O conflito teve início quando as tropas russas cruzaram a fronteira ucraniana em 24 de fevereiro de 2022. A ofensiva se deu em três frentes de combate: leste, sul e norte. Um tratado de amizade com as repúblicas de Donestk e Lugansk fora assinado com a Rússia dias antes da intervenção.
O imperialismo e sua imprensa procuram apresentar as forças armadas russas como agressoras. Contudo, trata-se de uma operação militar preventiva. O imperialismo norte-americano, apoiado pela União Europeia, traçava planos de instalação de bases militares da OTAN na Ucrânia, isto é, nas fronteiras russas. Qualquer trabalho de subversão política e mesmo uma invasão imperialista teria como ponto de apoio as bases da OTAN.
É perceptível o cuidado dos russos em relação aos civis. A máquina de propaganda imperialista tenta criar versões sobre os fatos, de forma a manipular a opinião pública mundial contra a Rússia, como se se tratasse de um massacre de civis.
Os dois lados concordaram, em reunião no dia 9 de março, em estabelecer um cessar-fogo de 12 horas com o intuito de abrir corredores humanitários para a população civil. A Rússia diz que os corredores ficaram abertos nas cidades de Kiev, Kharkiv, Mariupol, Chernihiv e Sumy. Os russos controlam importantes usinas nucleares da Ucrânia, inclusive a maior da Europa, a usina de Zaporizhzhya.
As tropas russas encontram-se há semanas nas proximidades de Kiev, com um comboio de forças blindadas para realizar um ataque massivo. A imprensa destaca que são dezenas de quilômetros de extensão.
O imperialismo mundial coloca em marcha toda sua máquina de propaganda e articula alianças políticas para isolar os russos no cenário internacional. A Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução por ampla maioria condenando a intervenção de Vladimir Putin na Ucrânia. No entanto, a imprensa não fez as contas ao vivo, demonstrando que cerca de um quarto dos países do mundo ou votaram ao lado da Rússia, ou se abstiveram. Dentro desses países, Índia e China são os dois mais populosos do mundo, o primeiro com 1,41 bilhão de pessoas e o segundo com 1,45, o que corresponde a cerca de 35% da população mundial.
Mesmo dentre os países que condenaram a Rússia, casos de México e Brasil, a posição diante da guerra é ambígua e muitas vezes pende para o lado dos russos.
Embora seja verdade que uma parcela considerável desses países não pensa como seus governos e condena a invasão da Ucrânia pela russa, também é verdade que uma ampla parcela da população dos países que estão contra a Rússia, também discorda de seus governos.
É algo claro, já que o imperialismo é o regime de exploração mundial e que assim como a burguesia imperialista é inimiga dos governos nacionalistas dos países atrasados, também é inimiga de toda a classe operária mundial, incluindo a classe operária dos próprios países imperialistas.
Pesadas sanções foram impostas a setores da economia russa. Vladimir Putin declarou que as sanções equivalem “a uma declaração de guerra” contra seu país. Países europeus anunciaram o envio de armas à Ucrânia e Volodymyr Zelensky chegou a solicitar que a OTAN estabelecesse uma zona de exclusão aérea, o que significaria uma intervenção direta das forças estrangeiras no conflito, o que não ocorreu e demonstrou mais uma vez como o imperialismo tende a abandonar seus aliados.
O bloqueio da transmissão dos canais RT e Sputnik por parte do imperialismo demonstra o controle da internet e das redes sociais. A única opinião que deve ser divulgada é a que convém ao capital financeiro mundial, isto é, a classe dos opressores de todos os povos do mundo.
É preciso destacar que a propaganda imperialista penetra até mesmo na esquerda brasileira. O PSTU, o PSOL, o POR e outros partidos e setores dentro do PT, incluindo queles que se dizem trotskistas, como é o caso da corrente O Trabalho, adotaram a palavra de ordem de nem OTAN e nem Rússia, o que significa um apoio indireto ao imperialismo. A neutralidade na luta entre o imperialismo e a burguesia nacional de um país atrasado significa, na prática, a adesão ao imperialismo por parte dos partidos de esquerda.
Os trotskistas se orientam sobre a base de princípios. Leon Trótski é claro em seus textos que os marxistas devem defender a burguesia nacional de um país atrasado quando em choque com o imperialismo, porém, sem abdicar da independência de classe. O opressor da humanidade não é a Rússia, mas sim os Estados Unidos, a União Europeia, o Japão e as forças militares da OTAN.
A preocupação “humanitária” do imperialismo não apareceu nos bombardeios criminosos da OTAN na Sérvia, no Iraque, Afeganistão, Palestina, Líbia, Síria e nos golpes de Estado na América Latina. Milhões de inocentes, incluindo mulheres e crianças, tiveram suas vidas dilaceradas em função dos interesses políticos e econômicos do imperialismo mundial. Os Estados Unidos, hoje supostos apóstolos dos direitos das mulheres, negros e LGBTS, destruíram a vida de milhões na intervenção no Iraque. A mesma preocupação não se deu para com os povos do Donbas, na própria Ucrânia, diante do genocídio nazista dos últimos 8 anos.
Os acontecimentos na Ucrânia seguem se desenvolvendo. As coisas tomarão um rumo mais definitivo quando os russos finalmente conseguirem tomar a capital Kiev.
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