segunda-feira, 14 de março de 2022

Os genocídios cometidos pelo imperialismo em guerras nos últimos anos

A fome que o imperialismo obriga os iemenitas a passarem é tão dura quanto a chuva de bombas diária

A imprensa imperialista tem promovido a ideia de que Putin é um ditador sanguinário e que a Rússia está realizando a guerra mais sangrenta, mortífera e cruel deste século. A imprensa tem falado sobre essa guerra quase que 24 horas por dia, deixando de lado, inclusive, o tema preferencial de antes que era a pandemia de Covid-19. Ao assistir TV, os jornais passam a impressão até de que a pandemia deixou de existir com um estalar de dedos. A imprensa hegemônica brasileira segue essa mesma linha, tratando de reproduzir notícias da agência norte-americana Reuters, contando uma versão específica da história que aponta a OTAN e Volodymyr Zelensky como os mocinhos e a Rússia de Putin como os bandidos.

A versão da guerra promovida pela imprensa imperialista não explica as raízes do conflito e muito menos os acontecimentos que a antecederam. Pouco se fala, por exemplo, que a Ucrânia vivia uma crise econômica profunda, que houve um golpe de Estado em 2014 promovido pelos EUA na forma de guerra híbrida e revolução colorida, que se formaram células nazistas na Ucrânia de inspiração Banderistas (ideologia política promovida pelo líder nazista ucraniano na segunda guerra mundial Stepan Bandera) como o batalhão Azov, que queimaram vivos sindicalistas e oponentes políticos e que além de não cumprir os tratados de Minsk, atacaram incessantemente as repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk. O Estado ucraniano promoveu um ultranacionalismo xenófobo ao ponto de perseguir e assassinar russos. Ao querer entrar na União Europeia e na OTAN, Zelensky sinalizou uma ameaça nuclear imediata contra a Rússia.

Outro ponto importante é que essa ação militar na Ucrânia que Putin denominou como operação especial tem sido cirúrgica e ainda que aconteçam arbitrariedades e mortes de civis, o número de mortos e os bombardeios tem sido muito inferiores aos das guerras realizadas ou apoiadas pelos Estados Unidos durante o século XXI. Isso faz com que a guerra da Ucrânia fique ainda muito longe de estar entre as piores guerras do século. Esse título ainda é do imperialismo e é possível comprovar facilmente. Sem considerar outros conflitos que também tiveram o envolvimento direto ou indireto dos EUA, somente as guerras aqui citadas somam em torno de 3 milhões de pessoas mortas (chutando baixo).

Guerra no Afeganistão (2001)

Em 2001 os EUA iniciaram uma guerra desastrosa que durou 20 anos. A desculpa para a guerra foram os atentados do 11 de setembro. Os EUA conseguiram fazer toda uma manobra para criar a ideia na imprensa de que os culpados por aquele fato estavam relacionados com o regime político afegão da época: o Talibã. Diversos jornalistas, pesquisadores e investigadores como o francês Thierry Meyssan conseguiram provar que o 11 de setembro foi um trabalho interno do próprio EUA. Nessa guerra morreram quase 500 mil pessoas, dentre as quais 2,5 mil soldados americanos. Os 20 anos de guerra também colocaram o Afeganistão em um estado de miséria e barbárie extrema.

Para se ter uma ideia, após o Talibã conseguir finalmente tomar o país de volta e expulsar os invasores imperialistas, em uma espécie de prêmio de consolo por ter tido a derrota retumbante, Biden confiscou cerca de 7 bilhões de dólares de ativos do pobre país do Oriente Médio. Em meio a toda a demagogia identitária imperialista, os Estados Unidos empurram por conta do confisco do dinheiro e de sanções contra o país uma fome gigantesca que pode chegar a custar a vida de 9 milhões de pessoas em um futuro próximo. No entanto, a histeria em defesa das afegãs que não existiram nos últimos 20 anos, mas que apareceu por um curto período de tempo com a tomada de Cabul pelo Talibã, já desapareceu e as mulheres do país podem morrer de fome.

Guerra no Iraque (2003)

Se a guerra do Afeganistão já foi uma grande farsa, a guerra do Iraque foi ainda mais descarada. Sem qualquer comprovação lógica ou racional, os EUA realizaram uma conexão infundada do Iraque e de Saddam Hussein com a Al Qaeda. Sem provas, os EUA acusaram o Iraque de possuir armas de destruição em massa, armas químicas e produção de antraz. A consequência disso foi a destruição de um conjunto de patrimônios históricos e culturais de importância singular para a humanidade (sumérios, babilônicos e mesopotâmicos), o fim de um dos estados com um dos maiores níveis de IDH, estabilidade política e justiça social de todo o Oriente Médio e a criação de condições para o surgimento de mais uma organização fundamentalista islâmica: O Estado Islâmico do Iraque (DAESH). Com a estratégia de shock and awe baseada em bombardeios incessantes e indiscriminados foi possível tomar a capital do país em alguns dias ao custo de muita destruição e morte de civis. Os números oficiais dizem que em 10 anos de guerra morreram em torno de 200 mil pessoas, no entanto cálculos alternativos apontam que o número de mortos pode ser superior a 600 mil pessoas. Além das mortes houve a destruição completa da infraestrutura, patrimônio cultural e tecido social do país. O número de refugiados iraquianos foi enorme após essa guerra.

