terça-feira, 18 de agosto de 2020

Fascistas tentam impedir o aborto em criança estuprada pelo tio

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Uma menina do interior do Espírito Santo teve que realizar o aborto legal nesta segunda-feira (17), depois que foi constatado no início da semana passada, no Hospital Roberto Silvares que a menina de 10 anos estava grávida de 3 meses do próprio tio que a estuprava desde os 6 anos de idade.

No domingo (16) na frente do hospital, fascistas cristãos apareceram na porta do hospital que a criança estava, tentaram invadir e impedir o procedimento médico, mas acabaram apenas protestando contra o direito de aborto em caso do estupro da criança. Esse agrupamento fascista foi mobilizado pela fascista Sara Winter, do movimento fascista 300 do Brasil, que publicou a informação com a devida localização.

Após certo tumulto e divulgação na internet, o grupo fascista foi expulso por integrantes do Fórum de Mulheres de Pernambuco em uma ação exemplar que mostra o poder da mobilização dos oprimidos. Infelizmente, essas ações são muito esparsas e tendem a ser isoladas por causa da política eleitoral da esquerda. 


O direito libertário da mulher é atacado e a esquerda eleitoreira se acovarda e não o defende


Enquanto isso, enquanto o direito ao aborto ainda não é integral para as mulheres brasileiras, já que permite apenas em casos excepcionais como no de estupro, anencefalia e quando coloca em risco à vida da mulher; a esquerda, por outro lado, silencia-se perante o ataque desses fascistas contra o direito das mulheres brasileiras.

Silencia-se porque está submersa na ilusão eleitoral de ganhar cargos políticos e renda nas prefeituras municipais e, para isso, despendendo tempo e energia para pura demagogia com promessas eleitorais conservadoras já que não podem — na cabeça deles — desagradar o povo com assuntos políticos nacionais que "envolvam religião, porque é um tema sensível".

O que deve ser falado sem quaisquer mistificações é que o direito de aborto deve ser defendido incondicionalmente. A mulher, em qualquer fase da gravidez deve abortar sem quaisquer impedimentos legais. Enquanto que as mulheres ricas realizam o aborto em clínicas particulares, as mulheres pobres realizam o mesmo procedimento sem qualquer auxílio médico, em clínicas clandestinas ou utilizando-se de medicamentos que põem em risco a própria vida da mulher. No fim, porque o aborto incondicional é proibido, e as mulheres pobres que acabam morrendo e as ricas fazem aborto quando querem, o aborto, então, é um direito que somente os ricos tem.


Por que é um direito libertário das mulheres?


O direito ao aborto concede às mulheres a sua independência do lar, da criação dos filhos e do marido. Quando a mulher não tem o direito ao aborto, ela, no capitalismo, acumula suas duplas ou triplas jornadas de trabalho: o trabalho remunerado, o trabalho doméstico e o trabalho do cuidado dos filhos. Nesse sentido, coloca-se como o setor mais explorado da população e isso impede que consiga ter tempo para estudar e participar da política e, consequentemente, perde o valor da atuação e representação desse segmento na sociedade.

Portanto, independente da ideologia que condene o aborto, em termos políticos práticos, esse direito contribui para que a mulher tenha o poder de se libertar da escravidão doméstica e da escravidão de seu marido, namorado ou amante e, por conta disso, deve ser defendido abertamente pelas organizações de luta das mulheres e pela esquerda.


A luta pelo direito ao aborto também é a luta pelo Fora Bolsonaro


Como foi dito neste texto, a esquerda mais uma vez caiu no conto das eleições em que cada um almeja um cargo na administração dos Municípios. Esse tipo de esquerda que se omite diante da discussão pública sobre o aborto porque no momento precisa "agradar" o "povo" jamais irá dar um passo para a conquista desse direito. Muito porque qualquer lei proposta em prol do aborto no Congresso Nacional será vetada pelo presidente fascista Bolsonaro, conforme já afirmou diversas vezes, e, se nem essa esquerda eleitoreira organiza o Fora Bolsonaro, não há o que falar em defesa real do direito do aborto no país.

