quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Editorial 21/01/2021 - Políticos disputam paternidade da vacina enquanto destroem o sistema público de saúde


A última disputa política do nosso país se encontra na questão da vacina, com a Frente Ampla buscando demonizar Bolsonaro e deixa-lo isolado. Assim, os protocolos que Bolsonaro buscou utilizar para evitar a vitória acachapante de Dória em uma entrega relâmpago foram deixados de lado e a manobra agora se dará em cima dos eventuais problemas que a aplicação precoce possa ter. 


A tensão política entre a direita e o bolsonarismo está sendo tratada de forma moral pela burguesia, que não explica o desmonte do sistema público de serviços aplicado por todos os setores da direita, mas com maior intensidade pelos golpistas. Inclusive, para tentar separar a direita golpista de suas políticas nefastas de destruição, os veículos de comunicação hegemônicos criaram o "político científico": aquele que, preocupado com o bem-estar da população na pandemia de Covid-19, seguem as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesta fábula, toda a destruição causada pelo golpe no sistema público de saúde não aparece, tornando o problema da saúde no país um caso exclusivamente ligado ao governo Bolsonaro. 


Dória precisa ser desmascarado. Não é um bom político e não se preocupa com o povo. Disposto a colocar a saúde das crianças em risco, não quer adiar o início do ano letivo mesmo com todos os perigos que isso pode trazer. Logo, não há um critério sanitário para a conduta do governador de São Paulo, apenas político. Dória está disposto a utilizar o capital científico que São Paulo tem para sair na frente da vacinação e canalizar esta vitória para si, enquanto isso articula os monopólios de comunicação para culpar Bolsonaro pelo caos, do qual o governador é um dos principais responsáveis, por ser um político ligado aos verdadeiros destruidores do país: os golpistas. 


Por maior que seja o nosso desejo de retirar Bolsonaro, não podemos ser ingênuos o suficiente para cair na armadilha política aplicada pelos golpistas na Frente Ampla. Retirar Bolsonaro é um dos eixos políticos da luta contra o golpe, mas não é o único e nem o mais importante. Acima de Bolsonaro estão os golpistas, os donos da situação política e responsáveis pela destruição do sistema público de saúde que ocorre aceleradamente desde o Golpe de 2016. Bolsonaro, Dória, Mourão e os golpistas são todos nossos inimigos. Todos muito perigosos.  


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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, 102 anos de legado revolucionário


No dia 15 de janeiro de 1919, falece a revolucionária marxista Rosa Luxemburgo. Foi assassinada juntamente com o revolucionário Karl Liebknecht em Berlim, pelas Freikorps (corporação franca fascista), por ordem de Gustav Noske, militante social-democrata (SPD) que a época era ministro da Guerra.


Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht ficaram à frente da Revolução na Alemanha em 1918, momento em que os Conselhos de Operários e Soldados insurgiram contra o Reich alemão. Ambos romperam com a Social-Democracia reformista e fundaram a Liga Espartaquista (Spartakusbund) que logo mais tarde se tornou o Partido Comunista (KPD). A revolução eclodiu em Berlim, Munique, Kiel formando a República Soviética da Baviera. Na insurreição de 7 a 13 de janeiro de 1919, a greve geral de 500.000 enfrentaram as milícias francas (Freikorps). Essa batalha pela defesa do governo dos trabalhadores não conseguiu vencer as forças contrarrevolucionárias, levando ao estabelecimento da República Burguesa de Weimar.


Até o fim, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht mantiveram-se irredutíveis nas suas posições internacionalistas contra a participação da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, pois, como se trata de uma guerra de interesses das burguesias nacionais em expandirem seus capitais a custa da morte de soldados, ou seja, da classe trabalhadora de cada país em conflito, em nada contribui para a luta socialista de emancipação dos trabalhadores (da tomada do poder político pelos trabalhadores).


