terça-feira, 12 de maio de 2020

Editorial 11/05/2020: Sobre o avanço do imperialismo na Venezuela e na Europa

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A crise sanitária mundial está deixando o regime capitalista em uma situação de crise falimentar, as saídas econômicas clássicas estão fora de questão, já que o desenvolvimento material da produção em alguns setores fundamentais da economia capitalista parecem estar a frente da dinâmica de acumulação capitalista (Para entender mais, veja o exemplo do petróleo em nossa matéria). Assim, a crise só se aprofunda e a burguesia busca diminuir isso por meio da quarentena e a despolitização da crise sanitária. 

As tensões políticas dentro das sociedades conseguem ser seguradas até o momento pela quarentena em diversos países, como foi o caso do Chile e da França que viram o total esvaziamento de seus longos protestos. Apesar disto, internacionalmente a situação se deteriora. Uma série de ataques aos inimigos do imperialismo estão sendo cada vez mais organizados, a Venezuela sofreu um ataque terrorista que visava organizar um motim militar com a captura do seu presidente (veja aqui o que aconteceu). Uma tentativa fracassada, mas que não deve ser observada exclusivamente por seus erros. O que aconteceu foi uma etapa de um longo processo de sondagem e desestabilização organizado pelo imperialismo contra a Revolução Boliavriana. 

No Oriente Médio, a situação está se desenvolvendo para uma guerra entre diversos países e Israel, sendo a incorporação da Cisjordânia um dos objetivos dos israelenses. O Irã, vítima de ataques no começo do ano e responsável por uma resposta a altura depois da morte de um grande general no Iraque, está preparado para auxiliar uma intifada palestina caso Israel não mude de planos. 

Na Europa, o imperialismo coordena a União Europeia para uma ditadura total. Lá o parlamento europeu já oficializou a sua perseguição ao comunismo quando em 15 de outubro de 2019 aprovou uma lei que igualava o comunismo ao nazismo e fascismo, jogando todos estes regimes sob o mesmo rótulo “autoritarismo”. 

Com uma grosseira revisão histórica, a União Soviética, principal vítima da guerra, foi colocada ao lado dos nazistas como pivô de um plano de dominação mundial contra o mundo livre. Tal medida proíbe as comemorações comunistas e seus símbolos, fazendo com que a esquerda institucional não pudesse utilizar o espaço da tribuna por seus euro-deputados para comemorar os 75 anos da vitória do nazi-fascimo ocorridos no dia 09 de maio de 2020. Um cerceamento perigoso, sobretudo em um atual estágio onde a pandemia coloca uma série de subterfúgios para ampliar a repressão dos trabalhadores, como ocorre em Portugal com a polêmica criada pelas sina persecutória contra os atos do 1° de maio da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP – A Central Sindical dos trabalhadores portugueses, uma versão da CUT lusitana) e a tentativa de impedir a Festa do Avante, maior encontro comunista organizado da esquerda lusófona. 

A situação nacional é de desespero, pois a população foi jogada à própria sorte pelos golpistas (Bolsonaro e governadores) e está sem reação por causa da paralisia total da esquerda e suas organizações. Felizmente, a luta de classes continua e a polarização da política está levando membros das torcidas organizadas para a luta política das ruas. Foi o que ocorreu neste final de semana com um grupo de torcedores do Corinthians responsáveis por melar um ato dos Intervencionistas na Av. Paulista neste sábado. Eles são os primeiros a reagirem por estarem em uma organização e por esta ser menos burocratizada que os partidos, apresentam assim uma ação muito mais voluntariosa e combativa, mas devem ultrapassar esta fase inicial e se juntar a todas as organizações de esquerda para lutar de forma unificada.  

Inquestionavelmente, os conflitos não diminuem e não poderão ser resolvidos pelas vias burocráticas e parlamentares: o grande impasse que vivemos será resolvido por meio das forças reais, ou seja, da mobilização nas ruas. Os Intervencionistas já entenderam isso e as torcidas organizadas também, falta esse nível de esclarecimento chegar realmente aos partidos, sindicatos e organizações da classe operária. 

