quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Por que os marxistas se opõe aos mandatos coletivos

Sempre que as eleições ocorrem, os setores mais fracos da esquerda sucumbem as manobras demagógicas da direita. Assim, ao invés da eleição ser um palanque para apresentar propostas políticas, ela vira um mercado eleitoral no qual os candidatos sondam opiniões e buscam esconder os seus “defeitos” e falar aquilo que agrade. Exemplos não faltam na política brasileira, desde a esquerda verde-amarela, que disputa o uso da bandeira nacional com os coxinhas, até petistas escondendo a estrela do partido. 

A política eleitoral não pode ser relegada, os marxistas agem em todos os domínios da vida cultural, social e política, mesmo que apresentem dificuldades ou fatores limitantes para uma ação revolucionária. Desta forma, um marxista pode participar dos pleitos por mais farsescos e fraudulentos sem em nenhum momento se desviar de sua atuação revolucionária, entretanto só conseguirá fazer isso com uma atuação guiada pelo centralismo-democrático. 


Sobre o Centralismo-democrático


Cabe aqui fazer um pequeno adendo. Centralismo-democrático é o método leninista que estrutura a ação de um grupo por meio de reuniões que decidem os rumos. Nestas há democracia para discutir e apresentar propostas. Após votação, se faz um plano de ação que todos devem fazer, independente de concordarem. Tal método necessita de disciplina e compromisso político com um objetivo revolucionário, por isso mesmo sendo o único caminho pelo qual as classes oprimidas chegaram efetivamente ao poder, não é utilizada pela esquerda pequeno-burguesa. 

A esquerda pequeno-burguesa jamais vai abrir mão de sua liberdade individual e se colocar a disposição de uma luta desta natureza devido a suas ilusões com o sistema político e seus objetivos pessoais, sendo avessa a qualquer tipo de controle de sua própria ação. Neste sentido, os candidatos da esquerda pequeno-burguesa nunca se apresentam como candidatos de um partido ou programa, são os candidatos de si mesmo. 

Quase inexistente no país, o centralismo-democrático é atacado como tirânico e obsoleto por praticamente todos os setores da política, tirando o Partido da Causa Operária (PCO) e alguns setores mais combativos da esquerda. Nessa lógica eleitoreira, seguir um programa passa a ser um erro, já que o mais importante não são as ideias, mas alegrar o eleitor e garantir o voto.

No centralismo-democrático não existem candidatos autônomos, toda a atuação política deve estar vinculada a um programa e as decisões tiradas em reunião, isso faz da atuação leninista uma força política real, presente não nas palavras, mas na luta real pela organização dos trabalhadores e explorados. Consequentemente, não é uma luta que se cria e se esvazia durante uma eleição ou greve, ela permanece, cresce e se estrutura no partido ou nos grupos que seguem este princípio organizativo. 

 


Mandato Coletivo: demagogia liberal 


A ferrenha luta que a burguesia faz para se manter no domínio da situação política estimula as tendências mais anarquistas, capituladoras e equivocadas da classe operária. Assim, os partidos políticos são alvo de amplo ataque e, devido a adaptação da esquerda, são considerados apenas como aparatos burocráticos para maquinações, algo sujo e desonesto. Apesar disto, eles são necessários para que se dispute uma eleição, o que cria um malabarismo gigantesco dentro da esquerda pequeno-burguesa para tentar se desvencilhar da imagem deles. 


Os mandatos coletivos são uma forma de maquiagem eleitoral, utilizados para que determinadas pessoas se apresentem como democráticas e ligadas ao povo. Dentro desta prática, os programas e princípios são deixados de lado, para que se apresentem como novas formas de se fazer política. Por este caráter despolitizante até mesmo o PSL pode apresentar um mandato coletivo (MAJOR CRIVELARI PRESIDENTE DO PSL DE AMERICANA apresentou nota em favor desta prática https://www.novomomento.com.br/psl-vai-incentivar-mandato-coletivo/). No Brasil, o PSB, o PT, Podemos e PSOL já apresentaram candidaturas com este formato. No final das contas, não passa de uma demagogia liberal para uma prática consolidada na política, os cabos eleitorais. 

