terça-feira, 15 de março de 2022

Todo apoio aos povos russos e ucranianos em sua luta contra o imperialismo!

Todo apoio às milícias populares do Donbas


A esquerda brasileira, acompanhando a imprensa imperialista mundial e brasileira, tem majoritariamente caído em uma posição de apoio ao imperialismo no conflito que acontece neste momento na Ucrânia. Segundo esta posição, que o imperialismo tenta fazer parecer verdadeira, a Rússia teria invadido a Ucrânia ou sem nenhum motivo, ou então, em teorias mais bem acabadas, por conta de a Rússia ser um país imperialista também, que quer reunificar o Império Russo findo em 1917 com a Revolução Russa. Nenhuma das justificativas são minimamente verdadeiras.

Putin não deseja conquistar a Ucrânia e anexa-la ao território russo. Da mesma forma, Putin não está massacrando a população ucraniana e tem levado adiante uma série de manobras militares tão bem pensadas e realizadas, que o número de mortes (a maioria esmagadora de militares) rivaliza com o número de mortes ocorridos em Petrópolis, culpa da falta de recursos estatais destinados a obras públicas.

A invasão por parte da Rússia tem outros motivos e tem muito mais a ver com a autodeterminação dos povos e a luta da população do Leste-Europeu contra o imperialismo do que o que tenta fazer parecer parte da esquerda brasileira alinhada ao imperialismo, como praticamente todo o PSOL, o PSTU muitas correntes internas do PT.

2014: o golpe de estado que deu origem a um genocídio

O governo ucraniano até 2014 era comandado pelo nacionalista (não no sentido nacionalista de direita, mas sim no sentido de um político alinhado aos interesses nacionais da burguesia da Ucrânia), Viktor Ianukovytch. Ianukovytch era alinhado à Rússia, mas tentava até o final de 2013 costurar acordos com o FMI, acordos estes que levariam a Ucrânia um desastre econômico sem igual. O que era pedido pelo FMI praticamente acabava com qualquer tipo de aliança econômica entre a Ucrânia e a Rússia, o que era praticamente impossível de ser aceito por conta da proximidade histórica e estratégica de ambas as nações.

As imposições do FMI não eram sem nenhum objetivo e tinham o intuito justamente de não permitir que o governo em questão conseguisse empréstimos, se aproximando de um acordo com os bancos russos.

Ao mesmo tempo, discutia-se a possibilidade de que a Ucrânia entrasse na União Europeia. Com outra série de exigências absurdas, Ianukovytch pediu uma suspensão das conversas por algum tempo.

Com isso, uma série de protestos com vários elementos de extrema direita se iniciaram no país, com o que ficou conhecido como “Euromaidan”. 

As manifestações eram fortemente apoiadas por membros da União Europeia e dos EUA, principalmente. Muitas foram as participações de membros do governo dos EUA nas manifestações, falando nos atos e incentivando os manifestantes a derrubarem o governo.

Tais participações, da extrema direita e dos governos imperialistas, podem ser vistos em documentários, inclusive de países imperialistas como a França e EUA. Postaremos aqui dois deles:

https://www.youtube.com/watch?v=XAWedhn1kBk

https://www.youtube.com/watch?v=D4a4ULXed_0


Política da Ucrânia após o golpe


Três regiões se levantaram após o golpe de estado. A mais famosa foi a região da Crimeia, não por conta do levante em si, mas muito por conta da votação em referendo pela separação da região e posterior união com a Rússia. O imperialismo buscou utilizar muito o episódio para tentar provar como a Rússia tentava anexar uma parte da Ucrânia, mas, a realidade é que a própria população não quis mais permanecer na Ucrânia.

Também vale lembrar que a Crimeia sempre foi russa e somente foi parar no território ucraniano por conta de um erro gigantesco da burocracia soviética na década de 80, que praticamente doou o território a outra região.

Também vale a pena lembrar que praticamente metade da Ucrânia é formada por povos russofonos, ou seja, que falam o idioma russo e se reivindicam como russos, não como ucranianos.