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Venezuela barra mais uma ofensiva imperialista

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No dia 3 de maio, soldados venezuelanos interceptam lanchas com 13 mercenários que rumavam ao território venezuelano e tinham partido da Colômbia. O objetivo desse grupo de mercenários era o de sequestrar o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, e levá-lo para os EUA. Foi um plano articulando entre Juan Guaidó, o autoproclamado presidente da Venezuela no início de 2019, e a empresa estadunidense de segurança Silvercorp, comandada por Goudreau, veterano das Forças Especiais Americanas.
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Contrato assinado por Guaidó, Goudreau e Rendón.

Segundo depoimentos de Juan José Rendón, líder do comitê estratégico do golpista Juan Guaidó, concedidos ao The Whashington Post, a articulação do golpe teve início em setembro de 2019, em Miami. O objetivo era que a Silvercorp capturasse o presidente Maduro e seus principais apoiadores, juntamente com a mobilização de 800 mercenários que realizariam ataques a bases militares venezuelanas, levando a uma desorganização das forças armadas e o sucesso do golpe.
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Juan José Rendón (esq.), assessor do golpista Juan Gauidó (dir.). Juan contratou os mercenários da Sivercorp.
Para dominar a política venezuelana e a produção, principalmente o petróleo da estatal PDVSA - país com a maior reserva de petróleo do mundo -, os EUA estão, desde que se iniciou a revolução bolivariana na Venezuela, o qual o Capitão Hugo Chávez assumiu o poder político em 1999, realizando sistematicamente tentativas de golpe de Estado com o objetivo de torná-lo seu maior fornecedor de petróleo. É preciso lembrar, que em 2002, o presidente Hugo Chávez sofreu uma tentativa de golpe, sendo detido por militares e a Assembleia Nacional e o Supremo Tribunal foram fechados. Pedro Carmona, então presidente das Câmaras de Comércio, autointitulou-se Presidente da Venezuela, sendo apoiado pela alta burguesia venezuelana e reconhecido pelos EUA. Então, o povo foi às ruas em defesa de Hugo Chávez e o movimento golpista foi interrompido quando a Guarda Presidencial retomou o Palácio de Miraflores restituindo a presidência de Hugo e revertendo o golpe.

Em janeiro de 2019, o movimento foi semelhante quando Juán Guaidó autointitulou-se Presidente Interino da Assembleia Legislativa. Por conta da crise econômica provocada pelos embargos que os EUA realizaram ao país, foi o momento oportuno para que Juán Guaidó tomasse o poder. Para convencer parte da população venezuelana e opinião internacional, usou a desculpa da "ajuda humanitária", destinando comboios de caminhões para as fronteiras venezuelanas. Dentre os itens alimentares e remédios encontrados nos caminhões, havia cabos de aço, pregos, arames; na mesma época, foi apreendido pela Guarda Nacional Bolivariana um avião vindo de Miami carregando fuzis, munições e celulares. Todo esse espetáculo foi armado para que a extrema-direita entrasse em conflito com a guarda bolivariana nas fronteiras venezuelanas e para implodir uma guerra civil dentro do país para enfraquecer o presidente Nicolas Maduro.

Por outro lado, em novembro de 2019, o então presidente da Bolívia, Evo Morales, sofreu um golpe de Estado. A burguesia aliada ao imperialismo norte-americano fez a propaganda denunciando o resultado das eleições que levaram Evo Morales novamente à Presidência da República e exigiu a convocação de novas eleições, organizando também uma oposição de extrema-direita nas ruas contra o povo que defendia Evo Morales. Pressionado por uma ala das Forças Armadas a renunciar, Evo Morales capitulou, deixando o cargo e levando todo o alto escalão a abandonar o poder político (seu vice-presidente, Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado, ministros e deputados a abandonarem seus cargos). Quem assumiu a presidência foi a senadora golpista Jeanine Añez que iniciou com a política de privatizações e substituição dos subsídios à microempresas para as grandes empresas, levando os pequenos comerciantes à falência.

