quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Saem R$ 50 bilhões do Brasil: o que isso pode representar?



Uma única família de São Paulo enviou legalmente R$ 50 bilhões para fora do Brasil. O que isso pode representar? Muitas coisas e ainda esse evento apresenta relação direta com a luta política e a luta dos trabalhadores. A começar pelo fato de R$ 50 bilhões representar uma quantidade extraordinariamente grande recursos financeiros e só o fato de esse valor pertencer a uma única família brasileira já deveria por servir como razão de indignação e revolta. R$ 50 bilhões equivale a aproximadamente US$ 10 bilhões de dólares. 

Para se ter dimensão do que representa esse valor a fortuna pessoal de um dos empresários mais ricos do mundo, o sul-coreano Lee Kun-hee que faleceu no dia 25 de outubro de 2020, era de US$ 21 bilhões. Aquele que é considerado o brasileiro mais rico, Joseph Safra, possui uma fortuna pessoal de US$ 23 bilhões. Isso faz suscitar algumas questões, como de onde vem e para onde foi esse dinheiro? Não há informações detalhadas, já que os meios de comunicação se quer disseram quem é essa família. Mas essa questão faz levantar algumas hipóteses.

A primeira delas e talvez a menos provável é a de que a economia brasileira está para colapsar e o real sofrerá uma desvalorização absurda nos próximos meses. Essa possibilidade vem ao encontro dos indícios que temos de um grande colapso econômico mundial. As principais economias mundiais encontram-se em profunda recessão e o desemprego nos Estados Unidos atingi 61 milhões de pessoas, segundo o relatório do Standard Chartered Bank. Diante dessa recessão global o Brasil tem apresentado constante alta dos preços de produtos básicos, aumento do desemprego e recessão econômica. Assim uma primeira interpretação simplista pode considerar a possibilidade dessa suposta família de São Paulo ter enviado seu dinheiro para um local de aplicação mais segura por ser muito rica que tem informações privilegiadas sobre o futuro da economia brasileira.

Porém uma análise um pouco mais desconfiada faz levantar outra hipótese. A questão fundamental a ser colocada é: como essa notícia veio a público? A resposta quase que inesperada nos aponta que foi através da mídia hegemônica, golpista e imperialista brasileira. Os dois meio de comunicação que fizeram as primeiras divulgação sobre a saída dos US$ 50 bilhões foram as nada confiáveis organizações Globo e Folha de São Paulo. 

Tudo começou com a notícia em tom de denúncia feita pelo jornalista Lauro Jardim para o jornal O Globo. Na ocasião ele reforça que a transação ocorre de maneira regular e cita uma outra transação também de uma família paulista com valor similar: R$ 48 bilhões. Os R$ 48 bilhões triam sido repatriados e há uma polêmica sendo julgado em segredo pelo STF sobre a necessidade ou não do pagamento de ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis ou Doação de quaisquer Bens ou Direitos) no valor de R$ 2 bilhões. Tal notícia foi vinculada no dia anterior pela Folha de São Paulo alguns dias antes da notícia dos US$ 50 bilhões: dia 19 de outubro de 2020.

Tirar R$ 50 bilhões do país é uma operação incomum que impacta diretamente nas reservas internacionais do país. Outro efeito incomum foi que não houve nenhum impacto sobre o mercado financeiro nacional ou a bolsa de valores que permaneceu inalterada na sequência desse evento. Se por um acaso fosse uma grande fuga de capital a bolsa estaria em queda.

 A questão que isso levanta é: qual o interesse de uma mídia tão associado a interesses imperialistas dar destaque a uma questão como essa, já que a mesma de alguma maneira expõe parte da cloaca subterrânea da elite brasileira? E a resposta faz suscitar uma segunda hipótese, a de que, sendo uma operação arquitetada ou não, o destaque da imprensa que recebeu a saída dos US$ 50 bilhões pode estar associada a retomada de uma agenda de reformas neoliberais.

