sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

É possível ocupar a FORD sem lutar contra o Golpe?

O regime político e econômico nacional está em crise profunda e o golpe de 2016 colocou ainda mais pressão em um estado de coisas instável e propenso a grandes convulsões. Hoje, com a saída da FORD do país, fica escancarado o processo de sucateamento e destruição industrial brasileiros.

A situação de crise coloca uma série de palavras de ordem como a ocupação de fábricas, a greve geral e a formação de piquetes. Apesar disto, os chamamentos aparentam estar deslocados da realidade dos trabalhadores, parecem palavras de comunistas retrógrados. Isso ocorre pelo fato de que as políticas não são apenas um conjunto de palavras soltas, não são como cartas em um jogo em que você pode surpreender seu adversário com algo poderoso e levar a rodada, elas são parte do desenvolvimento político de uma organização. 

Primeira lição política: toda movimentação efetiva está guiada pela política de uma organização e por esta organização. Assim, quando o povo sai as ruas é resultado de uma ampla campanha, muito bem orquestrada. Sem organização, sem movimentação efetiva. Isso ocorre pelo fato de a luta política ser central no controle da sociedade, sendo controlada pela elite, exceto em momentos de crise e revolução. Logo, é necessário que o esforço coletivo de uma organização que luta pelo poder consiga se desenvolver para termos uma ação política. Um simples ato isolado, como tentaram os terroristas anarquistas do século XIX, por maior que seja, não provoca nenhum tipo de mudança real pelo fato de não ser capaz de mobilizar as massas.    

Na FORD, todos os trabalhadores estão na posição mais cômoda para uma greve e ocupação, já que tem como certos o fim de seus empregos, mas não há nada realmente organizado para que do questionamento surja uma ação política. Por qual motivo isso ocorre? Não é pelo conformismo ou bolsonarismo dos trabalhadores, mas pela confusão geral criada entre os trabalhadores e pelas suas direções.

A FORD já vinha apontando que iria fechar suas fábricas no país desde o ano passado. Em 20 de fevereiro de 2019, o sindicato fez uma assembleia sobre o tema. Durante o período de impasse desde aquela última assembleia, apenas tratativas entre o sindicato e a empresa para resolver a situação. Com toda a movimentação política no país, o sindicato não adentrou na luta e todo movimento político que poderia ser vinculado ao setor e fazer com que a luta entre os trabalhadores ganhasse uma dimensão política foi posto de lado. 

Neste momento, os trabalhadores da FORD se sentem isolados em meio a crise e fica muito difícil criar um elo entre eles e o movimento político momentaneamente, mesmo que seja tão imprescindível. Assim, fica a lição para a classe operária que sem lutar contra o Golpe fica inviável ter qualquer tipo de mobilização.  

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O imperialismo sempre foi o patrocinador do terrorismo jihadista: entrevista de Zbigniew Brzezinsk para o Le Nouvel Observateur.


Em janeiro de 1998 a revista francesa Le Nouvel Observateur publicou uma entrevista com o conselheiro de segurança nacional do governo de Jimmy Carter: o polonês, Zbigniew Brzezinsk, que foi um dos mais importantes teóricos anti-comunistas da história, sendo responsável direto por um conjunto de eventos importantes que levaram ao colapso da URSS e a formação do “Império do Caos”. Nessa entrevista, Brzezinsk fala com todas as letras algo que já é sabido por quase todos: que utilizou-se da estrutura militar e da inteligência dos EUA para a criação do jihadismo internacional com o propósito de servir os interesses imperialistas de desestabilizar e derrubar regimes políticos comunistas e nacionalistas. Isso derruba a tese difundida no ocidente de que islâmicos são naturalmente terroristas. Abaixo vai a entrevista traduzida para o português e publicada no Brasil em primeira mão pelo Farol Operário.


