sexta-feira, 5 de junho de 2020

A luta por trás da demissão de Teich

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No dia 15 de maio de 2020, Nelson Teich pediu demissão do Ministério da Saúde e saiu rapidamente, fazendo um simples pronunciamento sem direito a perguntas. Os motivos políticos pelo qual saiu não foram ditos, mas havia um mal-estar entre o ministro e o presidente por causa das questões do fim do isolamento e do uso da Hidroxicloroquina. 

Uma ala da direita, mais esfomeada e maltrapilha, necessita abrir seus negócios para escapar da falência, enquanto os imperialistas têm os recursos públicos para conseguirem se manter durante este período da crise sanitária. Assim, os debates que assistimos na televisão e principais veículos de comunicação sobre a Covid-19 giram em torno destes interesses. Consequentemente, a demissão de Teich também está ligada a isso. 

Nenhum dos dois setores da burguesia acima citado estão dispostos a resolver efetivamente o problema, fazendo uma economia de guerra para dar capacidade para que o sistema público de saúde e transporte passe por uma transformação para dar qualidade e suporte para as pessoas. Assim,  o #Fiqueemcasa é apenas parte demagógica imperialista, que está muito assustada com os reais problemas políticos que pode causar a morte massiva de pessoas, buscando através de uma política medieval (quarentena) minimizar a situação e culpar individualmente as pessoas pelas mortes. 

Os bolsonaristas, muitos deles membros da pequena-burguesia, se apegam em qualquer solução mágica para evitar a falência. Embarcaram na Hidroxicloroquina para justificar a reabertura da economia, mas os protocolos sanitários ainda impedem qualquer tipo de afirmação mais assertiva sobre os efeitos da medicação no tratamento da Covid-19. Desta forma, tensionaram o presidente e o ministro, criando mais uma crise dentro do governo. 

A discussão aqui não deve se limitar a aceitar ou não o medicamento ou se iremos ou não aumentar o isolamento social, mas ao fato de que com o governo Bolsonaro não será possível enfrentar esta pandemia. A única solução real, que é o aumento do número de leitos e de testes, não será realizada por este governo. Cabe ao povo se organizar para exigir politicamente o direito a vida, aproveitando-se das crises deste governo.

Fora Bolsonaro 
Eleições Gerais  

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terça-feira, 2 de junho de 2020

4ª confrontação de atos entre antifascistas e bolsonaristas aumenta polarização do país


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A pandemia do Covid-19 desmobilizou toda a esquerda e seus aparatos institucionais, assim sindicatos e partidos entraram em quarentena, deixando o povo a própria sorte. Isso foi notado pelos direitistas, que vendo o vácuo político, saíram as ruas para iniciar uma manobra para ampliar o golpe e transformar o atual regime em uma Ditadura Militar. Com isso, os intervencionistas conseguiram levar adiante sua política, aproveitando-se do descontentamento da população e da repressão árdua dos governadores. Assim, utilizando de demagogia e dinheiro dos comerciantes mais afoitos, fizeram atos e começaram a organizar até mesmo grupos paramilitares como os “300 dos Brasil”. 



O crescimento dos fascistas foi assustador durante esta crise sanitária, mas chegou ao fim com o enfrentamento realizado pela torcida organizada do Corinthians na Avenida Paulista, em Porto Alegre e Brasília, por antifascistas, no dia 10 de maio. Os primeiros atos de resistência real contra uma ditadura militar não tiveram confronto, em São Paulo os fascistas fugiram e em Porto Alegre e Brasília estavam escoltados pela Polícia Militar, cão-de-guarda dos fascistas. 


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Foto da primeira manifestação na Av. Paulsita.



De 11 de maio até o dia 31 de maio, foram realizados todos os domingos atos antifascistas por torcidas organizadas. O último ato, de 31 de maio foi o mais expressivo, contando com milhares de torcedores de vários times participando na Av. Paulista. Na Paulista, a imensa maioria dos manifestantes tornou a relação de força desfavorável para o grupelho fascista, houve alguns conflitos entre ambos os lados, com os intervencionistas tendo que correr para a proteção da Polícia Militar, que utilizou todo o aparato repressivo para atacar os antifascistas. 



