sexta-feira, 31 de julho de 2020

Usar as escolas como restaurantes de campanha, não como disseminador da doença: não a volta às aulas!

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As pressões realizadas predominantemente pelo setor empresarial da educação colocaram a questão da necessidade da volta às aulas no próximo período, mesmo com o país em franca ascensão dos casos de Covid-19. A discussão, que se traveste de argumento pedagógico por meio da perda do ano letivo, não toca nos pontos centrais de uma solução ao problema da epidemia: as escolas públicas são o aparelho público com maior capacidade de serem utilizadas para a luta contra a Covid-19. 

A infeção viral é de difícil controle e o povo brasileiro não deve ser considerado o culpado das transmissões como faz parte da esquerda que ecoa a farsesca campanha do #Fique em Casa, pois os trabalhadores e comerciantes são desassistidos e dependem de sua própria atividade para a sobrevivência. Deste modo, as multas e perseguições aos setores que estão buscando uma alternativa para se salvarem não funcionam, servem apenas para normalizar um estágio de perseguição popular. 

O povo não deve ser maltratado e penalizado, precisa de leitos, comida e equipamentos de proteção. Tudo isso deveria estar sendo disponibilizado pelo Estado em uma campanha capilarizada, chegando em todos os bairros por meio do único espaço capaz de atender o povo, as escolas públicas. Todas elas deveriam estar sendo utilizadas como Hospitais de Campanha, como restaurantes populares, moradias temporárias para desabrigados e pontos de entrega de álcool gel e máscaras.

Não há política contra o contágio, assim todo tipo de resguardo é legítimo e os professores estão certos em serem contra a volta as aulas por não terem nenhuma garantia para o exercício de sua profissão. Apesar disto, é uma forma muito individualista e limitada, o povo só vai ser salvo por uma política de atuação ampla centralizada pelo Estado, único órgão capaz de chegar em todos os rincões do país com hospitais e suprimentos.   


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Os juízes são contra o povo: o caso do excelentíssimo desembargador acima da Lei

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No último sábado (18), na praia de Santos, o desembargador Eduardo Almeida Prado xingou o Guarda Municipal Cícero Hilário Roza que multou o juiz por não usar máscara e descumprir a ordem.

Na ocasião, o juiz ofendeu o guarda Cícero, chamando-o de "analfabeto" numa suposta ligação com o Secretário de Segurança Pública de Santos Del Bel. Desmerece o guarda municipal, perguntando-lhe: "o senhor sabe ler? Então leia bem com que o senhor está se metendo". Logo após, ao receber a multa, o excelentíssimo juiz pegou-a com as mãos, rasgou-a e jogou no chão, como se aquela medida imposta ao excelentíssimo desembargador não tivesse validade nenhuma e quem quisesse repreendê-lo seria muito ignorante, já que o excelentíssimo é um conhecedor das leis e os meros mortais não teriam o mesmo conhecimento absoluto do magistrado.

O mesmo desembargador já estourou o tímpano do advogado Roberto Mehanna Khamis. Esse advogado processara o excelentíssimo por este ter ofendido sua honra em uma audiência. Por conta desse processo, o excelentíssimo desembargador certa vez encontrou o advogado Mehanna Khamis na mesma praia de Santos e desferiu-lhe tapas no rosto, atingindo a entrada do canal auditivo e deixando o advogado surdo.

É preciso entender esses acontecimentos não como um fator isolado. Os juízes (e desembargadores) são uma casta social necessariamente conservadora dentro da burocracia estatal. Eles servem para manter a ordem em sede do Estado burguês, manter a existência da propriedade privada e combater seus inimigos (bandidos), encarcerando-os. Politicamente, enquanto ausente de interesse de classe por pertencer a pequena-burguesia e defender, no cargo, os interesses burgueses, não se enxergam enquanto povo já que "organiza" e julga o povo, nem são burgueses, já que apenas servem ao interesse da manutenção jurídica do capital sem obter seus ganhos diretos. É, portanto, uma classe extremamente confusa e alienada perante a dinâmica da luta de classes, o que justifica seu conservadorismo.

