terça-feira, 15 de março de 2022

Imperialismo espalha o nazismo enquanto critica “falta de liberdade” na Rússia

Membros do Batalhão de Azov marchando em Kiev / edaily

Desde que a Rússia iniciou o processo de desmilitarização e desnazificação na vizinha Ucrânia por conta da pressão imperialista para colocá-la na OTAN, temos visto uma intensa propaganda contra o povo russo, a favor do fascismo na Ucrânia, contra a liberdade de imprensa em todo o mundo e a favor do esmagamento da classe trabalhadora de ambos os países a favor da política imperialista. No entanto, ao mesmo tempo, o mesmo imperialismo que cassa os direitos de expressão dos russos, tenta fazer demagogia com a suposta falta de liberdade de imprensa e pela suposta possibilidade de aprovação da lei marcial por parte da Rússia.

A perseguição à Rússia não só se restringiu a declarações e às sanções econômicas que, por si só, já seriam uma demonstração de barbárie gigantesca ao fazer o povo do país pagar pelo que quer que fosse, mas também chegou a um ponto em que parece ter sido idealizada pelo próprio Adolf Hitler em pessoa.

Muitos não sabem, mas, para além de seu ódio aos judeus, Hitler tinha como ideologia também o ódio aos povos eslavos, os quais considerava como escravos que deveriam pertencer aos arianos por um direito natural. Nada muito longe do que vem sendo feito com as pessoas e com a cultura russa em todo o mundo, principalmente na Europa. Segundo meios de comunicação russos, como a RT e a Sputnik News, uma onda de cancelamento de shows e apresentações artísticas por parte de russos ou que tivessem como tema algo da cultura russa se iniciou na Europa.

Dentre os inúmeros exemplos, o maestro russo Valeri Gergiev, um dos mais importantes de todo o mundo, teve concertos encerrados em várias cidades da Europa, além de ter seu contrato com a Orquestra Filarmônica de Munique encerrado. Além do fato de Valeri ser russo, o que por si só já demonstra o caráter xenófobo do afastamento, também se destaca o fato de que o maestro foi pressionado a realizar uma declaração anti-Putin e contra a invasão russa à Ucrânia, uma verdadeira demonstração da ditadura do imperialismo.

Outra questão que se destaca no caso de Valeri é o fato de que ele já havia sido criticado por ter realizado um concerto em Ossétia do Sul, na Síria, no ano de 2016. Na época, as críticas se davam por conta de o maestro fazer concertos no país de Bashar Al Assad, esse sim, um país invadido pelo imperialismo que sofre desde 2011 com embargos, sanções e uma guerra interminável. As declarações demonstram como, caso o invasor seja um país imperialista que reduza o PIB do país em mais de 6 vezes, que destrua cidades históricas, cause uma das maiores crise humanitárias de todos os tempos com o envio de refugiados a todos os lados do mundo e com um número de pelo menos meio milhão de mortos, você deve defender o invasor, mas, caso o “invasor” não seja imperialista, não cause nada comparado com o estrago feito pelo imperialismo na Síria e tenha como interesses a luta contra milícias nazistas, a própria defesa contra a instalação de bases da OTAN e armas nucleares, você deve ficar do lado do país invadido.

Dentro da música erudita, quem também sofreu foi a soprano Anna Netrebko. A russa chegou a se posicionar contra a guerra, enquanto também protestou por ter de fazer uma declaração deste tipo para manter seu emprego. Não foi o suficiente para a Ópera de Zurique, que cancelou a apresentação da artista na ópera Macbeth da mesma forma. Netrebko também acabou sendo pressionada a cancelar apresentações em outros países, o que acabou fazendo por medo.

Na Grécia, a ministra de Cultura e Esportes, Lina Mendoni, declarou que deveriam ser suspensas quaisquer realização, cooperação, planejamento ou discussão com organizações culturais russas, além de cancelar a apresentação de “O Lago dos Cisnes” de Thaikovski que seria transmitida pela televisão estatal no país.

A Ópera e Ballet Nacional da Letônia também declarou que, no futuro, trabalharia somente com artistas que declarassem ser contra a guerra na Ucrânia.