Em Belo Horizonte e em Porto Alegre também houve atos de confrontação, mostrando que o movimento está ganhando cada vez mais força. Apesar da combatividade dos participantes, os atos nessas cidades foram tranquilos. No Rio de Janeiro, a situação foi muito parecida com São Paulo em que a PM atacou os manifestantes antifascistas. 



Os atos realizados mostraram um grande impulso popular para uma luta consequente contra os fascistas e intervencionistas, tais atos tiraram a esquerda do imobilismo e fizeram a correlação de forças mudar. Apesar disso, é necessário ter em mente algumas coisas: os atos não contaram com a participação dos partidos políticos da esquerda, exceto o Partido da Causa Operária (PCO). Os partidos têm uma possibilidade de organização muito maior do que as torcidas organizadas, entretanto estiveram atolados em uma política equivocada de paralisia ( #FiqueemcCasa ). Apesar disso, a incorporação dos partidos de esquerda será um grande passo para o movimento, que tende a crescer muito caso não seja levado para a Frente Ampla. 



Cabe aqui fazer algumas colocações: a Frente Ampla é apenas uma articulação da direita com apoio da esquerda para atacar Bolsonaro e levar o golpe a uma substituição sem traumas. Por causa disso, é a política mais alardeada por todos os setores monopolistas da imprensa burguesa. O caráter amplo que ela busca ter não é mera coincidência, mas uma forma de incorporar setores da direita que não estão diretamente ligados a Bolsonaro. Neste sentido, tudo que não adquire um caráter bem acabado, como é o caso do termo Antifascistas, deve ser atentamente observado. A burguesia busca novos embrulhos para o seu lixo político, felizmente as torcidas organizadas são mais conscientes da importância dos partidos e das organizações populares, o que os torna menos suscetíveis a manipulação. Entretanto, todo o cuidado é pouco. 



Ao que tudo indica, a polarização tomou conta das ruas no país. As confrontações só aumentaram os atos da esquerda, mostrando que o caminho não é a conciliação, mas o enfrentamento dos fascistas nas ruas.  



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segunda-feira, 1 de junho de 2020

Polícia dos EUA assassina o negro George Floyd em Minneapolis

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Morte cruel de George Floyd e protestos nos dias subsequentes ao fato.

Na segunda-feira (25/05), o policial fascista Derek Chauvin assassinou George Floyd depois deste ser abordado e conduzido ao veículo de polícia. Com George Floyd deitado, o fascista Derek subiu em cima de Floyd e asfixiou-o com o joelho sobre o pescoço. Floyd, várias vezes antes de morrer, gritou "I can't breathe" (eu não consigo respirar). Mesmo assim, a corporação policial assistiu à cena de execução sem prestar socorro a Floyd, que morreu após 9 minutos de asfixia.

A população de Minnesota, Atlanta, Washington, Nova Iorque e outras cidades americanas reagiu e está, por vários dias consecutivos, protestando contra esse ato racista. Estão ocorrendo passeatas na rua sendo que delegacias e carros de polícia foram destruídos.

É importante esclarecer que esses assassinatos realizados pela polícia americana (por qualquer polícia estatal em qualquer país capitalista) ocorrem frequentemente, é sistemático o racismo que essa instituição expressa com esses atos. Em 13 março, a polícia americana assasinou a negra Breonna Taylor que estava na própria residência em Louisville, era médica; Atatiana Jefferson, em 13 de outubro de 2019, foi assassinada em seu próprio quarto por um vizinho policial que recebeu uma denúncia anônima e disparou tiros nela, em Dallas, era estudante de medicina.

Isso não é diferente no Brasil. A morte sistemática de negros e pobres ocorre quase todos os dias. A polícia civil do Rio de Janeiro e a federal, no dia 18 de maio, assassinaram João Pedro Mattos, menino de 14 anos na cidade do Rio de Janeiro. Segundo os laudos, foi morto de forma covarde, pelas costas e por projéteis policias.
No dia 20, também no Rio de Janeiro, na Cidade de Deus, a polícia assassina João Vitor, de 18 anos em lugar próximo onde estavam entregando cestas básicas no bairro, já que a população pobre está desamparada pelo governo do fascista Witzel e do Bolsonaro. No dia 21, a polícia assassinou Rodrigo Cerqueira, de 19 anos, que estava trabalhando de ambulante na Ocupação Elma, rua do Livramento.
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João Pedro, menino de 14 anos, morto pela polícia no Rio de Janeiro com tiros nas costas.
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João Vitor, de 18 anos, morto por policias.