Nouvel Observateur: O ex-diretor da CIA, Robert Gates, declarou em suas memórias (From the Shadows), que os serviços de inteligência americanos iniciaram a ajuda aos mujahidin, no Afeganistão, 6 meses antes da intervenção soviética. Nesse período, você foi conselheiro de segurança nacional do presidente Jimmy Carter. Você, portanto, desempenhou um papel neste caso. Isso é correto?

Zbigniew Brzezinsk: Sim. De acordo com a versão oficial da história, a ajuda da CIA aos Mujahadeen começou em 1980, ou seja, depois que o exército soviético invadiu o Afeganistão, em 24 de dezembro de 1979. Mas a realidade, secretamente guardada até agora, é completamente diferente: de fato, foi em 3 de julho de 1979, quando o presidente Carter assinou a primeira diretriz de ajuda secreta aos oponentes do regime pró-soviético em Cabul. Nesse mesmo dia escrevi uma nota ao presidente na qual lhe explicava que, em minha opinião, essa ajuda iria induzir uma intervenção militar soviética.


Nouvel Observateur: Apesar do risco que existia, você foi defensor dessa ação secreta de Jimmy Carter. Você desejava esta entrada soviética na guerra e procurou provocá-la?

Zbigniew Brzezinsk: Não é bem isso. Não pressionamos os russos a intervir, mas conscientemente aumentamos a possibilidade de que o fizessem.


Nouvel Observateur: Quando os soviéticos justificaram sua intervenção militar afirmando que pretendiam lutar contra um envolvimento secreto dos Estados Unidos no Afeganistão, as pessoas não acreditaram. No entanto, havia uma base de verdade. Você não se arrepende de nada hoje?

Zbigniew Brzezinsk: Arrepender de quê? Essa operação secreta foi uma excelente ideia. Teve o efeito de atrair os soviéticos para a armadilha afegã e você quer que eu me arrependa? No dia em que os soviéticos cruzaram oficialmente a fronteira, escrevi ao presidente Carter: Agora temos a oportunidade de dar à URSS sua guerra do Vietnã. Na verdade, por quase 10 anos, Moscou teve que travar uma guerra insuportável pelo governo afegão, um conflito que trouxe a desmoralização e, finalmente, a dissolução do império soviético.


Nouvel Observateur: E você também não se arrepende de ter apoiado o fundamentalismo islâmico, de ter dado armas e conselhos a futuros terroristas?

Zbigniew Brzezinsk: O que é mais importante para a história do mundo? O Taleban ou o colapso do império soviético? Alguns muçulmanos agitados ou a libertação da Europa central e o fim da guerra fria?


Nouvel Observateur: Alguns muçulmanos agitados? Mas já foi dito e repetido pelos EUA que o fundamentalismo islâmico representa uma ameaça global, hoje.

Zbigniew Brzezinsk: Bobagem! Também foi dito que as nações ocidentais tinham uma política global em relação ao Islã. Isso é estupidez: não existe um islã global. Olhe para o Islã de maneira racional, sem demagogia ou emoção. O islã é a religião líder do mundo, com 1,5 bilhão de seguidores. Mas o que há em comum entre o fundamentalismo da Arábia Saudita, a monarquia moderada do Marrocos, o militarismo do Paquistão, o Egito pró-ocidente ou o secularismo da Ásia Central? Não há nenhuma diferença daquilo que une os países cristãos ocidentais...

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Agenda editorial Internacional do Farol Operário para 2021



A cada ano que passa as coisas tem se tornado cada vez mais intensas do ponto de vista das políticas internacionais. Acontecimentos que no passado levavam anos ou décadas, agora ocorrem em questão de semanas, dias ou até mesmo horas. Guerras, terrorismo, conflitos armados, doenças em nível global, crises políticas e crises econômicas pautam a nossa existência cotidiana de guerra de sobrevivência. 

Concepções dualistas como bem e mal, socialistas e capitalistas, OTAN e Pacto de Varsóvia, brancos e pretos do jogo de xadrez, entre outras, são insuficientes para explicar a realidade complexa onde nos encontramos hoje.  Com o assassinato do mártir iraniano Qasem Soleimani, o anúncio do The Great Reset, a pandemia de COVID-19 e um conjunto de outros acontecimentos importantes, 2020 superou todas as expectativas de pessimismo baseadas em acontecimentos dos anos que o antecederam. Nesse sentido, cabe destacar os grandes temas que deverão receber destaque e ser objeto de análises no ano de 2021.


