terça-feira, 15 de março de 2022

Todo apoio aos povos russos e ucranianos em sua luta contra o imperialismo!

Todo apoio às milícias populares do Donbas


A esquerda brasileira, acompanhando a imprensa imperialista mundial e brasileira, tem majoritariamente caído em uma posição de apoio ao imperialismo no conflito que acontece neste momento na Ucrânia. Segundo esta posição, que o imperialismo tenta fazer parecer verdadeira, a Rússia teria invadido a Ucrânia ou sem nenhum motivo, ou então, em teorias mais bem acabadas, por conta de a Rússia ser um país imperialista também, que quer reunificar o Império Russo findo em 1917 com a Revolução Russa. Nenhuma das justificativas são minimamente verdadeiras.

Putin não deseja conquistar a Ucrânia e anexa-la ao território russo. Da mesma forma, Putin não está massacrando a população ucraniana e tem levado adiante uma série de manobras militares tão bem pensadas e realizadas, que o número de mortes (a maioria esmagadora de militares) rivaliza com o número de mortes ocorridos em Petrópolis, culpa da falta de recursos estatais destinados a obras públicas.

A invasão por parte da Rússia tem outros motivos e tem muito mais a ver com a autodeterminação dos povos e a luta da população do Leste-Europeu contra o imperialismo do que o que tenta fazer parecer parte da esquerda brasileira alinhada ao imperialismo, como praticamente todo o PSOL, o PSTU muitas correntes internas do PT.

2014: o golpe de estado que deu origem a um genocídio

O governo ucraniano até 2014 era comandado pelo nacionalista (não no sentido nacionalista de direita, mas sim no sentido de um político alinhado aos interesses nacionais da burguesia da Ucrânia), Viktor Ianukovytch. Ianukovytch era alinhado à Rússia, mas tentava até o final de 2013 costurar acordos com o FMI, acordos estes que levariam a Ucrânia um desastre econômico sem igual. O que era pedido pelo FMI praticamente acabava com qualquer tipo de aliança econômica entre a Ucrânia e a Rússia, o que era praticamente impossível de ser aceito por conta da proximidade histórica e estratégica de ambas as nações.

As imposições do FMI não eram sem nenhum objetivo e tinham o intuito justamente de não permitir que o governo em questão conseguisse empréstimos, se aproximando de um acordo com os bancos russos.

Ao mesmo tempo, discutia-se a possibilidade de que a Ucrânia entrasse na União Europeia. Com outra série de exigências absurdas, Ianukovytch pediu uma suspensão das conversas por algum tempo.

Com isso, uma série de protestos com vários elementos de extrema direita se iniciaram no país, com o que ficou conhecido como “Euromaidan”. 

As manifestações eram fortemente apoiadas por membros da União Europeia e dos EUA, principalmente. Muitas foram as participações de membros do governo dos EUA nas manifestações, falando nos atos e incentivando os manifestantes a derrubarem o governo.

Tais participações, da extrema direita e dos governos imperialistas, podem ser vistos em documentários, inclusive de países imperialistas como a França e EUA. Postaremos aqui dois deles:

https://www.youtube.com/watch?v=XAWedhn1kBk

https://www.youtube.com/watch?v=D4a4ULXed_0


Política da Ucrânia após o golpe


Três regiões se levantaram após o golpe de estado. A mais famosa foi a região da Crimeia, não por conta do levante em si, mas muito por conta da votação em referendo pela separação da região e posterior união com a Rússia. O imperialismo buscou utilizar muito o episódio para tentar provar como a Rússia tentava anexar uma parte da Ucrânia, mas, a realidade é que a própria população não quis mais permanecer na Ucrânia.

Também vale lembrar que a Crimeia sempre foi russa e somente foi parar no território ucraniano por conta de um erro gigantesco da burocracia soviética na década de 80, que praticamente doou o território a outra região.

Também vale a pena lembrar que praticamente metade da Ucrânia é formada por povos russofonos, ou seja, que falam o idioma russo e se reivindicam como russos, não como ucranianos.

