terça-feira, 23 de junho de 2020

Há 190 anos, nascia o revolucionário negro Luís Gama

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"Em nós, até a cor é um defeito.
Um imperdoável mal de nascença,
o estigma de um crime.
Mas nossos críticos se esquecem
que essa cor, é a origem da riqueza
de milhares de ladrões que nos
insultam; que essa cor convencional
da escravidão tão semelhante
à da terra, abriga sob sua superfície
escura, vulcões, onde arde
o fogo sagrado da liberdade"
(LUÍS GAMA).

Há 190 anos (21 de junho de 1830) nasce o líder revolucionário Luis Gama em Salvador (BA). Filho da negra livre e revolucionária do Malês e Sabinada, Luiza Mahin, e de um fidalgo português (desconhecido), que vendeu Luiz como escravo quando tinha apenas 10 anos de idade. Conseguiu libertar-se da condição de escravo aos 17 anos, permanecendo analfabeto,então, até essa idade. Estudou advocacia por conta própria, enquanto ouvinte de aulas e frequentador da biblioteca da Faculdade de Direito do Largo São Francisco em São Paulo, instituição que impediu o ingresso formal no curso por ser negro. Apesar de não ser reconhecido como advogado, foi brilhante nessa área jurídica com seus habeas corpus, contribuindo com a libertação de mais de 500 escravos.

Foi poeta, jornalista, fundou a Sociedade Abolicionista e liderou o movimento dos Caifazes. Esse movimento sequestrava os escravos das fazendas e os levavam para o Quilombo Jabaquara para enviá-los ao Ceará, província em que havia igualdade entre as pessoas. A proporção revolucionária desses movimentos fizeram com que uma luta entre escravos contra os traficantes de escravos e latifundiários fosse travada, alcançando inclusive alas do Exército que se recusavam a combater os negros dos Caifazes.
Esse movimento levou a um tensionamento político revolucionário aliando-se a alas liberais da pequena-burguesia, populares da cidade que defendiam a República. 

Isso chocava-se com o interesse dos latifundiários e da burguesia que conduziu o Império a aprovar, depois de uma série de leis contra a escravidão, a Lei Áurea em 1888, extinguindo a escravidão do Brasil e minando o movimento revolucionário. Uma abolição que não entregou nenhum pedaço de terra e nenhuma forma do negro integrar-se economicamente à sociedade, levando-o inevitavelmente a escravidão capitalista pelos seus antigos senhores sob o pagamento de uma miséria de salário. Os libertos permaneceram na sociedade brasileira como superexplorados pelo trabalho, com piores condições de vida e moradia e que, por conta dessa condição econômica, impossibilitando qualquer perspectiva de ascensão social. Desigualdade que ainda não foi superada.

Essa manobra, somada a vacilação da pequena-burguesia, impediu que ocorresse uma revolução burguesa, levando o Brasil a via prussiana de desenvolvimento do capitalismo, deixando o poder político e econômico nas mãos dos latifundiários, setor que barrou a tomada das terras pelos negros e atrasou a industrialização.

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