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Rodrigo Cerqueira, de 19 anos, morto próximo de onde estava ocorrendo distribuição de cestas básicas.


Sem contar o caso de Luana Barbosa, espancada e morta por policiais em Ribeirão Preto, por exigir o cumprimento de seu direito de ser revistada por uma policial feminina.

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Luana Barbosa dos Reis morreu após abordagem da PM em Ribeirão Preto, em 2016.

Os protestos representam a indignação popular com a polícia que tem uma política consolidada de matar pobres e negros. Enquanto a polícia militar não for dissolvida, a população negra e a pobre morrerá dia após dia. Somente com o fim da polícia e com a tomada do poder político pelos oprimidos que essas mortes injustas cessarão. Por enquanto, deve-se organizar a autodefesa popular nos bairros para conter a violência policial, defender abertamente o armamento da população pobre e negra. Os conselhos populares precisam discutir politicamente essa pauta, o perigo é real e está aí, os trabalhadores devem se organizar contra a repressão estatal para que não sejam esmagados.

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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Estudos sobre o Capital Volume I — nº 2

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2.O duplo caráter do trabalho representado nas mercadorias


Marx aborda, nesse item, em primeiro lugar, a transformação na divisão social do trabalho operada pelo capitalismo. O trabalho sempre foi dividido, nas sociedades humanas, socialmente. Contudo, no capitalismo, essa divisão adquire um caráter mais específico: a divisão social do trabalho útil. 

Trabalho útil é o trabalho dedicado à produção de algo que possua valor de uso. Ou seja, não é qualquer trabalho que é útil, apenas aquele destinado à produção da mercadoria. Ademais, para que haja o processo de troca, o trabalho útil precisa ser dividido socialmente: as mercadorias produzidas devem ser diferentes, umas das outras, e, daí, terem trabalhos diferentes para suas produções. Esse trabalho útil é dividido socialmente.

Agora, cabe abordar o famoso exemplo sempre utilizado pela direita para "refutar" O Capital. Um buraco cavado no chão, por ser resultado do trabalho humano, teria valor? Não, a não ser que esse buraco tenha algum valor de uso, que possa ser inserido de alguma forma no mercado.

Marx explica como o trabalho, que atribui valor à mercadoria, nada mais é que a transformação de elementos da natureza - como o linho, em objetos com valor de uso - como o casaco. O elemento da natureza, por si só, não tem valor, pois o valor é apenas o trabalho dedicado à transformação daquele elemento em mercadoria. Tal é a natureza do valor, a medida do valor: a quantidade de trabalho humano dedicado à produção.

Mas qual trabalho? 

Voltemos ao exemplo do buraco no chão. Uma escavadeira é capaz de cavar tal buraco, por exemplo, em 10 minutos. E uma pessoa com uma pá, em 10 dias. Tais buracos no chão, teriam, portanto, valores diferentes? É certo que não. Entram, aqui, os conceitos de trabalho concreto - o trabalho dedicado, de fato a uma produção específica e individualizada; e trabalho abstrato: a média do menor tempo de trabalho necessário considerando-se todo o contexto social e econômico do local ou da sociedade em que se insere. Portanto, não importa se uma pessoa demora 10 dias para cavar um buraco com uma pá, se é possível o uso da escavadeira em 10 minutos, o valor desse buraco será o valor correspondente a 10 minutos.

Ou seja, o que Marx expõe, aqui, é que o trabalho que importa para se dimensionar o  valor da mercadoria é o trabalho abstrato, objetivamente considerado. O trabalho concreto é individual, é subjetivo, e não define valor algum por si só.

Isso também implica na consequente diminuição geral do valor das mercadorias com o avanço das forças produtivas, mesmo se grande parte dos produtores não tiverem como se beneficiar desse avanço. 

(Karl Marx, p. 119 - 124, da edição da boitempo do Capital, 2016).
(Karl Marx, p. 165 - 172, O Capital Volume 1, Boitempo, disponível em: http://www.gepec.ufscar.br/publicacoes/livros-e-colecoes/marx-e-engels/o-capital-livro-1.pdf/at_download/file, 2007).