 A ideia é lançar que isso sinaliza o início de uma crise que mais uma vez só pode ser contida por mais privatizações, redução de direitos dos trabalhadores, a manutenção do teto dos gastos e cortes de despesas públicas. Essa hipótese se alinha ao fato de alguns dias depois o governo Bolsonaro lançar o Decreto 10.530, que previa o início da privatização das Unidades Básicas de Saúde (UBS). No Brasil hoje 90% do atendimento da atenção primária em saúde é realizada pelo setor público, sendo que os postos de UBS atende 80% dos problemas das pessoas que utilizam o serviço público de saúde.

Além das duas hipóteses anteriores existem outras possibilidades. Uma delas é que o envio do dinheiro está associado a tentativa de se burlar o valor do imposto em caso de herança, que é o que ocorreu no caso da repatriação dos US$ 48 bilhões. No caso deixa de se pagar o ITCMD e se paga apenas o IOF que é muito inferior. 

Outra possibilidade é a de que diante das constantes desvalorizações do Real alguém decidiu transferir o dinheiro para fora para depois trazê-lo de volta supervalorizado e comprar ativos a preço de banana no Brasil. Para se ter ideia o Real que chegou a valer R$1,90 em relação a 1 dólar em 2013 hoje já está próximo de R$ 6,00. Hoje Paulo Guedes propagandeia a possibilidade de em breve os brasileiros poderem realizar depósitos em dólar aqui no Brasil, algo que vai ao encontro da dolarização da nossa economia e fim da autonomia monetária do Brasil.

Existem pouco mais de uma dezena de empresas no Brasil que possuem um valor de mercado igual ou maior à R$ 50 bilhões. Diversos empresários brasileiros, como Jorge Paulo Lemann e Joseph Safra já operam financeiramente fora do Brasil, no caso ambos possuem residência na Suíça. Independente das hipóteses de trabalho apresentadas a questão a ser colocada diz respeito à força do poder financeiro e o quanto ela é contrária a luta pela emancipação dos trabalhadores.


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Nossas críticas sobre a ingerência judicial ficarão sem resposta autoritária?


O jornal Farol Operário está fazendo a cobertura do processo eleitoral de 2020 com uma análise marxista apurada, mostrando o que realmente está ocorrendo no regime político: esfacelamento da direita golpista. Desde o golpe de Estado, a direita tradicional encontra-se com dificuldades para assumir o poder, tendo que abrir espaço para o MDB por meio de Temer e para um carreirista como Bolsonaro. 

As eleições municipais expressam a crise do regime, na qual a esquerda decidiu não se apresentar com uma política própria e ficar a reboque dos golpistas por meio da estratégia do #Fique em Casa. Logo, podemos notar o total apagamento do Partido dos Trabalhadores (PT) no pleito municipal e uma falsa polarização entre bolsonaristas e golpistas. É assim em São Paulo com Covas e Russomano, também é no Rio de Janeiro com Crivella e Paes e em Ribeirão Preto com Chiarelli e Nogueira. 

O golpe colocou o país em uma situação econômica grave com uma miséria assustadora, o que impede um retorno triunfal dos golpistas por meio do processo eleitoral. Assim, estes buscam controlar o processo para que possam consolidar o golpe, fazendo uso dos monopólios de comunicação e da Justiça para manobrar a eleição. Crivella e Chiarelli estão com “problemas” judiciais com suas campanhas, mas ainda assim estão participando Sub Judice, ou seja, fazem parte da eleição podendo ter suas candidaturas invalidadas pela Justiça a qualquer momento. Esta manobra, que é uma ingerência judicial que retira a soberania do voto popular, é amplamente denunciada por este canal de informação. Não aceitamos nada além dos votos no processo político, alertando que estamos em um golpe de Estado que persegue todos os seus inimigos independentemente do espectro político. 