As outras duas regiões que conseguiram se levantar (Odessa parecia ir para o mesmo caminho, mas um ataque criminoso à população, que colocou fogo em 39 manifestantes de esquerda em 2014, fez com que a população não se levantasse com medo) foram as regiões de Donetsk e Lugansk, que se declararam independentes.

Desde então, a Ucrânia levou adiante um verdadeiro genocídio contra a população destas duas regiões, o que nos últimos 8 anos não levantou uma única palavra de repúdio à Ucrânia por parte do imperialismo.

A Ucrânia também se aproximou muito do bloco imperialista, lógico, por conta do governo fantoche colocado pelo imperialismo na região. 

Nos últimos meses, a Ucrânia ameaçou de integrar a OTAN, o que não só era um posicionamento que levaria muito risco à segurança russa por conta de sua proximidade do país, assim como levaria adiante uma política contra a própria população ucraniana, contra Lugansk e Donetsk e contra quem ousasse se levantar contra a organização que mais fez vítimas na história da humanidade.

Putin tentou ao máximo realizar um acordo com os ucranianos, que já haviam feito um acordo antes de não bombardear Lugansk e Donetsk, nos chamados Acordos de Minsk. No entanto, nem mesmo os acordos de Minsk haviam sido respeitados e a Ucrânia parecia mesmo querer integrar a OTAN.

O que fez, no entanto, Putin invadir a Ucrânia foi o fato de que o presidente Vladmir Zelensky disse que pensava em voltar a produzir armas nucleares, o que colocaria em risco toda a população de ambos os países.

Putin, então, reconheceu a independência de ambas as repúblicas populares, Lugansk e Donetsk, além de entrar no país vizinho para proteger esses povos e exigir que a Ucrânia não entre na OTAN.

É preciso que todos os setores de esquerda, todos aqueles que lutam contra a opressão imperialista e todos os que são a favor da autodeterminação dos povos se coloquem contra a expansão da OTAN e contra a política imperialista que provocou o conflito entre Rússia e Ucrânia. É preciso se colocar ao lado da burguesia nacional russa que, neste momento, cumpre um papel extremamente progressista contra o imperialismo.

Não se trata de uma guerra contra os ucranianos, mas sim, um conflito que visa, inclusive, libertar o povo do país contra o golpe de estado de 2014 e as milícias nazistas que fazem parte do governo ucraniano.

Isso, inclusive, tem muito a ver com o Brasil, já que muitos grupos de extrema direita foram fazer treinamentos na Ucrânia, o que é inclusive abertamente dito por Sara Winters, a ex-liderança do grupo fascista “300 do Brasil”.

É preciso também dizer que o imperialismo é o maior genocida do mundo e que não há uma única reclamação por parte da imprensa internacional.

Os boicotes contra a Rússia são gigantes e vão desde questões econômicas contra o povo russo, até a retirada da Rússia da Copa do Mundo do Qatar de 2022. Nós devemos veementemente nos colocar contra as sanções à Rússia.

É também preciso lembrar que nas últimas semanas toda a esquerda identitária pediu que o apresentador do Youtube, Monark, fosse queimado nas fogueiras da nova inquisição por dizer que era favorável a que qualquer partido fosse legalizado, inclusive os partidos nazistas. Quando se trata de uma opinião, ela não deve ser permitida. No entanto, quando a Rússia luta contra os fascistas e nazistas de verdade, ai a esquerda identitária fica ao lado dos nazistas contra a Rússia. 

As redes de televisão russas vêm sendo amplamente boicotadas, com o Youtube, o Twitter, o Instagram e outras redes proibindo a Sputnik e a RT em territórios europeus, mas, ao mesmo tempo, o Facebook permitiu que elogios aos nazistas do Prav Sektor durante a guerra, demonstrando novamente que quando a burguesia precisa, ela lança mão da extrema direita sem problema algum

 

 

segunda-feira, 14 de março de 2022

Os genocídios cometidos pelo imperialismo em guerras nos últimos anos

A fome que o imperialismo obriga os iemenitas a passarem é tão dura quanto a chuva de bombas diária

A imprensa imperialista tem promovido a ideia de que Putin é um ditador sanguinário e que a Rússia está realizando a guerra mais sangrenta, mortífera e cruel deste século. A imprensa tem falado sobre essa guerra quase que 24 horas por dia, deixando de lado, inclusive, o tema preferencial de antes que era a pandemia de Covid-19. Ao assistir TV, os jornais passam a impressão até de que a pandemia deixou de existir com um estalar de dedos. A imprensa hegemônica brasileira segue essa mesma linha, tratando de reproduzir notícias da agência norte-americana Reuters, contando uma versão específica da história que aponta a OTAN e Volodymyr Zelensky como os mocinhos e a Rússia de Putin como os bandidos.

