quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Nagorno-Karabakh/Artsakh: um conflito imperialista


O conflito territorial entre Armênia e Azerbaijão envolve uma região que, atribuída pela ONU ao Azerbaijão, foi ocupada em 1988 pela Armênia, e mantida sob essa ocupação, disfarçada de um "estado independente" até 2020. No final de setembro deste ano, os países entraram em guerra total, sendo que o Azerbaijão pretende continuar na guerra até que retome o território que afirma ser seu, integralmente.

A negociação, a diplomacia eram possíveis neste caso, apesar de os países envolvidos não aparentarem querer negociar. Sabe-se que o imperialismo não costuma ter muita vontade de negociar qualquer coisa. Pelo contrário, seu único interesse é a expropriação e o saque. Aliás, o Azerbaijão parece ser um país mais alinhado ao imperialismo (por exemplo, comprou drones de Israel), enquanto a Armênia tem melhores relações com Rússia e Irã. Contudo, a Rússia pretende aparecer como mediadora de uma possível negociação de paz: o país não tem condições de defender a Armênia militarmente, já que o Azerbaijão tem apoio total de um membro da OTAN: a Turquia. 

A Turquia, além de ser membro da OTAN, tem pretensões de ser uma potência local, algo como um "vice-rei" do imperialismo no Oriente Médio. Resultado disso é sua aliança ferrenha com o Azerbaijão, o que pode, facilmente, se tornar apoio militar. 

O conflito na região do Caúcaso é prejudicial para todos os países da região, Irã, Armênia, Rússia, e mesmo a China, já que isso prejudica seus interesses de desenvolvimento ligados à iniciativa Belt and Road (As novas rotas da seda): o conflito é uma grande fonte de instabilidade, tanto para o Cáucaso, quanto para toda a Ásia, em especial a Ásia Central (e, perto dali, Xinjiang, ou, segundo a CIA, o Turquestão, a província chinesa que o imperialismo sonha em separar da China, para enfraquecer o país). Mesmo o Azerbaijão acaba tendo um papel secundário: poderá recuperar seu território, mas com um custo muito alto. A região é difícil de ser invadida, por ser montanhosa. O conflito tem o potencial de se prolongar por anos, caso nenhuma potência se envolva mais do que já estão - o que, inclusive, é um risco que se prolonga no tempo, e que pode evoluir para uma guerra em grande escala.

Portanto, o único beneficiário local desse conflito é a Turquia. Contudo, mais importante que isso, o grande beneficiário do conflito é o imperialismo: pode comer pipoca enquanto seus rivais de digladiam (o que inclui a Turquia de Erdogan, que não é 100% alinhada ao imperialismo). 

As negociações e a paz, aqui, devem ser levadas em consideração, caso as partes envolvidas não queiram ser responsáveis pela destruição da região. 

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