Mesmo sendo em menor número, a oposição política realizada por Rosa e Liebknecht contra a II Internacional que naquela época já estava corrompida e o Partido Social-Democrata Alemão (SPD) era uma expressão evidente do oportunismo, da ligação dos dirigentes dos partidos social-democratas à política burguesa e contrarrevolucionária. Apoiar a guerra imperialista e levar os trabalhadores para o matadouro foi duramente criticado por Karl Liebknecht, como podemos ver na oposição à guerra imperialista (I Guerra) em que realizou no dia 2 de dezembro de 1914 no Reichstag:


" [essa guerra] não foi desfechada para a prosperidade do povo alemão".

[…]

"uma guerra por uma cultura mais elevada" sob "a falsa bandeira de uma guerra pela nacionalidade e pela raça" [Karl Liebknecht, Discursos e Artigos, p. 134].


Nesse mesmo sentido, Rosa Luxemburgo esclarece na sua revista, “A Internacional”, o papel da guerra imperialista e a necessidade de lutar, dentro do próprio país, pela revolução socialista:


"Quer dizer que, segundo aceita Marx, nem a luta de classes nem a guerra caem do céu, mas são conseqüências de profundas causas econômicas e sociais e, portanto, não podem desaparecer periodicamente, como se suas causas ta houvessem dissipado no ar. Mas a luta proletária de classes não é mais do que a conseqüência necessária das relações de salários e do predomínio político de classe da burguesia E, durante a guerra, não só não desaparece a relação de salários, senão que, pelo contrário, sua pressão aumenta violentamente pela especulação e a febre de empresas que florescem no terreno fertilíssimo da indústria de guerra, assim como a pressão da ditadura militar sobre os operários. Não termina tão pouco durante a guerra o domínio político da burguesia como classe, ao contrário, em virtude da supressão dos direitos constitucionais transforma-se numa franca ditadura de classe. E portanto se as fontes econômicas e políticas da luta de classes se agitam na sociedade com força dez vezes maior durante a guerra, como pode ter fim sua conseqüência imediata, a luta de classes? Pelo contrário, as guerras se produzem no período histórico atual pelos interesses rivais entre os grupos capitalistas e pelas necessidades de expansão do capital. As duas causas são molas que funcionam não somente quando troam os canhões, mas também no tempo de paz, com o que, precisamente, preparam a eclosão da guerra e a tornam inevitável. Mas a guerra é. . . somente "a continuação do política por outros meios". A fase imperialista do predomínio capitalista com sua corrida armamentista não só tornou a paz ilusória como, no fundo, implantou a ditadura do militarismo, a guerra permanente” [Die Internationale, abril de 1915, caderno, I, p.60].


Mesmo preso pelos traidores da social-democracia alemã, Karl Liebknecht mantinha sua convicção, permanecendo na linha de frente na defesa dos interesses dos trabalhadores:


"Presídio, perda dos direitos de honra. . . Bem! Vossa honra não é a minha. Eu vos digo que nunca um general vestiu com tanta honra um uniforme como vou eu vestir o uniforme de presidiário. . . Estou aqui para acusar e não para defender-me!. . . O acusador chamou o povo contra mim. . . Ah! Não se limitem a dizê-lo em palavras, não se limitem a dizê-lo só neste processo que, sob dez ferrolhos, se oculta ao povo. Tirem do povo a mordaça e as algemas do estado de sitio. Reúnam o povo, aqui ou onde os senhores queiram, e os soldados da frente, também onde queiram! E deixemos aparecer diante deles reunidos, diante de VOSSO tribunal, de um lado todos os senhores, toda a sala, os acusadores e também os cavalheiros que estão atrás, os senhores do Estado Maior, do Ministério da Guerra, do Departamento da Imprensa Militar, todos os cavalheiros que os senhores queiram. Do outro lado, eu sozinho ou sem um de meus amigos. NÃO TENHO DÚVIDA sobre de que lado se situará a massa do povo quando se descerrar diante de seus olhos o véu da mentira; se com os senhores ou comigo!"