Em razão de ocupar esse papel social, os juízes são facilmente manipuláveis por ideologias conservadoras, cargos políticos ou mérito de qualquer tipo, muito porque não tem princípios de classe para defender, vendendo-se para qualquer título, cargo ou mérito. O Mussolini de Maringá (ex-juiz Sérgio Moro) é um grande exemplo disso. Fora articulado pelo FBI (vazamento do The Intercept) para prender sem provas o ex-presidente Lula nas eleições presidenciais de 2018, alçando à presidência o fascista do Jair Bolsonaro que premiou o Mussolini de Maringá com o cargo de Ministro da Justiça, que logo abandonou, para provavelmente desenvolver uma carreira política para a direita golpista.

A população, diante desses excelentíssimos, é constantemente humilhada e quando esses nobilíssimos senhores ganham certa relevância política, defendem a burguesia como se fossem mercenários. Uma reivindicação democrática e popular necessária é a cassação e investida a qualquer tempo de magistrados pelo povo. Medida democrática básica que impede a população ser julgada por esses facínoras que acreditam estar acima do povo, que prendem pobres e negros por profissão, sendo verdadeiros capachos do interesse dos capitalistas.

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quarta-feira, 29 de julho de 2020

A Luta pelo Fora Bolsonaro em Fernandópolis

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Na manhã do dia 18 de julho, ocorreu a 3ª reunião do Comitê Fora Bolsonaro de Fernandópolis. A reunião pública na Praça da Matriz da cidade, contou com a participação de professores e sindicalistas partidários do PT, Solidariedade e PCO. Também foram afixados cartazes pelo Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas, Abaixo o Escola com Fascismo, além de outros.
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Arte-convocação para a 3ª reunião compartilhado nas redes sociais e em grupos de Whatsapp.

Na ocasião, foram discutidas as diretrizes políticas do Comitê e as pautas para a próxima reunião. Como este jornal apoia a formação dos Comitês de Luta pelo Fora Bolsonaro, foi também apresentado e distribuído o material do jornal com matérias explicando a necessidade de formação dos comitês diante da paralisia da esquerda e explicando que as eleições farão refluir o movimento popular pelo Fora Bolsonaro.

A 3ª reunião pública teve grande êxito em estabelecer acordos com outras organizações populares para a composição de forças na tarefa de promover a agitação política pelo Fora Bolsonaro, esclarecer a população do caráter antipovo desse governo e continuar agregando os setores mais esclarecidos da população para a luta.

O Farol Operário fica à disposição do Comitê Fora Bolsonaro para fornecer materiais, cartazes para serem colados e sua estrutura jornalísitca para impulsionar o movimento. Para nós, a luta popular real deve continuar e não se deve recuar nenhum milímetro perante a direita golpista.

Para quem quiser participar da 4ª reunião do Comitê Fora Bolsonaro em Fernandópolis, contate o Farol Operário pelo e-mail farol.op17@gmail.com.

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terça-feira, 28 de julho de 2020

Por que contribuir financeiramente com a imprensa operária?

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O Farol Operário mantém as atividades do seu Comitê de Redação pela venda de jornais nas ruas e pelo link do Apoia-se

A imprensa operária é uma ferramenta da classe trabalhadora para denunciar os ataques dos capitalistas contra o povo, ou seja, é uma imprensa que combate a mídia tradicional. Dessa forma, enquanto a burguesia utiliza os veículos de comunição tradicionais como sua ferramente ideológica, o povo só pode contar com uma imprensa que defende seus interesses e que não seja financiada pela burguesia. Só dessa forma é possível desenvolver uma independência política, de pensamento e crítica.
O problema, no entanto, apresenta-se no sentido de como financiar a imprensa operária, já que os jornalistas não recebem nenhum centavo da burguesia. Não recebem porque as matérias jornalísticas produzidas chocam-se com o interesse político e econômico dos capitalistas, portanto não há o que se cogitar em ser bancado pelos burgueses. Dessas considerações, pode-se concluir que uma imprensa financiada pela burguesia jamais será operária e jamais será independente, porque apenas reproduzirá e defenderá a política burguesa.
No Brasil, só como exemplo, apenas algumas famílias concentram todo o empreendimento midiático do país. A Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, a Veja etc. são expressões desse oligopólio midiático e, em maior ou menor grau, defendem a mesma política, ou seja defendem a direita e seus partidos. Por esses jornais, não é claro uma análise crítica dos acontecimentos. Esses jornais apenas se apresentam como “imparciais”, como se somente noticiassem os fatos sem discutir sobre eles. Obviamente, quem apresenta notícias “imparciais” sem qualquer contraditório, oposição ou crítica está, na prática, defendendo um único ponto de vista e, nesse caso, o ponto de vista da burguesia.
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Em 1964, o jornal "imparcial" o Globo defendeu abertamente o golpe de Estado pelos militares.