A versão da guerra promovida pela imprensa imperialista não explica as raízes do conflito e muito menos os acontecimentos que a antecederam. Pouco se fala, por exemplo, que a Ucrânia vivia uma crise econômica profunda, que houve um golpe de Estado em 2014 promovido pelos EUA na forma de guerra híbrida e revolução colorida, que se formaram células nazistas na Ucrânia de inspiração Banderistas (ideologia política promovida pelo líder nazista ucraniano na segunda guerra mundial Stepan Bandera) como o batalhão Azov, que queimaram vivos sindicalistas e oponentes políticos e que além de não cumprir os tratados de Minsk, atacaram incessantemente as repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk. O Estado ucraniano promoveu um ultranacionalismo xenófobo ao ponto de perseguir e assassinar russos. Ao querer entrar na União Europeia e na OTAN, Zelensky sinalizou uma ameaça nuclear imediata contra a Rússia.

Outro ponto importante é que essa ação militar na Ucrânia que Putin denominou como operação especial tem sido cirúrgica e ainda que aconteçam arbitrariedades e mortes de civis, o número de mortos e os bombardeios tem sido muito inferiores aos das guerras realizadas ou apoiadas pelos Estados Unidos durante o século XXI. Isso faz com que a guerra da Ucrânia fique ainda muito longe de estar entre as piores guerras do século. Esse título ainda é do imperialismo e é possível comprovar facilmente. Sem considerar outros conflitos que também tiveram o envolvimento direto ou indireto dos EUA, somente as guerras aqui citadas somam em torno de 3 milhões de pessoas mortas (chutando baixo).

Guerra no Afeganistão (2001)

Em 2001 os EUA iniciaram uma guerra desastrosa que durou 20 anos. A desculpa para a guerra foram os atentados do 11 de setembro. Os EUA conseguiram fazer toda uma manobra para criar a ideia na imprensa de que os culpados por aquele fato estavam relacionados com o regime político afegão da época: o Talibã. Diversos jornalistas, pesquisadores e investigadores como o francês Thierry Meyssan conseguiram provar que o 11 de setembro foi um trabalho interno do próprio EUA. Nessa guerra morreram quase 500 mil pessoas, dentre as quais 2,5 mil soldados americanos. Os 20 anos de guerra também colocaram o Afeganistão em um estado de miséria e barbárie extrema.

Para se ter uma ideia, após o Talibã conseguir finalmente tomar o país de volta e expulsar os invasores imperialistas, em uma espécie de prêmio de consolo por ter tido a derrota retumbante, Biden confiscou cerca de 7 bilhões de dólares de ativos do pobre país do Oriente Médio. Em meio a toda a demagogia identitária imperialista, os Estados Unidos empurram por conta do confisco do dinheiro e de sanções contra o país uma fome gigantesca que pode chegar a custar a vida de 9 milhões de pessoas em um futuro próximo. No entanto, a histeria em defesa das afegãs que não existiram nos últimos 20 anos, mas que apareceu por um curto período de tempo com a tomada de Cabul pelo Talibã, já desapareceu e as mulheres do país podem morrer de fome.