Essa posição firme de Rosa e Karl, depositando até o fim sua fé na revolução a ser realizada pelos trabalhadores, acusando os oportunistas da Social-Democracia Alemã forjaram uma política revolucionária historicamente solidificada no conjunto da experiência da luta da classe trabalhadora. Lenin, que também compôs o campo revolucionário na II Internacional contra a guerra imperialista, viu na política de Karl o vigor revolucionário necessário contra os traidores da classe trabalhadora:


"Dizem-nos: parece que, numa série de países está tudo adormecido. Na Alemanha todos os socialistas, como um só homem, são partidários da guerra. Unicamente Liebknecht está contra. A isto respondo eu; esse Liebknecht representa a classe operária, nele em seus partidários o proletariado alemão deposita todas as suas esperanças. Não acreditais nele? Neste caso, continuai a guerra! Porque não há outro caminho. Se não tendes confiança em Liebknecht, se não acreditais na revolução dos trabalhadores, na revolução que está em gestação, se não acreditais em nada disto, então acreditai nos capitalistas! [Lenin, Guerra e Revolução, p.28, proferido em 27 de maio de 1917 em um distrito de Petrogrado]"


Tenhamos em grande consideração a vida e o comprometimento de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht na luta pelo socialismo que, assim, contribuíram enormemente com a experiência histórica da revolução proletária.


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https://www.marxists.org/portugues/tematica/rev_prob/12/liebknecht.htm

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Chamada para as atividades do comitê de Fernandópolis


 

Hoje, 15/01, às 19hrs, retoma-se as atividades do Comitê Fora Bolsonaro, em Fernandópolis.

O Comitê tem o propósito de discutir o panorama político e trazê-las à prática, sob a palavra de ordem "Fora Bolsonaro".

Todos são convidados e bem vindos.

Fernandópolis, 15 de janeiro de 2021.
Comitê Fora Bolsonaro Fernandópolis.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Editorial 12/01/2021 - A fina película democrática da esquerda para encobrir o Regime Golpista


A luta política do último ano não se desenvolveu no campo operário, não havendo grandes manifestações, greves ou passeatas. A desmobilização foi geral, fazendo que o centro da luta pelo poder no país se deslocasse do PT contra os golpistas para Bolsonaro contra os golpistas. A luta não era mais de matriz político, mas civilizacional. Era uma luta da ciência contra o obscurantismo. Criaram-se governadores científicos, criaram-se ministros científicos e toda a imprensa burguesa tencionou neste ponto para virar a página do golpe. 


A tensão artificial dos meios de comunicação, que nada mais é que uma forma de fazer campanha antecipada contra Bolsonaro sem realmente colocar a massa na rua para uma ação efetiva, foi alimentada por todo tipo de oportunismo eleitoral na campanha de 2020. Alguns poucos setores oportunistas conseguiram alguma migalha do sistema, enquanto a esquerda como um todo teve um retrocesso gigantesco. Os direitistas mais bárbaros como é o caso do DEM e do PSDB foram os vencedores absolutos das eleições, mas o avanço do Bolsonarismo como um bloco também ocorreu e mostra uma situação muito mais tensa para o futuro. 


Ainda hoje é esta tensão que impera dentro da situação política por causa do imobilismo da esquerda. Assim, a luta pela vacinação apenas apresenta o caráter específico desta disputa. É claro que fica muito difícil observar tal especificação neste caso já que a burguesia lançou uma campanha para intimidar todos. Trata-se de mais uma das campanhas “apolíticas”. O novo dogma burguês já vem com todo o poder político de esmagar da burguesia (vacinação obrigatória), que utiliza de todas as brechas possíveis para fazer o regime capitalista se tiranizar cada vez mais. Logo, as medidas sanitárias em diversos locais estão servindo muito mais para a consolidação de uma ditadura do que para tratamento medicinal: confinamento, restrição de liberdades e proibições de eventos públicos. 


