quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Eleições nos EUA (2): o que representa Donald Trump


O governo de Barack Obama foi do ponto de vista da política externa imperialista uma continuidade do governo de George W. Bush. Esse último é melhor compreendido quando tratado como Regime Cheney. Os neocons que tiveram protagonismo desde 2001 e que foram substituídos por imperialistas humanitários no governo Obama consolidaram a ideia de uma guerra colonial permanente, baseada em golpes de estado, revoluções coloridas e quentes. 

Donald Trump não pertence ao consórcio de imperialistas humanitários e neocons, portanto não é um membro do Partido da Guerra. Apesar de estar vinculado ao Partido Republicano, Trump fez sua campanha em 2016 individualmente enfrentando setores do pró-guerra dos partidos Democrata e Repúblicano: Obama/Clinton e Bush/Cheney. 

Nenhum meio de comunicação ligado ao Deep State cogitava a possibilidade de Trump vencer as eleições. Tratavam abertamente que a próxima Presidente dos EUA seria Hillary Clinton, algo que também foi dito pela mídia brasileira. Desde que assumiu a presidência em janeiro de 2017, Trump enfretou inúmeras ameaças de golpe de Estado sendo que diversas figuras importantes do cenário político estadunidense que são membros do Deep State sempre fizeram oposição declarada a ele: James Comey (ex-diretor do FBI), John Brennan (ex-diretor da CIA), George Soros (Open Society Foundation), Chuck Schumer (senador democrata), Dick Cheney (ex-vice presidente republicano), John McCain (ex-senador republicano) e Lindsay Graham (senador republicano). 

O imperialismo almeja uma nova escalada militar, seja contra China, Rússia, Irã, Coreia do Norte, Síria ou Venezuela. Para isso tem como mecanismo de instrumentalização de seu projeto a máquina do Deep State. As estruturas do Deep State tiveram dois momentos específicos para a sua consolidação: o assassinato do Presidente Kennedy e os atentados do 11 de setembro. O Deep State trata-se de um Império Britânico moderno, já que fez reviver esse de uma outra forma e em outra nação, que é os EUA. Esse Império hoje possui ao menos duas grandes ameaças: a parceria estratégica China e Rússia e o atual Presidente dos EUA Donald Trump. Cogita-se que Trump pode realizar um enorme acordo que tem sido chamado de Yalta 2. Yalta 2 se trata de uma reunião entre EUA, China, índia e Rússia para a reorganização geoestratégica e geoeconômica do mundo a partir de pilares industriais, tecnológicos e de promoção do desenvolvimento. Isso não interessa aos interesses imperialistas representado pelo Deep State.

Antes mesmo de ser eleito a imprensa estadunidense, brasileira e de quase todo o mundo tem dito insistentemente que Trump é machista, racista e a representação humana de todo o mal que há no universo. Além disso tem taxado como uma grande ameaça à democracia mundial. A adesão ao livre mercado e à globalização são elementos fundamentais para um país ser considerado democrático por elementos do Deep State. Vale destacar que pela via eleitoral muitas nações tem negado cada vez mais valores políticos relacionados à globalização e ao livre mercado. Isso foi visto recentemente tanto na Itália como no Reino Unido.  

Após a crise de 2008 ficou evidente quem tinha prioridade para ser salvo: os bancos e o sistema financeiro. Muitas pessoas perderam seus empregos e casas nos EUA. Isso provou que as forças políticas e econômicas naquele instante estava realizando um grande saque aos recursos materiais necessários à sobrevivência de sua própria população. A vitória eleitoral de Trump representou a insatisfação dessa mesma população que se mostrava então completamente desacreditada com os grupos políticos tradicionais, esses organizados de maneira oligárquica e comprometidos com a agenda imperialista.

Os grupos imperialistas que atuam por meio dos EUA não escondem seu desejo em promover um golpe de Estado contra Donald Trump e iniciar uma confrontação bélica que inviabilize a união da Eurásia. O jornal alemão Die Zeit e a Revista britânica The Spectator, ambos parte da imprensa imperialista, falam abertamente sobre a necessidade de Trump deixar a presidência dos EUA nem que seja assassinado para isso. O rapper estadunidense Snoop Dog fez um vídeo que teve milhões de visualização pelo Youtube no qual atira com uma arma de fogo em um personagem que interpreta Donald Trump. A atriz de TV estadunidense Kathy Griffin fez uma performance na qual simulou segurar a cabeça de Trump arrancada e cheia de sangue.

A imprensa que serve aos interesses imperialistas infla revoltas e revoluções coloridas contra Trump. Em contrapartida as suas chances de vencer o candidato Joe Biden e se reeleger se mostram cada vez mais concretas. O imperialismo nunca atendeu de forma digna as demandas de seu próprio povo, ao contrário enviou seus jovens para morrer em diversas guerras cujas causas só interessam às elites. O imperialismo criou um verdadeiro sistema de escravidão dentro dos EUA, baseado na propaganda, educação de baixo nível, desemprego, entretenimento, drogas e guerras perpétuas. 

Não podemos ser ingênuos de achar que então Trump é bom e Biden é mal. O que acontece é que Biden representa as estruturas imperialistas manifestadas através do Deep State e Trump não. Não é provável que Trump vá ajudar o Brasil ou qualquer país do mundo enquanto estiver como Presidente ou caso seja reeleito, porém pelo seu primeiro mandato foi possível perceber que a agenda de golpes, guerras e outras intromissões externas diminuíram consideravelmente. Sem essa ingerência as nações possuem melhores condições para organizarem suas forças políticas internas, mas para isso é necessário organização política e um diagnóstico correto das circunstâncias. As eleições dos EUA representam mais do que nunca uma disputa, que pode evoluir para uma guerra civil, entre os EUA do Império, na figura de Joe Biden, e os EUA da Nação, representado por Donald Trump. Cabe à esquerda reduzir suas paixões e enxergar com clareza esse cenário.


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