quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Manifesto de Córdoba de 1918

Da Juventude Argentina de Córdoba aos homens livres da América Manifesto de Córdoba 21 de junho de 1918 Homens de uma República livre, acabamos de romper a última cadeia que, em pleno século XX, nos atava à antiga dominação monárquica e monástica. Resolvemos chamar todas as coisas pelos nomes que têm. Córdoba se redime. A partir de hoje contamos para o país uma vergonha a menos e uma liberdade a mais. As dores que ficam são as liberdades que faltam. Acreditamos que não erramos, as ressonâncias do coração nos advertem: estamos pisando sobre uma revolução, estamos vivendo uma hora americana.

A rebeldia estala agora em Córdoba e é violenta porque aqui os tiranos tinham muita soberba e era necessário apagar para sempre a lembrança dos contra-revolucionários de maio. As universidades foram até aqui o refúgio secular dos medíocres, a renda dos ignorantes, a hospitalização segura dos inválidos e - o que é ainda pior - o lugar onde todas as formas de tiranizar e de insensibilizar acharam a cátedra que as ditasse. As universidades chegaram a ser assim fiel reflexo destas sociedades decadentes que se empenham em oferecer este triste espetáculo de uma imobilidade senil.

Por isso é que a ciência frente a essas casas mudas e fechadas, passa silenciosa ou entra mutilada e grotesca no serviço burocrático. Quando em momento fugaz abre suas portas aos altos espíritos é para arrepender-se logo e fazer-lhes impossível a vida em seu recinto. Por isso é que, dentro de semelhante regime, as forças naturais levam a mediocrizar o ensino, e o alargamento vital de organismos universitários não é o fruto do desenvolvimento orgânico, mas o alento da periodicidade revolucionária. Nosso regime universitário - mesmo o mais recente - é anacrônico. Está fundado sobre uma espécie de direito divino; o direito divino do professorado universitário. Acredita em si mesmo. Nele nasce e nele morre. Mantêm uma distância olímpica. A federação universitária de Córdoba se levanta para lutar contra esse regime e entende que nele se vai a vida.

Reivindica um governo estritamente democrático e sustenta que a comunidade universitária, a soberania, o direito de dar-se governo próprio radica principalmente nos estudantes. O conceito de autoridade que corresponde e acompanha um diretor ou um professor em um lar de estudantes universitários não pode apoiar-se na força de disciplinas estranhas à substância mesma dos estudos. A autoridade, em um lar de estudantes, não se exercita mandando, mas sugerindo e amando: ensinando. Se não existe uma vinculação espiritual entre o que ensina e o que aprende, todo ensino é hostil e por conseguinte infecundo. Toda a educação é uma longa obra de amor aos que aprendem. Fundar a garantia de uma paz fecunda no artigo combinatório de um regulamento ou de um estatuto é, em todo caso, amparar um regime de quartel, mas não um trabalho de ciência. Manter a atual relação de governantes e governados é agitar o fermento de futuros transtornos. As almas dos jovens devem ser movidas por forças espirituais.

Os meios já gastos da autoridade que emana da força não se conformam com o que reivindica o sentimento e o conceito moderno das universidades. O estalo do chicote só pode atestar o silêncio dos inconscientes e dos covardes. A única atitude silenciosa, que cabe em um instituto de ciência é a do que escuta uma verdade ou a do que experimenta para acreditar ou comprová-la. Por isso queremos arrancar na raiz do organismo universitário o arcaico e bárbaro conceito de autoridade que nestas casas de estudo é um baluarte de absurda tirania e só serve para proteger criminalmente a falsa dignidade e a falsa competência. Agora advertimos que a recente reforma, sinceramente liberal, trazida à Universidade de Córdoba pelo Doutor José Nicolás Matienzo não inaugurou uma democracia universitária; sancionou o predomínio de uma casta de professores.

Os interesses criados em torno dos medíocres encontraram nela um inesperado apoio. Nos acusam agora de insurretos em nome de uma ordem que não discutimos, mas que nada tem que fazer conosco. Se é assim, se em nome da ordem querem continuar nos enganando e embrutecendo, proclamamos bem alto o direito da insurreição. Então a única porta que fica aberta para nós à esperança é o destino heróico da juventude. O sacrifício é nosso melhor estímulo; a redenção espiritual das juventudes americanas nossa única recompensa, pois sabemos que nossas verdades são de todo o continente. Que em nosso país uma lei - se diz -, a lei de Avellaneda, se opõe à nossas aspirações?