A questão política é colocada de maneira muito rasteira e demagógica por Bolsonaro, que faz isso para evitar vitórias políticas de seus inimigos e concorrentes. Assim, os golpistas colocam um programa repressivo contra o povo sob a bandeira da luta contra o Covid19. O povo se revolta com isso e apenas escuta demagogias bolsonaristas para que os mais atrasados politicamente se iludam. Por trás de tudo isso, como um ruído bem baixo, está a voz oportunista da esquerda institucional papagaiando a Globo com o objetivo de dar uma fina película democrática aos golpistas em sua escalada para o poder. 


A vacinação, vista sob o ponto de vista marxista, deve pensar nas consequências de uma experimentação feita com alto controle de tempo e dados, algo que exigiria uma melhor preparação de todos os exames e infraestrutura para possíveis problemas que possamos ter com o aumento do número de complicações hospitalares. Assim, essa preocupação de mais cuidado com o povo, que surge normalmente entre a população, é deixada para o populismo barato bolsonarista. 


O bolsonarismo se utiliza da intuição do povo e guia sua política para se organizar com os problemas da vacinação e faturar politicamente, o que pode ocorrer mais facilmente nos processos de verificação e produção apressada de um medicamento. Neste momento, aparecerá a esquerda pequeno-burguesa para bradar Fake-News e teoria da conspiração.  


No campo da vacina, a esquerda esconde o jogo político real, colocando a questão de modo infantil e moral. Resultado final: fortalecimento de Dória e sua política. No campo da política, a esquerda institucional favorece o mesmo tipo de político golpista por estar a reboque cegamente desde que se deixou guiar exclusivamente pela propaganda pseudocientífica dos golpistas. 


O apoio a Baleia não é um processo desvinculado de toda a política da esquerda institucional: é a mesma lógica de ir atrás de uma saída burguesa para Bolsonaro. Nesse processo, o povo é rifado pela esquerda institucional que está disposta a ser cobaia dos senhores do golpe de 2016 e calar todos aqueles que não se submeterem a vacinação.  


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Quem são os oportunistas da esquerda? Os defensores do Baleia Rossi (MDB-SP)


No início de fevereiro, será definido o comando da mesa diretora da Câmara dos Deputados. A nova composição sucederá os trabalhos da presidência de Rodrigo Maia (DEM-RJ), sendo que a disputa para essas funções evidencia uma aliança da esquerda com os setores golpistas, manobra conhecida como Frente Ampla: uma frente da esquerda com a direita contra o Bolsonarismo.


A direita golpista (DEM, MDB, PSDB, PSL, PV, Cidadania, Rede) formaram essa coalização em torno do deputado federal Baleia Rossi para desbancar o bolsonarista Arthur Lira (Progressistas-AL). A esquerda, nesse sentido, vem articulando em apoiar o candidato do MDB para manter a oposição ao controle da Câmara pelos aliados do Bolsonaro. Assim, o PT, PSB, PDT e PCdoB procuram avançar nessa proposta.


Sem definir o apoio claro, os quatro partidos da esquerda lançaram em conjunto um manifesto dizendo que o eventual apoio ao candidato do MDB seria uma opção tática, explicando que “integrar esse bloco para derrotar o Bolsonaro não significa que abramos mão de qualquer das bandeiras que defendemos”. Para que o PT possa apoiar de fato o deputado Baleia Rossi, o partido exige que o candidato dê prioridade nos 50 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. A isso, a presidente do PT, Gleisi Hoffman comentou em entrevista à CNN: “Queremos pelo menos que isso não seja descartado. Que todas as medidas que a Constituição oferece em relação a contraçaõ de abusos e crimes praticados pelo governo sejam considerados: CPIs, convocações e inclusive o impeachment”.