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Lembrando que nos Editoriais (seção de opinião do jornal) do O Globo, Estado de São Paulo e Folha de São Paulo houve a defesa expressa do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef. De certo, uma maneira imparcial de defender o golpe de Estado.
Diante dessa perspectiva hegemônica imposta, há a necessidade de defender um jornal com um ponto de vista diverso, oposto. Quando a imprensa burguesa diz que é “imparcial” isso em nada significa, ela apenas está tentando valorizar e legitimar seu conteúdo de autoridade. Quem deve fazer um balanço se um jornal tem ou não valor é a própria população, mas para isso, deve lançar mão de um ponto de vista contrário, ter em mãos um jornal operário. Sem isso, obviamente a imprensa corrente passará por “verdadeira”, “legítima” e “imparcial”, propagandas que fazem com que a população não leia outro tipo de conteúdo, senão o da “mídia imparcial”, que é totalmente parcial, conforme vimos acima.
O jornal operário, portanto, é uma ferramenta social que amplia a experiência da democracia popular, porque materializa a perspectiva crítica, diversa da ditadura informacional dos grandes monopólios de comunicação. 

Contribua com o Farol Operário

O jornal Farol Operário, abertamente de orientação política marxista, defensor das lutas e organizações populares, portanto, crítica, desenvolve-se nesse contexto e depende exclusivamente do apoio financeiro dos trabalhadores para continuar existindo. Nós contamos com material audiovisual e escrito nas redes sociais (Facebook e Instagram) e com um blog, local onde se concentra nossas matérias escritas.
Em decorrência de atividades políticas desenvolvidas em Fernandópolis e Ribeirão Preto, seja nos comitês Fora Bolsonaro, atuação nos sindicatos ou em partidos políticos da esquerda, sempre precisamos de contribuição para custear nossas folhas volantes e, por ora, de recursos para continuarmos transmitindo nosso conteudo audiovisual nas redes.
Para nós, a contribuição não precisa ser vultuosa e de uma só vez. É preferível, para que consigamos arrecadar mês a mês, uma assinatura solidária o quanto puder no site Apoia-se já nos ajuda muito a continuarmos o nosso trabalho e que o comitê redacional não tenha que paralisar em decorrência de problemas por problemas em nossas máquinas ou nas impressoras. Se conseguirem realizar assinaturas solidárias, podemos também enviar brindes, imãs em defesa das torcidas antifascistas, em homenagem à Marielle Franco, do Lula Livre etc.
Para tanto, contribua acessando o link: https://apoia.se/faroloperario e apoie a nossa luta.
*O Apoia-se recebe contribuições por cartão de crédito e por boleto bancário.

Rafael Suzuki
Comitê de Redação do Farol Operário

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Editorial 27/7/2020: Imperialistas admitem imperialismo

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Elon Musk não faz uso de uma ideologia colonialista que afirma que o europeu, o colonizador é superior e vai trazer a civilização para os países dominados. Não afirma que o governo da Bolívia era ditatorial e a intenção do golpe era proteger a democracia. Não procura dizer que o golpe na Bolívia é fruto de conflitos internos do país.

 Elon Musk simplesmente fala: "eu dou golpe em quem eu quiser, se eu quiser roubar o lítio da Bolívia, eu vou la e roubo". 