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terça-feira, 26 de maio de 2020

Repressão: enfermeiros e médicos são presos no Rio de Janeiro por protestarem


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Não é de hoje que este periódico vem denunciando as medidas repressivas, ditatoriais que o governo está fazendo uso para calar a população em meio a crise da pandemia do coronavírus. Enquanto que a esquerda enxerga de maneira estreita as táticas de luta, judicializando e impedindo as carreatas dos fascistas do Bolsonaro, a população que luta por mais leitos, equipamentos de proteção e pelo Fora Bolsonaro está sendo presa.


No último sábado (23), profissionais da saúde realizaram um protesto de 15 minutos no pedágio da Linha Amarela, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Com distanciamento e usando máscaras, traziam nas suas faixas os dizeres "Fora Bolsonaro", "Quarentena geral para não adoecer", "Renda mínima para sobreviver", "Leitos para todos para não morrer".

Quando já estavam guardando as faixas, foram abordados por policiais que estavam agindo segundo ordens de um comandante do batalhão. Por fim, foram conduzidos ao 26º DP e foi autuada a Maria Lúcia Pádua, da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, bem como Carlos Vasconcellos, do Sindicato dos Médicos do Rio.

Em gravação de vídeo em frente à delegacia, Maria Lúcia Pádua, diz indignada:
"É surpreendente que no mundo inteiro trabalhadores da saúde são aplaudidos e aqui no Brasil somos presos"

"Ficamos muito indignados. O governo permite aglomerações nas ruas, o transporte público está lotado, há fábricas funcionando, a orla está cheia, mas eles impedem um protesto de profissionais da saúde pedindo medidas contra a pandemia. Eles não estão preocupados em evitar aglomeração, e sim em intimidar", diz o médico Gustavo Treistman.

Para se ter uma dimensão do problema, até quarta-feira (20), morreram 137 enfermeiros pelo COVID-19 e, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), há 15 mil enfermeiros infectados pelo vírus. Até quinta-feira (21), morreram 113 médicos, quase 2 mortes desses profissionais por dia.
Os profissionais da saúde estão saindo às ruas para reivindicar condições de trabalho seguras e por mais equipamentos e leitos, já que os hospitais não estão conseguindo suportar o grande número de suspeitos e infectados para o tratamento. Hoje o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes devido à inação dos governantes: 22.965; fora os 367 mil casos confirmados de infecção.

Por isso, não se pode barganhar a liberdade de manifestação do trabalhador, e suas organizações que estão lutando contra o descaso do governo nas três esferas. O que essas leis repressivas de quarentena e "lockdown" querem é que a população e os profissionais da saúde continuem morrendo e não haja denúncia a respeito disso.

É preciso abrir os olhos e analisar qual é o problema real: uma política de quarentena que deixa o povo passando fome, desempregado é uma política ineficiente, porque somente alguns, os mais abastados, ficam em quarentena enquanto que a população em geral tem que trabalhar para sobreviver. Ou a quarentena é total, e para isso o governo tem que enviar recursos direto aos trabalhadores e às pequenas empresas para que não haja demissões; ou que haja revogação dessas normas que restrinjam o direito da população se organizar para lutar pela sua sobrevivência.

Importa notar e exaltar que o protesto desses profissionais foram altamente politizantes. Por pedir o "Fora Bolsonaro", sinaliza que o governo não está nem aí para a saúde da população, senão tão somente para a saúde dos bancos e da família do próprio presidente; por pedir a renda mínima, estão indicando que a quarentena total e eficaz só existe quando toda a população consiga ficar em casa sobrevivendo dignamente até a redução do número de infectados. Esse setor está mostrando o que deve ser feito: organizar os profissionais da saúde e todos os trabalhadores para reivindicar uma quarentena para todos, por mais leitos e equipamentos médicos e de proteção, e pelo Fora Bolsonaro. A esquerda amante das cadeias e a repressão precisa parar de conter o movimento reivindicatório e atuar organizando a luta.