Para continuar exemplificando a predileção pela política de Frente Ampla, temos a comovente fala do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL/RJ): “Existe algo em comum que nos une, e é muito maior que nossas diferenças: a crença nos valores do Estado democrático de direito e a certeza de que é nosso compromisso defendê-lo diante das ameaças explícitas do presidente da República”. Ainda, a deputada federal também do PSOL/RS, Fernanda Melchionna, nos dá a letra da salvação nacional por meio de seu Twitter: “A estratégia da esquerda da eleição da Câmara tem que ser derrotar o candidato de Bolsonaro. Todas as táticas são válidas, como lançar candidato para demarcar o programa. Mas forças ocultas querem igualar o candidato de Bozo ao campo de Maia para ajudar o Lira. O PSOL não cai nessa”.


“O PSOL não cai nessa e as forças ocultas”


As forças ocultas que o PSOL estão indiretamente criticando deve ser, uma delas, uma política realista e revolucionária. Um dos partidos centrais que articularam o golpe de 2016 contra o PT, retirando a presidente Dilma Roussef da presidência da República foi o MDB. O bolsonarismo foi, precisa ser dito isso, e continua sendo uma continuidade à extrema-direita da política dos partidos golpistas. Um pedido da presidente do PT para que o Baleia Rossi inicie a CPI contra o Bolsonaro chega até ser risível diante do regime político de exceção que estamos vivendo no qual a população não tem nenhum controle do processo político. Em oposição aos lunáticos da esquerda parlamentar, trazemos aqui a crítica certeira da companheira Dilma Roussef, dizendo ao Opera Mundi: “Tem alguém mais contra a democracia do que foi o (P)MDB nos últimos tempos?”.


Ao invés de construir uma frente única da esquerda, dos trabalhadores e oprimidos e excluir, isso precisa deixar claro, toda a direita golpista e bolsonarista, a esquerda mais uma vez capitula na sua política de migalhas jogadas pelos golpistas. Isso reflete, para a militância da esquerda, uma desmoralização sem limites e confunde a todos que estão ligados à esquerda. A formação da Frente Ampla na Câmara dos Deputados é uma capitulação que refletirá no arranjo eleitoral de 2022, levando a um candidato direitista (com ares de esquerdista) para que a esquerda oportunista (na realidade, seus dirigentes) apoiem-no sem nenhum pudor. Nesses termos, sem força política na base e mobilizatória em decorrência dessas capitulações parlamentares, o regime iniciado com o Golpe de Estado de 2016 continuará a se aprofundar cada vez mais, ao menos que a esquerda tome uma política independente para defender os interesses da classe trabalhadora, pelo Fora Bolsonaro e por um candidato que represente essa política independente que, ainda hoje, apresenta-se na figura do ex-presidente Lula.


https://www.brasildefato.com.br/2020/12/23/oposicao-articula-alianca-tatica-para-impedir-dominio-de-bolsonaro-na-camara

http://atarde.uol.com.br/politica/noticias/2152154-pt-quer-que-baleia-rossi-se-comprometa-a-considerar-pedidos-de-impeachment-contra-bolsonaro-antes-de-apoio-oficial

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2021/01/maioria-do-pt-deve-optar-por-baleia-rossi-diz-deputado.shtml

https://www.causaoperaria.org.br/nova-diretoria-prepara-privatizacao-do-botafogo/


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sábado, 9 de janeiro de 2021

Eleições nos EUA (11): A “invasão” do capitólio como operação de falsa bandeira


No dia 06 de janeiro de 2020, durante a cerimônia do Congresso dos Estados Unidos de certificação da vitória de Biden como Presidente, aconteceu um grande tumulto que recebeu ampla cobertura da mídia estadunidense e internacional. Tais acontecimentos serviram para intensificar às críticas ao presidente Donald Trump e está envolto em mais mistérios do que respostas.


