quarta-feira, 23 de setembro de 2020

A Importância da Criação de Conselhos Locais Para a Organização do Fora- Bolsonaro

 


A crise pandêmica do Coronavirus no Brasil chegou à mais de 100 mil vítimas fatais, no entanto não há perspectivas de que nenhuma medida de saúde à altura seja tomada pelos chefes de governos. Tudo isso enquanto a rotina do brasileiro é normalizada, mesmo sobre os altos riscos de contágio.

No atual estágio, a campanha do "Fique Em Casa" perde todo seu sentido, uma vez que não possui nenhuma eficácia coletiva, já que, independente de quem tem esse privilégio, o trabalhador que está nas ruas não parará de circular o vírus. Assim, tal medida protege apenas as camadas mais favorecidas e ainda contribui em tirar a responsabilidade dos governantes e a joga, como quase sempre, à população, que, tendo a necessidade de pôr o pão na mesa, não deixará de estar à mercê da pandemia.

Ironicamente, o "Fique em Casa" é utilizado muito mais como um instrumento de opressão da máquina estatal, evitando mobilizações e protestos contra as atitudes ditatoriais e assassinas do governo bolsonarista. Ou seja, trata-se de uma justificativa, apoiada inclusive pela esquerda burguesa, para que haja a repressão, jogando a responsabilidade da resolução da pandemia para a câmara e os estados na chamada Frente Ampla. Atitude essa extremamente ingênua, do ponto de vista dos reais problemas que vivenciamos, ou munidas de interesses distorcidos e alheios aos reais interesses sociais, por partes dos partidos e governantes.

Sem mobilizações coerentes com a urgência da situação em que vivemos por parte de nossos representantes, a única solução possível, como de se esperado, deve vir da base. O povo deve se organizar em Conselhos Locais, sejam eles em âmbito municipal, de bairro, ou da determinação geográfica que melhor for conveniente de acordo com a região. Esses Conselhos, que devem contar com a mais ampla participação popular possível, sem qualquer tipo de discriminação, irá propor e discutir ações que mobilizará o suprimento das necessidades da população local, seja de âmbito básico, como a falta de comida, moradia, saúde, higiene, como de questões políticas mais complexas.  Assim, um órgão autônomo que atuará de imediato nos problemas que puder resolver conjuntamente entre si, sem intermediários, e intervirá coletivamente frente as autoridades locais quando necessário, para fazer valer os direitos de cada cidadão local. Temos um exemplo de Conselho Local bem sucedido, instaurado neste período de crise, no complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, que beneficia diretamente mais de 4.500 moradores com ações nas áreas de educação, arte, cultura, memória, segurança pública e desenvolvimento territorial que buscam superar a desigualdade histórica enfrentada pelas populações das favelas.

Os conselhos locais também tem a função de politizar seus membros, levando debates e discussões a respeito dos reais problemas e de suas causas, no intuito de fazer valer a voz das classes oprimidas, através de protestos ou qualquer tipo de intervenção que seja oportuna. O ato Fora Bolsonaro organizado em Araraquara, no dia 26 de junho, foi um bom exemplo de protesto objetivo e politizado, capaz de dialogar com um grande número de pessoas que até então, possivelmente, não tiveram oportunidade de ter contato com tais informações, dado o conteúdo precário da grande mídia.

Portanto, estes conselhos, ou comitês, na conjuntura atual, deve ser o principal instrumento da esquerda para movimentar a base e formar um alicerce para contrapor o atual governo. Questões urgentes e de caráter nacional que deverão ser pautadas são a atuação direta dos sindicatos nas decisões quanto ao funcionamento do comércio, a manutenção de empregos e direitos trabalhistas à população e a garantia de atendimentos e tratamentos de saúde à classe trabalhadora.


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