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segunda-feira, 25 de maio de 2020

Editorial 25/05/2020 A polarização política e a Frente Ampla


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Mais um ato Fora Bolsonaro na semana passada: ato simbólico na manhã de quinta-feira, 21 de maio, em frente à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
A política no Brasil está sendo cada vez mais polarizada por causa da crise sanitária, colocando o país em uma espiral de acirramento político entre todos os campos. A direita golpista luta contra os bolsonarista em questões como a Cloroquina e a abertura das atividades, já a esquerda, de modo totalmente desorganizado, está indo para as ruas se contrapor aos bolsonaristas nos atos que fazem em favor da implantação de uma Ditadura Militar. 

A imprensa burguesa apresenta apenas parte dos conflitos, buscando deslegitimar os bolsonaristas com a velha alcunha de loucos e fanáticos. Assim, no imaginário político atual, criam-se falsa querelas como a questão do armamento. Toda esta confusão política se faz em um momento em que a falta de perspectiva política da esquerda e suas organizações deixou-os a reboque da campanha #Ficaemcasa, o que imobilizou a reação popular. Deste modo, os bolsonaristas fazem grande avanço ao se utilizar do ódio popular contra as proeminentes figuras do golpe como o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), manipulam toda a ira gerada pelo desrespeito aos direitos democráticos. 

Na falsa versão televisiva, uns loucos gananciosos se comprometem com o governo, enquanto nos meios de comunicação que os bolsonaristas estão construindo (You Tube, mensagens de Whatsapp, antiga postura da Band, Record), posam de defensores do povo contra a tirania imposta nesta quarentena. O povo, deixado a própria sorte pela esquerda, fica entre ambas as versões, sem perceber que os bolsonaristas são uma das facetas do golpe. A política golpista de entrega e destruição da economia nacional, tanto dos governadores quanto de Bolsonaro são as mesmas, todos estiveram unidos para aplicar a Reforma da Previdência e o rígido controle fiscal. Do mesmo modo, ambos respondem aos patrões e não estão minimamente preocupados com a saúde das pessoas. Apesar disto, é necessário arranjar um bode expiatório para a fenomenal crise que se avizinha. 
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Estação de metrô e trem de São Paulo.
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Realidade brasileira: enquanto uma elite fica em casa, a população está trabalhando, pegando condução coletiva, expondo-se ao risco.

A direita golpista, com todo o seu aparato midiático, criou o clima para uma saída controlada da futura crise através de uma Frente Ampla. Assim, vários setores direitistas no passado estão recebendo destaque para apresentar a substituição de Bolsonaro, sendo o Roda Viva um dos programas que mais está se prestando ao papel de reciclagem política. O que mais se destaca em toda essa nova demagogia não é só o falso arrependimento dos coxinhas, mas as explícitas colocações contra Lula, mostrando que a real intenção política desta manobra é diminuir os ânimos e frear a polarização. 

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Youtuber Felipe Neto.
Ao mesmo tempo, os bolsonaristas se lançam a campo para aprofundar sua política, reunindo mais pessoas nos atos intervencionistas e colocando demagogicamente o Fora Dória, uma jogada política muito astuta para dar ares de legitimidade aproveitando o tremendo ódio que os paulistas têm do PSDB. Apesar da genialidade, só um analfabeto político seria capaz de acreditar na seriedade desta pressão, pois Dória ou BolsoDória durante as eleições, é tão autoritário e lacaio do imperialismo quanto Bolsonaro. 

Os atos intervencionistas realizados no país, que inicialmente se favoreceram da paralisia da esquerda, agora começam a encontrar resistência dos setores menos ligados a esquerda institucional. Já é o terceiro final de semana que ocorrem confrontações entre manifestações intervencionistas e antifascistas, isso em um ambiente em que começam a surgir atos públicos pelo Fora Bolsonaro levado adiante não pela Frente Ampla, mas por setores realmente combativos como as torcidas organizadas, os comitês de luta contra o golpe e o PCO (Partido da Causa Operária), conselhos populares e por sindicatos de profissionais da saúde. Agora, é preciso sair da paralisia, criar comitês em todos os locais e levar a manifestação de revolta organizadamente para a rua, local de luta da esquerda em que os oportunistas são apagados pela força da movimentação popular. 

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Ato "Fora Bolsonaro" na Praça dos Três Poderes
Sair às ruas, 
Criar comitês populares pelo Fora Bolsonaro

Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...