O capitólio é o emblemático prédio da capital estadunidense inaugurado no ano de 1800 que serve como sede das reuniões do Congresso dos EUA, formado pelo Senado e pela Câmara dos Representantes. No capitólio aconteceu um misto de protesto, conflito e apresentação performática que levanta um conjunto de dúvidas de quais são os reais interesses em torno desses acontecimentos. O termo em latim a ser utilizado é “cui bono?”: quem se beneficia disso?


Se a comprovação de fraudes é algo que demanda maiores investigações, ao menos as eleições de 2020 nos EUA foi resultante de um conjunto de irregularidades. O próprio sistema político estadunidense é demasiado complexo e confuso, de modo que a nação que se autointitula como a maior democracia do mundo não garante o instituto do voto popular por maioria absoluta. Ao contrário, não reconhece a soberania popular, mas sim a soberania de seus 50 estados federados.


No dia 06 de janeiro, a sessão de certificação do congresso previa que cada um dos estados dos EUA teriam direito a até duas horas para apresentar provas da legitimidade ou falta dela nas eleições em sua unidade federativa. Na sequência seria realizada a deliberação pela certificação ou não de Binde como Presidente. 


Aquele era o momento adequado para apresentação de provas que pudessem denunciar fraudes eleitorais e havia manifestantes pró-Trump no espaço externo do Capitólio. No exato momento em que iniciaria a apresentação de evidências de fraudes eleitorais no estado de Arizona, as três camadas de camadas de segurança do Congresso, até então consideradas instransponíveis, foram rompidas (ou liberadas) e adentraram um conjunto de figuras no mínimo excêntricas que inviabilizaram a continuidade da sessão e as possíveis objeções ao processo eleitoral. Muitos são os relatos de que parte dos manifestantes entraram com muita facilidade no Congresso, rompendo todos os controle existentes.


Um desses personagens foi um homem com o corpo tatuado com figuras místicas de origem celta, com a cara pintada com as cores da bandeira dos EUA e com um chapéu de pelo de animal e chifres. Esse mesmo homem andou tranquilamente gritando em um amplificador de som e segurando uma bandeira dos EUA pelas instalações do capitólio, ocupando até o púlpito da sala principal em determinado momento. Descobriu-se depois que esse cidadão que foi considerado pela mídia como o “Viking pró-Trump”, trata-se de Jake Angeli, um ator e dublador contratado para realizar performance em manifestações nos EUA. A BBC disse que Angeli trata-se de um representante de uma seita violenta chamada “tribalismo masculino”, mas na realidade ele participou de diversas manifestações dos Antifa e Black Live Metters antes do evento do dia 06 de janeiro que o deixou conhecido em todo o mundo [1]. 


Biden tem dito abertamente que tem três prioridades para o seu governo: 1) o combate do COVID-19; 2) a agenda verde de descarbonização, marcada pela desindustrialização da humanidade e promoção de tecnologias sustentáveis caras e pouco eficientes; 3) e o ajuste de contas com Rússia e China. Esses são meios para se alcançar o que Biden chama de retorno dos EUA à liderança do mundo, algo que segundo o futuro Presidente diminuiu bastante nos quatro anos de presidência de Donald Trump.


Concretamente, os eventos no capitólio não beneficiaram Trump. Os acontecimentos amplamente cobertos pela mídia hegemônica e transmitidos para todo o mundo beneficiram Joe Biden, Kamala Harris, os membros do partido democrata, todo o aparato do deep state e os interesses do imperialismo. 


Com a confusão, os correligionários de Trump não foram capazes de apresentar as provas de fraude eleitoral no Congresso. A mídia hegemômica reforçou nos EUA e no mundo a ideia de que Trump é um ditador autoritário e populista que incita as massas à violência e que não respeita as instituições democráticas. Imediatamente os membros do partido democrata passaram a ser porta-vozes de um impeachment contra Trump antes do dia 20 de janeiro, com amplo apoio dos meios de comunicação. A mandatária do Partido Republicano, Nancy Pelosi, tem pedido em público que os generais dos EUA tirem os códigos de armas nucleares de Trump, insinuando que ele pode atacar o próprio país. 