Cabe aqui a pergunta: perante tantas denúncias e perseguição, o que nos espera? Nossas críticas sobre a ingerência judicial ficarão sem resposta autoritária? Não sabemos do futuro, mas afirmamos que não nos calarão. Em fase de um ataque, ampliaremos nossas denúncias e aumentaremos a nossa luta política. Não negociamos nossos direitos políticos, não aceitaremos nenhuma multa, censura ou perseguição ao jornal e a nossa candidatura. 


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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Suely cabo eleitoral de Nogueira em 2016 não é alternativa política (VOTO NULO)

Durante a eleição em 2016, as prisões e perseguições políticas (Operação Sevandija) foram responsáveis por criar um vácuo político responsável pela vitória tucana. Assim, mesmo que a população não gostasse do PSDB, a falta de luta contra a corrupção da esquerda, que se adaptou as perseguições feitas em nome da “Justiça”, levou Duarte Nogueira para a cadeira de prefeito. Chiarelli, um tradicional política da direita, o único capaz de rivalizar com Nogueira (PSDB) foi preso em 2016 por falar que Darcy Vera era corrupta e neste ano teve 8 pedidos de impugnação de sua candidatura que só foi deferida no antepenúltimo dia do pleito eleitoral. 

No ano de 2020, Nogueira estava desgastado por ter enfrentado a maior greve, com forte conscientização e luta política, na qual havia sido feito a luta pelo impeachment do tucano. Além disso, uma série de escândalos com a merenda, ambulâncias e comércio gerou uma onda de protestos coxinhas que quase levaram o povo a agredi-lo. O ano não estava fácil para Duarte Nogueira até o final do 1° turno, mas agora tudo já se normalizou com um segundo turno realizado com Suely Vilela, ex-secretária da Educação de seu governo e cabo eleitoral em 2016. 

Sem Chiarelli no segundo turno, Duarte Nogueira (PSDB) pode ficar tranquilo para enfrentar uma eleição despolarizada e fácil de se consagrar. Este resultado não foi fácil de se chegar, foram necessários muitos ataques contra Chiarelli com a Justiça praticamente deixando-o marginalizado na disputa, além de pesquisas realizadas depois de se haver divulgado o indeferimento de sua candidatura. Por fim, a aparição de dois cabos eleitorais de Suely na TV THATHI para comentar a pesquisa eleitoral favorável a ela, a peça de indução da burguesia para leva-la ao segundo turno, foi comentado por Rafael e Ricardo Silva. Com toda esta manipulação, os votos de direita e contra os tucanos foram manobrados pela tática do voto útil, que derreteu a oposição de Chiarelli. 



Todas estas manobras foram favoráveis ao rejuvenescimento democrático que a derrota de Suely trará ao mandato de Nogueira (PSDB). Não sejamos ingênuos, Ricardo Silva saiu da eleição e foi responsável por eleger Nogueira, não vai ser uma jogada política vinda de um desistente que irá mudar a política local. A única coisa a pensar é que a participação da Suely é um tapa-buraco do adversário que se absteve da disputa e deixou Nogueira mais perto de ganhar a reeleição. O resto é ilusão, uma perigosa ilusão para renovar Nogueira. Suely foi cabo eleitoral de Nogueira em 2016, para ela: “Nogueira é o amigo de Ribeirão Preto” (Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=DZf_rS7yKwY&t=2s) 


Voto Nulo denunciará a falta de apoio ao pleito e mostrará quão ilegítima é a administração de Nogueira. (Voto Nulo é a única forma de não votar no Nogueira ou na ex-secretária de Nogueira)


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Fator Bolsonaro, a Falácia de Russomano, e o fim do Choque com a Pandemia

No início de agosto, boa parcela dos brasileiros se solidarizavam com os mais de 100 mil mortos vítimas do Covid-19. Hoje, mais de dois meses depois, com uma maior abertura comercial e com a volta às aulas em algumas regiões, ultrapassamos os 150 mil mortos (1/3 só nesse período; 50% das mortes pré abertura), e, ainda assim, a comoção popular não chega nem perto do que outrora foi.

