domingo, 24 de janeiro de 2021

Eleições nos EUA (12): A América vermelha de Alaister Crooke


No dia 07 de novembro de 2020, Alaister Crooke publicou um excelente artigo na Strategic Culture Foundation. O artigo na integra tem o título de “Gridlock – Biden May or May Not Win, but Trump Remains ‘President’ of Red America” e pode ser acessado por esse link: https://www.strategic-culture.org/news/2020/11/07/gridlock-biden-may-or-may-not-win-but-trump-remains-president-red-america/ Esse texto nos ajuda a compreender um pouco mais sobre a profunda crise pela qual passa os Estados Unidos hoje. Crooke é um diplomata britânico que trabalhou na agência de inteligência britânica, MI-6, e na União Europeia. Assessorou Francisco Javier Solana de Madariaga quando esse exerceu o posto de Alto Representante da União Europeia para Assuntos Exteriores e Política de Segurança Comum. Crooke escreveu livros sobre a resistência e a revolução islâmica, sendo profundo conhecedor de organizações como o Hamas e Hezbollah, militou pela retirada militar israelense da região da Palestina.


Contrariando o popular historiador estadunidense Ron Chernow, Crooke diz não acreditar que o resultado que elegeu Joe Biden tenha tido como causa uma onda azul, cor do Partido Democrata. Crooke considera que existe um fenômeno que independe do resultado eleitoral, o qual ele chama de trumpismo vermelho, cor do Partido Republicano. Sob essa ótica, Trump continuaria exercendo forte influência sobre uma boa parcela dos estadunidenses que o apoiaram durante a campanha eleitoral.


Biden representou para um conjunto de acadêmicos e analistas políticos, como Mike Lind, valores que remetem a um retorno dos Estados Unidos à verdade e à ciência. Lind ainda considera que a vitória de Biden representa um distanciamento da sociedade estadunidense de suas raízes republicanas. 


No entanto, Crooke enxerga as coisas de forma diferente. Para ele os votos da última eleição não foram de apoio a um candidato, mas de oposição aos valores e ao projeto que o outro candidato representa. Nos próximos quatro anos esse racha deve ter uma manifestação institucional, já que a Suprema Corte e o Senado deve ficar sob o controle dos republicanos, enquanto a Câmara dos Representantes e a Casa Branca fica sob o controle dos democratas. 


Para aumentar as tensões, nos próximos quatro anos deve permanecer um sentimento geral de desconfiança sobre o sistema eleitoral dos EUA. Além do modelo de eleição indireta existente ser muito complexo e de difícil compreensão, dá margem a um conjunto de manipulações que costumam interferir nos resultados. As eleições de 2020 provou que o sistema contém erros, demoras em resultados e mudanças abruptas que colocam em questionamento a legitimidade do processo eleitoral da nação que se autoproclama como a maior democracia do mundo. Soma-se a isso as denúncias de fraude eleitoral, como o aumento brusco de votos para Biden às 4h da manhã do dia 4/11 no estado de Wisconsin e um suposto lixo com votos no estado de Michigan.


Para o experiente analista Alaister Crooke, ainda que Joe Biden seja empossado, as coisas não devem ficar muito tranquilas para os EUA nos próximos meses. Isso reforça os argumentos sobre a possibilidade de início de uma guerra civil.


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