Guerra no Iraque (2003)

Se a guerra do Afeganistão já foi uma grande farsa, a guerra do Iraque foi ainda mais descarada. Sem qualquer comprovação lógica ou racional, os EUA realizaram uma conexão infundada do Iraque e de Saddam Hussein com a Al Qaeda. Sem provas, os EUA acusaram o Iraque de possuir armas de destruição em massa, armas químicas e produção de antraz. A consequência disso foi a destruição de um conjunto de patrimônios históricos e culturais de importância singular para a humanidade (sumérios, babilônicos e mesopotâmicos), o fim de um dos estados com um dos maiores níveis de IDH, estabilidade política e justiça social de todo o Oriente Médio e a criação de condições para o surgimento de mais uma organização fundamentalista islâmica: O Estado Islâmico do Iraque (DAESH). Com a estratégia de shock and awe baseada em bombardeios incessantes e indiscriminados foi possível tomar a capital do país em alguns dias ao custo de muita destruição e morte de civis. Os números oficiais dizem que em 10 anos de guerra morreram em torno de 200 mil pessoas, no entanto cálculos alternativos apontam que o número de mortos pode ser superior a 600 mil pessoas. Além das mortes houve a destruição completa da infraestrutura, patrimônio cultural e tecido social do país. O número de refugiados iraquianos foi enorme após essa guerra.

Guerra na Síria (2011)

A guerra na Síria foi consequência das revoluções coloridas patrocinadas por EUA e CIA que se seguiram em meio ao que ficou conhecido como Primavera Árabe. O governo morte-americano quis derrubar o governo sírio de Bashar al-Assad a todo custo e para isso financiou quinta-colunas, grupos dissidentes e o fundamentalismo islâmico via Estado Islâmico. Em meio a bombardeios e sabotagens dos Estados Unidos, os sírios realizaram uma heroica resistência que contou com o apoio da Rússia na figura de Vladimir Putin. A Rússia elaborou uma importante estratégia de defesa que inibiu os americanos e quase que eliminou totalmente os membros do Estado Islâmico. Com a a conquista da cidade de Alepo, em 2016, foi sacramentada a aliança síria-russa. Ainda assim, tropas dos EUA, turcas e do Estado Islâmico permanecem em determinadas regiões da Síria onde roubam o petróleo sírio. Estima-se que nessa guerra morreram por volta de 500 mil pessoas.

Guerra no Sudão (2013)

A guerra do Sudão levou à separação do país em outros dois: Sudão do Norte e Sudão do Sul. Os EUA atuaram indiretamente neste conflito sob a acusação de que o Sudão do Norte estava atrelado ao fundamentalismo islâmico. O governo de Barack Obama impôs sanções econômicas ao Sudão do Norte e ainda manteve a classificação do país como patrocinador do terrorismo internacional. Estima-se que em torno de 400 mil pessoas morreram nessa guerra. 

O Sudão era o maior país da África até seu desmembramento.

Guerra na Líbia (2014)

Em meio à primavera árabe o imperialismo via EUA e OTAN derrubaram um conjunto de governos em países árabes. A grande gerente dessas ações foi a então secretaria de Estado democrata Hillary Clinton.

Diante da resistência do povo Líbio e o apoio ao Presidente Muammar al-Gaddafi, A OTAN e os EUA decidiram bombardear indiscriminadamente o país fazendo milhares de vítimas civis. A Líbia foi totalmente destruída e o corpo de Gaddafi foi arrastado em praça pública após ser torturado, sodomizado e assassinado. Antes da guerra, a Líbia era o país com o melhor IDH de toda a África, com indicadores sociais de dar inveja a países ricos. A Líbia tinha uma quantidade extraordinária de reservas de ouro e Gaddafi pretendia criar uma moeda para a realização de empréstimos sem juros para projetos de irrigação, moradia, infraestrutura e desenvolvimento para todos os países da África subsaariana: o Dinar Africano. Tal ação colocaria em cheque o poderio mundial do dólar e o atual sistema financeiro internacional. Essa guerra gerou refugiados e desabrigados e matou em torno de 500 mil pessoas.

Após a destruição da Líbia, o país se tornou uma rota e um ponto de comércio de escravos.

Guerra no Iêmen (2014)

A guerra do Iêmen também foi uma consequência da ingerência dos EUA e da CIA na Primavera Árabe. Neste caso, os EUA terceirizaram a guerra à sua aliada Arábia Saudita.  As forças sauditas são muito superiores às iemenitas e contam com armas fornecidas pelos EUA. Até por meio de vídeos do youtube é possível ver o uso de bombas nucleares táticas sauditas no Iêmen. Muito provavelmente essas bombas, que representam um grave crime, são fornecidas pelos EUA e Israel (https://www.youtube.com/watch?v=9QSi0R2HEcs).