Estados Unidos

Após um ano extremamente conturbado e uma eleição com diversos indícios que levam a suspeita de fraude, a nação que serve como sede principal do imperialismo será foco das análises de política internacional do Farol Operário. Sede principal porque também temos outras sedes importantes do imperialismo como Reino Unido, Israel e Suíça. Assume Joe Biden ao lado de Kamala Harris, ambos pertencentes a ala dos imperialistas humanitários. Ele, velho conhecido senador e vice-presidente que teve um papel fundamental na promoção de guerras e golpes de Estado. Ela, representante de corporações situadas principalmente no Vale do Silício como Apple, Microsoft, Amazon, E-bay, Facebook, Twitter e Google deverá dar ainda mais poderes autoritários, de controle e de censura para as empresas californianas do Big Tech.


Sistema financeiro 

 A economia dos EUA precisa de US$ 3 trilhões de recursos externos ao ano que são conseguidos de diversas formas com o uso da máquina de expropriação e sabotagem imperialista. O suposto escândalo dos "panamás papers" no ano de 2016 não passou de uma jogada do imperialismo para sacar US$ 3 trilhões que aristocratas ingleses sediados na "city" londrina tinham depositado nas Ilhas Cayman. Em 2015 os sistema financeiro realizaram manipulações cambiais com o Rublo e expropriou US$ 200 bilhões da Rússia. Nesse mesmo ano também se apropriou por vias cambiais de US$ 100 bilhões da China e US$ 200 bilhões do Quirguistão e da Hungria. O BitCoin foi um projeto de inteligência criado pela NSA dos EUA e que hoje representa um marco importante na grande crise que se aproxima onde discute-se sobre o fim dos petrodólares e substituição por sistema de criptomoedas. Hoje tem cada vez mais poderes os megabancos estadunidenses e europeus, como: Black Rock, Vanguard, State Street e Allianz.


Donald Trump

Enquanto representante político de direita de uma agenda industrialista, anti-globalista, nacionalista, protecionista, isolacionista e conservadora em costumes familiares-religiosos, deverá continuar sua atuação política de denúncia aos instrumentos imperialista e o aparato de guerra que promoveu a fraude eleitoral. Depois de inúmeras traições dentro do Partido Republicano, existe a possibilidade de sair desse partido e fundar o seu próprio partido de inspiração Jacksoniana (Andrew Jackson, 7º Presidente dos EUA que lutou contra os instrumentos de domínio financeiro do Império Britânico). Esse partido deve se chamar algo do tipo "Partido Patriota".


Vladimir Putin

As estruturas do Deep State não permitiram uma reunião entre Putin e Trump. Putin foi uma resposta política à crise russa de 1998 dada por três grupos importantes russos: a família de Boris Yeltsin, as forças de segurança e os oligárquicas. Com o tempo ele ganhou protagonismo e se tornou a principal figura da Rússia e um dos principais atores políticos do mundo. 


Guerra Civil nos EUA

A guerra civil dentro dos EUA se acentua. Existem movimentos separatistas importantes nos estados República da California (Caliexit) e República do Texas (Texit). As contradições de natureza de luta de classes existentes devido ao aprofundamento da situação de miséria da classe média e classe trabalhadora, a recessão econômica e desemprego de aproximadamente 61 milhões de pessoas, fez surgir uma massa de pessoas eleitoras de Trump, armados, em sua maioria brancos e cristãos. Essa massa de, no mínimo, 70 milhões de pessoas, são a quem Hillary Clinton chama de deploráveis. OS EUA encontra-se a beira de uma guerra civil que pode levar a um fenômeno similar ao promovido pela perestroika na URSS em 1991 ou mesmo a balcanização da Iugoslávia em 1992. 