A política do imperialismo, principalmente dos EUA, avança sobre a América Latina sem recuar. É uma vitória do governo venezuelano em barrar mais uma ofensiva golpista articulada pelos aliados do imperialismo. Os povos das nações ameaçadas pelo imperialismo devem lutar pela sua emancipação. No Brasil, a luta contra o imperialismo dá-se necessariamente pela luta contra o governo da extrema-direita bolsonarista e da direita golpista que estão vendendo o país cada vez mais aos empreendimentos estrangeiros.

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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Preço negativo do petróleo

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O petróleo, nas últimas semanas, atingiu um valor negativo, dada a crise econômica causada pela pandemia de COVID-19: o mercado do combustível é majoritariamente especulativo, os contratos são negociados no mercado futuro, que é algo como uma "bolsa de valores" de contratos petrolíferos. Com a diminuição da demanda, graças ao COVID-19, o preço do petróleo caiu a zero, e, já que seu armazenamento tem um custo, isso causou um preço negativo.

O que essa crise nos ensina é que as forças produtivas, pelo menos no âmbito energético, já estão avançadas para além do capitalismo: não valem nada, já que a produção é tão vasta e abundante que uma mera flutuação especulativa causa o colapso do preço. Isso mostra que o capitalismo já não é capaz de gerir a produção do petróleo, ele não existe mais como mercadoria por não existir mais a sua escassez. O petróleo se torna um recurso análogo ao ar, por exemplo. 

Essa abundância causada pelo avanço das forças produtivas é, em primeiro lugar, uma tendência geral do capitalismo: quase toda a produção vai avançar a esse ponto, limitada apenas pela disponibilidade de recursos naturais da Terra. Em segundo lugar, elimina o capitalismo, por causar o colapso da relação oferta/demanda. Claro que a burguesia está ciente deste problema, e tenta frear a superprodução ao criar escassez artificial ou aumentar a demanda. Um exemplo disso é a famosa obsolescência programada. Mas, conforme as forças produtivas se desenvolvem mais, esse caminho fica cada vez mais estreito. Por fim, a abundância é a condição mais importante para o comunismo, pois o comunismo é um sistema de produção que busca a satisfação incondicional das necessidades humanas. 

O caminho para o comunismo vai se tornando, com o tempo, cada vez mais inevitável e irreversível, mas ainda é necessário agir: esta crise não o apresenta como solução natural, o capitalismo definha e a burguesia e os Estados não apresentam uma substituição aparente. A única força capaz de trazer o futuro da humanidade , de enterrar o cadáver do capitalismo, é a classe trabalhadora organizada para a revolução. A revolução é tanto uma possibilidade quanto uma necessidade, e, sem ela, o colapso do capitalismo trará a barbárie.

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sábado, 9 de maio de 2020

Editorial 04/05/2020: Somente o Fora Bolsonaro evitará mais mortes pelo coronavírus

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Enquanto nos bastidores do governo da direita golpista aparece na superfície certa oposição entre ex-ministro da Justiça, o golpista Sérgio Moro, e o presidente Bolsonaro, isso, na realidade, a partir de uma avaliação política mais compassada, revela uma cisão dentro da burguesia: o presidente Bolsonaro - após cumprir seu papel político para a classe dominante, depois de coordenar a reforma previdenciárias, roubando o direito de aposentar dos trabalhadores; está, por conta da crise sanitária do coronavírus, sendo tensionado para abandonar o posto.


O problema é que o marco que se coloca a política brasileira neste momento não se apresenta como o mais favorável aos trabalhadores. Se sofrer impeachment e ser sucedido pelo General Mourão e, assim, a direita continuará no controle do Governo Federal e o cenário não se modificará, porque a ala do Mourão é a "normal" da burguesia, do Centrão e da direita golpista. Ainda, é preciso lembrar que o General Mourão está ligado a ala militar, ao braço forte do Estado. Em outras palavras, defender o vice-presidente pode levar a consequências imprevisíveis no cenário político. A burguesia pode optar, caso o impeachment seja ineficaz ou até para proteger o Bolsonaro contra esse processo, em movimentar as forças armadas para um eventual golpe militar. Isso tem que ser deixado claro, o Mourão no governo do Bolsonaro corresponde a um possível uso das forças armadas para que a direita mantenha seu poder político.