O imperialismo está nu: a lei do mais forte, que é a verdadeira lei que rege a sociedade desde sempre, está escancarada. Não há justificativa, não há ideologia, não há religião que possa esconder isso. A máscara caiu. Só a força é que conta. É o que contou para derrubar o governo popular de Evo. É o que contou para derrubar Dilma e inúmeros outros governos pelo mundo, e é o que levou à prisão de Lula. A única linguagem que a burguesia entende é a força.
Isso mostra duas coisas: primeiro, a podridão da política da esquerda pequeno burguesa, que luta por ideias abstratos como democracia, "somos 70%", em aliança com a direita. A direita nada mais é do que um punhado de colaboracionistas, submissos ao império. Não existe razão ou argumentação para a direita, só a força.

Segundo, mostra que a classe trabalhadora pode, e deve, se impor pela força. Se quisermos impedir os Elon Musks, os Bill Gates, os Zuckbergs, os Bezos, os Soros ou os Kochs, dentre tantos outros, de roubar nossos recursos naturais, precisamos nos impor! E uma coisa é certa: a organização da classe trabalhadora como força política é um gigante que nenhuma organização burguesa, nenhuma organização da classe dominante pode enfrentar.

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domingo, 26 de julho de 2020

Por dentro do ato do Largo da Batata- uma visão de um marxista

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Veja aqui um pouco do relato de um militante marxista que participou do ato antifascista e pela democracia realizado no Largo da Batata no dia 07/06/2020. Para manter a fidelidade do relato, mantivemos aqui a forma como nos foi repassado:

Farol Operário: E aí, foi na Paulista?
“Mudaram pro largo da batata. Eu fui, mas achei bem desmobilizante. Fiquei algumas horas, perguntei se o ato ia andar pra um pessoal com colete da Conlutas e não sabiam dizer. 
O carro de som era da CTB e tinha adesivado aquele movimento Estamos #Juntos que é de um empresário parece. Tinha uma faixa da Democracia Corinthiana nesse carro de som. 
Estranhei que tinham pessoas com bandeira do Brasil e do Estado de São Paulo.”

Farol Operário: Você gostaria de fazer um relato, com as considerações políticas inclusive, falando se tinha gente com cartaz, panfleto, grupos realmente organizados e faixas?
“Tinha organizações que identifiquei, como bandeiras da UNE, UEE, MTST, Democracia Corinthiana, PSTU, PSOL, Esquerda Marxista, Diálogo e Ação Petista. 
A maioria eram pessoas soltas, desde anarquistas até pessoas que foram com boné do MST, camiseta do PT, camiseta do Corinthians ou Democracia Corinthiana, mas não sendo da organizada. Senti falta de uma bandeira bem grande do PT, ao mesmo tempo me senti estranho em estar em um ato com bandeiras do Estado de São Paulo e do Brasil, inclusive tinha pessoas com bandeira do Estado de São Paulo tatuada. 
Estranhei também o movimento Estamos #Juntos adesivado no carro de som, talvez por isso o PT não tenha abraçado esse ato por não compactuar com essa confusão misturada com a direita. O ato também teve um clima de desmobilização, com palavras de ordem extremamente genérica. 

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A nação brasileira sob ataque de uma guerra híbrida

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A partir do ano de 2003, com o início do governo Lula o povo brasileiro vivia uma onda de esperança associada as melhorias das condições internas e do protagonismo do país no âmbito internacional. Naquele momento o Brasil se associava ao BRICS, parceria estratégica de nações emergentes do terceiro mundo. Após 8 anos de governo Lula, em 2011 inicia o governo de Dilma Roussef e a vice presidência da república que antes era exercida por José Alencar, um industrial do estado de Minas Gerais, passa a ser exercida por Michel Temer, um político conhecido menos pelos seus votos e mais por articulações e negociações indecorosas. Temer era de São Paulo, centro financeiro e símbolo do capital especulativo do Brasil e de toda a América Latina.

