sábado, 25 de abril de 2020

Viva os 46 anos da Revolução dos Cravos



Portugal passou pelo século XX marcado por duas ditaduras, uma feita em um golpe militar em 1926 e outra chamada de Estado Novo, instaurada em 1933 e derrubada em 1974 por um golpe militar.
Antes de 1974, Portugal era uma potência colonial decadente, que estava atolada em guerras de libertação nos seus territórios ultramarinos após a segunda metade do século XX. As condições de vida do povo português eram péssimas, apesar das grandes riquezas coloniais, isso se devia ao fato do país não ter se industrializado adequadamente. Assim, uma grande leva de jovens saía do país rumo à Inglaterra, França, Brasil e demais países para fugir à guerra e também para obter melhores condições de vida.

Todo o cenário salazarista transformava o país em um grande cemitério político, onde a ignorância, o analfabetismo, a repressão bárbara e a PIDE reinavam. Um Estado realmente fascista, disposto inclusive a atirar em seus cidadãos para proteger sua estrutura, como se soube alguns anos depois por meio de ordens não cumpridas por uma Fragata para atirar no povo e militares que estavam no Terreiro do Paço (importante local onde ficavam alguns ministérios).

Não havia liberdade política, todas as organizações dos trabalhadores eram reprimidas, o que colocava a atuação política dentro do regime em estado de clandestinidade. Os partidos de esquerda como o Partido Comunista Português (PCP) fizeram uma grande luta, levando a organização portuguesa a ser conhecida por heroicos personagens como Álvaro Cunhal. Também na clandestinidade um grupo de militares se formou, o Movimento das Forças Armadas (MFA) para acabar com o Estado Novo. Tal movimento contava com revoltosos extremamente experimentados nas artes militares e sem aspirações políticas, sendo um dos raros casos em que gente astuta, valente e armada deixa para trás todas as glórias do governo para agir tão somente como libertadores.

Os militares haviam tido muito contato com a realidade da guerra, com a crueldade da opressão e com a falência colonial. Morriam aos milhares nos locais mais inóspitos, sendo utilizados como meros peões no tabuleiro político internacional. Assim, a consciência de que tudo aquilo no Ultra-Mar não iria avançar, mas que os poderosos não se importavam em mandar o populacho português morrer aos milhares por uma causa vã deixou uma grande marca dentro das Forças Armadas. Os militares portugueses sabiam que não iriam sair da África com ganhos militares, precisavam de uma saída política.

Em 1974, o regime já não tinha condições para se sustentar e um golpe realizado em 25 de Abril, liderado pelo Capitão Salgueiro Maia dá o golpe final no moribundo Estado Novo. Conseguem fazer uma revolução praticamente pacífica, onde abrem espaço para a sociedade em um momento em que, como disse Salgueiro Maia em sua última entrevista, a alegria contagiante fazia com que recebessem todo tipo de coisas dos transeuntes, sendo a flor da estação encontrada em todos os locais e utilizada para presente, mas Salgueiro Maia inclusive viu um senhor repartindo presunto para o povo.

A Revolução de Abril colocou Portugal dentro do protagonismo popular, em poucos dias a capital realizou o seu maior 1° de Maio e viu o povo nas ruas avançando com conquistas fundamentais como a Reforma Agrária. Infelizmente, a Revolução dos Cravos não conseguiu consolidar uma sociedade socialista, mas aqui vale o velho ditado dos bolcheviques russo: “A revolução tem começo, mas não tem fim”.

Viva 25 de abril
Abaixo o Fascismo   

2 comentários:

  1. Salgueiro Maia não liderou.. Foi um militar digno e corajoso. O MFA foi um movimento colectivo.. A liderança dee-se ao povo sofredor. Só houve heróis na Guerra Colonial e dos dois lados, Morreram milhares de jovens europeus e africanos, MDC

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    1. Entendo, são pertinentes e boas as suas colocações. Preciso me informar mais sobre o MFA, inclusive aceito sugestões de leitura. Quanto a coletividade do MFA, acho que dei muita ênfase em Salgueiro Maia, mas não discordo que o movimento fosse coletivo. Quanto a guerra, sim, foi cruel para todos, ninguém sai de lá sem um grande aprendizado, felizmente neste sentido para a libertação do povo. Obrigado pela contribuição.

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