Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, é uma cidade onde os setores políticos estão altamente fragmentados. Não há um setor ou figura política que unifique os setores populares ou patronais, sendo que a luta pela prefeitura está colocando as disputas as claras. Os tucanos e a direita bolsonarista, ambos em crise por não terem apoio, estão em um cabo de guerra utilizando os comerciantes para tentar mobilizar uma massa para a sua própria política. Enquanto isso, a esquerda não se acerta por estar totalmente focada em fortalecer seu próprio aparato burocrático.
O povo da cidade, sem se ligar a nenhum dos polos políticos, observa tudo. Os monopólios de comunicação, sabendo de seu poder irrestrito por não haver nenhum jornal de esquerda, criam as narrativas perfeitas para emplacar seus projetos políticos: a mais usual é aquela em que coloca os ribeirão-pretanos como coxinhas, amantes dos patrões e da direita, mesmo que não haja nenhum partido de direita com legitimidade popular. Mas, se o povo não está do lado dos coxinhas, eles não desistem de sua mobilização e fazem questão de colocar peso em seus atos, como estão ocorrendo na frente da prefeitura municipal no último período.
A esquerda está em casa, reclusa e sem ligações com a população realmente, então nesta análise não será mais tratado sobre esta ala. A direita e os bolsonaristas estão em disputa para abrir o comércio da cidade, isso ocorre desde o começo da pandemia, quando várias carreatas foram realizadas pelos comerciantes para impedir o fechamento do comércio. Agora, em momento em que a Covid-19 está afetando muito mais a população e a situação é incontrolável, o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) é obrigado a manter o comércio fechado por vários dias, com aberturas graduais, para desespero da classe patronal que está sofrendo financeiramente por seus negócios.
Em 16 de julho de 2020, um pequeno grupo de comerciantes vai a frente da prefeitura municipal com algumas caixas de som e acaba cercando o prefeito no momento que este fugia da manifestação. Alguns mais ousados conseguiram cercar o carro e dar pontapés e socos, enquanto o tucano Duarte Nogueira se evadia. Duas semanas depois, o mesmo grupo, no dia 06 de Agosto de 2020, realizou outra manifestação, desta vez mais calma para pressionar o prefeito. Ambos os atos, realizados em prol dos comerciantes, não devem ser tomados exclusivamente como a fúria de um setor, já que inclusive a organização patronal que representa os comerciantes está dando aval para Duarte Nogueira como se pode notar a assinatura do documento ... Os atos são parte da movimentação da direita bolsonarista em pré-campanha, são por parte dos bolsonaristas um exercício para um assalto ao poder, pois os bolsonaristas não são ingênuos o suficientes para deixar as ruas em plena luta política.
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