Desse modo, são pautas interligadas: a do Fora Bolsonaro e o avanço para a conquista do direito para que as mulheres abortem. Não somente esse direito precisa ser conquistado, mas um programa de luta da mulher:


— Salários iguais para homens e mulheres;

— Obrigatoriedade de creches em cada bairro;

— Presença de médicos especializados em saúde da mulher em cada bairro;

— Presença de ginecologistas e obstetras em cada unidade prisional feminina;

— Proibição de demissão da mulher após usufruir da licença-maternidade;

— Procedimento do divórcio gratuito e sem necessidade de aceitação do marido;

— Obrigatoriedade de creches nas empresas e de locais privados para a amamentação;


Para que esses e outros direitos sejam conquistados, é preciso organizar a luta coletiva das mulheres para exigir esses direitos básicos que contribuem para sua emancipação e, no cenário atual de golpe de Estado, a queda por vias populares do Bolsonaro permitirá o avanço real dessa luta.

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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Editorial – 17/08/2020 As maquinações da imprensa burguesa: popularidade, manipulação e maquiagem


 

A imprensa burguesa é uma das armas mais poderosas da dominação capitalista, ela é parte da manipulação das elites, não sendo um mero veículo de comunicação, mas uma arma política. Com este objetivo, a verdade é deformada, escondida e picotada, mas mesmo assim os monopólios de comunicação da burguesia cinicamente fazem a campanha de Fake News. 

Uma das maiores formas de manipulação se dá por meio das entrevistas e pesquisas, em ambas as perguntas são habilmente feitas para que determinado padrão de resposta seja produzido. Tudo é feito meticulosamente para que determinada política seja expressa, independente dela ser minimamente realista. Esse despudor é resultado da concentração do poder midiático e da falta de iniciativa da esquerda em formar um jornal, colocando ao povo apenas a versão burguesa de todos os fatos. 

A última pesquisa realizada pelo Datafolha, cheia de critérios duvidosos e com uma relação esquisita sobre o auxílio e a aprovação, mostra que Bolsonaro ganhou mais popularidade durante a pandemia, o que daria a entender que o governo bolsonarista não está mais em crise, que a política golpista é sólida e estável. Tudo isso feito às vésperas das eleições, colocando para a esquerda eleitoreira um quadro desanimador. Aqui não cabe fazer um estudo simplesmente estatístico da pesquisa, é necessário tirar as conclusões políticas e julgá-las como falsas: a crise do golpe continua e a instabilidade do governo Bolsonaro só vai aumentar. 

As correlações estatísticas entre os que recebem o auxílio emergencial e a aprovação de Bolsonaro não podem, metodologicamente, ligarem simetricamente. A pergunta sobre o real número de pessoas que considera que Bolsonaro é responsável pela política de auxílio seria mais viável para fazer este tipo de correlação, mas esta pergunta não foi feita e não se sabe realmente qual a parcela do povo é tão confusa e ignorante em afirmar que o auxílio é resultado da política bolsonarista. 

Mais coisas estranhas aparecem na última sondagem do Datafolha, uma delas é o aumento representativo, quase 10%, da popularidade do presidente no atual contexto caótico brasileiro. As mortes nunca foram tantas e a situação econômica do país também está catastrófica, mesmo assim segundo a pesquisa, a aprovação do governo dobrou entre o setor dos desempregados, passando de 18% para 36%. Logo, os números indicariam que o sadismo do povo brasileiro. 

A situação política não mudou, todavia, os veículos de comunicação burguesa tentam criar um falso ambiente para que o golpe consiga passar por meio das eleições sem grandes crises. A forte polarização brasileira, em conjunto com o total menosprezo pela direita dentro do povo, deixam a direita em uma situação artificial de poder. Os direitistas têm o poder políticos e os cargos, sem ter nenhuma base sólida. Logo, todo processo eleitoral precisa maquiar esta situação. Infelizmente, a falta de um veículo de comunicação da esquerda não a deixa impassível, mas a faz refém. 