Estimativas da própria ONU indicam que já morreram em torno de 400 mil pessoas no Iêmen. Outras estimativas apontam cerca de 1 milhão de pessoas mortas. A fome é algo que atingiu em cheio também a maioria dos iemenitas.

Guerra na Palestina (2021)

Este conflito iniciou-se em meados do século XX e se estendeu por todo o século XXI, mas teve um momento importante no ano de 2021. Em 2021 houve um conjunto de ataques israelenses com apoio militar e político dos EUA em lugares como a Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental Cisjordânia e na fronteira israelense-libanesa.

O poderio militar israelense foi muito superior ao palestino, ao ponto de ter morrido apenas um soldado israelense em comparação aos 300 palestinos mortos e aos 72.000 palestinos removidos arbitrariamente de suas casas. O sadismo das forças neonazistas israelense pode ser comprovado pelo fato de terem invadido o terceiro mais importante local da religião islâmica do mundo: a mesquita de Al-Aqsa. Lá a polícia israelense agrediu pessoas que praticavam seu culto religioso pacificamente.




Por qual motivo os monopólios de comunicação só falam em fracasso dos russos?

Soldado russo no interior da usina de Zoporonie, na Ucrânia. Sputnik News.

A Guerra na Ucrânia ocorreu de modo inesperado. Ninguém esperava uma ofensiva, mas aconteceu, desestabilizando todo o regime de dominação mundial. Logo, ela é o conflito mais importante do século, não por causa do nível de letalidade ou destruição, mas pela política.

A Rússia pode estar vencendo a guerra, porém tudo o que se vê é propaganda contrária para atacar o país e isolá-lo ainda mais. Dos monopólios de comunicação a campanha é a mais absurda, sendo tão ridícula que só falam em perdas e derrotas russas, quando Putin em menos de 2 semanas cerca a capital do país.

É necessário sabotar o esforço de guerra russo, já que quanto maior for a vitória, mais desgaste haverá na dominação das potências mundiais. Assim, apresentam a questão de modo idealista e maniqueísta, não mostram o que se ganha nesta guerra.

Toda vitória militar, por pior que seja, resulta em conquistas econômicas e políticas. Não será diferente com a Rússia, que as ofensivas do Imperialismo irão retroceder e negociar com muito mais respeito frente aos russos.

Não há tempo livre para quem trabalha


Sérgio Carvalho/MTE

A maioria dos trabalhadores precisa se desdobrar para atender as demandas básicas de sua vida, utilizando o seu dia de descanso para trabalhar para si mesmo com a limpeza e manutenção de suas coisas. Assim, é normal que o fim de semana dos operários seja o dia de faxina, ou dia para construir e reformar a casa.

O trabalho remunerado retira as forças e deixa um acúmulo de atividades para o tempo livre, que só existe se o trabalhador for bem remunerado a ponto de conseguir contratar uma pessoa para cuidar desses afazeres. Dessa forma, apenas uma pequena parte dos trabalhadores realmente podem desfrutar de algum descanso em suas vidas. Incrivelmente, são esses trabalhadores exauridos que constroem as igrejas, associações de bairro, sindicatos e partidos de esquerda.

A pequena burguesia, é hedonista e se perde nas drogas, no sexo e perversões em seu tempo livre. Raramente conseguem ter uma atividade política e quando o fazem é por mero diletantismo. O movimento estudantil brasileiro é um excelente exemplo disto, sendo um ambiente onde não há literatura política. Não se sabe nada do passado ou presente, pois a política é feita pelos corredores em conversas e intrigas, mostrando o alto nível oportunismo e diletantismo.



Mais uma etapa da guerra na Ucrânia

 As informações divulgadas na imprensa imperialista não dão uma noção real sobre os acontecimentos do conflito na Ucrânia.

O conflito teve início quando as tropas russas cruzaram a fronteira ucraniana em 24 de fevereiro de 2022. A ofensiva se deu em três frentes de combate: leste, sul e norte. Um tratado de amizade com as repúblicas de Donestk e Lugansk fora assinado com a Rússia dias antes da intervenção.