Pois reformem a lei, que nossa saúde moral está exigindo. A juventude vive sempre em transe de heroísmo. É desinteressada, é pura. Não teve tempo ainda de contaminar-se. Não se equivoca nunca na eleição de seus próprios mestres. Ante aos jovens não se faz mérito adulando ou comprando. É preciso deixar que eles mesmos elejam seus professores e diretores, seguros de que o acerto vai coroar suas determinações. Adiante, só poderão ser professores na república universitária os verdadeiros construtores de almas, os criadores de verdade, de beleza e de bem.

Os acontecimentos recentes da Universidade de Córdoba, com o motivo da eleição para reitor, esclarecem singularmente nossa razão de como apreciar o conflito universitário. A federação universitária de Córdoba acredita que deve fazer conhecer ao país e à América as circunstâncias de ordem moral e jurídica que invalidam o ato eleitoral verificado no dia 15 de junho. Ao confessar os ideais e princípios que movem a juventude nesta hora única de sua vida, quer referir os aspectos locais do conflito e levantar bem alta a chama que está queimando o velho reduto da opressão clerical. Na Universidade Nacional de Córdoba e nesta cidade não foram presenciadas desordens; se contemplou e se contempla o nascimento de uma verdadeira revolução que há de agrupar bem rápido sob sua bandeira a todos os homens livres do continente. Relataremos os acontecimentos para que se veja quanta razão tínhamos e quanta vergonha nos tirou a covardia e falsidade dos reacionários.

Os atos de violência, dos quais nos responsabilizamos integralmente, se cumpriam como no exercício de puras idéias. Derrubamos o que representava o anacrônico e o fizemos para poder levantar o coração sobre essas ruínas. Aquilo representa também a medida de nossa indignação na presença da miséria moral, da simulação e do engano arteiro que pretendia filtrar-se com as aparências da legalidade. O sentido moral estava obscuro nas classes dirigentes por uma hipocrisia tradicional e por uma pavorosa indigência de ideais. O espetáculo que oferecia a assembléia universitária era repugnante. Grupos de amorais desejosos de captar-se a boa vontade do futuro reitor exploravam os contornos no primeiro escrutínio, para inclinarse depois ao bando que parecia assegurar o triunfo, sem lembrar a adesão publicamente empenhada, o compromisso de honra contraído pelos interesses da universidade. Outros - os demais - em nome do sentimento religioso e sob a advogação pelos interesses da Companhia de Jesus, exortavam à traição e ao pronunciamento subalterno (Curiosa religião que ensina a menosprezar e rebaixar a personalidade! Religião para vencidos ou para escravos!). Tinha-se obtido uma reforma liberal mediante o sacrifício heróico de uma juventude. Acreditava-se ter conquistado uma garantia e da garantia se apoderavam os únicos inimigos da reforma.

Na sombra, os jesuítas tinham preparado o triunfo de uma profunda imoralidade. Consentir com isso seria outra traição. À enganação respondemos com a revolução. A maioria representava a soma da repressão, da ignorância e do vício. Então demos a única lição que cabia e espantamos para sempre a ameaça do domínio clerical. A sanção moral é nossa. O direito também. Aqueles puderam obter a sanção jurídica, embutir-se na lei. Não permitimos. Antes de que a iniqüidade desse um ato jurídico, irrevogável e completo, nos apoderamos do salão de atos e expulsamos a canalhada, só então amedrontada. Que isso é certo, o patentiza o fato de, logo depois, a federação universitária ter feito uma sessão no próprio salão de atos e de mil estudantes terem assinado sobre o mesmo púlpito do reitor, a declaração de greve por tempo indeterminado. De fato, os estatutos reformados dispõe que a eleição para reitor terminará em uma só sessão, proclamando-se imediatamente o resultado, com a leitura de cada uma das cédulas e a aprovação da respectiva ata. Afirmamos, sem temor de ser corrigidos, que as cédulas não foram lidas, que a ata não foi aprovada, que o reitor não foi proclamado, e que, por conseguinte, para a lei, ainda não existe reitor nesta universidade. A juventude universitária de Córdoba afirma que jamais fez questão de nomes nem de empregos. Se levantou contra um regime administrativo, contra um método docente, contra um conceito de autoridade. As funções públicas se exercitavam em benefício de determinadas camarilhas. Não se reformavam nem planos nem regulamentos por medo de que alguém nas mudanças pudesse perder o emprego.

