quarta-feira, 1 de julho de 2020

Editorial 29/06/2020 - É hora de organizar o movimento do povo

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O tamanho dos movimentos só é relevante quando eles são impulsionados e, principalmente, organizados pela esquerda. A maior parte dos movimentos, manifestações e revoluções na história tem algum grau de espontaneidade: a Revolução Russa começou com um movimento espontâneo. Esse movimento foi, contudo, organizado pelo Partido Bolchevique, que, apesar de ser minoritário na época, por sua política correta, conseguiu assumir a revolução.

O mesmo é válido para a nossa situação. O clima de polarização e enfrentamento que recentemente se alastrou pelo Brasil não foi obra de nenhum partido de esquerda ou nenhuma organização. Contudo, para que tais movimentos possam avançar em seus objetivos, é necessária a sua organização pela esquerda. 

O que vimos recentemente foi o contrário: as direções dos partidos da esquerda, por meio de várias manobras sujas, como por exemplo levar o ato em São Paulo para o largo da batata, foi capaz de enterrar o movimento. Essa atitude desmobilizadora tira a relevância não só das instituições de esquerda - que estão cada vez mais à reboque da direita, mas tira, também, o poder da rebeldia do povo: nada vai acontecer se a revolta do povo for desorganizada, e a esquerda não é capaz de se beneficiar disso. E, pelo modo como a esquerda está agindo, não haverão mais protestos.

Essa política sabotadora pode decorrer de vários motivos, e há um motivo principal, especialmente este ano: as eleições municipais. A burocracia das instituições esquerdistas pretende se aproveitar dos movimentos populares para fins eleitorais, para que seus membros possam obter cargos no governo. Fazem isso do mesmo modo que se aproveitam de discursos vazios proferidos em lives no youtube, nas quais reproduzem, como papagaios, o discurso padrão da esquerda. Tal discurso está repleto de erros, por dois motivos: primeiro, não é baseado em uma prática de ir às ruas, de chamar o povo as ruas ou, ao menos, se comunicar com o povo. Segundo, e mais importante: existe uma imposição moral dentro da classe média do que é o correto, e qualquer discordância, crítica ou questionamento contra esse discurso "correto" leva a pessoa a ser "cancelada", e acaba por sofrer calúnias e outras táticas direitistas de "crítica" ou "enfrentamento", o que é negativo para as finalidades eleitorais dessas lideranças. 

Esse discurso, além de estar suscetível a erros, está suscetível a influências da direita, que, do topo de seus altares morais, profere santas palavras de proteção ao povo, como o "fique em casa", o que é repetido pela esquerda com extrema devoção - novamente, com fins eleitorais. O discurso da direita, inclusive, sempre tende à proteção do povo, mesmo sem pandemia: sempre será desmobilizador, sempre será um balde de água fria, um "abaixe a bola". A esquerda que repete esse discurso não tem motivações de uma real defesa do povo, não tem motivações revolucionárias: está presa ao discurso da direita por sua devoção eleitoral. 

A revolta popular deve ser impulsionada e organizada, e, se essa ala direita não o fizer, essa tarefa caberá a nós! Toda pessoa com vontade de mudança, que compreende a necessidade de um movimento realmente popular, deve passar a militar em organização, seja pela criação de comitês, seja pela atuação sindical, seja pela escrita de um jornal como o Farol Operário, ou mesmo, e principalmente, pela formação de um partido revolucionário, de um novo Partido Bolchevique, um novo partido da maioria do povo! O partido é a organização mais madura e mais eficiente da classe trabalhadora!

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