terça-feira, 19 de maio de 2020

Cresce a insatisfação popular na pandemia: lutar para não morrer de fome

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No fim do ano passado, estourou na América Latina uma sucessão de protestos no Chile, na Argentina, na Bolívia - onde culminou no golpe de Estado e capitulação de Evo Morales ante ao imperialismo -, tentativa de golpe na Venezuela, enfim, a crise econômica e política expressou-se de modo claro no levante popular e na instabilidade governamental. Essas ocorrências representam o avanço do imperialismo na região que estabelecem nos países que perderam sua soberania econômica e política a cartilha neoliberal das privatizações, arrocho fiscal, retirada dos direitos trabalhistas e previdenciários para que os grandes monopólios industriais e financeiros possam encontrar um terreno propício para dominar a economia e baratear a mão de obra.

O avanço do imperialismo, então, gera inevitavelmente pobreza. O Estado, para pagar as dívidas dos bancos internacionais, enxuga suas contas e faz com que o investimento na Educação, Saúde, Moradia fiquem sem esses recursos, as empresas nacionais contraem altas dívidas porque ficam sem subsídios do governo e, assim, são destruídas pela concorrência das empresas estrangeiras. Como os direitos trabalhistas e previdenciários são retirados, o valor da mão de obra cai, diminuindo o salário, aumentando a exploração do trabalhador, que tem que trabalhar em outros ramos para sobreviver.

A pandemia deu uma relativa pausa à expressão dessa insatisfação popular, muito em decorrência das políticas de confinamento adotada pelos países latinos para evitar o contágio da população pelo coronavírus. Mesmo assim, no Chile, no final do mês de abril, a população tomou as ruas contra o governo ditatorial de Sebastian Piñera, que executou 35 pessoas nas manifestações de outubro e novembro de 2019, e exigiram o fim da Constituição de 1980 que foi imposta pelo ditador Augusto Pinochet e dispõe de normas baseadas no neoliberalismo. Apesar da manobra para realizar um plebiscito, marcado inicialmente para abril e remarcado para outubro, as manifestações recentes continuam porque a crise sanitária também agrava a crise econômica e social, levando a radicalização da população que pede pelo Fora Piñera, exigindo a saída dessa direita ditatorial e anti-povo.

No Brasil, as manifestações contra o governo Bolsonaro, igualmente neoliberal, amante dos bancos e fascista porque organiza a violência contra as organizações da esquerda e de trabalhadores; têm o tom conservador, tímido, porque as organizações de esquerda, em decorrência da concepção de suas direções pequeno-burguesas, concepções de classe média, entendem que os protestos tem que ser virtuais, que a organização para a ação deve ser via redes socais, "panelaços" etc. Nunca que o governo irá se curvar para essas expressões ineficazes de descontentamento. O Fora Bolsonaro deve ser organizado em direção da derrubada real do governo e só com a discussão de um plano de luta no seio das organizações é que se pode vislumbrar esse feito.
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Manifestações no Líbano em plena pandemia (Abril, 2020).
Na mesma linha dos protestos chilenos causados pelos governos neoliberais, no Líbano, os protestos avançam, bancos foram queimados, as ruas da capital Beirute foram tomadas e houve confronto da população com as forças repressivas que estão utilizando balas convencionais. Lá 45% da população está abaixo da linha da pobreza (vivem, em R$, com menos de um salário mínimo) e 75% da população depende de ajuda governamental para não sucumbirem.

O mesmo ocorre na França. Depois que o mundo viu os coletes amarelos em 2018 e 2019 pedindo pelo Fora Macron, governo direitista que aplicou medidas semelhante à brasileira no que toca a política de corte de gastos governamentais - essas políticas, nesse país, provocaram o sucateamento das escolas, hospitais e nas repartições públicas -, está tendo focos de revoltas porque a crise social foi aprofundada pela pandemia. Também no fim de abril, no dia 21, as pessoas saíram às ruas e se chocaram contra a política contra as medidas ditatoriais do confinamento que impedem as pessoas de manifestarem-se e contra o governo do presidente direitista Macron.

A crise sanitária causada pelo coronavírus está levando a explosões reivindicatórias nos países em que a direita e a extrema-direita deixaram o povo na miséria. Para a organização dos trabalhadores, essas manifestações e o modo de como elas são realizadas trazem lições claras do que fazer. Esse movimento de vanguarda escolheu o caminho da luta, de não morrer de fome na pandemia, de enfrentar o governo direitista em busca de dias melhores. As organizações de luta do Brasil têm o dever de orientar o movimento nesse sentido. Milhares de pessoas já morreram por coronavírus em território nacional, quase 500 mil pessoas já perderam seus empregos, pequenas empresas entraram em falência, tudo por inação do governo do fascista Bolsonaro. É preciso aprender com o movimento internacional, organizar e lutar.


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