Por conta da direita continuar assumindo o poder político, o governo não conseguiu conter as contaminações pelo coronavírus. O número de mortes não para de crescer e hoje o Brasil atinge a marca do 3º país com mais mortes diárias pelo coronavírus, são 428 mortes diárias, atrás do Reino Unido, com 678, e dos EUA, com 1807. O país já passou a Itália, com 343 mortos por dia. Está faltando leitos nos estados do Amazonas, Pernambuco Rio de Janeiro, o número e morte é tão grande que está faltando espaço nos necrotérios, os corpos estão sendo colocados em contâineres, muitos mortos estão pendentes de confirmação da causa da morte porque estão faltando testes, ou seja, não se sabe o número real de infectados, a estimativa é que os infectados são 15 vezes mais se comparado aos números oficiais - hoje (04) estamos com 103 mil casos confirmados e mais de 7 mil mortos.

Não só na área da saúde, a incompetência do Estado, liderado pela direita golpista, levou, entre fevereiro a março, a demissão de 507 mil trabalhadores (DIEESE), ou seja, ao invés de adotar medidas contra o desemprego nessa época de crise, aprova a MP 905/19 que fragiliza mais o contrato de trabalho e retira benefícios do trabalhador. Essas medidas expressam como o governo da direita golpista é contra o trabalhador e seus direitos.



O cenário é desfavorável ao povo. É preciso organizar de maneira real a população para enfrentar o governo golpista como um todo. A esquerda tem o dever de manter seus postos e princípios classistas e defender o interesse do trabalhador. Não se deve fazer alianças com os golpistas, com a direita, pois foram eles que deram o Golpe de Estado contra a presidente Dilma Roussef em 2016 e foi a articulação da direita que prendeu o Lula através da Lava Jato e fez com que o Bolsonaro vencesse as eleições presidenciais de 2018.



Está na ordem do dia discutir no seio dos partidos políticos, sindicatos, organizações de luta a organização popular pelo Fora Bolsonaro, medida capaz de unificar politicamente a população num programa contra a direita e contra o descaso desse governo com as mortes pelo coronavírus. Fora Bolsonaro e Eleições Gerais. O povo deve controlar o processo político ativamente e não deixar que a direita continue controlando a política por meio de golpes e manobras eleitorais.
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quarta-feira, 6 de maio de 2020

Grupo de Estudo Marxista aos domingos estuda A Ideologia Alemã

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Todos os domingos às 18Hrs há uma reunião para o grupo de estudos marxista, aberta para quem queira estudar o marxismo. Já foram realizados 5 encontros para debater o livro A Ideologia Alemã, existem alguns vídeos de trechos de nossa discussão, que viram um programa transmitido pelo Farol Operário chamado Grupo de Estudos Marxista. 
As discussões são realizadas com uma bibliografia traçada uma semana anterior, em média são 10 páginas de discussão, em uma apresentação feita por um dos membros e depois com discussão ampla. Aqui, deixaremos o link de da discussão do primeiro rascunho da obra e um pequeno trecho desta obra abaixo. 
Participe com a gente nas próximas discussões, ou acompanhe tudo em nosso canal no Youtube em: 

https://www.youtube.com/channel/UClCenDKZ8jLUG5wO0-NIh5Q


"Contra Bruno Bauer

Na Wigand’s Vierteljahrsschrift, 3o volume, p. 138 ss.3 , Bruno Bauer balbucia algumas palavras em resposta ao escrito de Engels e Marx: A sagrada família ou A crítica da Crítica crítica (1845)4 . Desde o começo, B. Bauer afirma que Engels e Marx não o teriam entendido, repete com a mais cândida ingenuidade suas velhas e pretensiosas fraseologias [Phrasen], de há muito reduzidas a nada, e lamenta o desconhecimento daqueles autores acerca de seus apontamentos sobre “o perpétuo lutar e vencer, o destruir e criar da Crítica”, de como a Crítica é “a única força da história”, de como “o crítico, e somente ele, foi o único a destruir a religião em sua totalidade e o Estado em suas diversas manifestações”, de como “o crítico trabalhou e ainda trabalha” e o que mais se possa encontrar em queixumes sonoros e em derramamentos patéticos como esse. Em sua própria resposta, Bauer nos dá de imediato uma nova prova, decisiva, de “como o crítico trabalhou e ainda trabalha”. O “laborioso” crítico acha ser mais adequado ao seu desígnio não tomar por objeto de suas proclamações e citações o livro de Engels e Marx, mas sim uma medíocre e confusa resenha deste livro publicada no Westphälische Dampfboot (no de maio, p. 208 ss.)5 – uma escamoteação que ele, com precaução crítica, oculta de seu leitor.