Aproveitando de seu poder influenciador com base nas Fake News, o Bolsonarismo acaba tendo um diálogo com a população maior do que qualquer outra linha ideológica racional. Muito se deve, também, pela desmobilização da esquerda, o que permitiu a vitória da retórica do colapso econômico, por parte da extrema direita. Com isso, perante a reabertura de países que viveram o "lockdown", junto a aproximação do período eleitoral, percebe-se uma absorvição cada vez maior da população e da grande mídia de uma postura negacionista ou de negligência frente à pandemia.

Essa normalização e o controle midiático são estratégicos para Bolsonaro nas eleições, pois superficialmente o transparece como um governante exemplar, seja no viés econômico, defendendo desde sempre o seu protagonismo frente à quarentena; na questão da saúde, endeusando a cloroquina como solução para a doença; como também na questão social, com o auxílio emergencial (o qual sabemos que na verdade o presidente fora contra os valores atuais, de início). Reflexo disso é a iminente vitória bolsonarista na grande maioria das cidades.

Claro sinal do predomínio das falácias dos aliados de Bolsonaro é a última fala de Celso Russomano, candidato à prefeito de São Paulo, sugerindo que os moradores de ruas, quanto à Covid-19, "sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não tem como tomar banho todos os dias", o que acaba sintetizando toda a política bolsonarista de combate à pandemia: através de Fake News tendenciosas que direcionam o povo à negligenciar a quarentena, método cientificamente eficaz, em detrimento de uma forma simplista de combate ao vírus. Mais do que isso ainda, no caso, com um teor classista, pois ao considerar os supostos poucos casos de coronavírus advindo de moradores de ruas, simplesmente desconsidera a precarização do acesso à saúde dessa população, bem como a falta de informações sobre a nova doença para que possam procurar ajuda, caso ocorra suspeita através dos sintomas.

Verifica-se, pois, como em vários setores da política, a ideologia Bolsonarista, na área científica e da saúde, se sustenta por meio de falácias, que por servir aos seus interesses, o travestem de pautas populares, e assim, sem qualquer rivalidade à altura, vai consolidando suas raízes no cenário político nacional. Quem paga o alto preço é a própria população.


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A violência sexual contra Mari Ferrer e a justiça inimiga das mulheres

Em julgamento online realizado no dia 9 de setembro de 2020, o juiz da 3ª Vara Criminal de Florianópolis absolveu o empresário André Aranha acusado de estuprar a influenciadora digital Mari Ferrer. O fato do abuso sexual ocorreu no dia 16 de dezembro de 2018 e o juiz Rudson Marcos entendeu que não houve provas para incriminar o empresário.

Nas redes sociais e na mídia da direita, esse julgamento tornou-se polêmico, pois o The Intercept conseguiu disponibilizar a audiência nas redes. Nesse vídeo, o advogado do empresário, o Excelentíssimo Doutor Cláudio Gastão da Rosa Filho humilhou Mariana (Mari) na sua dignidade, expôs as fotos pessoais de Mariana em plena audiência, dizendo que são imagens “ginecológicas” (provavelmente, na cabeça do nosso nobre doutor em direito, cada 1cm de pele feminina exposta a luz do sol equivale a uma vulva exposta ao ar livre; onde passa e vê mulheres, só vê obscenidades, um mundo pecaminoso, ginecológico) , que “jamais teria uma filha” do “nível” Mariana (espero que ele não tenha essa filha que, para não chegar ao nível de Mari, teria que se enrolar todo o dia em lençóis para não lhe parecer ginecológica demais), além de insultá-la de mentirosa entre outras barbaridades, fazendo entender que ela seria culpada pelo estupro discutido em audiência já que, pelas fotos, segundo nosso Sacrossanto Imaculado Doutor Moralista Puro, a foto de uma pessoa diz tudo sobre ela.