Os cabos eleitorais passam a fazer parte da propaganda oficial nos mandatos coletivos. Agora a mesma prática antiga de mobilizar algumas pessoas para lutar por um cargo recebe nova roupagem. Eis aí uma política restrita, minúscula, direitista e sem princípios, que pode ser utilizada por todos os partidos, não tendo um conteúdo de classe. Logo, essa aberração liberal é o total avesso de uma participação marxista nas eleições. 

Os motivos da despolitização esportiva


A luta de classes é o motor da história, sendo ela onipresente em nossa sociedade: a igreja, o esporte, o carnaval, as festas, a música e demais atividades apresentam seu caráter classista. Ocorre que, quando a sociedade não está polarizada, o silêncio da esquerda, a censura e a perseguição fazem crer que não existe conteúdo político nestas. 




A direita, odiada pelo povo, e detentora do poder se vê acuada com as grandes manifestações e aglomerações. Juntar gente é perigoso, pois uma faísca pode inflamar as multidões e fazer ir por terra toda manipulação dos poderosos. Vimos que no carnaval e no Rock in Rio, quando havia um pequeno incentivo, surgiam coros de "Ei, Bolsonaro, vai tomar no cu". 


Os esportes, campo da vida social altamente popular, aglomeram e chama atenção, tendo por isso um controle ferrenho da burguesia. Uma das táticas deste controle é a despolitização, já que a aversão a direita é grande e deixar este espaço aberto colocaria em xeque a legitimidade da dominação burguesa. Eis aí o motivo da despolitização desportiva, uma manobra de controle que visa evitar a natural manifestação política nos eventos. Quando nem mesmo isso funciona, a perseguição é colocada em marcha como no caso da Carol Solberg, jogadora de vôlei que poderá ser punida por falar "Fora Bolsonaro". 



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Eleições municipais: uma armação contra a esquerda

 A estrutura ditatorial do Estado brasileiro vem crescendo nos últimos anos, a partir do golpe de Estado, ou mesmo antes dele. Isso tem uma consequência eleitoral que se expressa de duas formas: primeiro, expõe a cara do Estado, coloca-o contra a classe trabalhadora escancaradamente, e clarifica a política a ser adotada. Segundo, e mais importante: significa que as eleições serão uma armação.

As eleições podem ser fraudadas por vários motivos, como o controle das urnas, a proibição de campanhas políticas, as alianças de setores pelegos com partidos de direita, entre outros. Mas esta análise focará no aspecto da perseguição a candidaturas de esquerda.

As candidaturas de esquerda estão sendo sabotadas nacionalmente, por meios "legais" e ilegais: a justiça eleitoral, por exemplo, vai perseguir candidatos que não estejam alinhados com a política burguesa, mesmo que não sejam esquerdistas (por exemplo, Crivella). Qualquer oposição será ferrenhamente esmagada.

A tendência geral, nessas eleições, é transformar o país em um análogo dos EUA: Uma disputa entre candidatos iguais, sem reais opções de mudanças, e cujos candidatos mais progressistas serão esmagados (como foi o caso de Bernie Sanders).

Portanto, não devemos acreditar que as eleições são o caminho para a mudança, o progresso, a revolução. A política será dada pela organização e centralização da classe trabalhadora, que é detentora do poder político real. As eleições têm, neste contexto, no máximo, um papel de propaganda, agitação, e de chamar as pessoas para a organização (de uma forma quase vazia, por causa da perseguição e inviabilização institucional).

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O imperialismo quer controlar o mar do sul da China



Existe um conflito envolvendo, conjuntamente, Vietnã, Filipinas, Taiwan, Malásia e Brunei contra a China, na qual esta alega ter o controle e soberania sobre o mar localizado ao sul de seu território, por causa de algumas ilhas que ocupa ou reivindica naquela área.

Apesar de questionável, as alegações da China têm um motivo geopolítico importantíssimo: esse mar dá acesso direto ao Estreito de Malacca, um estreito entre a ilha de Sumatra, na Indonésia, de um lado; e a península da Malásia e Singapura, do outro. Nesse estreito, passa aproximadamente 60% do comércio chinês, inclusive as importações de petróleo.