As tramoias da direita nas eleições estão em todos os Estados capitalistas, não sendo parte exclusiva do caráter de um determinado povo. Nos EUA, a atual tentativa de golpe no povo está sendo construída com Kamala Harris, uma senadora negra dos Democratas. 

O partido Democrata, ala liberal do imperialismo, usa de subterfúgios como empossar pessoas negras e de outras etnias para se apresentar como um partido bom e interessado com a população. Assim, Obama, Kamala Harris e Hillary Clinton apresentam-se como membros de minorias, ou seja, pessoas oprimidas. Tudo isso, com ajuda de uma imprensa venal que é inimiga de Trump, fazem crer que estamos diante de uma disputa entre explorador, racistas e machista (Trump) contra algum explorado (Democratas). Os Democratas, verdadeiros senhores da guerra, são maquiados e passam pelos mais desatentos como bons moços graças a uma luta política rasa e de aparência. 

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quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Editorial 13/08/2020 - Nem Bolsonaro e nem Mourão: Fora Bolsonaro e Direita Golpista.



A direita golpista está tomando conta do Congresso Nacional. São deputados e senadores que historicamente se posicionaram todas as vezes contra a população, seja para votar para o golpe do Estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff, para a aprovação da Reforma Trabalhista e Reforma Previdenciária. Na mira do Ministro da Economia capacho do imperialismo, Paulo Guedes, estão as novas privatizações dos Correios, Telebrás e Eletrobrás — um verdadeiro leilão das empresas estatais e entrega aos capitalistas de uma estrutura construída com anos de impostos do povo brasileiro.


Governo ditatorial: militares bolsonaristas e direitistas


Enquanto a esquerda permanece imersa nas eleições municipais de 2020, a realidade política se mostra cada vez mais alarmante, o que não se poderia imaginar que a via institucional eleitoral revertesse algum quadro político. 

A realidade que importa neste momento é a da ala militar, braço forte da direita, preenchendo a máquina governamental. Desde 2004 (Lula) até 2020 (Bolsonaro), houve um aumento de 125% de militares ocupando cargos no Executivo (1.177 para 2.558 segundo o Ministério da Defesa). Para um número absoluto, contando com militares ativa e da reserva, ocupando cargos civis houve uma dobra, um salto de 2.765 no governo do ex-presidente Temer para 6.157 no do Bolsonaro (dados do TCU). 

A esquerda mais moderada e eleitoral pode imaginar que os militares também são gente e que está tudo bem. No entanto, é preciso notar a orientação política desses militares: a esmagadora maioria são da direita (por influência ideológica direta dos militares americanos da Escola das Américas, a escola de golpes e repressão dos movimentos populares). Pode haver certa divisão de qual ala pertenceria cada extrato de militares a depender da hierarquia: se for do oficialato, seriam pertencentes à direita golpista; se for da classe dos praças, da direita bolsonarista, mas ligada ao discurso demagógico de prender bandidos etc., já que, para garantir a "ordem" para os capitalistas, arriscam suas vidas.

Isso implica que os atos administrativos, a restrição de liberdades, a supressão de direitos, o ocultamento sobre esses crimes se torna parte integrante do Estado militarizado. Por que essa captura da direita mais conservadora e perigosa que são os militares no aparelho do Executivo foi permitida sem nenhuma resistência da política da esquerda, poderíamos discutir. Porém, para não se estender, em linhas gerais, a política capituladora da esquerda e suas lideranças pequeno-burguesas sem disposição alguma de luta contribuíram de forma decisiva para esse processo. A esquerda oportunista vem organizando suas derrotas de forma sistemática e o povo cada vez mais tem menos direitos e dignidade.