Para amenizar a situação, o Excelentíssimo Juiz Mediador Isentão Patriarca sugere a Mariana, depois de ouvir tamanhas agressões verbais, que ela poderia beber uma água e que eles, gentilmente — uma concessão de altíssimo nível vindo do Homem Juiz—, aguardariam o retorno dela. É como se dissese: acalme-se, Mariana, respire fundo, beba uma água que iremos continuar a essa santa sessão de purificação moral e as humilhações, desmoralizações, vitimizações etc. fazem parte desse processo árduo e necessário. Você, Mariana, pessoa impura, corrupta, pelos poderes divinos do Estado, DEVE ficar nos escutando e, ainda mais, escutar muito bem a absolvição do acusado de estupro, porque no final, a culpada é você, o jeito que você veste atrai os homens puros para o pecado e você, como moça, deveria andar e viver com túnicas a vida toda, porque assim, evitaria assédios morais e sexuais e evitaria que nós, os Excelentíssimos Patriarcas Justos perdêssemos tempo com essa questão que você mesma provocou. Um desperdício. Nós, da Excelentíssima Corte, os Excelentes advogados e promotores, temos que prestar esse serviço que poderia muito bem ser dispendido em prender negros e pobres (e seria feito! Um serviço à sociedade!) caso você, Mariana, utilizasse uma modesta burca (obviamente sem cores chamativas como o verde, por exemplo. Vai que tire a atenção de um motorista e ele bata num poste porque você, novamente, provocou as pessoas para o Mal).


O caráter da justiça e a luta da mulher


Esse caso apenas reflete o que ocorre comumente na justiça brasileira: justiça nenhuma. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apenas 1% dos acusados de estupro são processados e a cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Em razão de ter que enfrentar esses Excelentíssimos Patriarcas ou Delegacias Comuns (quando não há Delegacia da Mulher — então, nas comuns são os Santíssimos Delegados) ou ser repreendida pela própria família (santos pais, santas mães: sagrada família), a vítima de estupro ou agressão sexual não denuncia porque há toda essa pressão social, da família e dessas instituições que não conseguem acolher e dar soluções melhores para o psiquismo da vítima — falamos nesse tom sócio-psicológico, porque justiça, como foi evidenciada na porcentagem acima, também inexiste.

A justiça só tem nome de justa. Ela tem um papel fundamental para conter os ilícitos que ameacem a Santa Providência Moral dos Homens e, também santa, Propriedade Privada (nesse último caso, prendendo pobres e negros).

A população precisa se garantir com suas próprias forças. Só a organização das mulheres e da população oprimida consegue resolver seus problemas. A tese comum da esquerda intelectual de que precisa-se educar o opressor e o agressor precisa ser não apenas enunciada, mas posta em prática. Do Estado, das escolas, dos professores, do judiciário e da família virá algum esclarecimento sobre a questão da violência sexual contra as mulheres?

Portanto, só a organização das mulheres e seus coletivos conseguem fazer esse papel educador, trazendo sempre essa polêmica para a superfície da discussão social, através de imprensa própria dessas organizações, cartilhas, atos e discussões públicas e formas reais para que as mulheres, nessas situações de vulnerabilidade, consigam defender-se, realizar a autodefesa, visto que o Estado, a polícia e o judiciário somente vem depois da violência ocorrida, não para fazer justiça mas para intensificar a injustiça. Nesse caso específico do julgamento do empresário André, se a audiência fosse presencial, as organizações de mulheres deveriam ocupar em peso a sala de julgamento e impedir, no momento, as agressões verbais contra Mariana. A pressão política deve ser feita e era capaz que o advogado de André só saísse dali escoltado por policiais se a agressão fosse realizada diante de uma organização de mulheres mostrando para toda a sociedade a sua força.

É importante discutir, sim, mas para não ficar somente em palavreados vazios e sem eficácia, a organização precisa ser criada e ter atuação permanente para levar a luta da mulher adiante para esses casos e para outros casos que dizem respeito à questão feminina: direito à creche, ao aborto, ampliação da licença-maternidade, UBS com saúde da mulher nos bairros, igualdade salarial, entre outros.