Facebook, Twitter e outras plataformas de redes sociais ligadas à estrutura do deep state bloquearam as contas de Donald Trump por tempo indeterminado, algo comemorado pela esquerda brasileira. Esse ato de censura contra o presidente legitimamente eleito da nação mais importante de todo o mundo mostra o quanto se constituem institutos discretos fascistas ao estilo daquilo que foi pensado pelo do agente do império inglês e funcionário da companhia britânica das índias orientais Aldous Huxley, quando em 1932, no limiar da ascensão do nazismo, tratou em seu romance Admirável Mundo Novo sobre a criação de um campo de concentração sem lágrimas. 


A vice-presidente Kamala Harris é representante oficial das empresas de big tech do Vale do Silício e deve garantir que essas grandes corporações tenham total autonomia para fazerem a supervisão e o controle de todas as pessoas do mundo durante o governo Biden. Isso deve refletir em uma forte censura aos partidos de esquerda e aos movimentos de luta dos povos em todo o mundo nos próximos 4 anos.


Esse quadro no entanto não altera o aprofundamento das contradições de classe nos EUA. Com o aprofundamento da crise no país que é sede dos interesses imperialistas, intensifica-se a guerra civil.


[1] As agências privadas que trabalham para identificar "Fake News", ou seja, as agências da "verdade" estão dizendo que Jake Angeli sempre participou do movimento Q'Anon em oposição ao movimento antifa. De qualquer modo, esses grupos que se autointitulam contra "Fake News" colaboram, em última análise, na censura de todo e qualquer tipo de informação que não seja adequada à "verdade" política que eles querem propagandear naquele momento por motivos políticos. No fim, toda e qualquer imprensa independente e de denúncias contra as agressões do imperialismo poderá ser criminalizada porque não estão de acordo com a "verdade".


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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Editorial – 04/01/2021 Alta dos preços pode ser incontrolável em uma situação de desabastecimento


Os jovens brasileiros não passaram pelo desabastecimento geral que ocorreu durante o final da Ditadura e início da Democracia, então muitos talvez considerem a ideia de um desabastecimento fora do real, sem saber que até o início dos anos 1990 o país estava passando por uma crise fiscal e monetária que desorganizava toda a produção e gerava escassez. 


A escassez, que também pode ser uma arma econômica de um país imperialista contra seus inimigos como o caso da Venezuela, aqui tem sido um produto da devastação econômica causada pelo Golpe de Estado de 2016. A desestruturação de amplas cadeias de produção como o Petróleo (Petrobrás), a Construção Civil (Odebrecht) e a Indústria Alimentícia (JBS) paralisaram os demais complexos de produção, isso em um ambiente de liberação e abertura econômica para o saque e a exploração do país. Assim, agora estamos vendo um momento que pode ser de desfecho político mais agudo, que foi agravado com a derrocada do Covid-19. Estamos vivendo em um momento de alta de preços, com produtos em preços de escassez e outros com altas que podem colocá-los neste patamar em breve.

 

Apenas em novembro, as carnes tiveram alta de 6,54%, a batata-inglesa subiu 29,65%, o tomate teve alta de 18,45%, o arroz (6,28%) e o óleo de soja (9,24%). Entre os combustíveis, neste mesmo período, a gasolina subiu 1,64%, com sua sexta alta consecutiva, e o etanol (9,23%). 


O que podemos esperar de 2021? Com a falta de estruturação do Estado Brasileiro em ajudar o setor produtivo do país, podemos esperar que a escassez vai ser utilizada para impor aos trabalhadores uma perda. E tal ausência de postura estatal pode causar uma crise geral que pode causar desabastecimento total.


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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...