Este “árduo trabalho” de copista do Dampfboot só é abandonado por Bauer quando ele professa um dar de ombros monossilábico, porém pleno de significado. A Crítica crítica limita-se a dar de ombros, dado que ela não tem mais nada a dizer. Ela encontra sua salvação nas omoplatas, não obstante seu ódio contra o sensível [Sinnlichkeit], que ela só consegue conceber sob a forma de um “cajado” (ver Wigand’s Vierteljahrsschrift, p. 130), instrumento de pastoreio bem adequado à sua rudeza teológica.” (Fonte: A Ideologia Alemã da Editora Boitempo)."


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202 anos do nascimento de Karl Marx

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Em 5 de maio de 1818, nasce Karl Marx em Tríer (Prússia Renana). Marx, enquanto teórico, trouxe em definitivo, a compreensão científica do desenvolvimento histórico da sociedade, expôs a dinâmica da luta de classes, desvelou a relação do ser humano com a produção da vida material. E, por fim, no seu último empreendimento científico, revelou o "mistério" da exploração do homem pelo capital.
Nas palavras de seu amigo Engels,

"Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da Natureza orgânica, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da história humana: o simples fato, até aqui encoberto sob pululâncias ideológicas, de que os homens, antes do mais, têm primeiro que comer, beber, abrigar-se e vestir-se, antes de se poderem entregar à política, à ciência, à arte, à religião, etc; de que, portanto, a produção dos meios de vida materiais imediatos (e, com ela, o estágio de desenvolvimento econômico de um povo ou de um período de tempo) forma a base, a partir da qual as instituições do Estado, as visões do Direito, a arte e mesmo as representações religiosas dos homens em questão, se desenvolveram e a partir da qual, portanto, têm também que ser explicadas — e não, como até agora tem acontecido, inversamente.
Mas isto não chega. Marx descobriu também a lei específica do movimento do modo de produção capitalista hodierno e da sociedade burguesa por ele criada. Com a descoberta da mais-valia fez-se aqui de repente luz, enquanto todas as investigações anteriores, tanto de economistas burgueses como de críticos socialistas, se tinham perdido na treva.
Duas descobertas destas deviam ser suficientes para uma vida. Já é feliz aquele a quem é dado fazer apenas uma de tais [descobertas]. Mas, em todos os domínios singulares em que Marx empreendeu uma investigação — e estes domínios foram muitos e de nenhum deles ele se ocupou de um modo meramente superficial —, em todos, mesmo no da matemática, ele fez descobertas autônomas" (ENGELS, Discurso Diante do Túmulo de Karl Marx, 1883).

Como militante revolucionário, Marx fez grandes contribuições ao movimento operário na organização para a revolução. Na atividade jornalística, de denúncia às injustiças realizadas pelo governos, começou como redator da Gazeta Renana, em 1842, tendo suas produções censuradas pela monarquia prussiana e, por fim, levando ao fechamento do jornal (1843). Em Paris, escreve parte de uma revista com Arnold Ruge (hegeliano de esquerda). Lá é expulso por ideias subversivas e ruma para Bruxelas. Na revolução de 1848, é expulso da Bélgica, passa pela França pós-revolucionária e retorna para Colônia, na Prússia, onde funda, em 1849, a Nova Gazeta Renana. É novamente expulso da Prússia, tenta fixar-se na França, sendo expulso novamente para que, por fim, fixa residência em Londres, no ano de 1849, onde fica em definitivo.

