Trotsky descreve a situação revolucionária como um conjunto de vários fatores. Em primeiro lugar, a situação econômica e social: "as condições econômicas e sociais de uma situação revolucionária se dão, em geral, quando as forças produtivas de um país estão em decadência; quando diminui sistematicamente o peso do país capitalista no mercado mundial e os recursos das classes também se reduzem sistematicamente; quando o desemprego já não é simplesmente a conseqüência de uma flutuação conjuntural, mas um mal social permanente com tendência a se elevar." (TROTSKY, 1931)
Em segundo lugar, a posição das classes: A classe trabalhadora, para finalmente poder tomar para si o curso dos acontecimentos, precisa se rebelar e constituir um inssurreição de massas que rompa com a estrutura política atual, e que seja verdadeiramente revolucionária e não fascista. A classe média, por sua vez, deve ser atraída pela política revolucionária dos trabalhadores, e deixar de lamber as botas dos burgueses. Por fim, a burguesia deve cair em desespero, deixar a atuação conjunta, como classe uníssona, para trás e dividir-se em facções.
Em último lugar, uma organização de massas na forma de um partido revolucionário é imprescindível: caso não exista, a chance de arrefecimento ou distorção da situação revolucionária é enorme.
No momento, as condições da situação revolucionária brasileira estão em evolução: não estão nem totalmente postas, nem totalmente fora da situação política. Por exemplo, com a recente crise do coronavírus, vários setores de classe média começaram a pedir o fora Bolsonaro, ao passo que fica cada vez mais evidente a cisão no governo, já que cada setor governamental representa um setor diferente da burguesia. As condições econômicas também apontam para o desenvolvimento de uma situação revolucionária, especialmente por causa da crise, como observou Trotsky (1931): "O desenvolvimento econômico da sociedade é um processo muito gradual, que se mede em séculos e décadas. Porém, quando se alteram radicalmente as condições econômicas, a resposta psicológica, já demorada, pode aparecer muito rápido. E, assim, sucedendo rápida ou lentamente, essas mudanças inevitavelmente devem alterar o estado de ânimo das classes. Somente então temos uma situação revolucionária."
O grande problema hoje, no Brasil, como foi na época de Trotsky, é a falta de uma organização ou de um partido de massas apto a conduzir a revolução. O PT, maior partido de esquerda do Brasil é, com certeza, a organização mais próxima disso, mas está tomado por uma burocracia pequeno burguesa que empurra a política do PT para a direita. Enfim, seja o PT, seja outra organização de massas, a esquerda tem a necessidade urgente de se preparar para a revolução: a insurreição das massas é como um fenômeno da natureza, um terremoto cuja previsão exata é impossível. Não cabe à esquerda tentar forçar seu acontecimento, mas sim se preparar para ele, por ser inevitável.
O principal oponente a ser derrotado é, hoje, a burocracia pequeno-burguesa que dirige a esquerda brasileira, objetivo este que, inclusive, foi colocado por Trotsky em 1931. Isso é fato por tal burocracia ser o grande impeditivo para a criação de um movimento de massas verdadeiramente revolucionário.
"O que é uma situação revolucionária?",Totsky: https://www.marxists.org/portugues/trotsky/1931/12/19.html