O imperialismo e sua imprensa procuram apresentar as forças armadas russas como agressoras. Contudo, trata-se de uma operação militar preventiva. O imperialismo norte-americano, apoiado pela União Europeia, traçava planos de instalação de bases militares da OTAN na Ucrânia, isto é, nas fronteiras russas. Qualquer trabalho de subversão política e mesmo uma invasão imperialista teria como ponto de apoio as bases da OTAN.

É perceptível o cuidado dos russos em relação aos civis. A máquina de propaganda imperialista tenta criar versões sobre os fatos, de forma a manipular a opinião pública mundial contra a Rússia, como se se tratasse de um massacre de civis.

Os dois lados concordaram, em reunião no dia 9 de março, em estabelecer um cessar-fogo de 12 horas com o intuito de abrir corredores humanitários para a população civil. A Rússia diz que os corredores ficaram abertos nas cidades de Kiev, Kharkiv, Mariupol, Chernihiv e Sumy. Os russos controlam importantes usinas nucleares da Ucrânia, inclusive a maior da Europa, a usina de Zaporizhzhya.

As tropas russas encontram-se há semanas nas proximidades de Kiev, com um comboio de forças blindadas para realizar um ataque massivo. A imprensa destaca que são dezenas de quilômetros de extensão.

O imperialismo mundial coloca em marcha toda sua máquina de propaganda e articula alianças políticas para isolar os russos no cenário internacional. A Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução por ampla maioria condenando a intervenção de Vladimir Putin na Ucrânia. No entanto, a imprensa não fez as contas ao vivo, demonstrando que cerca de um quarto dos países do mundo ou votaram ao lado da Rússia, ou se abstiveram. Dentro desses países, Índia e China são os dois mais populosos do mundo, o primeiro com 1,41 bilhão de pessoas e o segundo com 1,45, o que corresponde a cerca de 35% da população mundial.

Mesmo dentre os países que condenaram a Rússia, casos de México e Brasil, a posição diante da guerra é ambígua e muitas vezes pende para o lado dos russos.

Embora seja verdade que uma parcela considerável desses países não pensa como seus governos e condena a invasão da Ucrânia pela russa, também é verdade que uma ampla parcela da população dos países que estão contra a Rússia, também discorda de seus governos.

É algo claro, já que o imperialismo é o regime de exploração mundial e que assim como a burguesia imperialista é inimiga dos governos nacionalistas dos países atrasados, também é inimiga de toda a classe operária mundial, incluindo a classe operária dos próprios países imperialistas.

Pesadas sanções foram impostas a setores da economia russa. Vladimir Putin declarou que as sanções equivalem “a uma declaração de guerra” contra seu país. Países europeus anunciaram o envio de armas à Ucrânia e Volodymyr Zelensky chegou a solicitar que a OTAN estabelecesse uma zona de exclusão aérea, o que significaria uma intervenção direta das forças estrangeiras no conflito, o que não ocorreu e demonstrou mais uma vez como o imperialismo tende a abandonar seus aliados.

O bloqueio da transmissão dos canais RT e Sputnik por parte do imperialismo demonstra o controle da internet e das redes sociais. A única opinião que deve ser divulgada é a que convém ao capital financeiro mundial, isto é, a classe dos opressores de todos os povos do mundo.

É preciso destacar que a propaganda imperialista penetra até mesmo na esquerda brasileira. O PSTU, o PSOL, o POR e outros partidos e setores dentro do PT, incluindo queles que se dizem trotskistas, como é o caso da corrente O Trabalho, adotaram a palavra de ordem de nem OTAN e nem Rússia, o que significa um apoio indireto ao imperialismo. A neutralidade na luta entre o imperialismo e a burguesia nacional de um país atrasado significa, na prática, a adesão ao imperialismo por parte dos partidos de esquerda.

Os trotskistas se orientam sobre a base de princípios. Leon Trótski é claro em seus textos que os marxistas devem defender a burguesia nacional de um país atrasado quando em choque com o imperialismo, porém, sem abdicar da independência de classe. O opressor da humanidade não é a Rússia, mas sim os Estados Unidos, a União Europeia, o Japão e as forças militares da OTAN.