"Pois, Marx era, antes do mais, revolucionário. Cooperar, desta ou daquela maneira, no derrubamento da sociedade capitalista e das instituições de Estado por ela criadas, cooperar na libertação do proletariado moderno, a quem ele, pela primeira vez, tinha dado a consciência da sua própria situação e das suas necessidades, a consciência das condições da sua emancipação — esta era a sua real vocação de vida. A luta era o seu elemento. E lutou com uma paixão, uma tenacidade, um êxito, como poucos. A primeira Rheinische Zeitung (Gazeta Renana) em 1842, o Vorwärts! (Avante) de Paris em 1844, a Brüsseler Deutsche Zeitung (Gazeta Alemã de Bruxelas) em 1847, a Neue Rheinische Zeitung (Nova Gazeta Renana) em 1848-1849, o New-York Tribune[em 1852-1861 — além disto, um conjunto de brochuras de combate, o trabalho em associações em Paris, Bruxelas e Londres [...] (Idem)"

Deu a forma internacionalista da classe operária pela criação da Primeira Internacional, em 28/09/1864, na cidade de Londres, (I Associação Internacional de Trabalhadores), reunindo representantes dos trabalhadores da própria Inglaterra, Alemanha, Itália, França e de outros países, além de agregar as tendências comunistas, anarquistas e sindicalistas. E os resultados foram promissores, pois as metas da Primeira Internacional foram alcançadas: a formação de partidos socialistas e a tática desses partidos para tomar o poder político, veja-se a experiência de 1871 com a Comuna de Paris, a primeira experiência de um governo operário. A II Internacional, estabelecida por Engels, que a sucedeu levou a organização da revolução socialista em diversos países: na Rússia, em 1905 e 1917; na Alemanha, em 1918; na Hungria, em 1919.

"E, por isso, Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado do seu tempo. Governos, tanto absolutos como republicanos, expulsaram-no; burgueses, tanto conservadores como democratas extremos, inventaram ao desafio difamações acerca dele. Ele punha tudo isso de lado, como teias de aranha, sem lhes prestar atenção, e só respondia se houvesse extrema necessidade. E morreu honrado, amado, chorado, por milhões de companheiros operários revolucionários, que vivem desde as minas da Sibéria, ao longo de toda a Europa e América, até à Califórnia; e posso atrever-me a dizê-lo: muitos adversários ainda poderia ter, mas não tinha um só inimigo pessoal.

O seu nome continuará a viver pelos séculos, e a sua obra também! (Idem)"

Sua militância e sua genialidade continuam contribuindo para a luta da emancipação da humanidade. Viva aos 202 anos de Karl Marx!

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terça-feira, 5 de maio de 2020

O que pensar sobre mais este ato da extrema-direita?


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A falta de uma imprensa operária nacional coloca o país em falsas polêmicas, não colocando realmente as questões políticas centrais. Assim ocorre com os últimos atos realizados pela extrema-direita em favor da ditadura militar. O povo é levado a pensar de modo abstrato, considerando que o que está acontecendo é apenas uma reunião de saudosistas do sanguinário Regime Militar. Logo, a imagem que a imprensa burguesa cria deles é de um grupamento de louco, que em plena pandemia estão dispostos a arriscar a vida apenas para mostrar sua preferência política. 

A imprensa operária, como é o caso do Farol Operário, está aqui para esclarecer. Não são loucos, não são meia-dúzia, não são nacionalistas. O que ocorre não é uma questão de classificação política, é uma manobra das forças mais obscuras em conluio com o imperialismo para criar um ambiente propício para, caso seja necessário, aplicar ao país uma disciplina fiscal que apenas uma rígida ditadura poderá sustentar. 

A manobra dos intervencionistas é fraca, pois está sem apoio dos monopólios de comunicação. Isso não significa que seja um grupo sem poder político, sem possibilidades reais de efetuar sua política. Ao contrário, a cada vez que estes grupos saem às ruas sem nenhum tipo de reação da esquerda, ampliam mais o seu poder e começar a consolidar a via da Intervenção Militar. O imobilismo da esquerda é o grande cúmplice de toda ascensão dos intervencionistas. Eles não vão ser parados pela Justiça, pelo aparato repressivo, pelo Coronavírus ou por manobras parlamentares. Isso deve ficar claro a todos, pois é a grande farsa que a imprensa golpista está alimentando para deixar a esquerda ainda mais paralisada. 

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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...