O imperialismo norte-americano acredita ser o verdadeiro dono dos mares: seu império é baseado nas suas frotas e bases militares espalhadas pelo mundo. Nesse sentido, poderia bloquear o Estreito de Malacca muito rápido, causando o colapso da economia chinesa.

Os países em conflito com a China, portanto, se alinham aos EUA nesse caso específico: o controle do mar por várias nações significa a liberdade para a marinha norte-americana fazer o que quiser na região, especialmente Filipinas e Taiwan, países com alinhamento bem definido, sendo as Filipinas inclusive governadas pelo fascista Duterte. Nesse contexto, isso consiste em uma ameaça à soberania Chinesa.

Não se pretende construir uma defesa do governo burguês da China, cuja construção se deu pela exploração massiva dos trabalhadores, mas esta situação é um bom exemplo da atuação do imperialismo: Dividir para conquistar. Não estão interessados em fazer valer a soberania de países como Vietnã. Seu verdadeiro interesse é manter vantagens estratégicas para perpetuar a dominação, e para que continuem, de fato, sendo capazes de destruir ou sabotar qualquer país pelo mundo.

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sábado, 3 de outubro de 2020

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Eleições nos EUA (2): o que representa Donald Trump


O governo de Barack Obama foi do ponto de vista da política externa imperialista uma continuidade do governo de George W. Bush. Esse último é melhor compreendido quando tratado como Regime Cheney. Os neocons que tiveram protagonismo desde 2001 e que foram substituídos por imperialistas humanitários no governo Obama consolidaram a ideia de uma guerra colonial permanente, baseada em golpes de estado, revoluções coloridas e quentes. 

Donald Trump não pertence ao consórcio de imperialistas humanitários e neocons, portanto não é um membro do Partido da Guerra. Apesar de estar vinculado ao Partido Republicano, Trump fez sua campanha em 2016 individualmente enfrentando setores do pró-guerra dos partidos Democrata e Repúblicano: Obama/Clinton e Bush/Cheney. 

Nenhum meio de comunicação ligado ao Deep State cogitava a possibilidade de Trump vencer as eleições. Tratavam abertamente que a próxima Presidente dos EUA seria Hillary Clinton, algo que também foi dito pela mídia brasileira. Desde que assumiu a presidência em janeiro de 2017, Trump enfretou inúmeras ameaças de golpe de Estado sendo que diversas figuras importantes do cenário político estadunidense que são membros do Deep State sempre fizeram oposição declarada a ele: James Comey (ex-diretor do FBI), John Brennan (ex-diretor da CIA), George Soros (Open Society Foundation), Chuck Schumer (senador democrata), Dick Cheney (ex-vice presidente republicano), John McCain (ex-senador republicano) e Lindsay Graham (senador republicano). 

O imperialismo almeja uma nova escalada militar, seja contra China, Rússia, Irã, Coreia do Norte, Síria ou Venezuela. Para isso tem como mecanismo de instrumentalização de seu projeto a máquina do Deep State. As estruturas do Deep State tiveram dois momentos específicos para a sua consolidação: o assassinato do Presidente Kennedy e os atentados do 11 de setembro. O Deep State trata-se de um Império Britânico moderno, já que fez reviver esse de uma outra forma e em outra nação, que é os EUA. Esse Império hoje possui ao menos duas grandes ameaças: a parceria estratégica China e Rússia e o atual Presidente dos EUA Donald Trump. Cogita-se que Trump pode realizar um enorme acordo que tem sido chamado de Yalta 2. Yalta 2 se trata de uma reunião entre EUA, China, índia e Rússia para a reorganização geoestratégica e geoeconômica do mundo a partir de pilares industriais, tecnológicos e de promoção do desenvolvimento. Isso não interessa aos interesses imperialistas representado pelo Deep State.

Antes mesmo de ser eleito a imprensa estadunidense, brasileira e de quase todo o mundo tem dito insistentemente que Trump é machista, racista e a representação humana de todo o mal que há no universo. Além disso tem taxado como uma grande ameaça à democracia mundial. A adesão ao livre mercado e à globalização são elementos fundamentais para um país ser considerado democrático por elementos do Deep State. Vale destacar que pela via eleitoral muitas nações tem negado cada vez mais valores políticos relacionados à globalização e ao livre mercado. Isso foi visto recentemente tanto na Itália como no Reino Unido.  