A preocupação “humanitária” do imperialismo não apareceu nos bombardeios criminosos da OTAN na Sérvia, no Iraque, Afeganistão, Palestina, Líbia, Síria e nos golpes de Estado na América Latina. Milhões de inocentes, incluindo mulheres e crianças, tiveram suas vidas dilaceradas em função dos interesses políticos e econômicos do imperialismo mundial. Os Estados Unidos, hoje supostos apóstolos dos direitos das mulheres, negros e LGBTS, destruíram a vida de milhões na intervenção no Iraque. A mesma preocupação não se deu para com os povos do Donbas, na própria Ucrânia, diante do genocídio nazista dos últimos 8 anos.

Os acontecimentos na Ucrânia seguem se desenvolvendo. As coisas tomarão um rumo mais definitivo quando os russos finalmente conseguirem tomar a capital Kiev.




Está surgindo uma nova ordem mundial?

G7

A guerra da Ucrânia não pode ser analisada como um evento isolado. Essa guerra terá consequências a nível mundial e alguns setores dizem que o feito pode representar o surgimento de uma nova ordem mundial.

No entanto, uma nova ordem mundial, que representasse a troca dos países imperialistas atuais por um novo conjunto de países imperialistas, não é possível. Os marxistas já analisaram muito a questão do imperialismo e demonstraram, inclusive na prática com a revolução russa, que o imperialismo é a última etapa do capitalismo e que a luta das burguesias dos países atrasados contra o imperialismo levará inevitavelmente à ditadura do proletariado, não a novos países capitalistas desenvolvidos.

Porém, é possível que com a polarização entre os países, haja um distanciamento ainda maior entre os países imperialistas e alguns países oprimidos, surgindo assim blocos de países.

Um desses blocos trata-se do conjunto de países que vão estar aliados à hegemonia imperialista dos países do atlântico norte sob a liderança dos EUA, mas com outras nações importantes como o Reino Unido. Os países europeus, no geral, pertencem a esse bloco. Esse bloco deve perpetuar a velha política imperialista pautada na espoliação, na guerra e na traição. Seu modelo econômico baseia-se em uma economia não produtiva, em que todos os indicadores econômicos de produção, emprego e consumo apresentam queda constante. A especulação financeira, a contravenção e a criminalidade são elementos necessários dessa estrutura.

O outro bloco seria liderado por China e Rússia e apresenta ao mundo uma alternativa econômica baseada na produção e no consumo. O principal projeto chinês para isso são as novas rotas da seda. China e Rússia possuem uma parceria estratégia importante e duas semanas antes do início da guerra aprofundaram essa aproximação. Putin, em discursos, tem afirmado mais de uma vez que todo esse movimento levará ao estabelecimento de uma nova ordem mundial. Países como Índia, Afeganistão, Paquistão, Irã e Síria apresentam diversos indícios de que podem se associar a esse bloco. Na América Latina países como Argentina, México, Bolívia, Cuba, Nicarágua e Venezuela possuem cooperações econômica ou militar com Rússia e China. A China também tem patrocinado um conjunto de investimentos em infraestrutura na África e a Rússia tem auxiliado a Síria.

Se vencer a guerra a Rússia ganhará importantes benefícios econômicos e esses benefícios podem ser repartido entre os diferentes países que cooperarem com ela. Se vencer a guerra, a Rússia deve exercer uma influência enorme nas regiões do Mar Negro e do Mar de Azov e isso está nos planos chineses de ampliação do terreno da nova rota da seda. Se o surgimento de dois blocos se fortalecer, cabe ao Brasil, e a todos os países do mundo, escolher se ficarão ao lado do modelo bélico-extrativista do imperialismo norte-americano ou ao lado do modelo pautado em crescimento econômico, investimentos, produção e consumo chinês e russo.

Para isso, é necessário que nosso país enfrente o golpe de estado de 2016, dado pelo imperialismo mundial, principalmente pelos EUA. A única maneira de fazer isso é se colocar nas ruas por Fora Bolsonaro e por Lula presidente.

terça-feira, 16 de março de 2021

Editorial 02/03/2021 - A prisão do bolsonarista Daniel Silveira também retira os direitos da população e da esquerda



No dia 16 de fevereiro de 2021, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, decretou a prisão do deputado federal bolsonarista, Daniel Silveira (PSL-RJ), sob a justificativa de que o parlamentar ofendeu os ministros da Corte Suprema. Somente a ministra Cármen Lúcia, Nunes Marques, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski ficaram isentos das provocações do bolsonarista.