É preciso prevenir e atuar politicamente com a força da própria organização popular senão esses casos sempre irão se repetir.


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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Eleições nos EUA (5): O poder da grande mídia


Os grandes meios de comunicação são dotados de muito poder políticos e exercem um papel fundamental nas eleições dos Estados Unidos. Nas eleições de 2020 esses apoiam predominantemente Joe Biden e Kamala Harris. As grandes corporações de comunicação nos Estados Unidos, longo de sua existência, sempre foram a favor das guerra perpetuas e esconderam os assassinatos, operações clandestinas, genocídios, guerras econômicas, guerras hibridas, sabotagens, espionagens, grampos, destruições e golpes de Estado praticados em favor do imperialismo.

A compreensão sobre esse fenômeno é bastante complexa, já que cabe assumir que os grandes meios de comunicação estadunidense compõem o complexo industrial-militar. Somente a Warner Media, antes também conhecida como AOL e TimeWarner, controla quase 300 empresas em 84 países, dentre elas a AT&T, HBO, Cinemax, DC Comics, etc. Além disso possui associação com empresas como EBay, Citygroup, Bertelsmann, American Express, Sony, Polygram Records e Amazon. Possui 8 estudios de produção cinematográfica, distribuidoras de filmes, 13 canais de emissão internacional, 7 unidades de produção e 11 canais de TV a cabo como Disney, ESPN, Arts & Entertainment (A&E) e History Channel.

Se destacarmos o grupo Vivendi Universal que é responsável pela venda de 27% das vendas de música nos Estados Unidos e abarca a Universal Studios, StudioCanal, PolygramFilms, Canal+ e empresas de internet e telefonia móvel. Diversos artistas de fama internacional trabalham diretamente para esses conglomerados e influenciam diretamente na opinião de seu público: como Lady Gaga, Shakira, The Black Eyed Peas, Alicia Keys e Cristina Aguilera. Entre essas opiniões a de que Rússia e Venezuela são as piores ditaduras do mundo e que os Estados Unidos é o paraíso na Terra. 

A Public Broadcasting Service (PBS) que se apresenta como uma instituição de comunicação pública chega a 90 milhões de pessoas nos Estados Unidos e também a milhares de pessoas em outros países. Porém seu conselho é composto por membros da alta burocracia estatal estadunidense que serve aos interesses imperialistas e por grandes empresários. 

Tais grupos de meios de comunicação não possuem sede apenas nos Estados Unidos. A Thomson Corporation com sede em Toronto, Canadá, e controla por volta de 100 diários e quase 30 publicações semanais com nos Estados Unidos, tendo por foco o público de pequenas cidades. A Pearson PLC com sede em Londres no Reino Unido possui vários periódicos como o Financial Times e The Economist. A The Economist pertence a família Rothschild é a porta voz da City Londrina. A City Londrina é uma espécie de continuidade do Império Inglês. Essa revista foi fundada em 1843 servindo como a publicação oficial da Companhia Britânica das Índias Orientais.

A Fox News, pertencente ao magnata australiano Rupert Murdoch, está sob controle do grupo News Corporation. O News Corporation também controla The Wall Street Journal, The Sun, New York Post e The Times, que fazem clara propaganda em favor da guerra perpetua e em favor da ala imperialista dos neocons. Down Jones produz o The Wall Street Journal que é considerado a publicação mais importante para o Mercado financeiro estadunidense.

A Reuters / News & Media opera a maior agência de notícias do mundo cobrindo mais de 80 países. A Reuters possui cabos e satélites mais rápidos do planeta e conseguem realizar traduções de suas notícias para até 19 línguas. Com isso nutrem de notícias os principais meios informativos no mundo. Também é a agência de notícias televisivas mais importante do mundo. A Reuters TV é a agência internacional televisiva mais importante do mundo chegando à 800 milhões de casas por meio de mais de 600 organismos de radiodifusão em mais de 80 países. 