A partir de então o que se vê é uma sucessão de eventos marcados por um forte protagonismo dos aparatos policial e judicial, críticas ininterruptas ao governo dos canais de comunicação hegemônicos e estranhas manifestações nunca antes vistas e cujo epicentro foi São Paulo. Tudo isso levou a uma crise política e econômica que criou condições materiais a um golpe que ainda permanece em curso e que coloca o Brasil enquanto nação e o povo brasileiro em condições cada vez mais degradantes de vida e de sociabilidade. Cabe desvendar o quanto esse processo é resultado de uma articulação de setores da elite interna e o quanto é consequência de ações internacionais. Nesse contexto recebe destaque o conceito de guerra híbrida.

A guerra híbrida remete à guerra em uma de seus estados mais perspicaz e profundo, já que não implica em conflitos bélicos diretos. Não há declaração de guerra, soldados, tanques, operações militares ou disparos de armas ou explosões de bombas. Ao contrário, o que se vê é o uso constante de informação e inteligência, estratégias de comunicação, sabotagens, gestação de crises e a legitimação de governos paralelos. Em 2009 Honduras e em 2012 o Paraguai foram vítimas de um golpe. Nos últimos vinte anos a Venezuela tem sido vítima constante de ações imperialistas. Recebe destaque o quanto esses exemplos obedecem um padrão e uma dada racionalidade que também tem se reproduzido em outros pontos do globo terrestre e em especial no Brasil.

Um dos elementos fundamentais de uma guerra é a imposição de condição de derrota à determinado um povo, fazendo com que esse não tenha condições de articular qualquer medida conjunta que leve ao exaltação de sua sociedade e nação. Aos vencedores cabe o direito de determinação do futuro dos derrotados. Essa lógica também se aplica às guerras híbridas e por isso elas se caracterizam também como guerra e não como algo diferente disso. O caráter híbrido dá-se pelo uso de estratégias das mais variadas como as revoluções coloridas, golpes de estado, troca de regimes políticos, controle mental e promoção de crises econômicas, dentre outros. Assim a guerra recebe um forte valor simbólico que destrói elementos conceituais de uma nação. Com isso a guerra híbrida se caracteriza como uma guerra de sentidos.

Em 2001, os Estados Unidos lançou a doutrina de guerra preventiva, estabelecendo que caberia um ataque preventivo como advertência a ameaças, ainda que essas possíveis ameaças não tenham evidências ou concretude real. A partir desta doutrina, por exemplo, que os Estados Unidos iniciou um ataque ao Iraque em 2003, estabelecendo vínculos nunca comprovados de associação entre o regime de Saddam Hussein e os eventos de 11 de setembro. Na perspectiva da doutrina de guerra preventiva qualquer nação, povo, grupo ou regime político pode ser tratado como inimigo em potencial, sendo alvo de ataques e eliminação.

No governo de Barack Obama, em outubro de 2014, os Estados Unidos anunciou um novo conceito operativo militar para o período de 2020 a 2040 chamado: Win in a complex World (Vitória em um Mundo complexo). Este conceito militar estabelece uma ideia de guerra permanente e impossibilidade a distinção entre momentos de guerra e paz, na medida em que subverte a ideia de um campo de batalha como um espaço físico onde diferentes exércitos se confrontam a fim de ocupar territórios. Ataques passam a ser imprevisíveis e até mesmo invisíveis, gerando um ambiente nebuloso que impossibilita a defesa daqueles são atacados. Esta nova estratégia militar gera uma guerra difusa, porém em alguns casos pode ter contornos mais claros, como, por exemplo, com a criação de agrupamentos paramilitares para desestabilização de regimes em Kosovo ou na Ucrânia. Este mesmo movimento é possível ser observado nas ações do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS), o qual sempre contou com financiamentos, aparatos e contingentes oriundos do ocidente.
A nação brasileira precisa compreender a guerra hibrida para poder enxergar aspectos de sua crise que vão além da vontade de uma elite local. Para isso é necessário reconhecer que o Brasil não está isolado de um conjunto de ações que acontecem em nível global e que objetivam obstruir qualquer iniciativa política autônoma que se distanciam de interesses representados na figura dos Estados Unidos.

Nesses termos, cabe a nação brasileira aceitar que os fatos recentes não resultam de processos espontâneas e que pertencem a uma agenda internacional que nos coloca em condição de vítimas de um ataque estrangeiro e que gera a necessidade de construção de uma estratégia de defesa.

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Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...