Guerra na Síria (2011)

A guerra na Síria foi consequência das revoluções coloridas patrocinadas por EUA e CIA que se seguiram em meio ao que ficou conhecido como Primavera Árabe. O governo morte-americano quis derrubar o governo sírio de Bashar al-Assad a todo custo e para isso financiou quinta-colunas, grupos dissidentes e o fundamentalismo islâmico via Estado Islâmico. Em meio a bombardeios e sabotagens dos Estados Unidos, os sírios realizaram uma heroica resistência que contou com o apoio da Rússia na figura de Vladimir Putin. A Rússia elaborou uma importante estratégia de defesa que inibiu os americanos e quase que eliminou totalmente os membros do Estado Islâmico. Com a a conquista da cidade de Alepo, em 2016, foi sacramentada a aliança síria-russa. Ainda assim, tropas dos EUA, turcas e do Estado Islâmico permanecem em determinadas regiões da Síria onde roubam o petróleo sírio. Estima-se que nessa guerra morreram por volta de 500 mil pessoas.

Guerra no Sudão (2013)

A guerra do Sudão levou à separação do país em outros dois: Sudão do Norte e Sudão do Sul. Os EUA atuaram indiretamente neste conflito sob a acusação de que o Sudão do Norte estava atrelado ao fundamentalismo islâmico. O governo de Barack Obama impôs sanções econômicas ao Sudão do Norte e ainda manteve a classificação do país como patrocinador do terrorismo internacional. Estima-se que em torno de 400 mil pessoas morreram nessa guerra. 

O Sudão era o maior país da África até seu desmembramento.

Guerra na Líbia (2014)

Em meio à primavera árabe o imperialismo via EUA e OTAN derrubaram um conjunto de governos em países árabes. A grande gerente dessas ações foi a então secretaria de Estado democrata Hillary Clinton.

Diante da resistência do povo Líbio e o apoio ao Presidente Muammar al-Gaddafi, A OTAN e os EUA decidiram bombardear indiscriminadamente o país fazendo milhares de vítimas civis. A Líbia foi totalmente destruída e o corpo de Gaddafi foi arrastado em praça pública após ser torturado, sodomizado e assassinado. Antes da guerra, a Líbia era o país com o melhor IDH de toda a África, com indicadores sociais de dar inveja a países ricos. A Líbia tinha uma quantidade extraordinária de reservas de ouro e Gaddafi pretendia criar uma moeda para a realização de empréstimos sem juros para projetos de irrigação, moradia, infraestrutura e desenvolvimento para todos os países da África subsaariana: o Dinar Africano. Tal ação colocaria em cheque o poderio mundial do dólar e o atual sistema financeiro internacional. Essa guerra gerou refugiados e desabrigados e matou em torno de 500 mil pessoas.

Após a destruição da Líbia, o país se tornou uma rota e um ponto de comércio de escravos.

Guerra no Iêmen (2014)

A guerra do Iêmen também foi uma consequência da ingerência dos EUA e da CIA na Primavera Árabe. Neste caso, os EUA terceirizaram a guerra à sua aliada Arábia Saudita.  As forças sauditas são muito superiores às iemenitas e contam com armas fornecidas pelos EUA. Até por meio de vídeos do youtube é possível ver o uso de bombas nucleares táticas sauditas no Iêmen. Muito provavelmente essas bombas, que representam um grave crime, são fornecidas pelos EUA e Israel (https://www.youtube.com/watch?v=9QSi0R2HEcs).

Estimativas da própria ONU indicam que já morreram em torno de 400 mil pessoas no Iêmen. Outras estimativas apontam cerca de 1 milhão de pessoas mortas. A fome é algo que atingiu em cheio também a maioria dos iemenitas.

Guerra na Palestina (2021)

Este conflito iniciou-se em meados do século XX e se estendeu por todo o século XXI, mas teve um momento importante no ano de 2021. Em 2021 houve um conjunto de ataques israelenses com apoio militar e político dos EUA em lugares como a Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental Cisjordânia e na fronteira israelense-libanesa.

O poderio militar israelense foi muito superior ao palestino, ao ponto de ter morrido apenas um soldado israelense em comparação aos 300 palestinos mortos e aos 72.000 palestinos removidos arbitrariamente de suas casas. O sadismo das forças neonazistas israelense pode ser comprovado pelo fato de terem invadido o terceiro mais importante local da religião islâmica do mundo: a mesquita de Al-Aqsa. Lá a polícia israelense agrediu pessoas que praticavam seu culto religioso pacificamente.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...