Para aplicar sua prisão, o ministro Alexandre de Moraes disse que a defesa do Ato Institucional nº5 (AI-5, imposto pelos militares na recente ditadura) pelo deputado bolsonarista ofenderia a democracia e os tais “direitos fundamentais”, seguindo com o argumento de que a apologia do AI-5 e a ofensa aos ministros suprimiria a democracia em que vivemos atualmente. Toda essa pompa argumentativa tem respaldo na Lei de Segurança Nacional, norma repressiva da época da ditadura que ainda está vigente e foi utilizada pelos “democratas” da corte nesse caso.

Apesar da argumentação do ministro possuir certa lógica, na realidade, porém, trata-se de um ato de mordaça, uma medida arbitrária para censurar o bolsonarista. Poderiam perguntar aos Ministros da Corte de que modo alguém fazer apologia à ditadura, ao fascismo ameaçaria a democracia, senão tão somente na cabeça desses ilustres julgadores. Forçou-se até uma construção de um flagrante para categorizar um crime não contemplado pela imunidade parlamentar, tudo para punir e amordaçar o deputado.

Porque o bolsonarismo está sendo posto de escanteio pelo aparato da direita tradicional golpista não justifica, novamente, rasgar a Constituição e passar por cima da liberdade de expressão.

Os esquerdistas pequeno-burgueses fazem coro em repudiar o ato de “ódio” do deputado, dizendo que, mais uma vez, a civilização (STF e ilustríssimos ministros) venceu a bárbarie (bolsonaristas). Esqueceram completamente qual corte suprema deixou de julgar a prisão em segunda instância para que o Bolsonaro pudesse vencer as eleições com folga sem o Lula - a essa manobra judicial os esquerdistas ficam silentes, não chamam o STF de apoiador da direita, quiçá dos fascistas-bolsonaristas.

Os esquerdistas se esquecem que a cada vez em que se reforça o aparelho repressor estatal, a população vai perdendo os direitos. O judiciário e a polícia são, por si mesmos, máquinas de criminalizar a pobreza e perpetuar o racismo.

Não indo muito longe, por mais pitoresco que possa parecer, o Marcelo Freixo (PSOL/RJ) e o “coronel” Ciro Gomes começaram a ser processados por criticarem o Bolsonaro. Quem fez essa acusação foi o vereador bolsonarista do PRTB, Nikolas Ferreira de Belo Horizonte. Ele se utilizou do mesmo entendimento do STF e a Lei de Segurança Nacional para amordaçar os esquerdistas em questão.

A liberdade de expressão, ainda mais para parlamentares, independente do posicionamento político, deve ser defendida pela população. Se seus representantes forem cada vez mais censurados (parlamentares, partidos políticos, políticos), não se poderá criticar mais nenhuma arbitrariedade do Estado, nem a inépcia do governo bolsonarista e tucano diante da pandemia, nem o golpe de 2016, nem os assassinatos na periferia pela polícia militar, nem a alta taxa de desemprego, nem nada. Quando a Alta Corte faz uso de uma lei da ditadura para amordaçar alguém, é preciso denunciar esses ditadores.

Quanto aos esquerdistas, a ação estatal contra o bolsonarista pouco faz em relação à extrema-direita que está alastrada nas prefeituras, câmaras e assembleias legislativas. Somente a organização de autodefesa dos trabalhadores e da população oprimida é capaz de barrar a ofensiva bolsonarista. Não é pelo discurso, mas pelo movimento organizado e de massas pelo Fora Bolsonaro e toda a direita golpista que realmente reverterá essa situação política. Depender dos ditadores para punir os fascistas cada vez mais impede e dificulta a luta da esquerda em poder se expressar e exercer seu papel político de luta política.

Governo Boric será de direita besuntado em um esquerdismo de fachada

No dia 11 o novo presidente do Chile tomou posse, após 4 anos de governo do direitista Sebastián Piñera. A imprensa internacional deu muito ...