quinta-feira, 23 de julho de 2020

NÃO RESPONSABILIZE O VÍRUS DE CORONA PELA QUEBRA DO SISTEMA FINANCEIRO!

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Os mercados de ações globais caíram nesta semana (primeira semana de março de 2020), com notícias da disseminação do COVID-19 para outros lugares, além da China. Os investidores reagiram às advertências sobre os efeitos da interrupção das linhas de suprimento e fábricas chinesas, além da redução do consumo. Estão circulando previsões que a doença poderia aniquilar os lucros corporativos líquidos do ano. Alguns relatórios estão projetando uma queda no PIB, como o preparado pela Goldman Sachs, que prevê que o crescimento global do PIB não chegará a 2% nesse ano. Esse mesmo relatório também prevê que o PIB dos EUA terá uma queda de mais de 2%.
O efeito geral desses relatórios foi produzir um pânico, que atingiu muito o mercado de ações nos EUA, que, no final do dia 27 de fevereiro, havia sofrido uma queda de 12% em sua avaliação. O índice Dow Jones sofreu uma mais de mais de 3.000 pontos. O presidente Trump realizou uma entrevista coletiva, na esperança de conter o pânico, cercado pelas principais autoridades de saúde do governo, para mostrar que os EUA estão preparados para lidar com uma possível pandemia e afirmar que a economia é sólida. No entanto, a cobertura de seus comentários na grande imprensa estava cheia de análises de supostos especialistas proclamando que o COVID-19 levaria a uma recessão, se não um colapso total da econômia.

COBERTURA DE NOTÍCIAS FALSAS
Este é um exemplo clássico de fake news. O COVID-19, mesmo se declarado uma "pandemia" que se espalha por todo o mundo, não seria a causa de uma catástrofe financeira e econômica global, mas apenas um gatilho para esse colapso, que ocorreria mesmo se não houvesse vírus. A real razão para esse colapso é a hegemonia global das políticas econômicas neoliberais. De fato, o Movimento LaRouche vem alertando há anos que a causalidade é, na realidade, o inverso do que está sendo relatado: são políticas econômicas neoliberais, incluindo austeridade nos gastos em saúde pública e terceirização de recursos vitais como produção de alimentos e produtos farmacêuticos resultantes das chamadas políticas de livre comércio, que produziram o sistema no qual qualquer interrupção nas linhas de produção (como fechamento de fábricas, quarentenas etc.) poderia levar a escassez.
Portanto, além de ações emergenciais para reverter essas vulnerabilidades, é essencial que todo o paradigma do neoliberalismo e seu dogma de globalização, que rejeita a segurança defendida pelas políticas de investimento na economia física pelas nações soberanas, sejam imediatamente substituídos. Para esse fim, a Presidente do Instituto Schiller, Helga Zepp LaRouche, apelou urgentemente a ações emergenciais, centradas em acordos internacionais para adotar as políticas econômicas soberanas definidas pelas Quatro Leis de Lyndon LaRouche.
O apelo começa com a afirmação: "Como a disseminação do COVID-19 está ameaçando se tornar uma pandemia, o impacto na produção econômica física já está desafiando as cadeias de suprimentos do sistema de produção industrial.  A soberania das economias nacionais foi substituída por cartéis internacionais, o que criou dependência extrema entre essas cadeias de suprimentos. Assim está em risco a existência de pequenos e médios industriais. Há sinais claros de que essas interrupções da cadeia produtiva podem causar outra crise no sistema financeiro global como em 2008.”. 
"A crise do COVID-19 pode em breve se tornar o gatilho para o colapso do sistema financeiro, que já está irremediavelmente falido - com US$ 2 quatrilhões em agregados financeiros - como a emissão maciça dos chamados créditos compromissados pelo FED desde setembro de 2017 do ano passado, a política continuada de flexibilização quantitativa e as taxas de juros zero e até negativas do Banco Central Europeu, do Banco da Inglaterra, do Banco do Japão. Neste sistema financeiro, as únicas opções que restam são: um incontrolável colapso da reação em cadeia, que pode ser desencadeado por qualquer uma de muitas causas. Entre essas causas estão: 1) uma crise da dívida dos países emergentes, 2) o colapso da bolha de títulos corporativos dos EUA, 3) o colapso dos principais bancos dos EUA ou da Europa, 4) uma explosão hiperinflacionária, a exemplo da Alemanha em 1923. As consequências desse colapso seriam o caos, a perda de milhões de vidas e possivelmente a guerra ".