O lema "hoje para você, amanhã para mim", corria de boca em boca e assumia a validade de estatuto universitário. Os métodos docentes estavam viciados de um estrito dogmatismo, contribuindo em manter a universidade distante da ciência e das disciplinas modernas. As eleições, encerradas na repetição interminável de velos textos, amparavam o espírito de rotina e de submissão. Os corpos universitários, zelosos guardiões dos dogmas, tratavam de manter a juventude na clausura, acreditando que a conspiração do silêncio pode ser exercitada contra a da ciência. Foi então quando a obscura universidade mediterrânea fechou suas portas a Ferri, Ferrero, Palacios e outros, ante o medo de que fosse perturbada sua plácida ignorância. Fizemos então uma santa revolução e o regime caiu a nossos golpes. Acreditamos honradamente que nosso esforço tinha criado algo novo, que pelo menos a elevação de nossos ideais merecia algum respeito.

Assombrados, contemplamos então como se coligavam para arrebatar nossa conquista os mais crus reacionários. Não podemos deixar nossa sorte à tirania de uma seita religiosa, nem ao jogo de interesses egoístas. Eles querem nos sacrificar. O que se intitula reitor da Universidade de San Carlos disse sua primeira palavra: "Prefiro antes de renunciar que fique o varal de cadáveres dos estudantes". Palavras cheias de piedade e de amor, de respeito reverencioso à disciplina; palavras dignas do chefe de uma casa de altos estudos. Não invoca ideais nem propósitos de ação cultural. Se sente custodiado pela força e se levanta soberbo e ameaçador. Harmoniosa lição que acaba de dar à juventude o primeiro cidadão de uma democracia universitária! Recolhemos a lição, companheiros de toda a América; talvez tenha o sentido de um presságio glorioso, a virtude de um chamado à luta suprema pela liberdade; ela nos mostra o verdadeiro caráter da autoridade universitária, tirânica e obcecada, que vê em cada petição um prejuízo e em cada pensamento uma semente da rebelião.

A juventude já não pede. Exige que se reconheça o direito de exteriorizar esse pensamento próprio nos corpos universitários por meio de seus representantes. Está cansada de suportar os tiranos. Se foi capaz de realizar uma revolução nas consciências, não pode desconhecer-se a capacidade de intervir no governo de sua própria casa. A juventude universitária de Córdoba, por meio de sua federação, saúda os companheiros da América toda e os incita a colaborar na obra de liberdade que se inicia. Enrique F. Barros, Horacio Valdés, Ismael C. Bordabehere, presidentes - Gumersindo Sayago - Alfredo Castellanos - Luis M. Méndez - Jorge L. Bazante - Ceferino Garzón Maceda - Julio Molina - Carlos Suárez Pinto - Emilio R. Biagosh - Angel J. Nigro - Natalio J. Saibene - Antonio Medina Allende - Ernesto Garzón.

Preparar uma conferência municipal da educação

Os professores da rede estadual de São Paulo podem entrar em greve no próximo dia 26/04/2019, caso a assembleia que será realizada na Capital decida. A chance para que os professores entrem em luta é gigantesca, já que a data-base dos professores foi em março e os professores estão conscientes da necessidade de pararem para bloquear a Reforma da Previdência de Bolsonaro.

Os professores já têm uma pauta de reivindicação muito extensa, mas tirando nos momentos de greve, elas são praticamente esquecidas. Isso ocorre por que não são debatidas entre a população. É necessário mostrar para a população que a escola que a greve busca construir terá mais professores, menos alunos por sala, escolas melhores equipadas e muito mais.

Uma Conferência inicial da educação pode ser um passo importante para um encontro dos servidores públicos municipais e talvez até dos trabalhadores da cidade.

Contribua com a Imprensa Operária.
(Publicado em 16 de abril de 2019).