As eleições: o ópio da esquerda oportunista


Para tomar nota de uma polêmica que evidencia esse problema, vejamos o caso do candidato Boulos (PSOL) e Erundina (PSOL) e Jimar Tatto (PT) para as eleições municipais. Antes de tudo, é importante registrar que este jornal não defende nenhuma dessas candidaturas, já que, como jornal de luta dos povos, precisa criticar as eleições e defender a organização da luta real pelo Fora Bolsonaro e pelas Eleições Gerais. Assim, um movimento político anterior a isso (corrida eleitoral) seria ignorar o massacre que a direita neoliberal está impondo ao país e chacinando milhares de pessoas por coronavírus.

No dia 13 de agosto de 2020, o Diretório Nacional do PSOL se posicionou sobre as eleições e a luta pelo Fora Bolsonaro. No conteudo do texto, a corrida eleitoral, a luta pelo Fora Bolsonaro e pelo impeachment estariam intimamente ligadas, como se fossem a mesma via política.

Pois bem, esse posicionamento do Diretório Nacional do PSOL explica o porquê o "novo Lula", "o líder do MTST" e o "vira página no Golpe contra Dilma" Boulos junto com a direitista da ex-prefeita Erundina estão participando das eleições. Eles entendem que a vitória eleitoral na cidade de São Paulo irá pressionar para o impeachment do Bolsonaro. 

Esquecem-se que o impeachment do Bolsonaro expressa somente uma crise dentro da direita governamental, entre as alas da extrema-direita bolsonarista e da direita tradicional que quer remover o Bolsonaro por vias institucionais. Muito óbvio, se sair o Bolsonaro, virá o General Hamilton Mourão, o direitista clássico, "moderado" que dificilmente provocará uma crise institucional quanto o que o Bolsonaro está causando por suas demagogias desvairadas que estão provocando um princípio revolta das massas contra ele e todo o regime político. Mourão vem como agente estabilizador do regime e manutenção da direita golpista no poder para continuar com as privatizações e entrega de dinheiro para os rentistas brasileiros e estrangeiros.

A menção do PT aqui não vale tanto a pena, mas está na mesma linha da crítica ao PSOL. Qualquer candidato, seja ele qual for, se não contribuir para a luta contra essa ditadura que estamos vivendo, de nada adianta.


Enquanto a esquerda vive um sonho, a luta deve ser organizada


Este jornal dos trabalhadores convoca a todos os setores populares que compreendem o problema do Golpe do Estado, do Bolsonarismo e da Direita para travar uma luta contra esses vampiros. Estamos criando Comitês Populares para organizar uma luta popular e aberta ao Bolsonaro. É uma resposta que se tem diante dessa paralisia da esquerda nas eleições. É preciso compreender esse problema político e propor uma solução: a mobilização e trabalho permanente de luta. Os comitês que forem formados podem se utilizar de nosso material para contribuir com a mobilização, podem reunir com nossos militantes para coordenar uma luta mais ampla e trocar experiências. Esse trabalho está sendo feito e deve ser ampliado. Pelo Fora Bolsonaro e por Eleições Gerais!

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sábado, 8 de agosto de 2020

O fogo levantado pelas torcidas foi apagado pelas eleições

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A esquerda está se concentrando para participar do processo eleitoral de 2020, lançando-se em uma campanha frenética pela disputa dos votos da população. Por isso, toda a luta que havia sido travada contra o governo Bolsonaro pelas torcidas organizadas foi deixada de lado em prol da propaganda individual de cada candidato. O que parecia ser um movimento de massas com grande força e popularidade se desfez, não por causa do ânimo popular, mas por causa desta condução. 

Neste momento, as articulações políticas estão sendo feitas e já podemos ver que todos os partidos de esquerda, com exceção do Partido da Causa Operária (PCO), irão para o pleito sem uma postura consciente dos reais problemas das manipulações e domínios dos golpistas sobre a máquina eleitoral. Ao que tudo indica, a eleição não será disputada nas ruas por medo e servilismo da esquerda, colocando a direita em total domínio da situação. As imposições tirânicas, sob o pretexto de cuidado a saúde, deveriam ser combatidas e denunciadas como uma restrição grave contra os direitos democráticos: não há pretexto para censura (das supostas "fake news"), restrição de movimentação ou impossibilidade de reunião.  

