ser defendido, pois é uma arma na luta da emancipação dos povos colonizados. Sem uma imprensa independente, não há movimento independente de luta. Enquanto a TeleSur for contra o imperialismo é preciso defendê-la e defender todo o jornalismo crítico, investigativo e independente.

Consultas:
http://nodeoito.com/monopolio-midia-brasil/
https://www.brasildefato.com.br/2020/07/24/criada-para-democratizar-a-comunicacao-na-america-latina-telesur-completa-15-anos
https://www.causaoperaria.org.br/acervo/blog/2017/06/23/os-golpes-de-estado-na-america-latina-no-seculo-xxi-o-rompimento-dos-pactos-pos-ditadura-e-quebra-dos-regimes-democratizantes/#.Xx7Vh55KjIU
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/cinco-familias-controlam-50-dos-principais-veiculos-de-midia-do-pais-indica-relatorio/
https://www.brasildefato.com.br/2020/07/24/criada-para-democratizar-a-comunicacao-na-america-latina-telesur-completa-15-anos

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