A imagem pode conter: texto que diz "Vamos debater a escola que lutamos para construir? MÁXIMO DE 25 ALUNOS POR SALA CONTRATAÇÃO DE MAIS PROFESSORES ABER TURA DE MAIS ESCOLAS REMUNERAÇÃO ADEQUADA Chamado para Confer ência Municipal de Educação"

Lições da greve 2 - Panorama dos primeiros dias


A maior greve da educação do país nos últimos 20 anos foi a dos professores da Rede Pública Estadual, uma greve muito importante para a luta política do país. Entenda mais sobre este fato com algumas questões importantes:
Devo confiar no sindicato?
Qual o papel do sindicato?
Além de outras.
(Publicado em 15 de abril de 2019).

Lições da greve dos professores estaduais de 2015 contra o PSDB

(Publicado em 14 de abril de 2019).

Há um ano, fascistas atacam a sede do PT em Ribeirão Preto

Partido dos Trabalhadores de Ribeirão Preto Sofreu ataque fascista em 09/04/2018 - Há mais de um ano
Prisão de Lula intensifica força da extrema-direita, que desinibida sai a rua para atacar os trabalhadores, suas organizações e seus partidos de esquerda. “Em 09 de Abril, por volta das 18:00, atacaram de forma covarde o Diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) de Ribeirão Preto” relata Fábio Sardinha, militante do PT.

Os ataques precisam ser muito intensos para privatizar os serviços públicos e entregar a economia nacional para os especuladores estrangeiros, por isso os sindicatos e partidos são os primeiros alvos.
No dia 09 de Abril de 2018, o PT foi atacado por um coxinha descontrolado que rasgou a faixa do Comitê em Defesa de Lula. O que pode parecer um descontrole pessoal, faz parte da campanha feita para destruir o PT, na qual a prisão de Lula pode ter dado a possibilidade para uma atuação contra o partido com o objetivo de extingui-lo.

O Partido dos Trabalhadores busca solidariedade da sociedade de Ribeirão Preto, entendendo que o que ocorre com esta ofensiva ao PT é a ofensiva feita para a ditadura militar, ou seja, o reino de terror e censura da direita.

Ao mesmo tempo que a extrema direita está ativa e parece ter recebido carta branca da burguesia para atacar os trabalhadores e suas organizações, as movimentações contra o golpe chegarão ao ponto de colocar em xeque o domínio dos golpistas.

Conforme esse jornal vem analisando, o golpe de Estado, que começou com a derrubada de Dilma Rousseff da presidência da República, tem como um dos objetivos mais importantes a retirada de Lula da cena política, colocando todos os trabalhadores sob uma ditadura brutal em que não haverá saúde, aposentadoria, educação e serviços públicos. Poucos se beneficiaram às custas de quase todos.


Ataques fascistas acontecerão em maior número no país caso não haja uma firme campanha pla libertação de Lula.
(Publicado em 13 de abril de 2019).
A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, texto que diz "PULA"

Nenhuma multa ou perseguição para os grevistas e suas organizações!!!

Multa ao Sindicato e perseguição aos grevistas em Ribeirão Preto não pode ser aceita por trabalhadores e população.
Pelo direito de Greve
Pelo direito de organização
Pela liberdade de expressão
Pelo direito ao dissídio
(Publicado em 13 de abril de 2019).
A imagem pode conter: texto que diz "FAROL OPERÁRIO luminand caminhos PRIMEIRO DIFAMA o SINDICATO. CASO NÃO PAREA PAREA GREVE, MULTO TODOSOS GREVISTAS!!! Nenhuma multa ou perseguição para grevistas e suas organizações!!!"

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Sobre o adjetivo corrupto

Matéria escrita por José Dirceu explicando a campanha política da direita de combate à corrupção.


Todo governo que lutou pelo povo foi atacado como "corrupto"

Agora, temos a Lava Jato, operação que serviu de instrumento para o golpe parlamentar judicial que derrubou Dilma e levou à prisão de Lula


Ouso e abuso da luta contra a corrupção na disputa política pelo poder tem sido uma constante em nossa história.

