terça-feira, 26 de maio de 2020

Repressão: enfermeiros e médicos são presos no Rio de Janeiro por protestarem


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Não é de hoje que este periódico vem denunciando as medidas repressivas, ditatoriais que o governo está fazendo uso para calar a população em meio a crise da pandemia do coronavírus. Enquanto que a esquerda enxerga de maneira estreita as táticas de luta, judicializando e impedindo as carreatas dos fascistas do Bolsonaro, a população que luta por mais leitos, equipamentos de proteção e pelo Fora Bolsonaro está sendo presa.


No último sábado (23), profissionais da saúde realizaram um protesto de 15 minutos no pedágio da Linha Amarela, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Com distanciamento e usando máscaras, traziam nas suas faixas os dizeres "Fora Bolsonaro", "Quarentena geral para não adoecer", "Renda mínima para sobreviver", "Leitos para todos para não morrer".

Quando já estavam guardando as faixas, foram abordados por policiais que estavam agindo segundo ordens de um comandante do batalhão. Por fim, foram conduzidos ao 26º DP e foi autuada a Maria Lúcia Pádua, da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, bem como Carlos Vasconcellos, do Sindicato dos Médicos do Rio.

Em gravação de vídeo em frente à delegacia, Maria Lúcia Pádua, diz indignada:
"É surpreendente que no mundo inteiro trabalhadores da saúde são aplaudidos e aqui no Brasil somos presos"

"Ficamos muito indignados. O governo permite aglomerações nas ruas, o transporte público está lotado, há fábricas funcionando, a orla está cheia, mas eles impedem um protesto de profissionais da saúde pedindo medidas contra a pandemia. Eles não estão preocupados em evitar aglomeração, e sim em intimidar", diz o médico Gustavo Treistman.

Para se ter uma dimensão do problema, até quarta-feira (20), morreram 137 enfermeiros pelo COVID-19 e, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), há 15 mil enfermeiros infectados pelo vírus. Até quinta-feira (21), morreram 113 médicos, quase 2 mortes desses profissionais por dia.
Os profissionais da saúde estão saindo às ruas para reivindicar condições de trabalho seguras e por mais equipamentos e leitos, já que os hospitais não estão conseguindo suportar o grande número de suspeitos e infectados para o tratamento. Hoje o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes devido à inação dos governantes: 22.965; fora os 367 mil casos confirmados de infecção.

Por isso, não se pode barganhar a liberdade de manifestação do trabalhador, e suas organizações que estão lutando contra o descaso do governo nas três esferas. O que essas leis repressivas de quarentena e "lockdown" querem é que a população e os profissionais da saúde continuem morrendo e não haja denúncia a respeito disso.

É preciso abrir os olhos e analisar qual é o problema real: uma política de quarentena que deixa o povo passando fome, desempregado é uma política ineficiente, porque somente alguns, os mais abastados, ficam em quarentena enquanto que a população em geral tem que trabalhar para sobreviver. Ou a quarentena é total, e para isso o governo tem que enviar recursos direto aos trabalhadores e às pequenas empresas para que não haja demissões; ou que haja revogação dessas normas que restrinjam o direito da população se organizar para lutar pela sua sobrevivência.

Importa notar e exaltar que o protesto desses profissionais foram altamente politizantes. Por pedir o "Fora Bolsonaro", sinaliza que o governo não está nem aí para a saúde da população, senão tão somente para a saúde dos bancos e da família do próprio presidente; por pedir a renda mínima, estão indicando que a quarentena total e eficaz só existe quando toda a população consiga ficar em casa sobrevivendo dignamente até a redução do número de infectados. Esse setor está mostrando o que deve ser feito: organizar os profissionais da saúde e todos os trabalhadores para reivindicar uma quarentena para todos, por mais leitos e equipamentos médicos e de proteção, e pelo Fora Bolsonaro. A esquerda amante das cadeias e a repressão precisa parar de conter o movimento reivindicatório e atuar organizando a luta.

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