quarta-feira, 10 de junho de 2020

A definição distorcida de Fascismo da Globo

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No último domingo, dia 07/06/20202, a Rede Globo apresentou no Fantástico uma matéria sobre o Fascismo. Nela, foi traçado um panorama histórico deste movimento e apresentado algumas definições por especialistas. Colocamos aqui literalmente as definições apresentadas na matéria para em seguida mostrar os equívocos e distorções. A jornalista que apresenta a matéria expõe, resumindo a explicação de um historiador italiano, o fascismo da seguinte forma: “O fascismo foi uma experiência italiana que aconteceu aqui em determinado momento histórico e, como tal, não pode se repetir”. Quando questionado, o historiador Boris Fausto diz: “Eu acho que ele (referindo-se ao fascismo) não tá voltando...”. Por fim, outro especialista aparece para a seguinte frase: “O fascismo, se a gente pode buscar uma definição bem simples, é o discurso do ódio”.

O que se pode notar em todas as intervenções acima é que o fascismo seria apenas uma forma intolerante e racista de se comportar, não tendo nenhuma ligação com a luta econômica da decadente sociedade capitalista no período imperialista. Veja aqui os problemas deste tipo de abordagem.

A derrota dos fascistas na 2° Guerra Mundial e a revolucionária reação dos trabalhadores sob os seus escombros tornou uma grande parte do mundo vermelha (Instauração de Estados Operários), mostrando aos burgueses que aquela cartada política havia sido desastrosa. Assim, para frear o avanço dos comunistas, vários acordos foram feitos com a burocracia soviética e uma intensa campanha de propaganda anti-fascista foi erguida para limpar a imagem de figuras-chave do regime político.

Hollywood foi uma grande arma para falsificar a história, iniciando com a forma na qual não se explica economicamente os fundamentos da guerra. A 2° Guerra Mundial foi um desdobramento das disputas de mercado das grandes potências, tendo sido uma guerra na qual os Estados Unidos e Inglaterra cometeram tantas atrocidades quanto os nazistas. Os bombardeios de Dresden, realizados dentre os dias 13 e 15 de fevereiro de 1945, teve mais de 3 mil toneladas de bombas incendiárias, fazendo com que 39 Km² fossem aniquilados junto com a população civil. Além disso, o maior ato terrorista da história da humanidade, as bombas nucleares no Japão, é deixado propositalmente de lado para manter em pé a bizarra versão cinematográfica da burguesia: a luta entre democracia e autoritarismo.

Bombardeio incendiário dos EUA sobre Tóquio em abril de 1942, 125 mil mortos, a maioria era civil. A tempestade incendiária queimou as moradias japonesas de madeira, carbonizando a população e matando por asfixia.
Cogumelo formado pela bomba lançada em Nagasaki, no dia 9 de agosto de 1945
Cogumelo atômico na cidade de Hiroshima, 166 mil mortos pelos EUA em 6 de agosto de 1945.
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A cidade alemã Dresden em chamas enquanto bombardeiros americanos e ingleses sobrevoam a cidade em 13 a 15 de fevereiro de 1945.

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Cerca de 25 mil mortos (a maioria era civil) em Dresden pela chacina dos Aliados.

Os marxistas não são idealistas, apresentam a história sob o viés econômico, ensinando aos trabalhadores sobre a luta de classes. Aqui, a definição científica do fascismo não se baseia no ódio ou violência, mas no seu caráter classista.

Segundo o marxismo, fascismo é todo o movimento que busca exterminar a democracia operária, ou seja, que persegue brutalmente todas as organizações operárias, seus partidos e sindicatos, impedindo greves e toda luta política.

Como a divisão das classes sociais não se alterou no marco do capitalismo, a colocação do Fantástico e do historiador Boris Fausto de que não há campo para o fascismo são equivocadas porque excluem a dinâmica das classes sociais e não conseguem situar e explicar o bolsonarismo, os assassinatos das lideranças do MST, o movimento "300 do Brasil" da Sara Winter, os supremacistas brancos americanos, os fascistas ucranianos, o movimento integralista etc. Esse mesmo erro histórico ocorreu da primeira vez quando os intelectuais e os stalinistas disseram que os agrupamentos fascistas não eram um problema e que dificilmente o nazismo controlaria o poder político da Alemanha. O resultado: comunistas, socialistas, artistas, camponeses, sindicalistas, judeus foram assassinados pelas milícias fascistas que "não representavam perigo algum".

A ignorância proposital ou não da dinâmica social que o capital produz traz esses discursos farsescos da mídia direitista. Para melhor entender o problema, vejamos uma análise de 1934 sobre o fascismo a partir da perspectiva de classes:
"Enviar o exército contra o povo nem sempre é possível: frequentemente, ele começa a decompor-se e termina com a passagem de grande parte dos soldados para o lado do povo. Por isso, o grande capital é obrigado a criar grupos armados, especialmente treinados para atacar os operários, como certas raças de cachorros são treinadas para atacar a caça. A função histórica do fascismo é esmagar a classe operária, destruir suas organizações, sufocar a liberdade política, quando os capitalistas se sentem incapazes de dirigir e dominar com a ajuda da maquinaria democrática.

O fascismo recruta seu material humano sobretudo no seio da pequena burguesia. Esta termina sendo arruinada pelo grande capital, e não existe saída para ela na presente estrutura social: porém não conhece outra. Seu descontentamento, revolta e desespero são desviados do grande capital, pelos fascistas, e dirigidos contra os operários. Pode-se dizer do fascismo que é uma operação de "deslocamento" dos cérebros da pequena burguesia no interesse de seus piores inimigos. Assim, o grande capital arruína inicialmente as classes médias e, em seguida, com a ajuda de seus agentes mercenários - os demagogos fascistas -, dirige a pequena burguesia submersa no desespero contra o proletariado.

É somente por meio de tais procedimentos que o regime burguês é capaz de manter-se. Até quando? Até que seja derrubado pela revolução proletária (Aonde vai a França ?— O Desmoronamento da Democracia Burguesa, La Verité, TROTSKY, 1934)."
As ditaduras no capitalismo que conhecemos tiveram elementos fascistas, desde Franco até as Ditaduras Militares latino-americanas. Logo, é natural que os Intervencionistas no Brasil peçam a criminalização do comunismo (dos partidos operários revolucionários) sendo a conclusão prática da política fascista que estão se organizando para consolidar no país.

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