sábado, 9 de janeiro de 2021

Eleições nos EUA (11): A “invasão” do capitólio como operação de falsa bandeira


No dia 06 de janeiro de 2020, durante a cerimônia do Congresso dos Estados Unidos de certificação da vitória de Biden como Presidente, aconteceu um grande tumulto que recebeu ampla cobertura da mídia estadunidense e internacional. Tais acontecimentos serviram para intensificar às críticas ao presidente Donald Trump e está envolto em mais mistérios do que respostas.


O capitólio é o emblemático prédio da capital estadunidense inaugurado no ano de 1800 que serve como sede das reuniões do Congresso dos EUA, formado pelo Senado e pela Câmara dos Representantes. No capitólio aconteceu um misto de protesto, conflito e apresentação performática que levanta um conjunto de dúvidas de quais são os reais interesses em torno desses acontecimentos. O termo em latim a ser utilizado é “cui bono?”: quem se beneficia disso?


Se a comprovação de fraudes é algo que demanda maiores investigações, ao menos as eleições de 2020 nos EUA foi resultante de um conjunto de irregularidades. O próprio sistema político estadunidense é demasiado complexo e confuso, de modo que a nação que se autointitula como a maior democracia do mundo não garante o instituto do voto popular por maioria absoluta. Ao contrário, não reconhece a soberania popular, mas sim a soberania de seus 50 estados federados.


No dia 06 de janeiro, a sessão de certificação do congresso previa que cada um dos estados dos EUA teriam direito a até duas horas para apresentar provas da legitimidade ou falta dela nas eleições em sua unidade federativa. Na sequência seria realizada a deliberação pela certificação ou não de Binde como Presidente. 


Aquele era o momento adequado para apresentação de provas que pudessem denunciar fraudes eleitorais e havia manifestantes pró-Trump no espaço externo do Capitólio. No exato momento em que iniciaria a apresentação de evidências de fraudes eleitorais no estado de Arizona, as três camadas de camadas de segurança do Congresso, até então consideradas instransponíveis, foram rompidas (ou liberadas) e adentraram um conjunto de figuras no mínimo excêntricas que inviabilizaram a continuidade da sessão e as possíveis objeções ao processo eleitoral. Muitos são os relatos de que parte dos manifestantes entraram com muita facilidade no Congresso, rompendo todos os controle existentes.


Um desses personagens foi um homem com o corpo tatuado com figuras místicas de origem celta, com a cara pintada com as cores da bandeira dos EUA e com um chapéu de pelo de animal e chifres. Esse mesmo homem andou tranquilamente gritando em um amplificador de som e segurando uma bandeira dos EUA pelas instalações do capitólio, ocupando até o púlpito da sala principal em determinado momento. Descobriu-se depois que esse cidadão que foi considerado pela mídia como o “Viking pró-Trump”, trata-se de Jake Angeli, um ator e dublador contratado para realizar performance em manifestações nos EUA. A BBC disse que Angeli trata-se de um representante de uma seita violenta chamada “tribalismo masculino”, mas na realidade ele participou de diversas manifestações dos Antifa e Black Live Metters antes do evento do dia 06 de janeiro que o deixou conhecido em todo o mundo [1]. 


Biden tem dito abertamente que tem três prioridades para o seu governo: 1) o combate do COVID-19; 2) a agenda verde de descarbonização, marcada pela desindustrialização da humanidade e promoção de tecnologias sustentáveis caras e pouco eficientes; 3) e o ajuste de contas com Rússia e China. Esses são meios para se alcançar o que Biden chama de retorno dos EUA à liderança do mundo, algo que segundo o futuro Presidente diminuiu bastante nos quatro anos de presidência de Donald Trump.


Concretamente, os eventos no capitólio não beneficiaram Trump. Os acontecimentos amplamente cobertos pela mídia hegemônica e transmitidos para todo o mundo beneficiram Joe Biden, Kamala Harris, os membros do partido democrata, todo o aparato do deep state e os interesses do imperialismo. 


Com a confusão, os correligionários de Trump não foram capazes de apresentar as provas de fraude eleitoral no Congresso. A mídia hegemômica reforçou nos EUA e no mundo a ideia de que Trump é um ditador autoritário e populista que incita as massas à violência e que não respeita as instituições democráticas. Imediatamente os membros do partido democrata passaram a ser porta-vozes de um impeachment contra Trump antes do dia 20 de janeiro, com amplo apoio dos meios de comunicação. A mandatária do Partido Republicano, Nancy Pelosi, tem pedido em público que os generais dos EUA tirem os códigos de armas nucleares de Trump, insinuando que ele pode atacar o próprio país. 


Facebook, Twitter e outras plataformas de redes sociais ligadas à estrutura do deep state bloquearam as contas de Donald Trump por tempo indeterminado, algo comemorado pela esquerda brasileira. Esse ato de censura contra o presidente legitimamente eleito da nação mais importante de todo o mundo mostra o quanto se constituem institutos discretos fascistas ao estilo daquilo que foi pensado pelo do agente do império inglês e funcionário da companhia britânica das índias orientais Aldous Huxley, quando em 1932, no limiar da ascensão do nazismo, tratou em seu romance Admirável Mundo Novo sobre a criação de um campo de concentração sem lágrimas. 


A vice-presidente Kamala Harris é representante oficial das empresas de big tech do Vale do Silício e deve garantir que essas grandes corporações tenham total autonomia para fazerem a supervisão e o controle de todas as pessoas do mundo durante o governo Biden. Isso deve refletir em uma forte censura aos partidos de esquerda e aos movimentos de luta dos povos em todo o mundo nos próximos 4 anos.


Esse quadro no entanto não altera o aprofundamento das contradições de classe nos EUA. Com o aprofundamento da crise no país que é sede dos interesses imperialistas, intensifica-se a guerra civil.


[1] As agências privadas que trabalham para identificar "Fake News", ou seja, as agências da "verdade" estão dizendo que Jake Angeli sempre participou do movimento Q'Anon em oposição ao movimento antifa. De qualquer modo, esses grupos que se autointitulam contra "Fake News" colaboram, em última análise, na censura de todo e qualquer tipo de informação que não seja adequada à "verdade" política que eles querem propagandear naquele momento por motivos políticos. No fim, toda e qualquer imprensa independente e de denúncias contra as agressões do imperialismo poderá ser criminalizada porque não estão de acordo com a "verdade".


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