Após a crise de 2008 ficou evidente quem tinha prioridade para ser salvo: os bancos e o sistema financeiro. Muitas pessoas perderam seus empregos e casas nos EUA. Isso provou que as forças políticas e econômicas naquele instante estava realizando um grande saque aos recursos materiais necessários à sobrevivência de sua própria população. A vitória eleitoral de Trump representou a insatisfação dessa mesma população que se mostrava então completamente desacreditada com os grupos políticos tradicionais, esses organizados de maneira oligárquica e comprometidos com a agenda imperialista.

Os grupos imperialistas que atuam por meio dos EUA não escondem seu desejo em promover um golpe de Estado contra Donald Trump e iniciar uma confrontação bélica que inviabilize a união da Eurásia. O jornal alemão Die Zeit e a Revista britânica The Spectator, ambos parte da imprensa imperialista, falam abertamente sobre a necessidade de Trump deixar a presidência dos EUA nem que seja assassinado para isso. O rapper estadunidense Snoop Dog fez um vídeo que teve milhões de visualização pelo Youtube no qual atira com uma arma de fogo em um personagem que interpreta Donald Trump. A atriz de TV estadunidense Kathy Griffin fez uma performance na qual simulou segurar a cabeça de Trump arrancada e cheia de sangue.

A imprensa que serve aos interesses imperialistas infla revoltas e revoluções coloridas contra Trump. Em contrapartida as suas chances de vencer o candidato Joe Biden e se reeleger se mostram cada vez mais concretas. O imperialismo nunca atendeu de forma digna as demandas de seu próprio povo, ao contrário enviou seus jovens para morrer em diversas guerras cujas causas só interessam às elites. O imperialismo criou um verdadeiro sistema de escravidão dentro dos EUA, baseado na propaganda, educação de baixo nível, desemprego, entretenimento, drogas e guerras perpétuas. 

Não podemos ser ingênuos de achar que então Trump é bom e Biden é mal. O que acontece é que Biden representa as estruturas imperialistas manifestadas através do Deep State e Trump não. Não é provável que Trump vá ajudar o Brasil ou qualquer país do mundo enquanto estiver como Presidente ou caso seja reeleito, porém pelo seu primeiro mandato foi possível perceber que a agenda de golpes, guerras e outras intromissões externas diminuíram consideravelmente. Sem essa ingerência as nações possuem melhores condições para organizarem suas forças políticas internas, mas para isso é necessário organização política e um diagnóstico correto das circunstâncias. As eleições dos EUA representam mais do que nunca uma disputa, que pode evoluir para uma guerra civil, entre os EUA do Império, na figura de Joe Biden, e os EUA da Nação, representado por Donald Trump. Cabe à esquerda reduzir suas paixões e enxergar com clareza esse cenário.


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Editorial 18/09/2020: A luta no interior da burguesia brasileira e estadunidense



A classe operária tem que, pelos seus partidos políticos socialistas e revolucionários, organizar sua força política, alçar uma política clara e combativa contra os ataques do imperialismo à classe trabalhadora com a retirada de direitos sociais, superexposição ao COVID-19 e desemprego crescente, sem realizar acordos com os burgueses, tensionando a política a favor dos interesse dos trabalhadores. Enquanto isso precisa ser estabelecido de fato, a burguesia do Brasil e dos EUA entram cada vez mais em contradição em decorrência de interesses opostos dentro do regime político.


Contradições no Brasil: Bolsonaro, direita golpista e impeachment


A burguesia brasileira está de certa forma  dividida. É preciso esclarecer que a burguesia brasileira de conjunto não tem nenhuma independência política e fica submissa ao imperialismo. Assim, a burguesia nacional apenas mantem a porta aberta para as águias americanas expropriem nossas empresas nacionais e paguem os bancos com o dinheiro de nossos impostos.

Nesses termos, na superfície política aparece o Bolsonaro contra a direita golpista, ala que quer sucede-lo para que o regime político fosse estabilizado ou pelo impeachment do presidente ou por outras medidas de força para garantir a direita golpista no controle.