Os partidos não poderão fazer comícios, nem atos durante o período eleitoral, o que inviabiliza a campanha de rua. Mesmo assim, os transportes públicos como metrô e ônibus vão abarrotados, o que deixa claro o caráter político desta restrição. Mesmo assim, parte significativa da esquerda continua reproduzindo a política do #Fique em Casa, considerando que a internet será um campo neutro em ela dependerá apenas do seu próprio esforço para levar adiante sua luta política. Esta concepção é uma ilusão forte, que se escora nos privilégios de parte diminuta e moderada da esquerda que conseguiu algum cargo dentro do sistema e, por isso, segue docilmente todos os ditames dos poderosos. 

A conclusão política que deve ser retirada é que o ânimo de lutar contra o golpe, tão vivaz nas torcidas organizadas no começo do ano, se desfez temporariamente por causa da disputa eleitoral. Apesar disto, o golpe vai enfrentar uma série de crises e haverá outras oportunidades em que a luta real, de massas e nas ruas, será retomada: ela é permanente, tem períodos "quentes" e períodos "frios". Enquanto isso, veremos uma eleição cheia de devaneios, propostas de lunáticos e demagogia, tudo com frases de efeito como as grandes bravatas sempre aparecem. 


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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Somente o povo organizado em Comitês Populares fará com que as pessoas não morram de fome

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O governo do fascista de Jair Bolsonaro eleito por uma fraude está matando a população brasileira de fome e coronavírus. Depois que o orçamento de guerra foi aprovado pelo Congresso Nacional, a política neoliberal entregou de bandeja  R$ 1,3 trilhões de reais (impostos) aos bancos e, ao povo, a miséria de R$ 600,00, que não paga nem o aluguel e está muito abaixo do salário-mínimo. Fora os  42 milhões  que foram impedidos de receber o auxílio. O resultado: as pessoas estão morrendo fome, se endividando, e trabalhando mesmo com a perspectiva de contágio por coronavírus.

Soma-se a isso a política de Bolsonaro, dos governadores e prefeitos de abrirem a economia, tanto o setor produtivo como o de serviços. Como este jornal insistentemente apontou, sem uma quarentena permanente, até a vacinação em massa da população, para que a maioria das pessoas fique em casa com condições financeiras para sobreviver, não há o que se falar em possibilidades de reduzir o número de mortes e infectados. Portanto, o que os governos federais, estaduais e municipais estão realizando é tentar não sobrecarregar o SUS, no sentido manter pessoas a morrer nos leitos de UTI e não nos corredores dos hospitais ou nas ruas, o que seria muito escandaloso para os governantes e prejudicaria a reputação eleitoral deles.

“Fechar” a economia e “ficar em casa” são apenas palavras. Sem dinheiro, no mínimo R$ 4.000,00 para cada cidadão poder ficar isolado, não há conversa. Mesmo no Estado de São Paulo, no primeiro trimestre de 2020, a política do #fiqueemcasa era uma falácia, já que milhares de pessoas foram demitidas, não estavam recebendo auxílio e aquelas que começaram a receber faziam bicos para não morrer de fome com R$ 600,00. Finalmente, a maioria da população estava trabalhando por necessidade. Portanto, uma política com reais possibilidades de combate ao vírus precisa seguir a linha de quarentena com apoio financeiro, porque a vida da população não é brinquedo, não é capim. Oscilar entre abrir e fechar a economia apenas objetiva não sobrecarregar os hospitais: não é possível acabar em definitivo com o contágio. O interesse dos poderosos é deixar a economia permanentemente em atividade para que os bancos continuem recebendo seus valores e consigam lucrar com a crise. É como o presidente Bolsonaro disse: “e daí?”, são apenas 91.600 mortes por COVID-19.