A Associated Press foi fundada em 1846 e é a agência de notícias mais antiga do mundo, sendo capaz de produzir em um dia mais de 20 milhões de palavras milhares de imagens para todo o mundo. Oferece um conjunto de serviços de informação, infográficos, conteúdo selecionado, audiotexto e gráficos televisivos. Opera via satélite um serviço nacional de notícias radiofônicas para mais de 6 mil emissoras de rádio nos Estados Unidos e outras milhares em outros países, sendo então a maior agência de rádio dos Estados Unidos. 

O The New York Times e o Washington Post são os dois principais jornais relacionados ao Estado Profundo (Deep State). O Washington Post sempre defendeu ao longo da sua história uma representação política débil e fraca em contrapartida a um Banco Central (Federal Reserve, FED) independente e uma banca privada forte.  O The New York Times tem a maior capacidade de atenção de notícias do mundo, tem o dobro do tamanho do seu competidor mais próximo e possui o International Herald Tribune que vende milhões de exemplares diários em mais de 180 países. O The New York Times está historicamente atrelado aos interesses da família Rockefeller e possui no conselho editorial membros do Conselho de Relações Exteriores, do Clube Bildeberg e da Comissão Trilateral. 

Esses meio não apenas interpretam de forma independente a política exterior dos Estados Unidos, na realidade eles a elaboram sob uma perspectiva imperialista. Uma palavra de ordem proferida pelos periodistas desses meios para desqualificar qualquer projeto que não atende aos interesses imperialistas, como por exemplo os de Putin, Maduro e Trump, é: "Isso é extremamente perigoso para a nossa democracia". Como se o poder político real dos Estados Unidos fosse de fato uma democracia. Hoje os Estados Unidos é na realidade uma oligarquia com propósitos imperialistas e que pretende perpetuar a guerra permanente. 

Os meios corporativos de comunicação de massa nos Estados Unidos estão sob o controle das elites imperialistas, que censuram e ocultam aquilo que vai contra aos interesses imperialistas. São capazes de servir como uma importante máquina de mudança de percepção de mundo das pessoas e portanto capaz de influenciar diretamente nos processos políticos e eleitorais. Seu propósito é manter o establishment econômico e mantém associação direta com Wall Street, City londrina, agências de inteligência, complexo industrial militar, o big data e organismos privados supranacionais. Essas estruturas formam o Estado Profundo e o Partido da Guerra e nessas eleições estão a favor de Joe Biden. Assim há um compartilhamento sobre a visão de mundo entre esses agentes que em nada favorece a luta anti-imperialista e dos trabalhadores, também reforça a necessidade de uma imprensa independente dos trabalhadores. 

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O que significa comemorar a derrota de Trump?


Muitos esquerdistas estão eufóricos com a vitória de Biden, mesmo quando todo o histórico do democrata é exposto. Assim, os esquerdistas fazem o seu tradicional malabarismo para seguir o que a imprensa burguesa manda com a seguinte afirmação: “vamos comemorar a derrota de Trump”. O caráter lunático de uma afirmação desta só é válido nas seitas, pois todos sabem que comemorar a derrota de Trump é legitimar o processo eleitoral de 2020, é dar poder para Biden. 

Comemorar a vitória de Biden é a mesma coisa que comemorar a derrota de Trump, só um idiota acha que ambas as coisas estão descoladas. E qual o significado disto? Biden foi eleito em uma eleição extremamente atípica, onde os votos foram majoritariamente oriundos de votação por correio, não havendo nenhum tipo de segurança para um pleito deste tipo. Logo, para que a eleição seja validada é necessário que se dê uma cobertura popular para a vitória de Biden. Comemora-se uma vitória de um político responsável por guerras no Iraque, Síria, Iugoslávia  e Afeganistão em um processo extremamente duvidoso, é a comemoração histérica, sem sentido político real e feita para maquiar um pleito realizado por correio. 


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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...