Antifa e Black Lives Matter

Movimentos como o Black Lives Matter e Antifa, financiados por grandes corporações que se dizem preocupadas com minorias e pelo organismo de financiamento de George Soros, Open Society, devem continuar destruindo o que resta de nação estadunidense desde dentro. A destruição de monumentos sob a acusação de que eram de escravistas, confederados ou descobridores europeus, se assemelha muito ao que se presenciou com o colapso da URSS quando se derrubavam estátuas de Karl Marx e Vladimir Ilyich Lenin, principalmente em países como Polônia e Ucrânia. Não por coincidência, tanto Polônia como Ucrânia possuem hoje regimes políticos de inspiração fascista. O que se quer nos EUA com isso é apagar qualquer memória cultural e histórica que permita um valor de unidade nacional.


Deep State (Estado Profundo)

Partido Republicano e Partido Democrata aparentam ter uma agenda externa em comum baseada na guerra permanente. Esses dois países parecem formar um único partido que é o Partido da Guerra. A estrutura do Deep State baseia-se em um modelo transacional que defende os interesses imperialistas e é constituído por universidades, políticos, empresas, agências de inteligência, mídias, redes sociais, burocracia estatal e outras estruturas. 


Fim do modelo econômico financeiro-liberal

A economia estadunidense e a economia mundial está a beira de uma profunda crise. Os EUA tem hoje algo em torno de 61 milhões de desempregados e a dívida mundial é de US$ 4 quatrilhões, sendo que os maiores devedores são o governo dos EUA, empresas dos EUA e o governo da China. Esse valor cria uma verdadeira insolvência. A proposta de The Great Reset do Fórum Econômico Mundial parece ser uma tentativa desesperada de superar o colapso econômico total que se aproxima. 


Projetos globais

Os projetos globais vão além de simples dualidades. Trata-se de um modelo de análise geopolítica que não pensa o domínio do mar e da terra, como abordagens tradicionais fazem, e sim domínio do tempo a partir de projetos conceituais de poder. Os 6 projetos globais são: 1) Nova Babilônia – Nova York, Wall Street, banqueiros, financistas; 2) Nova Jerusalém – Londres, Império Britânico, Coroa Britânica, família Rothschild, cabalistas; 3) Grande Europa – Vaticano, antigas ordens e velha aristocracia europeia; 4) Grande Eurásia – Moscou, Terceira Roma; 5) Novo Califado Vermelho – Istambul 6) Datung – Pequim. Para se ter um projeto global são necessárias três características: possuir um sonho de governança nacional de longo prazo, ter um sistema econômico independente e um sistema de inteligência com alcance mundial. 


Guerras híbridas

Guerras que acontecem de forma não convencional e muitas vezes sem o uso de aparato militar. Esse tipo de guerra utiliza revoluções coloridas, redes sociais, meios de comunicação, organizações terroristas, incêndios, derrubada de aviões civis, golpes de estado, sanções econômicas, entre outras formas. Os lugares preferenciais para a realização de guerra híbrida pelo Deep State deverão ser Venezuela, Irã, Síria, Líbano e a periferia da Rússia (Quirguistão, Chechênia, Daguestão, Bielorrússia, Crimeia, Azerbaijão e Armênia).


Venezuela

Desponta como a nação mais importante de toda a América Latina pelo enfrentamento ao imperialismo. A Venezuela, que já conta com apoio militar russo e chinês no combate contra as ofensivas imperialistas pelo seu ouro e petróleo, pode exercer papel fundamental nos projetos chineses de nova rota da seda ou da rota do chá e dos cavalos. A Venezuela possui boas relações com países que a China precisa realizar alianças e pode atuar como um importante interlocutor. O país é cobiçado pelo imperialismo como rota preferencial de transporte de drogas da América Latina para a República Dominicana e de lá para Miami e Nova York. Estrategicamente cabe uma conciliação entre Venezuela e Colômbia baseada em valores para que esses dois países passam a fazer frente ao imperialismo estadunidense. A Venezuela possui muitos recursos naturais e uma importante posição geográfica, além de ter potencial de liderar a luta anti-imperialista dos países da América Latina. 