A RT também declarou que, na Itália, uma universidade havia proibido um curso sobre Dostoiévski, voltando atrás após protestos por parte do professor que ministraria o curso.

Mas não só nas artes há a perseguição à cultura russa, já que uma sorveteria em Córdoba, Argentina, deixou de servir um sorvete chamado “creme russo”, enquanto a bebida “Moscow Mule” passou a ser chamada de “Kiev Mule” nos EUA. A vodka também parou de ser servida em alguns bares e lojas de bebidas nos EUA e no Canadá.

No Brasil, na cidade de São Paulo, o Bar da Dona Onça deixou de servir Estrogonofe.

Já nos esportes, a Fifa proibiu a participação da seleção russa na próxima Copa do Mundo que ocorrerá no Qatar no final deste ano, enquanto o Comitê Olímpico Internacional proibiu atletas russos de participarem dos Jogos Paralímpicos de Inverno que estão ocorrendo neste momento na China.

Mas não só os seres humanos foram boicotados, mas também os gatos, já que a Federação Internacional Felina proibiu que gatos nascidos na Rússia fossem registrados em seus livros de pedigree, além de proibi-los em competições.

Além das sanções e da cultura russa que vem sendo “cancelada” em todo o mundo, a imprensa russa também vem sendo proibida. A RT e o Sputnik News foram proibidos em praticamente toda a União Europeia e Estados Unidos, tendo de fechar as portas em dezenas de países.

No entanto, enquanto o imperialismo promove uma guerra contra o povo russo e impede que seu lado seja apresentado à população mundial por meio da censura, o próprio imperialismo critica a Rússia por suposta falta de liberdade de expressão para com as chamadas “mídias altenativas”.

Acontece que a maioria das “mídias alternativas” defendidas pela imprensa imperialista, na verdade, recebe financiamento imperialista e visa justamente a troca de regime na Rússia. Muitas das ONGs e organismos de imprensa financiados pelo imperialismo foram proibidos pela Rússia no ano de 2015 de atuarem no país .

Um desses grupos é a banda punk Pussy Riot. Financiada pela NED, a banda passou a criar sites de notícias contra o governo de Putin na Rússia nos últimos anos, como o site Mediazona

Há, no entanto, um verdadeiro abismo de distância entre o que promove Putin contra as “mídias alternativas” do imperialismo e os órgãos de notícia russos. Em primeiro lugar, porque as ditas “mídias alternativas” não são nem um pouco alternativas pelo simples fato de serem financiadas pelo imperialismo. Em segundo lugar, por conta de seu caráter político que visa, com dinheiro estrangeiro do imperialismo, desestabilizar o governo da Rússia, um país atrasado e oprimido. Sendo assim, enquanto a imprensa russa conta apenas com seus sites de notícia para tentar passar sua versão da história para o mundo, as “mídias alternativas” imperialistas contam não só com seus próprios veículos, como também contam com todos os órgãos de imprensa mundiais, a ONU, a OTAN e todas as ferramentas necessárias para atacar o governo russo. 

Além de desigual, a imprensa russa apenas tenta defender o país, enquanto as chamadas mídias alternativas visam modificar a política russa para que ela funcione de acordo com os desejos do imperialismo.

A Ucrânia, inclusive, é um dos exemplos mais bem acabados de como as ditas mídias alternativas serviram para o imperialismo dar um golpe em 2014, o que resultou não em uma democracia, como tenta apresentar a burguesia imperialista, mas sim, em um governo que conta com um grande apoio de grupos nazistas como o Batalhão Azov, o Prav Sektor, o partido Svoboda e o Batalhão Aidar, só para citar alguns.

Sendo assim, é necessário se posicionar ao lado da imprensa russa. É preciso lutar para que os russos possam contar sua versão do que acontece. Ao mesmo tempo, toda a ação da burguesia russa (por mais que seja uma burguesia) que se contrapõe ao imperialismo que visa expulsar os grupos que tentam desestabilizar o regime do país deve ser apoiada. Não se trata de liberdade de expressão quando o imperialismo financia este tipo de movimento.


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