Todos dirão que Getúlio foi levado ao suicídio por causa do atentado contra Carlos Lacerda, que resultou na morte do major Vaz, da Aeronáutica, que fazia sua segurança. Na verdade, a decisão extrema do presidente foi motivada pela campanha anticorrupção – o mar de lama que envolvia o Palácio do Catete – que envenenou e degradou o ambiente político e levou à crise e à exigência dos militares pela renúncia de Getúlio.
O combate à corrupção também foi o tom da sucessão de JK. Quem não se lembra da famosa vassourinha de Jânio Quadros e sua falsa campanha de moralização e combate à corrupção? E nada mudou com sua renúncia e anos do governo João Goulart: livrar o Brasil da corrupção e do comunismo foi o mote dos militares para dar o golpe em 1964.
E não parou por aí: Juscelino Kubitschek, que tinha mais de 40% de intenção de votos para a eleição 1965 (eleição que nunca saiu do papel), virou alvo de uma feroz campanha que o acusava de ser o dono de um triplex em Ipanema. O imóvel seria a prova de sua corrupção.
Em resumo, todos os presidentes que fizeram governos genuinamente nacionalistas e com medidas pró-trabalhadores foram atacados por campanhas anticorrupção.
Fato é que nunca houve tanta corrupção como nos anos de ditadura militar e ninguém podia denunciar. A imprensa foi calada e o Judiciário, que nem sequer podia investigar, ficava longe de mover denúncias, processos e condenações.
Na eleição de 1989, com o país devastado pela crise econômica e a hiperinflação, o discurso do combate à corrupção ajudou a levar Fernando Collor à vitória. Com o tempo, o caçador de marajás se mostrou um engodo por completo.
Agora, temos a Lava Jato, operação que serviu de instrumento para o golpe parlamentar judicial que derrubou Dilma e levou à prisão de Lula após condenação mais que ilegal. Não restam dúvidas de que Moro e Dallagnol conspiravam à sombra e contra a lei e a Constituição, sob o olhar complacente do STF e, com raras exceções, com o apoio total da mídia.
A luta contra a corrupção, mais do que necessária, só foi possível graças aos governos Lula e Dilma, que reestruturaram o MPF e a PF, fortaleceram o Coaf e a Receita Federal, deram à CGU condições de fiscalização e aprovaram, no Congresso Nacional, todo o arcabouço legal que a viabilizou, apesar dos abusos e uso político.
Há uma dupla moral e um uso descarado da luta contra a corrupção para atingir adversários e, o mais grave, para derrubar governos populares e de esquerda, não apenas no Brasil. Aqui, como vemos, há exemplos claros e provados do uso generalizado dos dois pesos e duas medidas e também da seletividade na hora de investigar a corrupção, poupando sempre os bancos e a mídia – só para dar dois exemplos gritantes.
Por que nunca se foi a fundo na relação de grupos de comunicação com os casos de corrupção na Fifa e no futebol em geral? E os bilhões de reais que circulam sem passar pelo sistema bancário? Isso sem falar nas privatizações do sistema de teles no governo tucano ou na compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique.
A hipocrisia dos dois pesos e duas medidas não tem limites. Sem nenhum pudor, o Novo, partido que se diz vanguarda da luta contra a corrupção, foi contra a decisão do STF que criminalizou a sonegação fiscal de ICMS. Que moral é essa? Que vanguarda é essa? Outro exemplo é o caso da juíza Selma, conhecida como “a Moro de saia”. Eleita senadora pelo PSL de Bolsonaro, foi cassada pelo TSE por uso de caixa 2.
O caixa 2, a propósito, é outro bom exemplo de como a interpretação pode mudar de acordo com os interesses envolvidos. Para Sergio Moro, caixa 2 é crime, mas deixou de ser quando Onyx Lorenzoni, seu colega de Esplanada dos Ministérios, assumiu que recebeu dinheiro da Odebrecht. Não podia, mas agora pode?
A bandeira da corrupção e a militância político-partidária também já levaram outros nomes, além de Sergio Moro, da estrutura do Judiciário para a arena política. E são exemplos que vão de mal a pior, como Demóstenes Torres e Pedro Taques. Ostentar tal bandeira mexe com egos e projeta a construção de heróis nacionais, personagens que trazem, infelizmente, mais danos do que benefícios para a democracia.
É o que a história nos ensina há muito tempo.

Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...