Regiões econômicas 

Com o fim da globalização, um dos projetos é o de constituição de regiões econômicas por todo o mundo. A dívida mundial é de US$ 4 quatrilhões e não há forma de pagá-la. A alavancagem financeira dos bancos europeus é de 28 para 1. 114 dos 500 bancos da Itália estão em quebra. O FED tem US$ 56 bilhões de reservas em efetivo e uma dívida de US$ 21 trilhões. Guerra é uma das formas de resolução desse grande problema; a outra é a desmontagem dos países e a criação de regiões econômicas. As regiões mais prováveis e que tem sido discutidas são: 1) EUA, Canadá, estados do norte do México, Austrália e Nova Zelândia; 2) América Latina; 3) Europa, com centralidade no eixo Paris-Berlim, 4) Rússia Ocidental, Turquia, Irã, Balcãs, os países da Ásia Central de origem turco-soviéticas; 5) Rússia Oriental, Coreias e Japão; 6) China; 7) Índia; 8) Império inglês e países árabes.


Crime organizado e narcotráfico

O que mais se aproxima do terrorismo jihadista no mundo são as organizações criminosas da América Latina, cujo mais importante negócio são as drogas. A produção de cocaína foi algo que se desenvolveu no Chile como um negócio da família de Augusto Pinochet. Desde então a Colômbia e depois o México passaram a exercer um papel fundamental. Assim como o jihadismo internacional, as organizações criminosas foram criadas por agências de inteligência estadunidenses situadas em Washington, a partir de uma relação umbilical com Wall Street e o complexo industrial militar. Qualquer ação interna para a luta contra as drogas é completamente inválida, já que os inimigos ficam em Washington. O uso das drogas como instrumento para dominação imperialista não é algo novo. O Império Português associava a escravidão africana à produção de aguardente, tornando os escravos dependentes do consumo de álcool e completamente passivos à rebelião e a luta por liberdade. O Império Britânico utilizou o ópio em uma operação clandestina para vencer duas guerras contra a China na medida em que formava uma massa de chineses dependentes dessa droga produzida no Afeganistão. Não à toa que o Hong Kong Shangai Bank (HSBC), o banco da Companhia Britânica das Índias Orientais, também recebe o nome de banco do ópio. A droga exerce um papel fundamental na economia mundial. Whacovia Bank e City Bank lavavam aproximadamente US$ 350 bilhões de narcotraficantes mexicanos. Estima-se que seu negócio move aproximadamente US$ 1 trilhão por ano para bancos e o mercado financeiro. Figuras como Pablo Escobar e Chapo Guzman são menos que coadjuvantes no jogo do qual a droga é o lubrificante mundial.

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domingo, 24 de janeiro de 2021

Eleições nos EUA (12): A América vermelha de Alaister Crooke


No dia 07 de novembro de 2020, Alaister Crooke publicou um excelente artigo na Strategic Culture Foundation. O artigo na integra tem o título de “Gridlock – Biden May or May Not Win, but Trump Remains ‘President’ of Red America” e pode ser acessado por esse link: https://www.strategic-culture.org/news/2020/11/07/gridlock-biden-may-or-may-not-win-but-trump-remains-president-red-america/ Esse texto nos ajuda a compreender um pouco mais sobre a profunda crise pela qual passa os Estados Unidos hoje. Crooke é um diplomata britânico que trabalhou na agência de inteligência britânica, MI-6, e na União Europeia. Assessorou Francisco Javier Solana de Madariaga quando esse exerceu o posto de Alto Representante da União Europeia para Assuntos Exteriores e Política de Segurança Comum. Crooke escreveu livros sobre a resistência e a revolução islâmica, sendo profundo conhecedor de organizações como o Hamas e Hezbollah, militou pela retirada militar israelense da região da Palestina.