As outras duas regiões que conseguiram se levantar (Odessa parecia ir para o mesmo caminho, mas um ataque criminoso à população, que colocou fogo em 39 manifestantes de esquerda em 2014, fez com que a população não se levantasse com medo) foram as regiões de Donetsk e Lugansk, que se declararam independentes.

Desde então, a Ucrânia levou adiante um verdadeiro genocídio contra a população destas duas regiões, o que nos últimos 8 anos não levantou uma única palavra de repúdio à Ucrânia por parte do imperialismo.

A Ucrânia também se aproximou muito do bloco imperialista, lógico, por conta do governo fantoche colocado pelo imperialismo na região. 

Nos últimos meses, a Ucrânia ameaçou de integrar a OTAN, o que não só era um posicionamento que levaria muito risco à segurança russa por conta de sua proximidade do país, assim como levaria adiante uma política contra a própria população ucraniana, contra Lugansk e Donetsk e contra quem ousasse se levantar contra a organização que mais fez vítimas na história da humanidade.

Putin tentou ao máximo realizar um acordo com os ucranianos, que já haviam feito um acordo antes de não bombardear Lugansk e Donetsk, nos chamados Acordos de Minsk. No entanto, nem mesmo os acordos de Minsk haviam sido respeitados e a Ucrânia parecia mesmo querer integrar a OTAN.

O que fez, no entanto, Putin invadir a Ucrânia foi o fato de que o presidente Vladmir Zelensky disse que pensava em voltar a produzir armas nucleares, o que colocaria em risco toda a população de ambos os países.

Putin, então, reconheceu a independência de ambas as repúblicas populares, Lugansk e Donetsk, além de entrar no país vizinho para proteger esses povos e exigir que a Ucrânia não entre na OTAN.

É preciso que todos os setores de esquerda, todos aqueles que lutam contra a opressão imperialista e todos os que são a favor da autodeterminação dos povos se coloquem contra a expansão da OTAN e contra a política imperialista que provocou o conflito entre Rússia e Ucrânia. É preciso se colocar ao lado da burguesia nacional russa que, neste momento, cumpre um papel extremamente progressista contra o imperialismo.

Não se trata de uma guerra contra os ucranianos, mas sim, um conflito que visa, inclusive, libertar o povo do país contra o golpe de estado de 2014 e as milícias nazistas que fazem parte do governo ucraniano.

Isso, inclusive, tem muito a ver com o Brasil, já que muitos grupos de extrema direita foram fazer treinamentos na Ucrânia, o que é inclusive abertamente dito por Sara Winters, a ex-liderança do grupo fascista “300 do Brasil”.

É preciso também dizer que o imperialismo é o maior genocida do mundo e que não há uma única reclamação por parte da imprensa internacional.

Os boicotes contra a Rússia são gigantes e vão desde questões econômicas contra o povo russo, até a retirada da Rússia da Copa do Mundo do Qatar de 2022. Nós devemos veementemente nos colocar contra as sanções à Rússia.

É também preciso lembrar que nas últimas semanas toda a esquerda identitária pediu que o apresentador do Youtube, Monark, fosse queimado nas fogueiras da nova inquisição por dizer que era favorável a que qualquer partido fosse legalizado, inclusive os partidos nazistas. Quando se trata de uma opinião, ela não deve ser permitida. No entanto, quando a Rússia luta contra os fascistas e nazistas de verdade, ai a esquerda identitária fica ao lado dos nazistas contra a Rússia. 

As redes de televisão russas vêm sendo amplamente boicotadas, com o Youtube, o Twitter, o Instagram e outras redes proibindo a Sputnik e a RT em territórios europeus, mas, ao mesmo tempo, o Facebook permitiu que elogios aos nazistas do Prav Sektor durante a guerra, demonstrando novamente que quando a burguesia precisa, ela lança mão da extrema direita sem problema algum

 

 

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