sexta-feira, 7 de agosto de 2020

As eleições municipais de São Paulo são o epicentro da luta política eleitoral da América Latina em 2020

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O Farol Operário entende que as eleições são um momento muito limitado da luta política, não sendo um momento crucial para o desenvolvimento das reivindicações populares, apesar disto não se esquiva da importante tarefa de entender este processo – este tipo de leitura não é exclusiva deste jornal, faz parte do arcabouço teórico do marxismo e está brilhantemente exposta no capítulo 7 de Esquerdismo, doença infantil do comunismo. 

A eleição no Brasil pós-golpe tem sido um dos elementos da burguesia para descentralizar a luta dos trabalhadores e criar um ambiente de legitimidade para os golpistas. Entretanto, a situação de constante crise do regime político dificulta essa manobra. O golpe dado pela direita saiu parcialmente de controle e isso inviabilizou uma candidatura direitista puro-sangue com Geraldo Alckmin, e a elite teve que aplicar um Plano B: Bolsonaro. 

Desde o final dos anos 1990, o Brasil passou por um momento de grande instabilidade: milhões de pessoas famintas e uma convulsão preeminente, que já afetava a Bolívia, Venezuela e Argentina. Perante esta situação, não havia nada a fazer, exceto abrir espaço para o Partido dos Trabalhadores governar o país e aliviar a tensão política. Assim, a burguesia aceita um acordo e, depois de tanto sabotar e boicotar o PT, finalmente Lula é eleito. O que parecia ser uma situação passageira se cristalizou e fez com que o partido tivesse muito poder, elegendo Dilma em mais dois pleitos. Estava provado que sem uma manipulação muito meticulosa, seria impossível tirar o PT do poder - sua política é popular, e o povo sabe disso. 

O Golpe de 2016 começou a ser montando de maneira mais consistente e toda a campanha midiática para achincalhar os líderes do PT, que havia se iniciado com o Mensalão, foi colocada nas ruas. Artistas e celebridades começaram a convocar atos verde-amarelistas, a imprensa burguesa bombardeava o povo com notícias, muitas delas falsas como o caso do Triplex, para viabilizar o Golpe de 2016. O golpe foi dado e o problema persistia para os golpistas, os trabalhadores ainda estavam organizados e detinham poder, pois o PT não é simplesmente um partido artificial, é a organização que surgiu como resultado da luta contra a Ditadura Militar. 

O regime político não consegue ter estabilidade com o PT, por isso é necessário criar mecanismos para destruir o partido. Jogar bombas, matar pessoas e prender outras só funciona em momentos muito específicos da história, geralmente estas manobras mais sanguinárias são amplamente repudiadas e criam uma tensão ainda maior como se nota com o caso do assassinato de Marielle Franco. O cancelamento do registro do PT também criaria uma tensão enorme e poderia criar uma radicalização muito grande, portanto, é necessário levar o Partido dos Trabalhadores para uma desmoralização e esvaziamento que destruam sua estrutura. 

O Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL) é uma das engrenagens utilizadas pelos golpistas em suas maquinações contra o PT, por isso se olharmos na história eleitoral podemos ver declarações extremamente estranhas de um partido pretensamente esquerdista como o PSOL. Um dos inúmeros exemplos é o caso de Plínio de Arruda, presidenciável que já chegou a apoiar José Serra (PSDB) contra Haddad (PT) na disputa pela prefeitura de São Paulo. Agora, a burguesia intensifica seu ataque dando palco para Guilherme Boulos, que é figura constante nos debates da imprensa golpista. Muitos setores petistas de direita já aventam a possibilidade de se desistir da candidatura de Jilmar Tatoo (PT) para apoiar Boulos (PSOL), colocando o partido a reboque de Boulos. Dificilmente o PT desistiria de sua candidatura, mas como o partido não é centralizado é bem provável que isso sirva para minar a candidatura do partido no principal palco da luta eleitoral da América Latina em 2020.  


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