Contrariando o popular historiador estadunidense Ron Chernow, Crooke diz não acreditar que o resultado que elegeu Joe Biden tenha tido como causa uma onda azul, cor do Partido Democrata. Crooke considera que existe um fenômeno que independe do resultado eleitoral, o qual ele chama de trumpismo vermelho, cor do Partido Republicano. Sob essa ótica, Trump continuaria exercendo forte influência sobre uma boa parcela dos estadunidenses que o apoiaram durante a campanha eleitoral.


Biden representou para um conjunto de acadêmicos e analistas políticos, como Mike Lind, valores que remetem a um retorno dos Estados Unidos à verdade e à ciência. Lind ainda considera que a vitória de Biden representa um distanciamento da sociedade estadunidense de suas raízes republicanas. 


No entanto, Crooke enxerga as coisas de forma diferente. Para ele os votos da última eleição não foram de apoio a um candidato, mas de oposição aos valores e ao projeto que o outro candidato representa. Nos próximos quatro anos esse racha deve ter uma manifestação institucional, já que a Suprema Corte e o Senado deve ficar sob o controle dos republicanos, enquanto a Câmara dos Representantes e a Casa Branca fica sob o controle dos democratas. 


Para aumentar as tensões, nos próximos quatro anos deve permanecer um sentimento geral de desconfiança sobre o sistema eleitoral dos EUA. Além do modelo de eleição indireta existente ser muito complexo e de difícil compreensão, dá margem a um conjunto de manipulações que costumam interferir nos resultados. As eleições de 2020 provou que o sistema contém erros, demoras em resultados e mudanças abruptas que colocam em questionamento a legitimidade do processo eleitoral da nação que se autoproclama como a maior democracia do mundo. Soma-se a isso as denúncias de fraude eleitoral, como o aumento brusco de votos para Biden às 4h da manhã do dia 4/11 no estado de Wisconsin e um suposto lixo com votos no estado de Michigan.


Para o experiente analista Alaister Crooke, ainda que Joe Biden seja empossado, as coisas não devem ficar muito tranquilas para os EUA nos próximos meses. Isso reforça os argumentos sobre a possibilidade de início de uma guerra civil.


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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Editorial 21/01/2021 - Políticos disputam paternidade da vacina enquanto destroem o sistema público de saúde


A última disputa política do nosso país se encontra na questão da vacina, com a Frente Ampla buscando demonizar Bolsonaro e deixa-lo isolado. Assim, os protocolos que Bolsonaro buscou utilizar para evitar a vitória acachapante de Dória em uma entrega relâmpago foram deixados de lado e a manobra agora se dará em cima dos eventuais problemas que a aplicação precoce possa ter. 


A tensão política entre a direita e o bolsonarismo está sendo tratada de forma moral pela burguesia, que não explica o desmonte do sistema público de serviços aplicado por todos os setores da direita, mas com maior intensidade pelos golpistas. Inclusive, para tentar separar a direita golpista de suas políticas nefastas de destruição, os veículos de comunicação hegemônicos criaram o "político científico": aquele que, preocupado com o bem-estar da população na pandemia de Covid-19, seguem as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesta fábula, toda a destruição causada pelo golpe no sistema público de saúde não aparece, tornando o problema da saúde no país um caso exclusivamente ligado ao governo Bolsonaro. 


Dória precisa ser desmascarado. Não é um bom político e não se preocupa com o povo. Disposto a colocar a saúde das crianças em risco, não quer adiar o início do ano letivo mesmo com todos os perigos que isso pode trazer. Logo, não há um critério sanitário para a conduta do governador de São Paulo, apenas político. Dória está disposto a utilizar o capital científico que São Paulo tem para sair na frente da vacinação e canalizar esta vitória para si, enquanto isso articula os monopólios de comunicação para culpar Bolsonaro pelo caos, do qual o governador é um dos principais responsáveis, por ser um político ligado aos verdadeiros destruidores do país: os golpistas. 


