
A violência espontânea nos protestos, o "quebra-quebra", é fruto de uma desorganização, um sentimento individual de revolta individual dos manifestantes que acaba atrapalhando o movimento. Contudo, é parte do movimento, especialmente quando ele não foi convocado pela esquerda em primeiro lugar e é, portanto, desorganizado. Devemos nos guiar pelo princípio de nunca nos opormos à revolta do povo, não importa qual forma ela assuma.
Essa violência é mal-vista pelas direções dos movimentos, por vários motivos. Seja pelo medo da violência ser usada como desculpa para repressão, seja pela confusão política de rejeitar a violência, seja por um pacifismo infundado e idealista. A questão é que as manifestações mais recentes são espontâneas: a ala direita da esquerda, no caso, suas lideranças mais oportunistas e burocráticas, nunca chamam o povo às ruas: pelo contrário, fazem de tudo para que não haja protestos, e, quando o povo protesta sozinho, mesmo sem ser chamado, essas lideranças assumem a cabeça do movimento, e procuram cancelá-lo. Tudo é desculpa para não ir pra rua, e eles usam de todo instrumento possível de sabotagem. A repressão à violência é um desses instrumentos: ela não é uma tentativa de organizar e centralizar a rebelião popular, é uma aliança com a direita para reprimir o movimento.
Se a esquerda realmente quiser atos organizados, sem deixar ocorrer atos individualistas de violência dos manifestantes, deve assumir esses atos. Deve organizar esses atos, chamá-los, dar o incentivo. A tentativa de conter a violência, neste contexto atual, não passa de repressão pura e simples.
Foto: MPRNEWS
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