ECONOMIA REAL VERSUS UMA BOLHA

A narrativa de que uma economia de outra maneira sólida está ameaçada por uma pandemia em potencial é uma fraude praticada por aqueles que são os criadores e beneficiários do atual modelo econômico baseado em bolhas financeiras. Os números são similares àqueles que impulsionaram a bolha de títulos hipotecários de 2008. Esses mesmos fraudadores foram responsáveis pelo resgate de vários trilhões de dólares. As estimativas apontam que mais de US $ 23 trilhões foram gastos na forma de fundos de resgate para salvar o sistema bancário e financeiro. Diversas fraudes foram praticadas nesse contexto, como a criação artificial de dinheiro para a compra de títulos das bancos falidos (quantitative easing) ou a prática de empréstimo à juros zero ou negativo.
Os enormes volumes de créditos criados pelos bancos centrais nesses golpes financeiros foram para os mesmos especuladores que criaram a bolha de 2008. Isso criou um efeito patrimonial na avaliação de ações. Após o crash de 2008, a média de avaliação do Dow Jones caiu de 14.164 para 6.594. Ao invés de se anular as dívidas hipotecárias, criou-se um fluxo interminável de fundos dos bancos centrais para a negociação continuada desses dívidas, sem saber se quer se essas possuíam de fato algum valor!
Em janeiro de 2017, quando o Presidente Trump assumiu o cargo, o Dow Jones havia alcançado 19.732. Com isso o que o Presidente Obama disse ter demonstrado que suas políticas econômicas funcionavam, apesar do alto desemprego e da substituição de empregos bem remunerados da indústria por empregos de baixa remuneração no setor de serviços. Naquele instante não foi dito que os fundos de resgate permitiram aos especuladores criar uma nova bolha, às custas da economia real da produção de bens físicos. Somente através dos ganhos de produtividade na economia real, alimentados pelo progresso científico mediado pela introdução de novas tecnologias, que a riqueza real é criada, em vez dos lucros obtidos pelos especuladores.
Embora o Presidente Trump tenha iniciado programas projetados para recuperar a manufatura, principalmente por romper com o "livre comércio" e as políticas regulatórias de seus antecessores, ele foi prejudicado pro neoliberais republicanos e democratas do Congresso norte-americano. Assim , Trump não reestabeleceu a Lei Glass Steagall (que separava de maneira rígida os bancos comuns dos bancos de investimentos) e se tornou cativo às demandas de "dinheiro de helicóptero" vindos de especuladores de Londres e Wall Street. Os dirigentes do FED, Ben Bernanke and Janet Yellen vivem em conluio com a mídia e universidades na defesa desses interesses especulativos.
Nesse contexto houve uma valorização surpreendente dos valores das ações. O Dow Jones passou de pouco menos de 20.000 pontos, quando, Trump se tornou Presidente, para um pico de quase 30.000 em 19 de fevereiro de 2020. Mas a valorização também tem sido de dívidas, de todos os tipos, muitas das quais nunca serão pagas. A dívida corporativa atingiu uma alta histórica de quase US$ 14 trilhões, com muitas das novas ofertas de títulos sendo classificadas em níveis abaixo de títulos de risco. Muitas empresas agora são classificadas como zumbis, o que significa que elas não obtêm lucros suficientes em um ano para cobrir os pagamentos de juros de suas dívidas nesse mesmo período. As empresas zumbis dependem de empréstimos com juros altos ou compromissados.
A dívida doméstica também atingiu um novo recorde, já que a dívida total com cartão de crédito agora ultrapassa US$ 1 trilhão e a inadimplência só cresce. 43% das famílias dos EUA tomam empréstimos ou usam cartões de crédito para comprar bens de consumo, o que não é um sinal saudável para uma sociedade tão dependente dos gastos dos consumidores (68% do PIB dos EUA é proveniente dos gastos dos consumidores). A dívida estudantil também supera US$ 1 trilhão. A indústria automobilística dos EUA também se beneficiou da securitização de empréstimos para automóveis baseada no modelo de títulos hipotecários que levou a crise de 2008.
Conforme a porcentagem do PIB referentes a indústria, serviços públicos, mineração e agricultura diminuiu, os EUA tornaram-se cada vez mais dependentes de inovações financeiras como, por exemplo, a securitização. Assim, enquanto os valores das ações são apreciados, a economia produtiva real está encolhendo. Os modestos ganhos obtidos nos dois primeiros anos do governo Trump pararam por influência dos neoliberais republicanos e democratas e de seus patrocinadores que dependem da bolha financeira especulativa. A agenda ambiental contra a industrialização e o crescimento compactua com esses setores.

Para desviar a atenção dos efeitos desastrosos de suas políticas neoliberais eles apresentam uma conjunto de explicações falsas para a recessão. Enquanto isso escondem as verdadeiras razões que estão relacionadas aos empréstimos para recompra de títulos de bancos e a política de juros zero ou negativo. Entre outras causas falsas para a crise, além do COVID-19, encontram-se: 1) a paralisação do governo devido à falta de aprovação orçamentária no Congresso, 2) o fechamento do Golfo Pérsico diante de uma possível guerra entre os EUA e o Irã, 3) Aumento das tensões entre os EUA e a Rússia, 4) a guerra comercial com a China, 4) um cisne verde (green swan), termo apresentado pelo Bank for International Settlements (BIS) para representar crises econômicas causadas por mudanças climáticas e acidentes ambientais.
Não se deixe enganar por esses vigaristas e pelos formadores de opinião da mídia. O COVID-19 é colocado nas capas dos jornais e revistas por esses larápios como forma de desviar atenção dos crimes que cometem contra a humanidade. O COVID-19 deve ser levado a sério e abordado por medidas competentes financiadas pelo orçamento público. Tais medidas também devem ser discutidas em cúpulas de nações. Em última análise, para proteger a humanidade de ameaças futuras é necessário acabar com o paradigma econômico, político, social e cultural do neoliberaismo e substituí-los por medidas que aumentarão drasticamente o investimento na economia real e física.

Tradução em Português do texto publicado originalmente em março de 2020, cujo foco é mostrar que o colapso econômico global que se apresenta não tem relação com a suposta epidemia por COVID-19.
Autor: Harley Schlanger
Título original: DON'T BLAME THE CORONA VIRUS FOR THE CRASH OF THE SYSTEM!
Link para acesso ao texto original em inglês:  
https://harley.larouchepac.com/don_t_blame_the_corona_virus_for_the_crash_of_the_system 

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