Por maior que seja o nosso desejo de retirar Bolsonaro, não podemos ser ingênuos o suficiente para cair na armadilha política aplicada pelos golpistas na Frente Ampla. Retirar Bolsonaro é um dos eixos políticos da luta contra o golpe, mas não é o único e nem o mais importante. Acima de Bolsonaro estão os golpistas, os donos da situação política e responsáveis pela destruição do sistema público de saúde que ocorre aceleradamente desde o Golpe de 2016. Bolsonaro, Dória, Mourão e os golpistas são todos nossos inimigos. Todos muito perigosos.  


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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, 102 anos de legado revolucionário


No dia 15 de janeiro de 1919, falece a revolucionária marxista Rosa Luxemburgo. Foi assassinada juntamente com o revolucionário Karl Liebknecht em Berlim, pelas Freikorps (corporação franca fascista), por ordem de Gustav Noske, militante social-democrata (SPD) que a época era ministro da Guerra.


Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht ficaram à frente da Revolução na Alemanha em 1918, momento em que os Conselhos de Operários e Soldados insurgiram contra o Reich alemão. Ambos romperam com a Social-Democracia reformista e fundaram a Liga Espartaquista (Spartakusbund) que logo mais tarde se tornou o Partido Comunista (KPD). A revolução eclodiu em Berlim, Munique, Kiel formando a República Soviética da Baviera. Na insurreição de 7 a 13 de janeiro de 1919, a greve geral de 500.000 enfrentaram as milícias francas (Freikorps). Essa batalha pela defesa do governo dos trabalhadores não conseguiu vencer as forças contrarrevolucionárias, levando ao estabelecimento da República Burguesa de Weimar.


Até o fim, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht mantiveram-se irredutíveis nas suas posições internacionalistas contra a participação da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, pois, como se trata de uma guerra de interesses das burguesias nacionais em expandirem seus capitais a custa da morte de soldados, ou seja, da classe trabalhadora de cada país em conflito, em nada contribui para a luta socialista de emancipação dos trabalhadores (da tomada do poder político pelos trabalhadores).


Mesmo sendo em menor número, a oposição política realizada por Rosa e Liebknecht contra a II Internacional que naquela época já estava corrompida e o Partido Social-Democrata Alemão (SPD) era uma expressão evidente do oportunismo, da ligação dos dirigentes dos partidos social-democratas à política burguesa e contrarrevolucionária. Apoiar a guerra imperialista e levar os trabalhadores para o matadouro foi duramente criticado por Karl Liebknecht, como podemos ver na oposição à guerra imperialista (I Guerra) em que realizou no dia 2 de dezembro de 1914 no Reichstag:


" [essa guerra] não foi desfechada para a prosperidade do povo alemão".

[…]

"uma guerra por uma cultura mais elevada" sob "a falsa bandeira de uma guerra pela nacionalidade e pela raça" [Karl Liebknecht, Discursos e Artigos, p. 134].


Nesse mesmo sentido, Rosa Luxemburgo esclarece na sua revista, “A Internacional”, o papel da guerra imperialista e a necessidade de lutar, dentro do próprio país, pela revolução socialista:


"Quer dizer que, segundo aceita Marx, nem a luta de classes nem a guerra caem do céu, mas são conseqüências de profundas causas econômicas e sociais e, portanto, não podem desaparecer periodicamente, como se suas causas ta houvessem dissipado no ar. Mas a luta proletária de classes não é mais do que a conseqüência necessária das relações de salários e do predomínio político de classe da burguesia E, durante a guerra, não só não desaparece a relação de salários, senão que, pelo contrário, sua pressão aumenta violentamente pela especulação e a febre de empresas que florescem no terreno fertilíssimo da indústria de guerra, assim como a pressão da ditadura militar sobre os operários. Não termina tão pouco durante a guerra o domínio político da burguesia como classe, ao contrário, em virtude da supressão dos direitos constitucionais transforma-se numa franca ditadura de classe. E portanto se as fontes econômicas e políticas da luta de classes se agitam na sociedade com força dez vezes maior durante a guerra, como pode ter fim sua conseqüência imediata, a luta de classes? Pelo contrário, as guerras se produzem no período histórico atual pelos interesses rivais entre os grupos capitalistas e pelas necessidades de expansão do capital. As duas causas são molas que funcionam não somente quando troam os canhões, mas também no tempo de paz, com o que, precisamente, preparam a eclosão da guerra e a tornam inevitável. Mas a guerra é. . . somente "a continuação do política por outros meios". A fase imperialista do predomínio capitalista com sua corrida armamentista não só tornou a paz ilusória como, no fundo, implantou a ditadura do militarismo, a guerra permanente” [Die Internationale, abril de 1915, caderno, I, p.60].