Essa crise é bastante visível nos ataques da Rede Record (extrema-direita bolsonarista) contra a Rede Globo (direita golpista). Recentemente, a Record está revelando matérias jornalísticas denunciando o esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas realizadas pela família Marinho (Globo) a partir da delação do doleiro Dario Messer.

O ato político dessa disputa interna se traduz no processo de impeachment do Bolsonaro. Note que, se o movimento político da direita se suceder e o Bolsonaro sair, o regime ficará estável para a burguesia. O problema dela é o Bolsonaro e os bolsonaristas. Em momentos específicos no começo deste ano, o Bolsonaro precisou realizar acordos com a ala militar do regime para que não perdesse força política. De todo o modo, as forças armadas seguram ainda um poder político fundamental no regime político brasileiro e cada vez mais ocupa todas as esferas de poder. No limite, a depender do desenvolvimento desse quadro, se a crise no interior da direita aumentar, quem poderá estabilizar o regime político serão os militares com medidas de forças, ditatoriais.


Contradições nos EUA: as eleições americanas e o interesse do imperialismo


As eleições americanas evidenciam a disputa de dois blocos do imperialismo norte-americano. A ala industrialista, com o presidente Donald Trump e a ala financeirista, com o candidato Joe Biden. Pela primeira vez em séculos a ala industrialista venceu nos EUA, no entanto, os imperialistas dos bancos, da guerra e do petróleo pretendem retornar com força total.  

A imprensa americana já associa Joe Biden ao Great Reset (Grande Reinício do Fórum Econômico Mundial) a ser implementado em 2021 em resposta a crise de COVID-19. A ideia geral é a de que os impérios ligados à terceira revolução industrial consigam monopolizar também a quarta revolução industrial (relacionada a alta tecnologia: nanotecnologia, cibernética, robótica, biotecnologia), o que levaria necessariamente à estagnação das forças produtivas e a manutenção da divisão internacional do trabalho, portanto, da sobrevida ao imperialismo dominando os países do terceiro mundo.

A escalada de violência estatal nos Estados Unidos contra a população negra fez com que agrupamentos anti-racistas como o Black Lives Matter gerarem uma onda de protestos e, na antípoda, os Boogaloo Boys, de extrema-direita, saem a campo para suprimir contrapondo-se  ao movimento do Black Lives. Sobre essa tensão que a população está expressando nas ruas, os candidatos à presidência estão utilizando-se para defender determinada ala e com isso ganhar votos, já que esse conflito está centralizando a atenção popular: Trump pende para os Boogaloos e Biden, para o Black Lives Matter.


A tarefa da classe trabalhadora


Toda análise passa necessariamente pela relação entre a burguesia, pequena-burguesia e a classe trabalhadora. Como se verifica, tanto no Brasil e nos EUA a burguesia está em uma crise em decorrência de interesses políticos e econômicos internos conflitantes. A pequena-burguesia, sem expressão própria, oscila segundo os interesses de determinado setor da burguesia: bolsonaristas e boogaloos. A classe trabalhadora, apesar do alto índice de desemprego nesses dois países, segue a reboque nessa crise política sem conseguir expressar sua política de classe. Pode aparecer, em alguns momentos na política do Black Lives Matter, contra a repressão estatal, porém é rapidamente absorvido pela discurso dos imperialistas humanitários da chapa Biden-Kamala. Aqui no Brasil, o PT, PSOL e PCdoB na política de frente ampla (aliança com a direita) procura em vão opor-se ao Bolsonarismo. O fator agravante nessa política de frente ampla são as eleições municipais, momento em que vale tudo, inclusive fazer alianças com a direita golpista para que a esquerda alcance cargos no município. 

É preciso deixar claro que o motivo do recuo da força da classe trabalhadora consiste na política de frente ampla, na política de concessões com a direita.

As organizações populares, de trabalhadores em seus partidos, sindicatos, conselhos populares, jornais operários devem manter a todo custo uma política independente da classe trabalhadora. Sem isso, não há qualquer possibilidade de derrotar a burguesia no campo político.


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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...