O que fazer? O programa de ação dos Comitês Populares


Não é de hoje que a população tratada com descaso pelos seus governantes. A crise sanitária apenas expõe e comprova essa recorrência. Para nós, as pessoas que precisam de ajuda para não ter que escolher entre morrer de fome e se infectar, é necessário organizar os Comitês Populares para concentrar os recursos doados pela população, para que sejam entregues cestas-básicas e refeições. É preciso usar os estabelecimentos escolares e ou qualquer local público como espaços de campanha  para que lá sejam entregues refeições pelos Comitês Populares para que assim a organização e força da própria população possa lutar contra essa crise imposta pelos governantes da direita golpista. É urgente, é preciso se organizar já.

 

As eleições municipais de São Paulo são o epicentro da luta política eleitoral da América Latina em 2020

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O Farol Operário entende que as eleições são um momento muito limitado da luta política, não sendo um momento crucial para o desenvolvimento das reivindicações populares, apesar disto não se esquiva da importante tarefa de entender este processo – este tipo de leitura não é exclusiva deste jornal, faz parte do arcabouço teórico do marxismo e está brilhantemente exposta no capítulo 7 de Esquerdismo, doença infantil do comunismo. 

A eleição no Brasil pós-golpe tem sido um dos elementos da burguesia para descentralizar a luta dos trabalhadores e criar um ambiente de legitimidade para os golpistas. Entretanto, a situação de constante crise do regime político dificulta essa manobra. O golpe dado pela direita saiu parcialmente de controle e isso inviabilizou uma candidatura direitista puro-sangue com Geraldo Alckmin, e a elite teve que aplicar um Plano B: Bolsonaro. 

Desde o final dos anos 1990, o Brasil passou por um momento de grande instabilidade: milhões de pessoas famintas e uma convulsão preeminente, que já afetava a Bolívia, Venezuela e Argentina. Perante esta situação, não havia nada a fazer, exceto abrir espaço para o Partido dos Trabalhadores governar o país e aliviar a tensão política. Assim, a burguesia aceita um acordo e, depois de tanto sabotar e boicotar o PT, finalmente Lula é eleito. O que parecia ser uma situação passageira se cristalizou e fez com que o partido tivesse muito poder, elegendo Dilma em mais dois pleitos. Estava provado que sem uma manipulação muito meticulosa, seria impossível tirar o PT do poder - sua política é popular, e o povo sabe disso. 

O Golpe de 2016 começou a ser montando de maneira mais consistente e toda a campanha midiática para achincalhar os líderes do PT, que havia se iniciado com o Mensalão, foi colocada nas ruas. Artistas e celebridades começaram a convocar atos verde-amarelistas, a imprensa burguesa bombardeava o povo com notícias, muitas delas falsas como o caso do Triplex, para viabilizar o Golpe de 2016. O golpe foi dado e o problema persistia para os golpistas, os trabalhadores ainda estavam organizados e detinham poder, pois o PT não é simplesmente um partido artificial, é a organização que surgiu como resultado da luta contra a Ditadura Militar. 

O regime político não consegue ter estabilidade com o PT, por isso é necessário criar mecanismos para destruir o partido. Jogar bombas, matar pessoas e prender outras só funciona em momentos muito específicos da história, geralmente estas manobras mais sanguinárias são amplamente repudiadas e criam uma tensão ainda maior como se nota com o caso do assassinato de Marielle Franco. O cancelamento do registro do PT também criaria uma tensão enorme e poderia criar uma radicalização muito grande, portanto, é necessário levar o Partido dos Trabalhadores para uma desmoralização e esvaziamento que destruam sua estrutura. 

O Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL) é uma das engrenagens utilizadas pelos golpistas em suas maquinações contra o PT, por isso se olharmos na história eleitoral podemos ver declarações extremamente estranhas de um partido pretensamente esquerdista como o PSOL. Um dos inúmeros exemplos é o caso de Plínio de Arruda, presidenciável que já chegou a apoiar José Serra (PSDB) contra Haddad (PT) na disputa pela prefeitura de São Paulo. Agora, a burguesia intensifica seu ataque dando palco para Guilherme Boulos, que é figura constante nos debates da imprensa golpista. Muitos setores petistas de direita já aventam a possibilidade de se desistir da candidatura de Jilmar Tatoo (PT) para apoiar Boulos (PSOL), colocando o partido a reboque de Boulos. Dificilmente o PT desistiria de sua candidatura, mas como o partido não é centralizado é bem provável que isso sirva para minar a candidatura do partido no principal palco da luta eleitoral da América Latina em 2020.  


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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Editorial 04/08/2020: 12,2 milhões de desempregados e 94 mil mortes por COVID: a política da direita bolsonarista

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Na última sexta-feira (31), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou dados relativos ao desemprego da população. Entre a primeira semana de maio até a segunda semana de julho, o desemprego cresceu: 2,4 milhões de novos desempregados, atingindo o total de 12,2 milhões (13,1 % da população). Como já denunciado por este periódico, isso reflete uma política contrária aos trabalhadores. Mesmo com a abertura da economia, não houve a proteção ao emprego, restando somente o resultado proporcionado pela infestação desenfreada de coronavírus: 94 mil mortes de brasileiros.


Quem defende o #ficaemcasa, sem nenhuma contrapartida que possibilite o isolamento real, é uma minoria que pode ficar em casa


Os dados do Pnad Covid-19 apontam também que entre os dias 5 a 11 de julho, a população ocupada porém não afastada do trabalho era de 71 milhões de pessoas. Destas, 8,2 milhões trabalhavam remotamente (11,6%). No mês de maio, a quantidade de pessoas que trabalhavam nesse regime era de 8,6 milhões, de modo que a maioria da população estava trabalhando normalmente nos seus postos e que a realidade da campanha #ficaemcasa era somente possível para quem podia migrar para o trabalho remoto, ou seja, para poucos.

A política favorável à população era a de que houvesse a generalização da quarentena com paralisia ampla sob auxílio integral do Governo Federal. Como a política neoliberal era para agradar aos bancos e sua base eleitoral da classe média, a economia foi "aberta". Na realidade, ela nunca foi paralisada de fato e o número de mortes por coronavírus no Brasil só está atingindo a casa dos 100 mil porque o povo precisa sobreviver pagando com a própria vida em meio da crise sanitária, enquanto o Estado nada faz.


A flexibilização avança junto com o número de mortes


Desde o início de maio até meados de julho, 643 mil pessoas saíram do serviço remoto para o presencial. Como estamos avaliando, não é somente a flexibilização — traduzido no fecha e abre dos estabelecimentos que acompanha o sobe e desce da curva de mortes — a causa do contágio desenfreado já que a maioria da população precisava, sem a ajuda do governo, trabalhar. Fora isso, os 12,2 milhões de desempregados que também compõem a informalidade para poder se sustentar estão arriscando suas vidas.

A crise é total. A mídia direitista suaviza a realidade de caos generalizado que assola o país e, por outro lado, a esquerda peca em não noticiar isso justamente porque cai em políticas da classe média, como o #ficaemcasa ou em defender o impeachment do presidente Bolsonaro. Agora, ainda mais com a época eleitoral, uma pá de cal será jogada sobre o assunto.

Diante desse imobilismo da esquerda e das organizações populares em decorrência dos erros políticos mencionados, é preciso organizar a população pelo Fora Bolsonaro e toda direita golpista, pedir por Eleições Gerais. É preciso insistir nas mobilizações de forma permanente, não se trata mais de assistir a catástrofe, é hora de combater a política neoliberal imposta para o Brasil e varrer deste país toda essa corja direitista que abandona o povo quando ele mais precisa. 

Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...