quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Eleições e Alianças Com a Extrema Direita


Com a proximidade do período de eleições, é comum presenciarmos partidos unindo forças entre si, com o intuito estratégico de ampliar o leque do eleitorado de seus candidatos para além daqueles que se identificam com a agenda do partido ao qual estes pertencem. Trata-se de um mecanismo quase que imprescindível para aqueles que almejam o poder. A esquerda mesmo, no período recente, jamais venceu uma eleição no Brasil sem fechar alianças com os liberais, como o PT com o PMDB, ou o PCdoB com o PSDB.

A questão é que nós, enquanto esquerda, e ainda mais no período de exceção em que vivemos, devemos refletir mais do que nunca sobre o peso e o custo de renunciar aos movimentos de base em prol de uma disputa que se sustenta na propaganda e pouco colabora com a mudança do status quo da política nacional, independente de quem vença.

As eleições, ironicamente, se tratam de um mecanismo despolitizante, pois a disputa do poder se sobressai à matriz ideológica do ente político, propiciando debates rasos e que não representam a realidade integral do país. Nesse contexto recente, o fetichismo pelo poder resultou em sérias consequências para a esquerda, que conseguiu ganhar adeptos da camada média da burguesia, porém sob o alto custo de afastar de suas origens proletárias, deixando estes à mercê do discurso fácil e instigante da extrema direita.

Em um momento em que o espectro do fascismo ronda o país, muitos tinham ou ainda têm confiança exclusiva nas ações dos partidos políticos para configurarem uma oposição. Os mesmos que parcialmente apoiaram Rodrigo Maia como presidente da Câmara ou que aprovaram o pacote anticrime de Sérgio Moro. Ou ainda, os mesmos que se aproximam muito mais de formarem uma Frente Ampla com partidos liberais do que formarem uma Frente Única de esquerda.

No Maranhão, verificou-se uma coligação do PCdoB com os partidos PSL e Patriotas, ambos de extrema direita. Realmente trata-se de algo ideologicamente surpreendente, entretanto, do ponto de vista da máquina eleitoral, não é algo tão imprevisível. O PCdoB é um partido vitorioso no estado contando com o apoio de partidos como o PSDB. Com a necessidade da direita se radicalizar para sobreviver e a consequente predominância da extrema direita no Brasil, torna-se eminente a aliança com fascistas para aqueles que almejam o poder.

Isso tudo só comprova que a luta contra o fascismo não pode se concentrar nos partidos, nem nas eleições. Estas, pela sua superficialidade e seu desfoque da realidade, tende a beneficiar apenas a direita. A esquerda deve focar nos movimentos populares para criar bases sólidas ao enfrentamento antifascista. Quanto aos partidos, a exigência é da criação de uma Frente Única de esquerda para uma unidade efetiva de ação, isso levando em conta a necessidade de lutar pelos direitos políticos de Lula e contra o golpe de Estado em conjunto. 


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