Mesmo preso pelos traidores da social-democracia alemã, Karl Liebknecht mantinha sua convicção, permanecendo na linha de frente na defesa dos interesses dos trabalhadores:


"Presídio, perda dos direitos de honra. . . Bem! Vossa honra não é a minha. Eu vos digo que nunca um general vestiu com tanta honra um uniforme como vou eu vestir o uniforme de presidiário. . . Estou aqui para acusar e não para defender-me!. . . O acusador chamou o povo contra mim. . . Ah! Não se limitem a dizê-lo em palavras, não se limitem a dizê-lo só neste processo que, sob dez ferrolhos, se oculta ao povo. Tirem do povo a mordaça e as algemas do estado de sitio. Reúnam o povo, aqui ou onde os senhores queiram, e os soldados da frente, também onde queiram! E deixemos aparecer diante deles reunidos, diante de VOSSO tribunal, de um lado todos os senhores, toda a sala, os acusadores e também os cavalheiros que estão atrás, os senhores do Estado Maior, do Ministério da Guerra, do Departamento da Imprensa Militar, todos os cavalheiros que os senhores queiram. Do outro lado, eu sozinho ou sem um de meus amigos. NÃO TENHO DÚVIDA sobre de que lado se situará a massa do povo quando se descerrar diante de seus olhos o véu da mentira; se com os senhores ou comigo!"


Essa posição firme de Rosa e Karl, depositando até o fim sua fé na revolução a ser realizada pelos trabalhadores, acusando os oportunistas da Social-Democracia Alemã forjaram uma política revolucionária historicamente solidificada no conjunto da experiência da luta da classe trabalhadora. Lenin, que também compôs o campo revolucionário na II Internacional contra a guerra imperialista, viu na política de Karl o vigor revolucionário necessário contra os traidores da classe trabalhadora:


"Dizem-nos: parece que, numa série de países está tudo adormecido. Na Alemanha todos os socialistas, como um só homem, são partidários da guerra. Unicamente Liebknecht está contra. A isto respondo eu; esse Liebknecht representa a classe operária, nele em seus partidários o proletariado alemão deposita todas as suas esperanças. Não acreditais nele? Neste caso, continuai a guerra! Porque não há outro caminho. Se não tendes confiança em Liebknecht, se não acreditais na revolução dos trabalhadores, na revolução que está em gestação, se não acreditais em nada disto, então acreditai nos capitalistas! [Lenin, Guerra e Revolução, p.28, proferido em 27 de maio de 1917 em um distrito de Petrogrado]"


Tenhamos em grande consideração a vida e o comprometimento de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht na luta pelo socialismo que, assim, contribuíram enormemente com a experiência histórica da revolução proletária.


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http://tlaxcala-int.org/article.asp?reference=25117

https://www.marxists.org/portugues/tematica/rev_prob/12/liebknecht.htm

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Chamada para as atividades do comitê de Fernandópolis


 

Hoje, 15/01, às 19hrs, retoma-se as atividades do Comitê Fora Bolsonaro, em Fernandópolis.

O Comitê tem o propósito de discutir o panorama político e trazê-las à prática, sob a palavra de ordem "Fora Bolsonaro".

Todos são convidados e bem vindos.

Fernandópolis, 15 de janeiro de 2021.
Comitê Fora Bolsonaro Fernandópolis.

Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...